Qualidade de Vida no Trabalho

Por Helan de Sousa | 26/07/2016 | Educação

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: UM ESTUDO DOS FATORES QUE INTERFEREM NO BEM-ESTAR DOS PROFESSORES EM DUAS ESCOLAS MUNICIPAIS DA CIDADE DE PICOS - PI

HELAN DE SOUSA 

RESUMO 

A Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é um tema que possui crescente importância nas organizações, haja vista que a sua negligência produz, naturalmente, influência na satisfação dos funcionários e na produtividade, fazendo-se necessária a implantação e o bom gerenciamento da QVT nas organizações. Atualmente, o ser humano assimilou um ritmo de trabalho intenso e este artigo utilizou como referência profissional, professores de escolas municipais da cidade de Picos – PI, que possuem em seu quadro de pessoal quantidade considerável de funcionários, com o intuito de verificar os fatores que exercem influência na QVT dessa classe. A análise dos dados deu-se mediante critérios de amostragem e pela aplicação de questionários em duas escolas, outrora denominadas de “X” e “Y”. Quanto à situação de trabalho, foram identificadas algumas diferenças entre as escolas, no tocante aos programas de QVT (disponibilidade de transporte para locomoção, estrutura-física), os demais fatores analisados encontram-se dentro de condições aceitáveis, exercendo influência na QVT dos funcionários de forma diferenciada. Ao final da pesquisa, percebeu-se que não é possível dissociar qualidade de vida total da qualidade de vida no trabalho.

 

Palavras-chave: Qualidade de Vida no Trabalho, Professores, Escolas Municipais

 

 

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema central enfatizar a qualidade de vida dos profissionais da educação em, sobretudo o profissional docente no qual se medeia o contato direto com a realidade em uma relação professor-aluno verticalizada.

Todavia, convém salientar que o trabalho também é parte inerente a vida do homem, constituindo um aspecto que proporciona status e inserção na sociedade. Com base nessa perspectiva, considera-se a vertente de que o homem tende a gostar do seu trabalho ou a procurar atividades que lhe tragam satisfação, caracterizando o trabalho como uma atividade social (LACOMBE, 2005).

As distintas abordagens sobre a concepção do fator trabalho e sua influência na qualidade de vida dos trabalhadores, constituem um dos desafios competitivos que as organizações enfrentam atualmente. Os gestores em geral, precisam preocupar-se com as mudanças na composição do quadro de funcionários e nas expectativas e desempenho destes.

De acordo com Bohlander; Snell (2010), o trabalho e a família têm ligações sociais, econômicas e psicológicas sutis e não sutis e tal concepção demanda um estudo aprofundado sobre a influência dos fatores relacionados ao trabalho que interferem no bem-estar dos funcionários. Atualmente, o ser humano assimilou um ritmo de trabalho intenso, com longas jornadas de atividades, tensões e receios que acabam afetando a qualidade de vida dos funcionários e principalmente a qualidade de vida no trabalho, outrora denominada de QVT (CONTE, 2003).

O tema qualidade de vida no trabalho merece um estudo aprofundado, independentemente do contexto de recessão ou crescimento no mercado, em virtude do seu impacto na vida das pessoas. Para tanto, utilizaremos neste artigo como referência profissional, os professores de escolas municipais na cidade de Picos/PI, que possuem no seu quadro de pessoal uma quantidade considerável de funcionários, bem como jornadas intensas, verificando a existência ou não de programas de qualidade de vida para seus docentes.

A relevância desse artigo também justifica-se pelo quadro da realidade social e educacional do Brasil que, segundo o autor Severino (2000), estar longe de atingir um patamar mínimo de qualidade tanto em termos quantitativos como qualitativos, permanecendo a gestão da educação brasileira como um desafio.

Ao se deparar com o contexto educacional brasileiro, percebe-se que essa qualidade é perpassada por vários fatores, dentre eles baixos salários dos docentes, vagas insuficientes ao atendimento dos discentes, falta de estrutura física adequada, ensino e decisões autoritárias, resultando em desestímulo para os professores e alunos.

 Ressalta-se que aspectos inerentes à discussão sobre os fatores que interferem no bem-estar dos professores são oriundos da constante dinamicidade e mutabilidade do mercado, que exige flexibilidade e inovação para lidar com as mudanças organizacionais e a diversidade cultural. Atualmente, as políticas e práticas de recursos humanos tiveram de mudar seu posicionamento para conseguir atrair e reter forças de trabalho diversas, investindo em treinamentos e programas de qualidade para melhorar as habilidades dos seus funcionários (ROBBINS, 2005).

Menciona-se que não bastassem esses aspectos contextuais, os recentes avanços tecnológicos e a velocidade das mudanças e dos modelos de gestão também contribuem para a redução do nível de qualidade de vida no trabalho. Segundo Luz (2003), organizações extremamente enxutas, ávidas pelo aumento da produtividade, obrigam seus funcionários a realizarem tarefas sob pressão e o mais rápido possível pela insuficiência de tempo, ou impõem aos seus empregados a gestão pelo medo e o assédio moral.

Percebe-se que existem diversos motivos para os trabalhadores sentirem-se insatisfeitos com seu trabalho, seja no tocante a remuneração, a variedade de atividades realizadas, o estilo e a capacidade de liderança de seus gestores, as inadequadas condições de trabalho, a falta de reconhecimento e valorização, a pressão que recebem para realizar seus trabalhos, a falta de estabilidade no emprego, os conflitos com colegas e superiores, o excessivo volume de trabalho, a velocidade das mudanças dos produtos e serviços, a falta de transparência da empresa na comunicação de seus objetivos e estratégias, a falta de aproveitamento do potencial dos empregados, a falta de ética e compromisso da empresa com a qualidade de seus produtos, serviços e satisfação de seus clientes externos e internos, entre tantos outros.

 É nesse limiar que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) desponta como uma alternativa para lidar com as exigências dos funcionários em suas diversas organizações e melhoria do ambiente de trabalho. De acordo com Pereira, O. (2006) “a profissão do professor é uma das que mais sofrem com o estresse e outras síndromes decorrentes da falta de qualidade de vida e que causam insatisfação, merecendo uma atenção maior sobre essa realidade social”.

A estrutura deste artigo se dá em torno do conceito de qualidade de vida no trabalho, aqui entendido como uma forma mais humanizada de execução das atividades nas organizações, bem como apresenta os fatores relacionados ao bem-estar dos professores, considerando que é tarefa do gestor proporcionar condições favoráveis a concretização da qualidade de vida no trabalho para alcance dos objetivos organizacionais. Em seguida é apresentada a análise dos dados coletados, fundamentados em teóricos especialistas no assunto.

Diante dessa questão, pretende-se com essa pesquisa identificar quais os fatores relacionados ao trabalho que interferem no bem-estar dos professores de duas escolas municipais da cidade de Picos -PI e suas influências na produtividade, pois, embora as pessoas precisem ser administradas pelas organizações como recursos humanos, elas possuem outros vínculos sociais além daqueles meramente técnicos que mantém com as instituições. 

2.1 Qualidade de Vida

O trabalho é uma atividade específica do homem que funciona como fonte de construção, de realização, de riqueza, de bens materiais e de serviços úteis à sociedade humana. As atividades destinadas a melhorar o desempenho das relações entre as pessoas precisam basear-se na compreensão dos aspectos que influenciam o pleno desenvolvimento humano (FERNANDES; OLIVEIRA; SILVA, 2006).

Diante desse contexto, ressalta-se que para cada profissional a qualidade de vida adquire um significado próprio de acordo com suas expectativas, anseios e necessidades, que abrangem o bem-estar físico, mental e social. Os autores Fernandes; Oliveira; Silva (2013) complementa que a qualidade de vida é um conceito dinâmico, pois diz respeito às motivações, expectativas e valores de cada indivíduo. A qualidade de vida diz respeito, a uma filosofia de vida individual, organizacional e comunitária que na prática decorrem de valores e de um forte compromisso assumidos com o próprio indivíduo.

De acordo com Nasha (2012), qualidade de vida pode ser definida como a percepção de bem-estar resultante de um conjunto de parâmetros individuais e socioambientais modificáveis, ou não que caracterizam as condições em que vive o ser humano. Entre os fatores socioambientais menciona-se moradia, transporte, condições de trabalho, segurança, cultura, educação, meio ambiente; como parâmetros individuais estão o estilo de vida, hábitos alimentares, controle do estresse, relacionamento interpessoal e atividades físicas.

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