Qual a contribuição de uma boa relação afetiva entre professor e aluno para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil

Por Meirane de Souza dos Santos | 11/12/2020 | Educação

TÍTULO: QUAL A CONTRIBUIÇÃO DE UMA BOA RELAÇÃO AFETIVA ENTRE PROFESSOR E ALUNO PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Meirane de Souza do Santos Rosaria Maria de Castilhos Saraiva RESUMO O tema desse artigo refere-se à relação afetiva entre professor e aluno e o desenvolvimento da criança na Educação Infantil, tendo como objetivo identificar as contribuições dessa relação. A escolha desse tema foi fundamentada no pensamento de grandes pesquisadores, que conceituaram a afetividade e o modo como se dá dentro do ambiente escolar. Foram apresentadas também pesquisas sobre a importância da afetividade para Educação Infantil de qualidade, os desenvolvimentos e a relação afetiva professor, aluno e família. A relação afetiva entre professor-aluno pode influenciar de maneira bem significativa no desenvolvimento, contribuindo para melhor desempenho e autoestima do aluno da Educação Infantil. A afetividade sempre fez parte da vida de todos, mas não só através de gestos de carinho e atenção, mas também na manifestação de emoções que vai muito além do contato físico transpassando todo lado cognitivo da criança. Desta maneira, é essencial que todos os envolvidos tanto no contexto familiar e escolar, entenda que o ato afetivo e o vínculo afetivo são primordiais para a aprendizagem do aluno. Palavras-Chaves: Afetividade. Educação Infantil. Aprendizagem. INTRODUÇÃO O tema escolhido foi: “A contribuição de uma boa relação afetiva entre professor e aluno para o desenvolvimento da criança na educação infantil”. A escolha do tema teve como ponto de partida a curiosidade de saber mais a fundo o porquê da questão do vínculo afetivo entre professor e aluno ser tão fundamental para o desenvolvimento infantil. A partir das vivências e curiosidades foi possível perceber que a relação afetiva entre professor e aluno é indispensável ao desenvolvimento global da criança da educação infantil. O conceito de afetividade foi formulado inicialmente nos séculos XVII e XVIII. Para Dantas (1990) Henri Wallon ao estudar a criança ele não colocava como ponto principal a inteligência para seu desenvolvimento, mas afirma que a vida é constituída por três dimensões: motora, afetiva e cognitiva que atuam de forma globalizada. As relações dos indivíduos são constituídas de várias transformações. Dessa forma, é importante que a construção e a transferência do conhecimento geram uma relação interpessoal, tendo em vista a troca de experiencia entre eles. O afeto é uma peça indispensável para a aprendizagem, a relação interpessoal é fundamental para que o ser se desenvolva em sua totalidade. As práticas educativas necessitam da existência de sujeitos, pois só assim haverá a transferência do conhecimento, um que ensinando aprende e outro que aprendendo ensina. Fernández (1991), o aprender, necessita de dois sujeitos ensinante e aprendente, é um vínculo que se estabelece entre um e outro. Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem atribuímos confiança ao ensinar. 1 Por esse motivo a escolha do tema “Qual a contribuição de uma relação afetiva entre professor e aluno para desenvolvimento da criança na Educação Infantil”. ¹ Meirane de Souza dos Santos concluinte do Curso de Pedagogia- UNESA ² Rosaria Maria de Castilhos- Mestre em Psicologia- Orientadora de TCC- UNESA Desta forma esta monografia tem como OBJETIVO GERAL: Identificar as contribuições de uma relação afetiva entre professor e aluno para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil. Objetivos específicos: • Caracterizar educação infantil: histórico, legislação, currículo: • Caracterizar relação professor/aluno na educação infantil de acordo com a literatura: • Relacionar afetividade desenvolvimento e relação professor e aluno • A visão de Paulo Freire na afetividade Nesse sentido, este trabalho pretende responder as seguintes questões: • Qual histórico da educação infantil? • O que é afetividade? Como ela se expressa na relação professor e aluno? Qual a contribuição da afetividade para o desenvolvimento? • Como se dá a relação professor e aluno na educação infantil? • Qual a visão de Paulo Freire sobre o papel da afetividade na função docente? • O que Paulo Freire considera um professor afetivo? Problema: Qual a contribuição de uma boa relação afetiva entre professor e aluno para o desenvolvimento da criança na educação infantil? A importância da afetividade para o desenvolvimento infantil tem sido investigada por muitos autores. Sem afeto não existiria uma melhoria no desenvolvimento intelectual, e também não haveria interesse nem motivações o que consequentemente não levaria o indivíduo a si perguntar sobre determinado assunto e problemas seria descartado. A afetividade é uma condição necessária na construção da inteligência. Entretanto, vivemos na atualidade uma realidade que desvaloriza a contribuição do afeto para o desenvolvimento cognitivo. As emoções não são chamadas de sentimentos, mas são disposições corporais que definem os diferentes domínios de ação que nos movemos. Por isso, justifica-se este estudo, de modo a socializar os avanços teóricos e contribuir para transformar a realidade da relação professor aluno, tornando-a mais afetiva, capaz de favorecer a aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Inicialmente será caracterizada a Educação infantil apresentado seu histórico, legislação e aspectos curriculares com base em Kuhlmann (2000), que mostra os aspectos da história das instituições escolares de educação infantil brasileira e a diferença entre as modalidades, como a creche e o jardim de infância. O objetivo do segmento é a busca pelo desenvolvimento das crianças com intuito de ampliar o conhecimento dos educandos de forma a respeitar sua cultura. Logo após será apresentado uma relação entre afetividade e o desenvolvimento e a relação professor e aluno com base em: Cristina (2000), que mostra a partir de suas pesquisas os resultados obtidos para demostrar para seus leitores como o fator afetivo se apresenta na relação entre professor e aluno, observando a importância das formas de interação entre o professor e aluno para a construção da autoestima e da auto confiança, qual influem diretamente no processo de ensino aprendizagem. Em seguida será analisada a visão de Paulo Freire sobre o papel da afetividade na função docente: Godotti (2007), que mostra a importância da visão que ele tem do ensino para aplicar nos dias atuais, e a importância na formação docente. E como a relação entre professor e aluno reflete na aprendizagem dos alunos. Esse trabalho foi realizado com base em uma revisão bibliográfica, que segundo Gil (2008), trata-se de “ um levantamento bibliográfico atualizado fundamentado em materiais já elaborado, construído principalmente de livros e artigos científicos” foram definidos como autores principais que embasaram o trabalho, Henri Wallon, Paulo Freire entre outros, proporcionando exame aprofundado sobre o tema e a compreensão do fenômeno estudado. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL A história da educação infantil no Brasil teve início no século XIX e ganhou grande relevância com a diferença de classes, neste período a educação era destinadas as crianças mais pobres oferecendo-as apenas o cuidar, enquanto a verdadeira educação era passada as classes mais favorecidas (Elite), com a ambição de seguir um encadeamento na construção do conhecimento. No estado de São Paulo, desde dezembro de 1920, a Legislação previa a instalação de Escolas Maternais, com a finalidade de prestar cuidados aos filhos de operários, preferencialmente junto às fábricas que oferecessem local e alimento para crianças. As poucas empresas que se propunham a atender os filhos de suas trabalhadoras o faziam desde o berçário, ocupando-se também da instalação de creches (KUHLMANN JR., 2000b, p.8). Kuhlman (2000), afirma que a educação assistencialista era oferecida em estabelecimentos que tinham mais de trinta mulheres trabalhando. A criação destas instituições foi com intuito de diminuir os conflitos socias, como forma de libertar as mulheres garantindo a elas o direito de trabalhar. Assim, com o passar o tempo mães de classes médias e altas também esboçaram o desejo de trabalhar, e assim foi criado creches e pré-escolas destinadas a esse público. Dessa forma, com o decorrer do tempo a educação infantil passou por grandes mudanças, trazendo assim inovações para o ensino sendo inclusos nos documentos de leis o direito de creches e pré-escolas a todas as crianças. Segundo as DCNEI (Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil) (2013) a constituição de 1988, legalizou os atendimentos de creches e pré-escola um direito social das crianças, tornando assim um dever do Estado. Dando-lhes um olhar completo, perdendo suas referências que antes era assistencialista e assumindo uma visão de caráter pedagógico. LEGISLAÇÃO Diante de um novo olhar acerca da criança, notou-se a necessidade de elaborar novos desafios nas idealizações de políticas com a intenção voltadas a esse grupo, estabelecendo assim uma série de inovações acerca da educação. De acordo com a lei de Diretrizes e bases da Educação Infantil: A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade. (lei n.9.394, art. 29) No Brasil, a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional denomina o apetrecho educacional CRECHE lugar que atende crianças de 0 a 3 anos. O apetrecho educacional PRÉ-ESCOLA que atende crianças de 4 a 6 anos, além disso a lei trouxe a conquista da educação infantil ser considerada a primeira fase da educação. Segundo a Base Nacional Comum Curricular as diferentes faixas etárias que estabelecem as fases da Educação Infantil, os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento estão essencialmente estruturados em três grupos de faixas etárias, que condiz, acerca das possibilidades de aprendizagem e às características do desenvolvimento das crianças, sendo assim: -( Grupo 1 Bebê) De 0 a 1 ano e 6 meses -( Grupo 2 Crianças bem pequenas) De 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses -( Grupo 3 Crianças pequenas) De 4 anos a 5 anos e 11 meses Recentemente medidas legais sofreram modificações, a qual crianças de 6 anos de idade devem obrigatoriamente estar matriculada no primeiro ano do ensino fundamental. Atualmente a Educação Infantil não pode ser considerada como lugar só de cuidados básicos, mas sim que o cuidar e o educar seja agregado conforme o Referencial Nacional para Educação Infantil. ASPECTO CURRICULARES As propostas curriculares da Educação Infantil devem garantir que as crianças tenham experiências variadas com as diversas linguagens, reconhecendo que o mundo no qual estão inseridas, por força da própria cultura, e amplamente marcado por imagens, sons, falas e escritas. (BRASIL, 2013) As diretrizes curriculares para educação infantil têm como propósito desenvolver propostas para a educação básica com fundamentos definidos pela câmera de educação para orientar na execução de planejamento, avaliação, propostas pedagógicas e curriculares da educação infantil. Devendo também articular as experiências e os saberes das crianças com o conhecimento já obtido da sua cultura, sendo assim um modo de promover seu desenvolvimento. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (2013), é fundamental valorizar a diversidade cultural de cada crianças, pois é a partir disto que será possível orienta-los de forma a ampliar o olhar sobre a vasta multiplicidade do mundo cultural. Conforme a Base Comum Curricular o educando precisa criar meios estratégicos e metodológicos, com finalidade em que os discentes venham compreender de forma positiva a cultura em que vivem. AFETIVIDADE De acordo com o Dicionário Aurélio, afetividade é definido da seguinte forma: “PSICOL” que quer dizer fenômeno psíquico que se manifestam por emoções boas ou ruins e sentimentos que vem acompanhados de: prazer, satisfações agrado e alegria, dor, insatisfações, desagrados e tristezas. Pino (2000, p. 128) afirma que: Os fenômenos afetivos representam a maneira como os acontecimentos repercutem na natureza sensível do ser humano, produzindo nele um elenco de reações matizadas que definem seu modo de ser no mundo. Dentre esses acontecimentos, as atitudes e as reações dos seus semelhantes à seu respeito são, sem sombra de dúvida, os mais importantes, imprimindo às relações humanas um tom de dramaticidade. Assim sendo, parece mais adequado entender o afetivo como uma qualidade das relações humanas e das experiências que elas evocam (...). São as relações sociais, com efeito, as que marcam a vida humana, conferindo ao conjunto da realidade que forma seu contexto (coisas, lugares, situações, etc.) um sentido afetivo. (idem, p. 130-131). A afetividade é muito importante na relação com o outro, pois é através desse contato que haverá a influência da compreensão, pensamento e na iniciativa de ações, portanto é através da afetividade que si forma a personalidade de cada criança, formado assim a partir disso ação do meio social, como a inteligência que pode se modificar de um período ao outro. A afetividade constitui um papel fundamental na formação da inteligência, de forma a determinar os interesses e necessidades individuais do indivíduo. Atribui-se às emoções um papel primordial na formação da vida psíquica, um elo entre social e o orgânico. (Wallon, 2008, p.73) Existem muitos teóricos que fala a respeito da afetividade. Desta forma, observamos que a afetividade está relacionada a diversas experiências obtidas pelo indivíduo em seu convívio social. A falta de afeto impossibilita do ser construir relações saudáveis e duradouras, além de influenciar no decorrer de toda vida tanto positivamente como negativamente. A maioria das vezes o termo emoção estar relacionado ao comportamento humano, referindo a uma ordem física o autor Krueger Silva (2008), afirma que a afetividade se refere as vivências dos indivíduos e as expressões mais complexas e essencialmente humanas. Quando a base afetiva da pessoa é compreendida é possível compreender o pensar humano. Ou seja, as razões que levam o pensamento, encontram seus princípios nas emoções que a produzem. O afeto tem um papel essencial para o desenvolver do intelecto humano, sem afeto não haveria interesse e motivações e em decorrência disso não haveria problemas formulados e não haveria melhoria no desenvolvimento da inteligência, sendo assim: Wallon (1971), se dirige a afetividade e a inteligência como algo indivisível a evolução humana. A inteligência e a afetividade são movimentos do eu como pessoa. A afetividade e a inteligência é algo indivisível, pois para estimular a inteligência é necessário abordar a afetividade e despertar a curiosidade. Para Almeida (1999), afirma que são as emoções que aproximam as crianças ao meio social, antecipando assim as intenções e raciocínios. Mas para isso, é importante que a crianças esteja inserida em um ambiente que possa atender suas necessidades, como afeto, segurança, educação e comunicação. A relação afetiva é essencial para o desenvolvimento de cada ser humano, ela acontece de forma continua e é construída gradativamente. Sem deixar de falar no teórico Wallon que foi um dos estudiosos que se dedicou a abordar o tema afetividade. Para ele a afetividade é algo que o ser humano possui, podendo ser movido pelas coisas, seja elas boas ou maus. A afetividade não é estática, mas algo que progride, resultantes das emoções, sentimento, paixões e evolução. A afetividade está associada as experiências que podemos ter, tanto no ambiente escolar como no meio familiar e na sociedade. Sem ela não se pode estabelecer um relacionamento saudável. RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO Para Fernández (1991), o aprender, necessita de dois sujeitos ensinante e aprendente, é um vínculo que se estabelece entre um e outro. Não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem atribuímos confiança ao ensinar. Atualmente o papel do professor tornou-se mais vasto, deixando de ser apenas aquele que transmite conhecimento, mas sim aquele que contribui no processo de elaboração da construção do saber, possibilitando aos estudantes integrar os aspectos cognitivos, afetivo e a formação de atitudes no processo de aprendizagem. Para que haja a aprendizagem precisa de dois componentes o ensinante e o aprendente. Dessa forma, para começarmos a falar sobre esses dois indivíduos é imprescindível que haja a interação entre eles, de maneira que essa interação venha contribuir em sua formação. Sendo assim, a criança tendo esse vínculo será capaz de se desenvolver, não só no processo de construção do pensamento, mas na construção de sujeito e do seu modo de agir. De acordo com Smolka e Góes (1995), é através do contato com outros indivíduos que se estabelece relações e se funda a construção do conhecimento. Para que a criança tenha desenvoltura na sua forma de aprender é fundamental que ela tenha um vínculo afetivo com os adultos, começando no contexto familiar, pois futuramente terá que ir à escola, e é lá que terá aproximação com uma das pessoas mais importante que é o PROFESSOR, o incentivador da sua aprendizagem. Pensando no processo de aprendizagem escolar, as atividades que são executadas em sala, não permeiam só o campo cognitivo, mas também o campo afetivo, por esse processo estar em volto de afetos as crianças acabam por adquirindo experiências e autonomia individualmente. Existem diferenças na emoção e na afetividade da criança, onde a emoção são manifestações do organismo e a afetividade algo que surge no indivíduo. Um exemplo a ser citado é quando a criança chora, é uma emoção manifestada por um certo tempo, já o afeto é algo adquirido ao longo das experiências vivenciadas, experiências essas que marcam a vida dando sentidos afetivos, mas que levam tempo para ser obtida, tendo maior durabilidade. Segundo Dantas (1993), é impossível haver relações afetivas sem a presença de outro indivíduo por perto. Por isso, é importante que a criança venha ter o convívio com outras crianças e com o docente, para que o processo da construção do saber venha ocorrer no contato e no vínculo entre eles, dando assim sentido ao afeto, para que a partir das experiências venham obter o conhecimento. No ambiente escolar as atividades realizadas falam muito na questão da troca de afeto, destacando a afeição entre professor e o aluno durante o dia-a-dia, atividades essas que permite muitas das vezes a troca de abraços, beijos e carinhos. Para Maturana (1999), vivemos em uma cultura que não valoriza as emoções, mas que prioriza mais o conhecimento racional do que as relações afetivas. Nesse sentido, muitas das vezes não vivenciamos só troca de afeto, mas também situações de conflitos no ambiente escolar, por ser um lugar heterogêneo com diferentes valores culturais, crenças e relações sociais que fazem parte do cotidiano escolar. Mediante a isso, acabam por deixar de fora os alunos dessemelhante, tornando assim a relação no âmbito escolar menos prazerosa. Por existir esses problemas cotidiano, a visão de um lugar que constrói o conhecimento e traz alegria vem sendo desconstruída, por falta de aceitação do outro acabam por não saberem lidar com os conflitos da convivência humana. Além disso, é necessário que venha examinar o contexto, como forma de proporcionar a transformação em que a busca pelo diálogo incentive a reflexão e a construção de uma visão múltipla do conhecimento. A afetividade é algo que se constrói na relação do sujeito com outro sujeito, desenvolvendo suas emoções na convivência humana. De acordo com Almeida (2001), os conflitos são indispensáveis para o progresso da personalidade, pois somente ele é capaz de levar ao amadurecimento tanto da afetividade quanto da inteligência. A sala de aula é um ambiente diversificado, lugar de formação humana onde ensinar e aprender é desenvolvido no convívio entre os indivíduos, os conflitos emocionais existentes são essenciais para que a personalidade seja desenvolvida e assim ocorra o equilíbrio entre a emoção e a razão, fazendo com que tenham amadurecimento tanto na afetividade quanto no intelecto, portanto no âmbito de múltiplas diversidade haverá sempre a existência de conflitos. Além disso, os alunos ao serem contrariados pelo professor ou apelidado pelos colegas acabam expondo ações violentas, mais momentos depois apresentam atitudes de afeição entre eles. A maioria dos professores não encontram soluções pois não tem noção de como lidar com as emoções dos alunos e não compreenderem que estão em constante transformação do seu caráter humano. No dia-a-dia em sala de aula os conflitos são muito comuns, ocasionados por diversos fatores, nessa situação as emoções são intensas e acabam por impedir o exercício das atividades cognitivas, para isso é preciso reconhecer os motivos que ocasionam essas divergências para que soluções sejam tomadas. A sala de aula não é apenas um espaço da construção do saber, mas de convivência entres seres humanos, não havendo só conflitos mais interação entre alunos e professores, que permitindo-se a participação, a argumentação e o respeito entre eles acabam por ocorrer avanços no processo de aprendizagem. Nisso notamos a importância do diálogo na sala de aula e o quanto é fundamental os alunos se sentirem seres valorizado pelo o educador. Segundo Hernández (2002), o dialogo oferece oportunidade para abranger e compreender diversos problemas. Conscientizando a desenvolver estratégias para pensar em sua própria aprendizagem. Além disso, o diálogo impulsiona a reflexão e a organização do conhecimento. Neste sentido, a constante transformação da prática do professor para seus alunos é essencial. O professor ciente de suas ações precisa traçar metas a serem atingidas ao final de cada período, buscando sempre inspirações para ser o melhor a cada dia, tendo sempre o olhar para seus alunos de forma diferenciada das outras. Para Wallon (1986), a sala de aula deve ser pensada de maneira que facilite a interação social, ocorrendo também a aprendizagem de todos. O professor como peça fundamental para a educação, deve oportunizar melhores forma de conhecimento, respeitando sempre os limites de cada aluno, permitindo que construa e reconstrua o próprio conhecimento durante o processo de ensino. O aluno quando motivado pelo professor, é notório os seus avanços cognitivos, nisso também se estabelece laços afetivos entre si. Mas muitas das vezes a ausência desses avanços estão vinculados à falta de atenção e afeto dentro da escola, o qual prejudica o intelecto e o comportamento do aluno, passando desapercebido pelo professor que acaba por repercutir de forma negativa no sucesso escolar de seus alunos. Para que a falta de afeto não venha repercutir na aprendizagem do aluno, é importante que o professor venha interferir de melhor forma, trabalhando a autoestima de cada um deles. E assim a afetividade venha sobressair de forma positiva em seu processo de aprendizagem. O termo afetividade conceitua-se sobre o olhar de vários autores, que por muito tempo estudaram e pesquisaram sobre esse tema. Bem como Henri Wallon, Vygotsky, Paulo freire e outros. Paulo Freire aborda o tema afetividade e a relação entre professores e alunos, em seus ditos destaca que não se pode falar em educação sem afeto e sem amor, e o afeto está relacionado ao amor. Freire é autor de vários títulos, mas o que trata do assunto é a Pedagogia da Autonomia, relatando como deve ser a conduta do docente afetivamente e como deve se portar no ambiente escola. Paulo Freire (1999) afirma, o docente que sabe ouvir o seu aluno, tende a transformar suas exposições orais. Portanto, o professor que procura transformar sua forma de ensino e o seu fazer pedagógico, contribui de maneira que os indivíduos presentes naquele ambiente tenham uma boa relação entre si. Ouvir o outro também é uma maneira de relacionarse afetivamente. A escola não é só um lugar para aprender, mas para relacionar-se com todos os envolvidos. Percebe-se que a prática docente abrange vários aspectos, para que ocorra a atuação no ambiente escolar. Existe no ambiente escolar dois tipos de ensinante, um que cuida e educa e outro que aplica a matérias, tendo a incumbência de transmitir o conhecimento às crianças, para que isso aconteça o professor deve buscar novos recursos, de modo que haja o progresso cognitiva, e ocorra o conhecimento de forma mais profundo. O Educador deve ter um ponto de vista diante dos seus alunos. Nisso Paulo Freire (1996) afirma, que a rigidez no ambiente escolar causa instabilidade na soberania e liberdade. Com isso, vem a importância de saber ouvir, o professor precisa estar atento a opinião dos seus alunos, mostrando sempre interesse em suas linguagens, não se apresentando sempre como senhores da verdade. Quando se escuta a compreensão ao outro se torna melhor e ao dialogar entre si leva o sujeito a construção do conhecimento. Para Freire (2004), nenhuma pessoa educa outra pessoa, ou a si próprio, mas aprendem umas com as outras. O professor não transmite só o conhecimento, ele aprende quando compartilha o ensinamento aos educandos. A relação entre ensinante e aprendente é essencial para o processo e o desenvolvimento do ensino-aprendizagem. Mas a relação que permeia essa aprendizagem, não está fixa só ao contexto escolar, mas também ao contexto familiar do aluno. A aprendizagem vem primeiramente do âmbito familiar, depois da escola, que precisa levar em conta a aprendizagem já construída. Em um dos livros importantes de Paulo Freire a Pedagogia do Oprimido aponta uma nova maneira do professor se relacionar com os estudantes. O professor precisa saber para lecionar, com essa aprendizagem o ensinamento será melhor, não se preocupando em como ensinar, mas como deve ser o ensinamento propagado. O professor não só educa os alunos ele também é educado quando ensina, e os alunos aprende conforme o professor aprende. Assim, não há rigidez no âmbito escolar e na ação educadora. Sendo assim, não existirá relação afetiva no ambiente escolar se o professor for autoritário e não dialogar com seus alunos. Ainda encontramos muitos professores que se revelam como o dono do saber. Para uma boa relação do aluno com o professor é necessário ter autoridade sem ser autoritário. Autoridade está relacionado ao respeito as regras e normas, quando existe autoridade as pessoas se sentem motivadas. Já com autoritarismo eles sentem comandadas vindo a ocorrência de medos. O papel do professor deve ser de autoridade e não de autoritarismo. Sendo assim, poderá ser amigo dos seus alunos, levando-os a ver com outros olhos a sua maneira de ensinar. O docente não tem que ser transmissor do conhecimento, mas ter pleno conhecimento que com autoridade em sala de aula, poderá ter ótimo relacionamento com seus alunos, levando ao crescimento cognitivo. Segundo Alcará e Guimarães (2007), o aluno quando motivado mostra mais disposição alcançar novos conhecimentos k e está sempre apto para novos desafios realizando suas atividades com mais prazer. Não sendo dono da razão, o professor deve ser alguém que motive seus alunos a crescer e evoluir afetivamente como seres humanos. Dessa maneira, o trabalho de Paulo Freire oferece uma visão pedagógica, dando ênfase na afetividade para que ocorra a aprendizagem no ambiente escolar. Freire se preocupa com o desenvolvimento da criança e do adolescente. Para ele o sentido de lecionar é o amor e o afeto, tendo em vista a melhora nas relações entre o professor e o aluno. O amor impulsiona o sujeito a ter coragem, o amor é essencial no fazer pedagógico, não permeando só na relação do professor com o aluno mais englobando todo o trabalho pedagógico, sem o amor o trabalho perde o sentido. Os aprendentes são seres cercado de sentimentos, a aprendizagem deles não estão relacionadas ao intelecto, mas sim as suas funções humanas. O professor além de transmitir o conhecimento influencia também seus alunos, ele consegue ver que tendo afeto o desenvolvimento e desempenho dos alunos se torna grande. Ele valoriza a afetividade no fazer docente, pois é um trabalho que lidar com os aspectos humanos. Sendo assim, é necessário que o relacionamento entre professor e aluno seja peculiar, de forma que essa boa ralação influencie o processo de aprendizagem de cada indivíduo. Segundo Freire (1996), o professor tem o direito de instigar seus alunos a compreender o que estar sendo ensinado. A conduta do professor diz muito na relação do professor com o aluno. Para Freire (1996) o professor em seu fazer pedagógico deve mostrar sua forma de ser e de pensar, mesmo que isso seja difícil (complexo). Devendo levar em conta o bem estar do aluno para que haja participação afetiva na construção do saber. Dentro dessas atitudes do professor, ele deve expressar alegria em sala de aula, pois isso trará vantagens favoráveis ao que é passado para seus alunos, dessa forma irá estimular e motivar os seus alunos a buscar sempre mais o conhecimento. Wallon (2006 p.21) apud LEITE, as emoções contagiam, por esse motivo o professor alegre, promove um ambiente alegre. O professor quando trabalha com amor, as atividades executadas são prazerosas e realizada de forma eficiente. Quando o professor ignora esse ato em sua forma de ensinar acaba por marcar os alunos de maneira negativa, vindo a acarretar indisciplina e até mesmo falta de interesse de ir à escola. O amor posto em suas atividades servirá de inspiração aos seus alunos. O fazer docente requer planejamentos e objetivos a serem alcançados para que ocorra as questões afetivas. Pondo em suas metas: onde chegar, como proceder, como organizar, como ensinar e como avaliar. Quando o planejamento é feito com prazer, somos capazes de notar na maneira que os trabalhos são efetuados. Além de se preocupar com o desenvolvimento infantil, Paulo Freire aborda a preocupação na formação do docente. Em seu livro “Professor sim, Tia não”, ele fala da forma como precisa ser a colocação do professor perante seus alunos e a visão que os alunos devem obter dele. Para Paulo Freire (1997), é vendo a prática de hoje que podemos construir uma nova prática. Sendo assim, o docente precisa estar em constante busca pelo conhecimento, tendo em mente a importância e a necessidade da formação continuada, para que assim seja notória as mudanças de suas práticas. Olhando sua pratica sempre de forma crítica e reflexiva, possibilitara e levara a formular novos conceitos da sua pratica pedagógica. CONSIDERAÇÃO FINAIS Através desse trabalho pude perceber que a relação afetiva entre professor e aluno tem um peso fundamental na aprendizagem, garantindo a eles um ensino de qualidade. Os teóricos citados nesse artigo, dizem que o afeto é essencial para o desenvolvimento da inteligência, e sem ele não existiria o interesse e nem motivação, sem o afeto não surgiria as interrogações ou problemas a serem formuladas, e em decorrência disso, não haveria uma melhoria no desenvolvimento. O afeto é um requisito necessário para a construção da aprendizagem. Portanto, no cotidiano escolar é fundamental estar inserido na prática pedagógica do professor o afeto, a alegria e prazer naquilo que se faz, seja na hora de ensinar quanto na hora de aprender, dando sempre espaço para as crianças expor suas opiniões, explorar e expressar suas ideias. Toda criança para ter um bom desenvolvimento e uma boa construção cognitiva precisa ter uma relação afetiva agradável, tanto no ambiente escolar quanto no ambiente familiar, pois isso contribui de forma positiva na vida de cada educando. O professor que tem práticas afetivas, influenciam os alunos a ser mais afetivos, dessa maneira, levará a pensar no outro e com empatia afim de melhorar a condições sociais na sociedade em que vive. Sendo assim, conclui-se que a afetividade manifestada entre professor e aluno na Educação Infantil são peças inseparáveis no processo da construção do saber. Esse trabalho foi muito gratificante e de grande importância, de maneira que contribuiu para minha formação acadêmica e profissional, pois me possibilitou pesquisar um tema que tem um grande significado. Compreendi com mais clareza que ser um professor afetivo é oportunizar aos alunos momentos agradáveis e de aprendizagem para que assim possam adquirir uma aprendizagem significativa. Alcancei muitos conhecimentos que levarei para minha vida, percebendo que cada detalhe que passa dentro da escola é de grande importância no desenvolvimento de cada aluno. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ALMEIDA, Ana Rita Silva. Emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999. Disponível em: http://revistas.ung.br/index.php/educacao/article/download/3297/2378 ALMEIDA, Ana Rita Silva. A emoção na sala de aula. São Paulo: Papirus, 2001. Disponível em: https://anped.org.br/sites/default/files/t132.pdf ALCARÁ, A.R. e GUIMARÃES, S.E.R. A Instrumentalidade como uma estratégia motivacional. Psicologia Escolar Educacional, 2007. 11 (1), 177-178 Disponível em: http://cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/313/195 BRASIL. Ministério da Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, Brasília: MEC/SEB/DICEI, 2013. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/junho-2013-pdf/13448-diretirzes-curricularesnacionais-2013-pdf CRISTINA, Elvira. Afetividade e aprendizagem: A relação professor-aluno. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 23, Caxambu, Trabalhos apresentados. Rio de Janeiro: ANPED, 2000. Disponível em: http://23reuniao.anped.org.br/textos/2019t.PDF DANTAS, Heloysa. A Infância da Razão. São Paulo: Editora Manole, 1990. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20861_8401.pdf DANTAS, H. Emoção e ação pedagógica na infância: contribuição de Wallon. Temas em Psicologia, Sociedade Brasileira de Psicologia, São Paulo, 1993, n º 3, p. 73- 76. Disponível em: http://23reuniao.anped.org.br/textos/2019t.pdf FERREIRA, Aurino Lima; ACIOLY-RÉGNEER, Nadja Mario. Contribuições de Henri Wallon a Relação Cognição e Afetividade na Educação. Revista Educar, Curitiba, n.36, p. 21-38, 2010. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/er/n36/a03n36.pdf FERNÁNDEZ, A. A inteligência aprisionada. Abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED, 23, Caxambu, Trabalhos apresentados. Rio de Janeiro: ANPED, 2000. Disponível em: http://23reuniao.anped.org.br/textos/2019t.PDF FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999. Disponível em : https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/7596/5546 FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa. 25ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/7596/5546 FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997. Disponível em: http://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/2773/1/FPF_PTPF_12_026.p df FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 38.ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/5202_2668.pdf GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008. Disponível em: http://wp.ufpel.edu.br/ecb/files/2009/09/Tipoos-de-Pesquisa.pdf. GODOTTI, Moacir. A escola e o professor: Paulo Freire e a paixão de ensinar. 1º Ed. São Paulo: Publisher Brasil, 2007. Disponível em: http://acervo.paulofreire.org:8080/jspui/bitstream/7891/2773/1/FPF_PTPF_12_026.p df HERNÁNDEZ, F. O diálogo como mediador da aprendizagem e da construção do sujeito na sala de aula. Pátio Revista Pedagógica, Porto Alegre, Artmed, Ano VI, v. 22, jul/ago 2002. Disponível em: https://anped.org.br/sites/default/files/t132.pdf KUHLMANN, Moysés. Histórias da Educação Infantil Brasileira. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, Mai-Ago., n. 14, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbedu/n14/14a02.pdf LEITE, Sérgio A. S. (Org.). Afetividade e práticas pedagógicas. São Paulo: Casa do psicólogo, 2006. Disponível em: http://periodicos.uesc.br/index.php/especiaria/article/view/2056/1514 MATURANA, Humberto. Emoções e Linguagem na Educação e na Política. Belo Horizonte: UFMG, 1999. Disponível em: https://anped.org.br/sites/default/files/t132.pdf PINO, A. A Afetividade e vida de relação. Campinas: UNICAMP, 2000. Mimeo Disponível em: http://23reuniao.anped.org.br/textos/2019t.pdf SMOLKA, A. L. B. & GÓES, M. C. (orgs.) A linguagem e o outro no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. São Paulo: Editora Papirus. 1995. Disponível em: http://23reuniao.anped.org.br/textos/2019t.pdf WALLON, Henri. Psicologia e educação da infância. Lisboa: Editorial Estampa, 1975. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/20861_8401.pdf WALLON, Henri. As origens do pensamento na criança. São Paulo: Manole, 1986. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-40602010000100003 WALLON, H. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Petrópolis: Vozes, 2008, p.73. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/229304198.pdf WALLON. Henri, A evolução psicológica da criança. Lisboa, 70 ed. 1971. Disponível em: https://eventos.set.edu.br/enfope/article/download/9020/3587

Artigo completo: