QUIMIOTERAPIA METRONÔMICA EM PEQUENOS ANIMAIS
Por M.V. Esp. MsC. Dr. LUCAS BERGER DA SILVA | 24/09/2017 | SaúdeQUIMIOTERAPIA METRONÔMICA EM PEQUENOS ANIMAIS
POR DR. LUCAS BERGER DA SILVA CRMV 15533
DATA 22/09/2017
INTRODUÇÃO
A quimioterapia baseia-se na utilização de fármacos citostático, ou seja, drogas tóxicas para as células que levam a morte celular, estes fármacos possuem ação a nível de DNA levando a vários danos moleculares desencadeando a morte programada de células chamada de apoptose, ou inibindo as divisões celulares levando também a apoptose. Assim, estes fármacos atuam em células de rápida divisão, principal características dos tumores, e por esse motivo a eficácia desse método depende primariamente de remoção cirúrgica adequada, por isso tumores de grandes dimensões possuem atuação diminuída por parte dos quimioterápicos, isto porque em massas grandes parte das células se encontra adormecidas, pela falta de aporte nutricional e de oxigênio.
A ação dessas drogas citostáticas é inespecíficas levando a destruição de células de rápida divisão “células normais” também, sendo que as principais seriam as células intestinais e os glóbulos brancos, originando alguns dos efeitos colaterais mais comumente observados, o vômito e diminuição do sistema de defesa celular, para que possamos maximizar a ação desses fármacos utiliza-se doses altas, respeitando posteriormente um período de repouso para que ocorra a recuperação dos tecidos saudáveis, mais da mesma forma acontece com as células tumorais, e estas crescem de forma espantosa levando a progressão e recidivas da doenças.
Uma abordagem diferente da citada, poderá ser usada, esta consiste na administração em baixas doses de forma continua de fármacos citostáticos, de forma a evitar esse período de repouso e consequente crescimento tumoral, utilizando como alvo células endoteliais, que são vitais para a formação de novos vasos sanguíneos imprescindíveis para o crescimento do tumor, além de que estas células são geneticamente estáveis, não adquirindo resistências aos fármacos citotóxicos, como as células tumorais, visto que estas células possuem alta divisão celular, por isso são mais sensíveis a doses baixas de citostáticos.
Este protocolo denomina-se quimioterapia metronômica e basicamente utiliza-se a combinação de um citostático (ciclofosfamida, clorambucil, carboplatina, metrotexato) em doses mínimas com um anti-inflamatório (piroxicam)com propriedade de inibir a angiogênese, diminuindo a formação de novos vasos.
Vantagens da quimioterapia metronômica: baixo custo, poucos efeitos colaterais, facilidade de administração, o animal não precisa internar para fazer o fármaco.
Desvantagens da quimioterapia metronômica: escassos estudos de sua utilização, existem outros protocolos com evidencia superior
Alguns estudos demonstraram a eficácia da quimioterapia metronômica em alguns tipos de tumores como as neoplasias da bexiga, os hemagiossarcomas e os sarcomas tecidos moles. Neoplasias do nariz e alguns tipos de neoplasias mamárias podem também beneficiar deste tratamento.
Tumores não operáveis ou não responsivos a protocolos clássicos são também candidatos a este protocolo.
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