Quem você é

Por NERI P. CARNEIRO | 23/09/2013 | Filosofia

Quem você é

Neste mundo frenético, tresloucado, deslocado, na encruzilhada das crises e dos valores, o ser humano se depara com sua própria essência. E nessa confrontação manifestam-se dois tipos de pessoas; duas posturas diante da vida; duas atitudes diante dos problemas: o que reclama e o que busca alternativas.

Quer conhecer uma pessoa, coloque-a diante de um problema, de uma dificuldade, de uma situação inesperada. Nessa situação a personalidade se impõe sobre as máscaras.

Não estranhe a afirmação de que a personalidade se impõe sobre as máscaras, querendo dizer que “eu não sou mascarado” ou que “eu não uso máscaras”. Na realidade, cada um de nós, exerce diferentes papéis. Somos atores em diferentes palcos. No ambiente familiar somos um personagem e usamos a máscaras de pai, de mãe ou de filho; no trabalho somos outro personagem e usamos a máscara de empregado ou de patrão; nas relações sociais fortuitas somos outro personagem... no trânsito... e nas mais diferentes situações exercemos o papel daquele momento de acordo com o personagem que estamos vivenciando.

A comprovação de que é verdade o que digo está no fato de nossas reações ou nossos comportamentos. Basta nos lembrarmos do ditado popular: “quer conhecer um homem, dê poder a ele”. Quando comandado o personagem tem um comportamento; quando comandante tem outro comportamento. O que vivia lastimando o “ter que se submeter”, ao exercer o comando exige submissão e age como ditador.

Com isso voltamos à afirmação inicial. Na encruzilhada das dificuldades manifesta-se nossa essência. Esse é um momento privilegiado para conhecermos a pessoa que se esconde por trás da mascara das aparências, das conveniências e das convenções.

Posto o empecilho. Imposto o problema. Manifesta a dificuldade... escancara-se nosso íntimo. Nosso ser se apresenta na crueza do fato. E aí só existem duas posturas possíveis. Ou seja, diante do problema, só restam duas posturas. E invariavelmente cada um de nós, ao nos depararmos com algum problema, assumimos uma delas, manifestando quem somos.

O fraco, o derrotado, aquele que está condenado ao eterno fracasso, ao se deparar com um problema adota sempre a mesma postura: reclamar, procurar culpados, maldizer... e canalizar todo seu potencial para uma afirmação básica: “droga, por que isso sempre acontece comigo?”. Ou então: “sou mesmo um azarão!”... Sempre confessando fraqueza ou incapacidade de ver alternativas, oportunidades. Ou, pior, culpando outros pelo seu fracasso!

O fraco é tão fraco que é incapaz de aprender com ou na adversidade. No problema só vê o problema; na dificuldade só vê a dificuldade. Sua fraqueza o impede de ver que no problema ou na dificuldade estão ocultas possibilidades...

Mas existem os fortes. Aqueles que nasceram para a vitória. Aqueles que podem até sofrer revezes, entretanto sabem que podem passar por cima da dificuldade, não como alguém que pisa sobre os outros ou usa os outros como degraus para se crescimento, mas como alguém que, além de buscar soluções na adversidade, vê lições na dificuldade.

Existem os que sabem que toda dificuldade ou problema é só uma solução ainda não apresentada e, portanto, a solução desse problema ou a busca de solução para o problema é oportunidade. Oportunidade de buscar; oportunidade de auferir vantagens; oportunidade de apresentar a solução. E, lembremo-nos, só para ficarmos na dimensão econômica, as soluções inovadoras sempre são as mais lucrativas. Além disso, o próprio processo da busca – ou seja, a pesquisa – é oportunidade não só de aprendizado como de investimento.

Tomemos o exemplo da Petrobrás. O petróleo do pré-sal ainda é apenas uma promessa. Ainda se está pesquisando. Mas a Petrobrás vem fazendo altíssimos investimentos nessa pesquisa. E, com isso, muita gente está ganhando dinheiro. Porque isso acontece? Porque a empresa está apostando no desafio!

E se levarmos a mesma situação para os negócios a situação é, ainda, mais clara. Quais são as empresas mais lucrativas? Aquelas que arriscam mais. Claro que tem que ser um risco calculado, planejado com metas e estratégias, mas superando a mesmice, a rotina.

Da mesma forma o empresário de sucesso não é o medíocre, mas o arrojado. Aquele que é capaz de perceber as potencialidades de uma crise. As oportunidades de um problema. O empresário de sucesso é aquele que sabe que as dificuldades de um problema são possibilidades de idéias brilhantes, pois quando tudo está bem não há estímulo para a criatividade, pelo contrário, tende-se para a acomodação.

Então o que existem são dois tipos de pessoas: o grupo dos resmungões, os que diante dos problemas ou em qualquer situação só sabem lamentar; e o grupo dos entusiasmados que aproveitam as adversidades como estímulo para o aprendizado e crescimento.

Onde você se enquadra?

Neri de Paula Carneiro

Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador

Rolim de Moura - RO