Quem são os imprescindíveis na história?

Por Ciro Toaldo | 02/12/2011 | História

Quem são os imprescindíveis na História?

O célebre dramaturgo alemão Bertolt Brecht, deixou escritos versos significativos a respeito do ser humano: há aqueles que lutam um dia; e por isso são bons; há aqueles que lutam muitos dias; e por isso são muito bons; há aqueles que lutam anos; e são melhores ainda; porém há aqueles que lutam toda a vida; esses são os imprescindíveis. (1954)

Estes versos são uma alerta, principalmente quando se rememora o passado,  pois não há presente sem a edificação do passado, dos relatos e experiências que quem nos sucedeu; uma simples fotografias, uma revista ou até um quadro estampado em uma velha parede podem se transformar em um rico material da memória.

            Quem são os imprescindíveis na história senão quem lutou e continua lutando para a edificação de um mundo melhor. Aqui não podemos deixar de lembrar tantos pioneiros que lutaram dando a vida para concretiza sonhos e, por isso podem relatar experiências e reaviar a memória.  

A história ensina que o importante é viver bem e com intensidade o momento presente, mas será no passado que iremos encontrar os alicerces que nos permite compreender e viver bem esse presente. Não basta compreender apenas uma parte do passado, precisamos e devemos conhecer todo o passado. Por isso, se tratando do passado de nossas cidades devemos buscar onde se encontra a verdadeira fonte de sua existência. Neste sentido, esse artigo tentar demonstrar que temos certa dívida para com os pioneiros.

O papel do historiador é apresentar os fatos e, o grande fato que é um desafio é buscar reavivar a história, demonstrando que existem muitas criaturas imprescindíveis esquecidas neste imenso Brasil. É urgente que posamos perceber que há um povo que mesmos nas dificuldades, sempre teve uma forma de viver, trabalhar e de se divertir e que soube deixar as suas marcas para aqueles que vivem no presente.

Os mais jovens que nasceram no final do século XX e até os que nasceram em pleno século XXI, encontraram conforto, comodidade, tecnologias e muitas oportunidades para vencer na vida, principalmente pela facilidade que há quanto ao estudo; contudo, poucos valorizam os homens e mulheres que não mediram esforços para construir uma sociedade mais digna e comunitariamente mais justa. Não vamos esquecer: sem o passado jamais poderíamos analisar o presente e não haveria a possibilidade de planejar o futuro.

Particularmente gostava muito de conversar com meus avôs paternos e maternos, ficava muitas horas ouvindo seus relatos, fazia viagens ao tempo e percebia que o verdadeiro sentido da história se encontra no coletivo e não na individualidade. Afinal, as histórias de nossas famílias e das cidades onde estamos inseridos, não pode ser mérito de uma pessoa, mas foi esforço, trabalho e entendimento de muita gente.

Como bem diziam os romanos, a mais de dois mil anos: povo que não tem história e passado é um povo morto. Os relatos, percalços, incidentes e tantas histórias que podem ser ouvidas de pioneiros e pessoas que nos precederam e são imprescindíveis; eles devem servir para reavivar em nosso íntimo valores e lições, sobretudo do trabalho comunitário, hoje tão esquecido (infelizmente, vivemos no tempo de cada um por si).

Não podemos viver de saudosismo, mas devemos valorizar os baluartes da edificação e do empreendimento do passado, seja de nossas famílias ou de nossas cidades. Na verdade existem muitos protagonistas de nossa geração, chegaram primeiro e atualmente poderiam ser nossos professores, mestres, pois tem conhecimento do passado e da vida e muito bem poderiam passar para as novas gerações sua sabedoria, entretanto vivem no esquecimento.