Qual é o conceito da infância?

Por Rodrigo Benedito Sabino de Oliveira | 04/06/2019 | Educação

Qual é o conceito da infância?

Comece a se questionar: como chegou a um conceito da infância? Veja que responder a essa pergunta envolvera compreender as grandes conquistas em termos de políticas publicas e as mudanças em relação as concepção da infância e o atendimento educacional. Para Aries (1981) a duração da infância era reduzida ao seu período mais frágil{...}, então mal adquiria algum desembaraço físico, era logo misturado aos adultos e partilhava de seus trabalhos e jogos. Diante dessas mudanças políticas, sociais e religiosas, a criança começa a ser olhada de forma diferente, ou seja, passa ficar mais tempo com a sua família e finalmente a escola passa a ser um espaço importante para moldar e educar seus alunos.

A preocupação com a infância ocorre a partir do século XIX, na idade média e inicio da moderna, a criança era companheira do adulto, “alimentada pela crença fetichista de que nela escondia-se uma natureza sagrada que o homem não podia profanar” (ZABALZA, 1998,P.65).

Era um produto divino, e a partir do momento que a criança não necessitasse mais dos cuidados dos adultos, “era oficialmente patenteada como pertencente a sociedade dos adultos e já não se diferenciava mais dos mesmos” (ZABALZA, 1998,p.65). Dessa forma, o autor apresenta esse momento como à primeira identidade: a criança adulta. Na sociedade medieval, segundo ARIES (1981), o sentimento de infância não existia, o que não significa que a criança era abandonada ou desprezada.

Vale ressaltar que na segunda identidade observamos a criança filho-aluno ou a infância institucionalizada, já no final da idade moderna vivenciadas intensas transformações conceituais na infância, pois com a revolução Industrial e o “surgimento da família moderna, a infância torna-se o epicentro do interesse educativo dos adultos”(ZABALZA,1998, p. 66. Entende-se que a família já se preocupa com a criança no sentindo de afetividade e cuidados, procurando essas crianças para a vida.

Com essas mudanças a criança deixa de ser vista como adulto em miniatura, “o direito de ser criança (de ter atenções-espaços-jogos) é legitimado somente sob as condições de pertencer a este tipo de família e a este tipo de escola” (ZABALZA,1998,P.66). Podemos entender que o autor vem mostrar a terceira identidade onde à criança e vista como o sujeito social. Destacam-se nessa concepção três experiências educativas fundamentais:

Incorporação-participação da criança nos âmbitos de seu território de vida, no povoado-bairro-regiao;

Satisfação daquelas necessidades que a atual sociedade de consumo tende a subtrair e a negar a infância {...} “comunicação”, “a fantasia”, “ a exploração”, “ a construção”, “ ao movimento”, “ ao agir por conta própria”

Experiência de socialização que seja, ao mesmo tempo, um processo de “assimilação” e interiorização, da escala de normas e valores estabelecendo e sancionados pela sociedade adulta (ZABALZA,1998, P.6, GRITOS DO AUTOR)

Diante do que podemos observar que a criança já tem grande poder cognitivo, onde pode se expressar, descobrir e tem suas próprias escolhas. Vale ressaltar que esse momento de escolarização pode ser vista em dois momentos: sendo a primeira institucionalização, onde a criança e vista como filho-aluno e já o segundo conhecido como liberação, ou seja, oi aluno como o sujeito social.

A criança como todo ser humano e vista como ser social e histórico e faz parte de uma organização familiar que esta inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. E profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca (BRASIL, 1988, p.21-22).

O RCNEI apresenta capacidades a serem desenvolvidas nas crianças por meio da prática pedagógica desenvolvida, onde a criança é vista como  produtora de conhecimento, à medida que ampliamos as relações sociais e contribuímos para o seu desenvolvimento integral.

Desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;

Descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem estar;

Estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;

Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesse e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;

Observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agentes transformados do meio ambiente e valorizando atitudes de  que contribuam para sua conservação;

Brincar, expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;

Utilizar diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas as diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas idéias, sentimentos, necessidade e desejos e avanços no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais na sua capacidade expressiva.

Conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade (BRASIL, 1998, p.63)

Diante dessa resenha, podemos concluir que a escola é um espaço direcionado para a produção cultural, onde será ofertada a aprendizagem de forma individual e coletiva, com proposta de atividades lúdicas, devemos sempre nos lembrar que a criança da educação infantil encontrara sempre em construção. Resenha baseada no livro- Organização do trabalho pedagógico na educação infantil: reflexão e pesquisa.

Referências

ARIES,P. História social da criança e da família. Trad. Dora Flaksman. 2. Ed. Rio de Janeiro: livros técnicos e científicos, 1981.

ZABALZA, M.A. Os dez aspectos-chave de uma educação infantil de qualidade. In: ZABALZA , M.A. Qualidade em educação infantil. Porto Alegre:Artmed,1998.

 

ADRIANA PERES DE BARROS Graduada em Pedagogia; Especialista em Educação Infantil , professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. ELÇA DOS SANTOS MACHADO - Graduada em: Pedagogia e Ciências Biológicas; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.   ELIANE SANTOS REZENDE MICHELATO- Graduada em: Pedagogia; Especialista em Psicopedagogia e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. JANE GOMES CASTRO, graduada em Ciências Biológicas; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. RAQUEL SANTOS SILVA (5) Graduada em: Letras; Especialista em Educação Infantil e professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis. RENATA RODRIGUES DE ARRUDA; Especialista em Educação Infantil. Email:rero3131@hotmail.com. Valquiria Mendes Marques, graduada em pedagogia; Especialista em Psicopedagogia, professora na Rede Municipal de Ensino Público na cidade de Rondonópolis.

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