Quem é o seu Mentor?
Por Wagner Augusto de Albuquerque Borba | 02/11/2015 | AdmDesde criança somos orientados quase que diariamente em uma série de ações, seja para aprender a andar, a falar, a conhecer os números e letras, a respeitar nossos pais, a estudar pra passar de ano, etc. Engana-se quem pensa que, atingida uma determinada idade ou fase da vida, não precisamos mais ser orientados. A todo o momento estamos descobrindo coisas novas e lidando com situações das mais variadas, onde nem sempre você vai encontrar uma forma eficaz para resolvê-las. É aí que entra a figura do mentor. Nossos primeiros mentores sempre são os nossos pais, mas como há muitas ocasiões em que eles não podem nos ajudar, principalmente na vida profissional, sempre é bom contar com alguém experiente na qual você confie e com uma boa bagagem para acender aquela "luzinha" na hora da dúvida.
Na área de Gerenciamento de Projetos, costumamos dizer que cada dia que termina, nossa mente se enche de problemas, tirando o espaço da paciência. Existem GPs que acham que já atingiram um nível de excelência no seu trabalho tão fantástico que ninguém nesse mundo possa ser capaz de lhe acrescentar algo para agregar às suas habilidades. Aí você pensa: “poxa, seria bom dividir minhas experiências diárias com outras pessoas. Quem sabe alguém tenha passado a mesma coisa que já passei ou possa me dar umas boas dicas de como abordar os stakeholders e motivar meu time”, por exemplo.
Há 3 anos atrás em uma palestra, conheci o meu mentor no qual, por questões de respeito profissional e não ter a permissão de divulgar seu nome, vou chama-lo apenas por seu apelido: “Professor X”, devido sua semelhança com o Prof. Xavier dos X-Men. Atualmente ele reside em Maywood, na Califórnia. Já trabalhou em projetos nas áreas de Tecnologia da Informação, Telecomunicações e Engenharia no Brasil, México, Canadá e EUA. A palestra desse cara me fez rever uma série de coisas nas quais eu achava estar aplicando de modo correto e na verdade eu estava totalmente na contramão do que deveria ser feito. Nessa palestra ele falou sobre a questão do “mentoring” no Gerenciamento de Projetos. Achei fantástico ter um “guru” que pudesse me orientar, ajudando nas minhas tomadas de decisão, indicando o caminho das pedras para uma série de dificuldades que cada dia eu tenho que encarar, enfim. No outro dia, após a palestra e na cara dura, mandei um e-mail pra ele perguntando "quer ser o meu mentor?". Dois dias depois ele me respondeu: "isso quem vai ter que dizer é você". Daí ele já me deu a primeira lição "mentor a gente não escolhe, reconhece". E desde então conversamos via Skype pelo menos umas 2 vezes por mês. As vezes fico uns 3 meses sem me comunicar com ele, mas sempre que dá, a gente troca umas ideias.
O que posso dizer depois disso é que as dicas e orientações que ele me passa me ajudam muito no meu dia-a-dia. Aprendi a respirar fundo e contar até 100 antes de responder a um e-mail "desaforado", a cumprir religiosamente os meus compromissos com os stakeholders, a gerenciar melhor meu tempo, a saber lidar com aquele cliente mais exaltado de forma racional e proativa e uma série de outros pontos. Aí você me pergunta: "Wagner, como faço para ter um mentor?". Olha, mentor não é bicho de estimação que você olha na vitrine e fala "eu quero esse", de jeito nenhum. O meu conselho é você procurar alguém que você admire, alguém com experiência em gerenciamento de projetos complexos, que seja acessível e que goste de contribuir com o desenvolvimento das pessoas. Dê preferência a alguém fora da sua empresa, uma pessoa que possa ser imparcial nas suas decisões. Entenda, o bom mentor não vai te dizer o que você deve fazer, mas como você pode fazer. Não esqueça que não há um vínculo de responsabilidade. A mentoria nesses casos deve ser algo informal. Uma conversa tomando um cafezinho, um bate-papo com um chopp, uma ligação descompromissada, uma partida de boliche, enfim, algo que não tenha características de “vínculo empregatício”.
"Então eu devo mandar um e-mail perguntando se essa pessoa quer ser meu/minha mentor(a)"?
Não, não faz a mesma besteira que eu fiz. O que eu fiz foi loucura, a sorte é que o Professor X é mais doido que eu e aceitou. Não esqueça que a abordagem é de caráter consultivo. Essa pessoa com certeza também tem as coisas dela pra resolver. Nem sempre vai estar à sua disposição na hora que você quer.
Enfim, recomendo muito essa prática, porque eu sei que ajuda bastante. Não se enclausure na sua arrogância, por mais alto que você esteja na estrutura hierárquica da sua empresa, você sempre vai ter algo a aprender e acredite, esse mentor vai poder te ajudar muuuito naqueles momentos naquelas decisões mais críticas. Vou repetir porque já vi casos que não deram certo: dê preferência por mentores de fora da sua organização. Um mentor em sua organização poderá interpretar uma simples consulta como uma reclamação informal.