Quando será que a criança está pronta para se alfabetizar?

Por Leila Bambino | 09/01/2011 | Educação


Existe uma Lei sancionada pelo Presidente da República do dia 06/02/2006 que regulamenta o ensino fundamental de 9 anos. O principal objetivo desta lei é assegurar que todas as crianças estejam inseridas no ambiente escolar por mais tempo, oportunizando uma aprendizagem com mais qualidade.
Na prática o que ocorre é o seguinte: antes as crianças entravam na escola com 7 anos e hoje com 6. A nomenclatura mudou de série para ano. Falamos 1º ano, 2º ano, até o 9º ano, concluindo assim o que chamamos de Ensino Fundamental.
Por entrarem mais cedo na escola, o Ministério da Educação sugere uma metodologia mais voltada para jogos e brincadeiras, respeitando o desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo.
A avaliação também sofre mudanças de nomenclatura, passa do sistema de notas (onde a criança recebia um número de 0 a 10) para conceitos que, na maioria das vezes, diferem de escola para escola, pois não existe um padrão estipulado. Mas, continua-se avaliando, mesmo que muitas vezes os pais não entendam o que significa aquele conceito ?BOM? no boletim e nos questionam: "Este BOM quer dizer 8 ou 9 professora?". Aí me questiono: "Quanta burocracia, mudar a nomenclatura e na prática tudo continua igual?".
Mas, vamos ao título deste artigo: Quando a criança está apta para se alfabetizar? Nesta nova proposta a criança terá até o 3º ano para se alfabetizar, não podendo haver retenção da mesma na série, ou seja, sem reprovação. Caso a criança termine o 1º ano sem ler absolutamente nada, vai ser promovida para o 2º ano, pois a alfabetização é tida com um processo que tem data para iniciar, mas não para concluir. Chegando ao final do 2º ano, não conseguiu ainda? Vai para o 3º ano continuar neste processo e somente aí, caso não atinja os objetivos, será retida, numa última tentativa de se alfabetizar.
Alfabetizar-se é como o ato de caminhar, acontece naturalmente e sem grandes traumas, a menos que haja algum empecilho para que isto não ocorra. Se a criança aos 3 anos de idade não está caminhando, com certeza os pais já terão ido ao médico realizar exames para descobrir as causas, pois não está dentro dos parâmetros normais, concordam?
Se a criança entra na escola aos 6 anos e chega aos 8 sem conseguir se alfabetizar, com certeza, algo está errado. Vivemos num mundo altamente letrado, rico em informações com letras espalhadas para todos os lados. Dentro da sala de aula somos bombardeados com informações, alfabetos de todos os tipos e cores, cartazes, figuras e livros. E mesmo assim a criança não consegue fazer a junção das sílabas? Reforço minha fala: algo está errado, e muito errado.
Os pais são chamados pela professora. Mas, como o filho é muito novinho, ainda terá tempo de aprender. Os colegas de sala, na maioria, estão lendo, uns mais fluentemente, outros menos. Conseguem fazer da linguagem escrita uma forma de comunicação e interpretação, que é um dos principais objetivos. Escrevem bilhetes, pequenos textos e vão avançando neste processo que é natural.
Aquela criança em questão não avança. Mas os pais acham "normal". Uma hora vai dar o famoso "click" e ela vai deslanchar.
Mas isso não ocorre, e junto começam a ocorrer outros problemas: falta de vontade de ir à escola, rótulos de "burro, preguiçoso, malandro", colegas se afastando nos trabalhos em grupo.
Caso isto aconteça com alguém próximo a você, por favor, oriente aos pais que busquem ajuda. Não espere por um milagre, pois não vai acontecer. Na maioria das vezes, crianças que não conseguem se alfabetizar no 1º ano apresentam alguma dificuldade, que pode ser mais séria do que se imagina.
Existem várias causas que necessitam de um acompanhamento médico: TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, rebaixamento cognitivo ou até mesmo algum tipo de síndrome.
Na dúvida, procure ajuda. De nada adianta fazer de conta que o problema não existe, pois isto não o fará sumir. Leia sobre os assuntos, procure orientação, faça o tratamento de maneira correta, pois com certeza, seu filho lhe agradecerá.

Leila Bambino
leilabam@terra.com.br