Psicopatologia: Um enfoque revisitado.

Por Reinaldo Müller (Reizinho) | 04/01/2011 | Psicologia

É lugar-comum que conselhos não mudam patologias comportamentais. As pessoas obtêm um ganho de compensação agindo de uma forma que em sua lógica particular (até mesmo, inconsciente para elas) minimize um sofrimento interior real ou imaginário e que alivie a Culpa. Sabemos, também, que o mecanismo mental de recompensa-prazer ultrapassa o alcance da Ética visto que esta última requer uma autonomia emocional para se fazer escolhas... As orientações em livros de auto-ajuda, admoestações morais, cultura geral, conhecimentos, teorias, não removem condutas estereotipadas desencadeadas pelo sintoma que fundamentou o comportamento reativo. Resta então, a terapêutica: medicamentosa em alguns casos, e psicoterápica em outros -- ou a combinação dos dois elementos. O resultado dos tratamentos melhorou muito nos últimos anos, pois quase não existe mais o duelo: "remédio é melhor que terapia" ou vice-versa. Hoje em dia existe uma integração de tratamentos medicamentosos e psicoterápicos que podem trazer benefícios para os pacientes. A pergunta que não quer calar é: Qual é de fato a eficácia de um processo psicoterápico? Se fosse incontestável, naturalmente, as pessoas procurariam esta ajuda sem maiores resistências. Sabem por que a psicoterapia não funciona na maioria das vezes? Porque as pessoas não vão NUNCA em busca da Verdade de si mesmas ... Elas querem justificativas racionais para seguirem fazendo o que sempre fizeram e querem obter resultados diferentes fazendo... As "mesmas coisas". Poucos querem pagar o preço de serem o que são, por isto, idealizam o tempo todo sobre as coisas, os outros e sobre si mesmos... Para além dos preconceitos, a vida prática demonstrou, inequivocadamente, que ultrapassando as teorias psicológicas nenhum processo psicoterápico ganhou foro de eficácia inconteste para a solução dos problemas emocionais. A questão que se apresenta, transcende o meio social, a antropologia individual e as vivências traumáticas para localizar-se no seio da aporia: o desenvolvimento de uma prática clínica, ainda, que pese todas as controvérsias e igrejas ideológicas, que substancie um ganho terapêutico permanente, irreversível. É preciso dar um tempo na análise ética do comportamento humano e empreender ciência na busca de uma solução clínica emergente, factível e, sobretudo, eficaz na cura da psicopatologia humana de ordem existencial, visto que as patologias psíquicas motivadas por condições orgânicas encontram respaldo na psicofarmacologia. Cabe, principalmente, aos psicólogos esta missão de procura, estudo e resgaste da essência primeira da pessoa humana antes, ou depois da patologia...

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