Rádio: Origem e Difusão
Por Roberto Jorge Ramalho Cavalcanti | 17/10/2009 | TecnologiaRoberto Ramalho é Relações Públicas, foi vice-presidente da Associação Brasileira de Relações Públicas, seccional de Alagoas (ABRP-AL), é jornalista profissional e advogado.
Resumo: Nos dias atuais é o rádio em pleno século XXI, um dos mais importantes veículos de comunicação de massa e de formador de opinião junto com a internet, tendo superado inclusive a televisão. Não obstante, é o de mais fácil criação, com um custo financeiro bastante baixo. Havendo em pouco tempo uma total recuperação do dinheiro investido. Sabe-se, hoje que em vez de diminuir, só tem aumentado o número de emissoras de rádio em todo o mundo. Ainda não existem pesquisas no Brasil, mas, sem dúvida nenhuma, se for realizada uma pesquisa pelo órgão regulador o número deles será muito maior do que se tem notícia.
Palavras Chave: Emissoras de rádio, comunicação, massa, público, difusão.
1. Como tudo começou
O Rádio é definido como uma estação ou um aparelho emissor de programas de radiodifusão, sendo considerado um meio de comunicação de massa para a maioria dos estudiosos, ou de natureza social, para outros, e está baseado na difusão da informação sonora por meio de sinais eletromagnéticos (ondas hartezianas), através das diversas freqüências existentes em kilohertz, megahertz e gigahertz. Sua transmissão aconteceu pela primeira vez de maneira experimental pelos cientistas Lee De Forrest e Reginald Aubrey Fessenden, no início do século XX, em 1908, quando no alto da Torre Eiffel, em Paris, uma emissão foi captada na cidade de Marselha, também na França. Isso, porém se possível de acontecer graças a perseverança do cientista americano Samuel F. B. Morse, inventor do telégrafo através de fios, primeiro sistema de comunicação inventado no mundo, responsável pela primeira transmissão de longa distância no mundo. Mas são o cientista alemão, Siemens, criador do Dínamo em 1876, e americanos Alexandre Graham Bell, inventor do transdutor magnético conhecido por microfone, em 1877 e Thomas Edison, ao registrar sons em cilindros, sendo a primeira gravação a música “Mary had a little lamb), quadrinha infantil americana que faria parte posteriormente dos conhecidos Contos de Mamãe Gansa.
Com a invenção de uma antena capaz de receber freqüências baixas, na faixa de 30 kHz, pelo cientista russo Aleksander S. Popov, em 1895, na cidade de São Petersburgo, e com a realização da primeira transmissão de sinais sem fio de até 2 mil metros, pelo físico italiano Guglielmo Marconi no mesmo ano, e que mais adiante em 2 de junho de 1896, na Inglaterra, registraria sua patente de um sistema de comunicações sem fio, usado mais tarde para transmitir e receber sinais em um raio abrangendo 3 Km de distância, fundando no ano seguinte na cidade de Londres, capital da Inglaterra, a Companhia de Telégrafo Sem Fio, sigla em inglês Wireless Telegraph and Signal Company.
Antes disso, porém, em 1893, o padre e cientista gaúcho Roberto Landell de Moura, como precursor, havia realizado a primeira transmissão de palavra falada, sem fios, por meio de ondas eletromagnéticas. Sua experiência mais importante, contudo, lamentavelmente desconhecida em todo o mundo foi uma transmissão realizada do alto da Avenida Paulista para o alto de Sant’Ana, no início do século XX, por equipamentos inventados por ele, como o Transmissor de Ondas, e o telefone e telégrafo sem fio, que seriam patenteados no Brasil em 1901 e nos Estados Unidos da América - EUA em 1904. Em 1905, a bordo do encouraçado brasileiro Equidabã, realiza diversas experiências com a telegrafia por centelhamento. Mas ainda não existia uma emissora de radiodifusão.
Dava-se os primeiros passos para a futura invenção que tornaria possível a transmissão da voz humana e de outros sinais, por meio de um instrumento que se chamaria Rádio.
Porém, é somente na década de 20, após a 1º Guerra Mundial que o Rádio, como um instrumento de difusão cultural, torna-se possível com o surgimento da primeira emissora a empresa norte-americana Rádio Corporation of América [RCA], e posteriormente pelas Rádios National Broadcasting Company [NBC] e Columbia Broadcasting System [CBS], respectivamente fundadas em 1926 e 1927, até hoje existentes com altíssimos índices de audiência.
Enquanto isso, eram fundadas na Europa a Radiotelevisione Italiana (RAI), em 1924; a britânica British Broadcasting Corporation (BBC), em 1927, e a francesa Radio France International, todas operando com grandes audiências e que exerceram extraordinários serviços a primeira à causa fascista, e as outras duas, da democracia, dos valores e da liberdade humanos, durante a 2º Guerra Mundial, difundindo seus programas a suas respectivas populações, com destaque para a BBC, jamais deixando de levantar o estado moral do povo britânico quando o país sofreu dos constantes bombardeios da Força Aérea Alemã, a época comandada pelo regime nazista.
No Brasil, a primeira Rádio somente surge em 1936, na cidade do Rio de Janeiro, denominada de Rádio Nacional, alcançando por duas décadas, altos índices de audiência, o que a torna líder. Nessa década, as famílias brasileiras se reuniam para ouvir as notícias do mundo através do “Repórter Esso”, programa líder de audiência. Ainda nessa época surge a Rádio Record, de São Paulo [1931], repito, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro [1936], a maior empresa emissora do País, a Rádio Tupi em 1937, e a Rádio Bandeirantes em 1954.
2. O que é o Rádio?
Qualquer empresa de radiodifusão - emissora de Rádio – como uma concessão do Poder Público Federal, mediante autorização, é definida por lei, como aquela que explora serviços de transmissão de programas e mensagens destinada a ser recebida livre e gratuitamente pelo público em geral, compreendendo a radiodifusão sonora (rádio).
Toda e qualquer empresa de radiodifusão explora e executa, portanto, serviços de música funcional ou ambiental, produzindo, ainda programas esportivos, musicais, de entretenimento, de prestação de serviços comunitários, notícias, publicidade e serviços de utilidade pública.
Sendo, ainda, o mais destacado e difundido meio de comunicação de massa do Brasil e do mundo, por ser o de maior, melhor e mais fácil de divulgação, principalmente pela forma gratuita da divulgação de seus programas ao público em geral, dando-lhe condições para comprar um aparelho de rádio.
Como um grande meio popular de comunicação ainda hoje, O Rádio iniciou no Brasil, nos anos 30 e 40 com programas de música popular, onde passaram as cantoras Carmem Miranda, Linda Batista e Orlando Silva, e os programas de humor e de auditório e as novelas que surgem em 1941. Com a expansão das atividades nas áreas do comércio e da indústria e com a legalização da publicidade, havendo, portanto, a partir desse momento a veiculação de propagandas, o Rádio passa a ser um negócio bastante lucrativo. Em plena 2ª Guerra Mundial [1939 – 1945], surge o famoso Repórter Esso, que inaugura o Radiojornalismo brasileiro. A partir desse momento são introduzidas as técnicas de frase curtas e objetivas, istantaneidade, agilidade, e seleção das melhoras notícias, que são empregadas até hoje.
Embora com o surgimento da Televisão na década de 50, e o Rádio tenha sofrido um grande impacto no seu início, ele passa a redifinir seus objetivos introduzindo na sua grade de programação o notíciário, sendo a Rádio Bandeirantes a pioneira nesse tipo de serviço.
Em 1968, com o aparecimento das Rádios em Freqüência Modulada [FM], são introduzidos programas musicais com maior intensidade, sendo a Rádio Cidade a líder de audiência na década de 80. No entanto, com a criação da Rádio CBN – Central Brasileira de Notícias em 1996, é introduzido a primeira Rádio de notícias em FM
3. Rádio: um negócio rentável?
Podemos afirmar, de modo seguro que o Rádio enquanto produto econômico-cultural, pode tanto ser um negócio rentável como ser gerador de prejuízo; a não ser que o investimento realizado por seu proprietário traga ganhos e frutos de outra maneira, isto é, a satisfação e o prazer de enfrentar desafios estando à frente do negócio, quer ele dê lucro ou prejuízo.
Em geral, uma emissora de Rádio torna-se um negócio decadente como em qualquer outro lugar, quando não há por parte da empresa de Radiodifusão meios de se buscar patrocinadores, ou seja, empresas em geral que queiram investir em programas por meio da propagação de seus produtos ou serviços junto ao público ouvinte, deixando de haver, portanto, faturamento para pagar seus empregados, encargos sociais e financeiros.
Outro fator que contribui para uma empresa de Radiodifusão sonora se tornar um negócio decadente é o fato de ser um serviço de manutenção caro. Além da maioria dos equipamentos serem bastante dispendiosos e darem trabalho em sua montagem, o transmissor deve obrigatoriamente por lei ficar distante do local onde funcionará a Rádio para evitar que possa causar danos à saúde e ao meio ambiente.
Observe-se ainda, que na atualidade este tipo de veículo está restrito a programas de notícias e esportes, perdendo seu espaço na música para as chamadas emissoras de rádio em freqüência modulada, que apresentam uma qualidade sonora infinitamente superior, além de carecer de profissionais qualificados, o mercado publicitário ser fraco, repito, pela falta de patrocinador, gerando, dessa maneira uma expectativa desfavorável, constituindo-se num empreendimento de risco, principalmente se não houver retorno do capital investido ou gerar prejuízo, seja ele de curto, médio ou longo prazo.
4. O texto radiofônico
O texto radiofônico como o impresso deve refletir os fatos da realidade existentes. Ao emitir e transmitir notícias ou programas de natureza recreativo, cultural, educativo, esportivo ou musical, para o público em geral, o(s) editor(es) deve(m) procurar fazê-lo com honestidade, ética e responsabilidade. Numa reportagem deve-se relatar o fato jornalístico de maneira que seja inédita, rica em conteúdo, didática, e que atenda ao interesse público, para prender à atenção do ouvinte. Caso a mesma matéria jornalística esteja indo ao ar por outro veículo de comunicação, ou esteja sendo veiculada por outras emissoras radiofônicas, o editor deve antes de autorizar a sua transmissão procurar verificar o que pode ser aproveitado e separado na abertura e no encerramento do programa para diferenciá-lo dos outros. O radialista e escritor Heródoto Barbeiro ensina que “uma declaração contundente que chama a atenção do ouvinte, pode ser separada e usada em abertura e encerramento de programas. É o teaser. Deve ser editado dentro do contexto para que o ouvinte possa entender o seu significado”.[1]
Ainda segundo Barbeiro, “grandes acontecimentos merecem tratamento especial. Um julgamento de grande impacto na opinião pública, sessões de uma comissão parlamentar de inquérito ou outro grande assunto” devem ser destacados. [2].
De acordo ainda com o radialista e apresentador do Jornal da CBN (Rádio) e do programa de entrevistas Roda Viva, veiculado pela Rede Cultura de Televisão, o texto jornalístico escrito pelo redator, seja ele impresso ou eletrônico deve ser claro, conciso, direto, preciso, simples e objetivo. O que o difere do texto escrito, é o fato de ser veiculado por um meio instantâneo, se dissolvendo no exato momento que é levado ao ar. Eis a razão porque ele deve ser coloquial, isto é, falar a linguagem do povo, como se tivesse mantendo uma conversação ou palestra com o interlocutor.
Segundo a Jornalista Raquel Porto Alegre em artigo publicado na Internet, com a rádio na internet os ouvintes podem participar de forma mais ativa da programação das emissoras informativas. O e-mail, que já é uma das formas mais utilizadas de comunicação entre emissora e audiência, passa agora a ser usado com mais freqüência. Nele, o ouvinte pode comentar de forma mais ampla uma notícia ou enviar uma sugestão ou reclamação sem limitação de tempo[3].
Para Santánna, as vantagens do rádio como veículo publicitário seriam:
a) Fonte de entretenimento – é um meio de entretenimento e diversão que o ouvinte tem à sua disposição a qualquer hora;
b) Impacto – Pelo uso da música e da sonoplastia, reforça o efeito da palavra, dando maior impacto aos textos publicitários;
c) Não absorve a atenção total – o ouvinte pode, ao mesmo tempo, executar outras tarefas;
d) Maleabilidade – permite cancelar, trocar ou inserir a mensagem publicitária, em poucas horas.” [4]
Como observou SCHIFFER (1991), citado por Eduardo Medstich, o rádio foi o primeiro artefato eletrônico a penetrar no espaço doméstico. Esta condição eletrônica que está na sua origem muitas vezes é obscurecida quando se contrapõe uma “era do rádio” que pertenceria ao passado a uma outra “era da imagem” que definiria o presente e apontaria para o futuro. Como parece evidente, o rádio não terminou com o fim do que seria a “sua era”. A melhor maneira de explicar isto é compreender que não foi nem o som nem a imagem que estabeleceram novas eras, mas sim a tecnologia eletrônica: tanto o rádio como a TV pertencem à era da informação, e o rádio foi a manifestação mais precoce da era eletrônica na comunicação de massa. [5]
5. Conclusão
Concluindo, portanto, aqueles que pensavam que com o surgimento da Televisão no século XX, na década de 30, e o surgimento da internet, também no final do século XX, iriam sepultar o rádio, se enganaram. É o Rádio seguramente ainda em pleno século XXI, o mais importante veículo de comunicação de massa de que se tem notícia até hoje junto com a novíssima internet. Até a televisão se rende em termos de audiência. Sua abrangência é impressionante, sendo considerado um meio de difusão rentável e barato, e sua criação com suporte e infra-estrutura necessários de fácil resolução. Só para se ter uma idéia, o número de rádios no mundo só fez aumentar. Não se tem conhecimento nos dias atuais que tenha existido o fechamento de um número maior do que os que são criados. Até na internet o rádio está, basta acessar no Brasil, as páginas da Central Brasileira de Notícias [CBN], de São Paulo - www.cbn.com.br , Rádio Globo, Rio de Janeiro, Rádio Jovem Pan, São Paulo, Rádio Gaúcha, Rio Grande do Sul, da Columbia Broadcasting System [CBS], dos EUA, da Rádio França Internacional, da Rádio e Televisão Italiana [RAI], da Rádio e Televisão Portuguesa e da British Broadcasting Corporation [BBC] da Inglaterra, também no Brasil na internet, www.bbcbrasil.com.br, entre outras, para se comprovar que o rádio é realmente ainda o veículo de maior difusão e formador de opinião em todo o mundo. Até nos aparelhos celulares pode se acessar uma rádio de seu interesse.
Bibliografia
1. BARBEIRO, Heródoto e Lima, Paulo R. Manual de Radiojornalismo. Produção, ética e internet. Rio de Janeiro: Editora Campus, 2001.
2. BARBEIRO, Heródoto e LIMA, Paulo R. Op. Cit.
3. ALEGRE, Raquel Porto. A extensão do radiojornalismo por meio da Web. Site Google, 2009. Acessado em março de 2009.
4. SANT’ANNA, Armando. Propaganda: Teoria, Técnica e prática. 3ª ed. Revista e ampliada. São Paulo, Pioneira, 1982, p. 282-283
5. Meditsch, Eduardo. A era do Rádio. Site Google, 2001.