QUINN, Daniel. A História de B. Editora Fundação Peirópolis. “As formas de se cozinhar uma rã”

Por Nandara Caroline Stoll | 02/05/2017 | Direito

  Fazendo relação com uma metáfora de um fenômeno conhecido como a rã cozida na água fervente, o autor nos faz refletir e encarar um fato da existência humana. Diz-se do fenômeno que: se jogarmos uma rã em um recipiente de água fervente, ela desesperadamente vai subir para tentar sair. Porém, se no recipiente a água estiver morna, ela ficará flutuando e nem se dá conta se a água for esquentando, e, por fim acaba perecendo.

Citando algumas situações que acontecem no cotidiano como o consumo desenfreado ou um alto gasto com algo necessário, faz-se relação com as duas situações do recipiente com a rã. Para um exemplo que muitos não nos damos conta, bem de vários anos atrás, no início de nossa sociedade, onde tivemos nosso nascimento cultural, com o surgimento da agricultura. Desde o início a humanidade avançou com suas inovações tecnológicas como fogo, moradia, tecelagem, etc., mas assim com o crescimento da população deu-se início o que é conhecido como a agricultura totalitária, que é uma forma de agricultura unicamente praticada por nós seres humanos. Segundo pesquisadores, existe uma ética praticada pelos seres vivos do planeta, que diz que mesmo que exista a competição das espécies e até mesmo entre indivíduos da mesma espécie, os indivíduos não podem liquidar seus inimigos, nem lhes negar acesso a comida. E, na agricultura totalitária, essa ética não é seguida, sendo que nela o pensamento é que todo o alimento do mundo é nosso e podemos nos negar a dividi-lo.

O fornecimento de alimento e o número crescente da população sempre tiveram uma ligação, tendo em vista que, de certo modo, a comida disponível influencia no tamanho da população. Então, vendo que a população humana, seguindo uma determinada cultura, começou a crescer, de período em período da história da humanidade. De acordo com o fenômeno citado, o recipiente estava começando a esquentar.

  Com o número crescente de habitantes e em diferentes pontos do globo terrestre, surgem os primeiros exércitos, vistos por muitos como garantia de ordem. Após esse período, as necessidades militares estimularam o avanço tecnológico, onde se desenvolviam armamentos, soldados bem equipados. Então a agricultura totalitária penetrou em outros países, levando povos a lutarem por território, buscar melhorias para o combate com seus inimigos. Em meio a essas guerras, as pessoas se veem sem propósitos na vida e buscam consolo espiritual, buscando a salvação ou no intuito de que exista algo maior, algo para acreditar.

  Guerras difundiram-se pelo mundo e, em meio a ela, doenças dizimaram milhares de pessoas em vários países. Um número muito elevado de pessoas compete por mínimos recursos. Temos então a relação direta entre a agricultora e pessoas com fome, onde a safra não supri a enorme demanda por comida das populações, resultando na morte de milhares de pessoas por um dos motivos mais absurdos da humanidade, a fome. Mesmo em meio a guerras que acabaram com a vida de milhões de pessoas, a população humana cresceu e chegou aos seus bilhões de indivíduos no mundo.

  Encontramo-nos atualmente, ainda marcada por fatores que dominaram séculos passados no que diz respeito a economia, política e cultura, tendo o colapso cultural que abala todo o nosso conhecimento e sobre a estrutura que a nossa sociedade foi construída desde o início.

 

  Nos damos conta que, não paramos para pensar que a agricultura, ou uma forma distinta dela, seria o estopim para diversos acontecimentos catastróficos da humanidade e percebemos o quão “mesquinho” podem ser os humanos em relação a algo fundamental à nossa existência: a comida.