Reações imunologicas as drogas Sulfonamidas Penicilinas e Cefalosporinas

Por Patricia Martinez | 17/05/2011 | Saúde

REAÇÕES IMUNOLOGICAS AS DROGAS SULFONAMIDAS, CEFALOSPORINA E PENICILINAS


RESUMO
As formulações farmacêuticas sempre foram conhecidas como potencialmente perigosas, ou seja, possuem risco aumentado de provocar danos significativos nos pacientes em decorrência de falha na utilização, os antimicrobianos estão entre os mais notáveis exemplos do avanço da medicina moderna e são medicamentos amplamente utilizados para o tratamento de diversas enfermidades. Reações imunológicas às penicilinas, cefalosporinas e sulfas podem causar diversas manifestações clínicas. Diagnóstico e tratamento são fundamentais assim como as notificações desses casos.
INTRODUÇÃO
O conceito de "acidentes com medicamentos" engloba todos os incidentes, problemas ou insucessos, previsíveis ou não, produzidos ou não por erro, conseqüência ou não de imperícia, imprudência ou negligência, que ocorrem durante o processo de utilização dos medicamentos. Desse modo, os acidentes com medicamentos são todos os "eventos adversos" relacionados a medicamentos, dividindo-se em "reações adversas" e "erros de medicação"
As reações de hipersensibilidade podem ser diferenciadas quanto ao mecanismo de ação, características clínicas, e freqüentemente, uma condição clínica particular (doença) pode envolver mais de um tipo de reação .
Essas reações ocorrem após a re-exposição do indivíduo à droga, pois a memória imunológica específica costuma não existir antes da primeira administração da droga. Além disso, a droga deve possuir estrutura química capaz de provocar resposta imunológica do paciente Segundo Criado (2004), entre 5 - 15% dos pacientes apresentaram algum tipo de reação adversa quando tratado com algum tipo de droga. Contudo em pacientes hospitalizados, essa incidência é de 30%.
Criado (2004), ainda afirma que as drogas que mais causam reações de hipersensibilidades estão as sulfonamidas, penicilinas e cefalosporina.
Tipos de Hipersensibilidade

Reações de hipersensibilidade são respostas imunes adaptativas, excessivas indesejáveis (danosas, desconfortáveis ás vezes fatais) produzidas pelo sistema imunologico. As reações de hipersensibilidade requerem um estado pré-sensibilizado (imune) do hospedeiro e podem ser divididas em quatro tipos: tipo I, tipo II, tipo III, tipo IV baseados no tempo levado para reação e nos seus mecanismos (MALE et al ., 2006).
Segundo Silva; Roselino (2003), os fatores de riscos de hipersensibilidade a drogas são:
 Doenças associadas;
 Reação alérgica previa;
 Fatores genéticos;
 Vias de exposição (parenteral maior incidência que oral);
 Idade (entre 20 e 49 anos);

Hipersensibilidade tipo I

A hipersensibilidade tipo I é também conhecida como imediata ou hipersensibilidade anafilática, pois este acontece uma ligação cruzada da IgE que se liga a membrana em basófilos do sangue circulante em mastócitos teciduais pelo antígeno (KATZUNG, 2003).
O mecanismo da reação envolve produção de IgE, em contato com o alérgeno, pois este tem muita afinidade por seu receptor em mastócitos e basófilos. E exposição ao mesmo alérgeno faz reação cruzada com IgE ligado a células e dispara a liberação de várias substancias farmacologicamente ativas ( MALE et al., 2006).



Tratamento e testes Diagnósticos

Os testes de hipersensibilidade tipo I incluem teste de pele (perfuração e intradermico), medida de anticorpos IgE totais e IgE específicos contra os suspeitos alergenos no ensaio imunienzimáticos (ELISA). O tratamento sintomático é administrado anti-histamínico que bloqueiam receptores de histamina (MALE et al., 2006).

Hipersensibilidade tipo II

A hipersensibilidade tipo II também conhecida como citotóxica, ocorre quando moléculas pequenas se ligam a componente da superfície das células humanas e resulta em formação de complexo antígeno-anticorpo entre o antígeno estranho e imunoglobulinas IgM ou IgG (KATZUNG; 2003).
A hipersensibilidade tipo II é mediada por anticorpo das classes IgM ou IgG e complemento onde as células B produzem esses anticorpos e reconhecem moléculas na superfície de células ou tecidos específicos do próprio organismos que se ligam as células modificadas ativando complemento e fagocitose (PARHAM, 2001).
A hipersensibilidade tipo II pode ser induzida por drogas e ocorre quando há administração de penicilinas a pacientes alérgico. A penicilina se liga aos eritrócitos formando um neo-antingeno que pode resultar em anafilaxia sistêmica (KATZUNG, 2003).


Tratamento e testes Diagnósticos

O teste diagnóstico ocorre quando a uma detecção de anticorpos circulantes, presença de anticorpo e complemento, a pesquisa é feita através da técnica de coloração normalmente suave e linear. O tratamento envolve agentes anti-inflamatórios e imunossupressores (MALE et al., 2006).

Hipersensibilidade tipo III

A hipersensibilidade tipo III inclui a presença de antígeno-anticorpo de níveis elevados que causam lesão tecidual. Sendo assim este complexo, ativa a produção de componentes do complemento (C5a, C3a, C4a) que aumentam a permeabilidade vascular e selecionam neutrófilos para o local de deposição dos componentes (KATZUNG; 2003).


Tratamento e testes Diagnósticos

O teste diagnóstico envolve exame de biopsia do tecido para deposito de Ig e complemento por imunofluorescências. O tratamento é a base de anti-inflamatórios (MALE et al., 2006).

Hipersensibilidade tipo IV
Hipersensibilidade tipo IV conhecida também como célula de hipersensibilidade cutânea tardia ou mediado, é caracterizado pela resposta mediada por células ao invés de anticorpo, essa células secretam citocinas que ativam as células T citotóxicas e assim recrutam e ativam monócitos e macrófagos (MALE et al., 2006).


Tratamento e testes Diagnósticos

Testes diagnósticos envolvem reação cutânea tardia (ex: teste Mantoux), teste in vitro incluem resposta mitogênica, linfo-citotoxicidade. Agentes imunossupressores e corticosteróides são usados no tratamento (MALE et al., 2006).


Reações de Hipersensibilidade Causadas pela sulfonamidas

A maioria das sulfas apresenta meia-vida relativamente longa, ocasionando sérios problemas para a saúde humana, entre os quais reações alérgicas ou tóxicas A grande variedade de reações de hipersensibilidade causadas pelas sulfonamidas deve-se à alergia promovida pela droga ativa e seus metabólitos, as sulfonamidas e seus derivados apresentam características alergênicas cruzadas (CHAMBERS, 2003).


? Anafilaxia
? Anemia Hemolítica
? Dermatite esfoliativa
? Eczemas
? Eritema multiforme
? Síndrome de Stevens Johnson
? Eritema nodoso
? Eritema tóxico
? Erupções fixas
? Exantema mobiliforme
? Fotosensibilidade e fototoxicidade
? Necrólise epidérmica tóxica (Síndrome de Lyell)
? Nefrite


Reações de Hipersensibilidade Causadas pela Penicilinas

No geral as penicilinas causam sensibilização e reatividade cruzada. A sensibilização ocorre em decorrência dos produtos de degradação das penicilinas que se ligam a macromoléculas, formando assim haptenos, que geram os determinantes antigênicos principal e secundário (CHAMBERS, 2003).

? Nefrite
? Pustulose exantematica (eritema difuso)
? Trombocitopenia
? Urticária
? Vasculites
? Anafilaxia
? Anemia hemolítica
? Angioedema
? Broncoespasmo
? Dermatite esfoliativa
? Doença do soro simile
? Eczemas
? Eritema multiforme
? Erupções fixas
? Síndrome de Stevens Johnson

Reações de Hipersensibilidade Causadas pela cefalosporinas

As cefalosporinas podem sensibilizar o indivíduo e desencadear uma série de reações de hipersensibilidade idênticas às da penicilina. O núcleo químico das cefalosporinas é suficientemente diferente do das penicilinas possibilitando que indivíduos com histórico de alergia às penicilinas possam tolerar as cefalosporinas (CHAMBERS, 2003)

 Anafilaxia
 Anemia hemolítica
 Doença do soro símile
 Pustulose exantematica (eritema difuso)


Avaliação Laboratorial e Diagnóstico

Um paciente com possível reação medicamentosa naquelas de maior intensidade, poderá incluir hemograma, apontando a possível presença de eosinofilia. A realização de análise de taxa de sedimentação, proteína C reativa, fator anti-nuclear, ou presença de reações infamatórias compatíveis com as vasculites por medicamentos (ENSINA et al., 2009).
Análise de urina, função hepática e renal podemos avaliar, isso auxilia e confirma a suspeita de possível hepatite ou nefrite medicamentosa. É possível coletar o soro na fase aguda de uma reação anafilática (urticaria, angiodema, hipotensão e choque), é preciso coletar o soro nas primeiras quatro a seis horas após o episódio para determinar a presença de triptase (ENSINA et al., 2009).

CONCLUSÃO

As reações de hipersensibilidade envolvem respostas imunológicas onde os sintomas e sinais devem corresponder a esses possíveis mecanismos de respostas imunológicas.
Antes da prescrição desses medicamentos é de muita importância a avaliação do uso através de históricos detalhados do paciente a fim de evitar reações imunológicas.Portanto, a farmacovigilância é uma ferramenta essencial por mostrar dados sobre medicamentos que auxiliam no diagnósticos do uso racional desses medicamentos.