QUINN, Daniel. A História de B. Editora Fundação Peirópolis. “O Colapso dos Valores”

Por Nandara Caroline Stoll | 02/05/2017 | Direito

  A catástrofe cultural que foi estabelecida por nossa era, em meados de 1960, lastimava a falta de visão, a falta de sentido e o colapso dos valores. O princípio da cultura se dá pela visão, o comportamento e a maneira de como agimos em relação ao mundo e, ela não precisa necessariamente ser passada de pai para filho, uma vez que ela é fundada no ambiente que o cerca pelas histórias, lendas, costumes, leis, rituais, dança e canções. Em meio a valores culturais, temos a mitologia como crença e até mesmo alicerce de pensamentos e virtudes, que atualmente nos é transmitida pelos cultos nas igrejas, nas telas de cinema, pelos professores e até mesmo pelos cronistas. Essa mitologia tem como propósito nos mostrar o que os deuses tinham em mente quando criaram o universo e o nosso papel nele, sendo que, algumas circunstâncias fazem com que ela perca o sentido e abale a visão de cultura, causando caos e confusão, tornando as pessoas violentas, algumas perdendo a vontade de viver, outras acabam indo para o caminho das drogas e ao crime.

  É possível sentir esse caos nos dias de hoje, onde leis, costumes e valores caem em desuso. Esses acontecimentos foram vivenciados por povos que habitaram diferentes partes da terra e viram o caos os destruírem. Em meio a esses conflitos e posteriormente a guerra mais destrutiva da história humana, haviam membros de nossa cultura que acreditavam que as coisas melhorariam. Porém, tendo em vista que essas coisas boas nos trouxeram até aqui, sendo que a décadas atrás, a convicção de que o mundo fora feito para que nós desfrutássemos dele como bem queríamos e que isso só o tornava melhor, já era a primeira falha em nosso pensamento cultural. Usufruir do mundo, desmatando florestas, secando lagos, exterminando espécies, criando venenos, substâncias tóxicas, e depois despejar no meio ambiente sem nenhuma preocupação com as consequências. Esse pensamento de certo modo primitivo, nunca havia sido questionado por nenhum grande pensador ou personagem de nossa cultura, porém é questionado agora, por todos os integrantes da nossa cultura, em especial pelos jovens, a quem o sonho de que a vida tende só a melhorar, não faz mais sentido.

  Lançado em 1962, o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), tornou-se o primeiro questionamento sobre a visão equivocada de nossa cultura, apresentando os efeitos maléficos do DDT e outros pesticidas para com o meio ambiente, que além de cumprir seu propósito e devastar os insetos, entra na cadeia alimentar das aves, afetando a sua reprodução, causando assim sua extinção. Consequentemente levando o pensamento de que o mundo acordaria em uma primavera silenciosa, uma primavera sem pássaros. O livro também serviu para abalar para sempre antigos fundamentos de nossa fé cultural, como o de que mundo toleraria e facilitaria qualquer de nossas atividades terrestres. Essa mudança de pensamento, a revisão de conceitos, levam ao questionamento do que teria dado errado para a humanidade não ter respeito e consciência em relação a natureza e, inúmeras são as teorias para desleixo. Várias aparecem como tais, como o de que a raça humana é irremediavelmente imperfeita.

  Contudo, têm-se a seguinte resposta do autor para que pelo menos não nos sintamos culpados em relação aos atos inconsequentes e impensados de nossos antepassados, a de que nós não somos a humanidade. Isso quer dizer que a humanidade é composta por várias sociedades de diferentes culturas mundiais, fatos executados por determinada cultura não podem ser encarados como se feito pela humanidade. Não é toda a humanidade que deve mudar, é o pensamento de algumas culturas.