Quem disse que um tapinha não dói?
Por Francisco Erivan de Almeida Júnior | 30/05/2012 | PoesiasTítulo: “QUEM DISSE QUE UM TAPINHA NÃO DÓI?”
Preste atenção meu leitor
No que agora vou narrar
Uma estória interessante
Um caso de arrepiar
Da discussão dum casal
Que chegou a se lascar.
Essa briga aconteceu
No sertão do Ceará
Quem viu todo o acontecido
Foi a muié do seu Jajá
Que ficou toda espantada
E a polícia foi chamá.
O casal se conheceu
Em Juazeiro do Norte
Quando Franilda de Quinca
Rezava pra pedir sorte
De frente com Padim Ciço
Viu logo um homi bem forte.
De repente se agarraram
Ela pulou no machão
Ele disse: - vai comigo?
Vamo ali no motelzão
Que eu vou já lá te mostrar
Porque sou Zé Valentão.
Eles foram pro motel
Valentão logo comeu
Algo meio inesperado
Uma barriga apareceu
Franilda ficou buchuda
Zé foi e disse: - Não é meu.
Ela então voltou pra casa
Coitada, tava arrasada
Depois que Valentão disse:
- Eu não quero assumir nada
Eu sei que o filho não é meu
Você quem forçou, tarada!
Seu Quinca então percebeu
O desespero da filha
- Fique despreocupada
Hoje tou igual uma pilha
Vou pegar aquele cabra
Pra dá fim nessa bexiga.
Ela disse: - Tenha calma!
Cuidado, não bata em Zé
Eu sei que o senhor é bruto,
Mas Valentão também é
Já soube que ele bateu
Em um touro e um jacaré.
- É com esses cabra mermo
Que eu gosto de conversar
Pode ser o valentão,
Mas contigo vai casar
Vou procurar ele agora,
Quem mandou ele transar?
Nisso o véi saiu danado
Feito bicho do sertão
A caminho do encontro
Do tal do Zé Valentão
Que depois de conversar
Pediu a ela sua mão.
Então eles se casaram
E foram pra Fortaleza
Zé e Franilda ainda grávida
No início tava beleza
Amorzão pra lá e pra cá
Até Zé vim com brabeza.
Vivia chegando tarde
Só vinha do cabaré
E quando chegava em casa
Batia em sua muié
Melado e sem ter razão
Esse é realmente o Zé.
Eles brigavam demais
Mas só quem apanhava
Era a coitada da Franilda
Que sempre sofria calada
Mesmo prestes a parir
Ainda levava reada.
Chegou então o grande dia
Ela vai ter o bebê
Foi logo pro hospital
Esperando ele nascê
Enquanto Zé tava em casa
Bebendo pras nega vê.
Depois de muito aperreio
Ela foi então pra casa
Encontrou Zé, seu marido,
Com uma carai de asa
Era Maria Joana
A puta mais invocada.
Franilda ficou nervosa
Foi na casa de um vizinho
Que se chamava Chicó
Deixar o seu bebezinho
Explicou o que acontecia
E voltou ao seu lugarzinho.
A partir desse babado
Iniciou o bafafá
Era grito, choro, berro
Era um pra cá, outro pra lá
Franilda com raiva disse:
- Zé, você vai me pagá.
E foi assim que começou
O drama da discussão
Um alarme muito grande
Uma enorme confusão
Curiosos não faltavam
Chamou bastante atenção.
Franilda dizia pra Zé:
- Mulesta, troço, nojento
Me traindo logo em casa
Quer o fim do casamento?
E uma rapariga dessas
Bem aí de cu pro vento.
Franilda disse a Maria:
- Vou encher você de porrada,
E só vai sair daqui
Se tiver toda lascada,
Um hematoma na orelha
Mais uma perna torada.
A quenga ao escutar aquilo
Não aguentou ficar calada
Encarou Franilda e disse:
- Ei! Quero ser respeitada
Eu também sou uma mulher
Não me trate como nada.
Zé resolve entrar na briga
Deu um murro em sua muié
Virou pra puta e falou:
- Rapariga, arrede o pé!
Antes que a muié te pegue
E comece o cabaré.
Maria resolve então
Sair correndo de lá,
Porém ela não escapou
Quando Franilda foi e pá!
Caiu de bunda no chão
Se aguentou pra não chorá.
Zé agarrou a sua muié
Maria tentou fugir
Franilda queria escapar
Zé disse: - êpa! Fique aqui,
Pois eu não vou le soltar
Até essa puta sumir.
Quando Maria foi embora
Franilda escapou ao pular
Correu pra riba de Zé
Querendo le arrebentar
Mas ele deu-lhe uma tapa
E ela começou a chorar.
Zé muito bebo sentou
A sua muié no chão
Olhou para a cara dela
E logo meteu-le a mão
Depois ele foi na sala
À procura de um bastão.
Enquanto ele ia procurar
A coitada suplicava:
- Não bata em mim, por favor!
E ele se enchia de raiva
Encontrou o bastão e falou:
- Agora você me paga!
Quando ele subiu o bastão
A polícia foi ao local
Para acabar com a briga
Daquele jovem casal
Que só vivia brigando
De uma maneira brutal.
Um policial então
Pegou o braço do rapaz,
Tomou o bastão da mão dele
E afastou ele para trás
Olhou direto em seus olhos
E falou: - Já deu demais.
A partir desse momento
O Zé Valentão foi preso
E Franilda ficou em casa
Aliviada e sem medo
Cuidando do seu bebê
Le dando amor, aconchego.
Alguns anos depois disso
O Zé Valentão foi solto
Cumpriu toda a sua pena
Por ter sido um homi louco
Da lei Maria da Penha
Num escapou nenhum pouco.
Quando saiu da cadeia
Foi atrás da sua muié
Arrependido demais
Chorando feito um mané
Quando chegou em casa disse:
- Muié, tu ainda me qué?
Ela indignada falou:
- Sai pra lá, seu machão
Você num tem nem vergonha
Não te quero, Valentão,
Vá em busca de suas putas
Apanhar? Quero mais não!
Depois Zé voltou pra casa
Onde morava os seus pais
E Franilda com seu filho
Tá vivendo bem demais
Aqui termino a estória
Daquele casal sem paz.
E você que é uma mulher
Não sofra sempre calada
Denuncie o seu marido
Quando tu levar peada
Pois a lei Maria da Penha
Existe pra detê o caba.
Autores:
Francisco Erivan, Flauber Matheus e Amanda Rafaella.