"Realidade dos livros didáticos"
Por Maria Augusta da Silva Caliari | 04/08/2011 | Educação"Realidade dos livros didáticos"
O Governo Federal apregoa os benefícios da distribuição dos livros didáticos para o Ensino Fundamental e Médio do País. Entre eles está a escolha dos livros pelos professores das Unidades Educacionais.Pura balela.Os professores escolhem, sim, mas dentre os autores escolhidos pelos intelectuais do Ministério da Educação e ou Secretarias de Estados da Educação. É enviado às Unidades um prospecto com dezenas de autores entre os quais a escola deve escolher o que lhe apraz. Como anda a Educação no momento, essa é uma das grandes bobagens que o Ministério vem fazendo com essa distribuição.Para que ela tenha valia deveria ser feito essa escolha desde o início da escolaridade das crianças, seguido com critério por professores e alunos. A nosso ver, esses livros na maioria das escolas tem pouca serventia para a aprendizagem.vejamos o porquê.Nas quintas séries do sexto ano, a maioria das crianças não acompanham o conteúdo desses livros,pois estão ainda aprendendo a ler e a escrever.Não me refiro à qualidade dos livros,não. Refiro-me a incapacidade das crianças em ler e interpretar os conteúdos que estão destinados à série e a maioria delas não acompanha.Com tristeza víamos as crianças em algumas aulas com aquele livro grosso, bonito, sobre a carteira, copiando cansativamente aquele texto quilométrico, com questões difíceis de resolver, para o entendimento delas, o professor sentado à espera de algum questionamento que não surge, pois as crianças não entendem o que estão meramente copiando para preencher o tempo! Em minhas aulas, muito pouco me utilizei dessas maravilhas! Escolhia previamente os textos que mais se aproximavam do entendimento das crianças, fazia a leitura, levantava o vocabulário, interpretava,relia e, então, juntos, tentávamos extrapolar as ideias,reescrevendo o texto dentro dos padrões linguísticos,observando os aspectos gramaticais. Lamentavelmente, hoje, vimos aquela quantidade de livros recebidos pelas escolas amontoados, enchendo várias prateleiras porque a maioria deles não é usado no dia a dia pelos alunos,nem sequer servem como livro de apoio porque estão além da capacidade dos nossos alunos. No final do ano grande quantidade deles é oferecido às crianças para desinfetar as prateleiras. Os professores, os mais conscientes, preferem ter o seu livro de apoio, aquele em que acham conveniente à série e passar as atividades na lousa, explicando detalhadamente, após levantamentos das dificuldades da série a fim de obter melhores resultados, tentando auxiliar essas crianças no processo de leitura,escrita e interpretação. Ainda, assim, nossos alunos estão de mal a pior! Reflitam comigo: se o Governo está gastando uma grande dinheirama com livros que estão sendo enviados às escolas há anos, por que os alunos estão chegando ao Ensino Médio sem saber praticamente nada? E os livros grossos das disciplinas que são enviados a eles?O livro de Química e de Biologia dá para serem expostos como obra de arte!Porém, a maioria dos alunos não entendem 90% do conteúdo que neles estão! É só comprovar o desperdício desses gastos pelas provas do SARESP, ENEM, etc. É com pesar que vimos muitos livros depredados, folhas arrancadas, imagens riscadas e com palavrões registrados para quem quiser ler! Isso demonstra o pouco caso dos alunos em relação aos livros, pois apenas folheiam e muito poucos entendem e interpretam! Por isso tanto descaso com esses que devem ser tratados com carinho e admiração, pois é através deles que até há bem pouco tempo nos deliciávamos com seus conteúdos abrindo nossas mentes para interpretar o Mundo.Alguma coisa deve ser providenciada com urgência, porque como está não pode ficar! Não adianta a Mídia apresentar dois coitados, professores que tentam mostrar o esforço do Governo, mas para quem vivencia ou vivenciou acompanhando o processo desde a escolha dos livros até o uso deles, é consciente da inutilidade das falas desses professores, pois sabem do desperdício de grande quantidade de verbas destinadas a um projeto de pouca valia, porque estamos vendo que não há retorno após tantos anos de vida desse projeto em termos de qualidade educacional!