Psicologia social
Por Jean Carlos Neris de Paula | 05/10/2015 | PsicologiaO papel da Psicologia Social
O surgimento da Psicologia Social no século XX advém da necessária e importante interligação com as ciências sociais. Considerando que o homem vive em sociedade, sua atuação está diretamente voltada para o comportamento dos sujeitos em interatividade contextual, e sua formatação conviveu com a ideologia de luta entre os blocos socialistas e capitalistas.
A Psicologia Social estabelece relação com abordagens diversificadas, tais como a sociobiologia, a etnopsicologia, a institucional e a comunitária. Assim, diferencia-se da área de aplicação, a qual se volta à elaboração de leis sobre manifestações coletivas: linchamentos, racismos, homofobias ou uso de profissionais em publicidade e dinâmica de grupo.
O cientista Gustave Le Bom, em 1895, serviu de referencial para Freud em sua pesquisa acerca da Psicologia de Grupo, obra lançada em 1921. Para Le Bom, os sujeitos que vivem em grupo absorvem uma mente coletiva diferenciada da dos indivíduos com os quais convive e diferente da que teria se vivesse isolado.
Dessa forma, o estudo de grupo como fonte de pesquisa se fortaleceu no psicologismo social, e Kurt Lewin, nascido em 1890 e falecido em 1947, passou a ser visto como o responsável pela fundação da Psicologia Social. Na mesma época, destacam-se os propositores da gestalt, os quais apresentam a variação de figura e fundo dentro da perspectiva de enfoque individual, e da teoria da dissonância cognitiva, a qual investiga o contraditório conflito e o estado de consciência interna.
Também importa apresentar a relevância da Dinâmica de Grupo para a Psicologia Social, tendo em vista suas colaborações ao modelo de liderança, ao entendimento dos conflitos e às motivações, dentro da avaliação da condução dos seres humanos.
Em suma, a Psicologia Social analisa os terrenos de influência da sociedade e remete a estudos sobre interações de indivíduo para indivíduo, de sujeito para grupo e de grupo para grupo, investigando instintos motivacionais, status, lideranças, alienações, identidades, valores, socializações, alterações de comportamento, opiniões, estilos de vida e ideologias.
Dessa forma analítica, percebem-se autoridades, hierarquias histórico-cultuais e violências específicas. Em vista disso, urge o entendimento da importância da Psicologia Social no trabalho com pessoas em interação grupal, na política, no setor empresarial, nas escolas e nos diversos espaços de agrupamento.
RESENHA SOBRE TEORIA PSICANALÍTICA
Bastante estudada e valorizada, a teoria psicanalítica esclarece vários pontos relevantes para o entendimento e a explicação acerca de diversificados tipos de personalidade dos indivíduos. Em vista disso, torna-se fundamental, na análise do comportamento das pessoas, o entendimento teórico de ID, Ego e Superego; o conhecimento das fases do desenvolvimento psicossexual; e a compreensão da teoria psicanalítica dos transtornos mentais.
Dessa forma, percebe-se mais claramente o modelo estrutural das personalidades a partir dos estudos sobre id, que se relaciona com o fazer o que proporciona prazer e o não fazer aquilo que representa aversão, ações que não se ligam à lógica nem a valores, tendo em vista que ocorrem de maneira inconsciente. Paralelamente ao id, pois se desenvolve a partir dele, encontra-se o ego, o qual representa eficazmente a harmonização entre o desejo e a realidade, retardando-o até o momento da possibilidade de sua realização. De forma complementar, verifica-se o superego, que se responsabiliza por incutir nos sujeitos valores sociais, apresentando três objetivos: inibir impulsos contrários às regras, forçar comportamentos morais e conduzir à perfeição, tudo isso dentro de dois subsistemas, que são o ego ideal, o qual dita o bem a ser procurado, e a consciência, a qual determina o mal a ser evitado.
Também importa, para se entender a atitude do ser humano, a pesquisa sobre a teoria freudiana acerca das fases do desenvolvimento psicossocial, ligadas, sobretudo, aos primeiros anos de vida das pessoas, quando grande parte da personalidade é formada, marcando para sempre os indivíduos e as relações destes na interatividade social.
Assim sendo, nota-se claramente, a fase oral, no primeiro ano de vida de uma criança, quando esta avalia e sente prazer pela boca, conforme a fase passivo-receptiva, sem dentes, e sádico-ativa, com dentes. Segundo estudos dessa fase, a ação de se alimentar bem, segurar firmemente o seio da mãe, mordê-lo ou cuspi-lo, bem como fechar a boca, pode indicar, respectivamente, por exemplo, interação, persistência, destrutividade, rejeição e negatividade.
Já a fase anal, a qual vai de um a três anos de idade, destaca o controle intestinal das crianças, relacionando-o efetivamente aos comportamentos humanos, de modo a evidenciar que quem teve defecação descontrolada pode ser raivoso, quem recebeu educação higiênica rígida tende à desorganização ou à organização compulsiva, quem obteve elogios sobre o autocontrole de ir ao banheiro se mostra generoso e quem observou a supervalorização das necessidades fisiológicas se apresenta criativo e produtivo ou depressivo, se não corresponder às expectativas. Por essa linha de teoria, um indivíduo que se recusa a defecar nessa fase pode ser um adulto colecionador, coletor ou avaro. Isso mostra que até a profissão tende a ser determinada por fatores ligados às fases sexuais da infância.
Na fase fálica, dos três aos cinco anos de idade, Freud apresentou o Complexo de Édipo, marcado pela presença, nos homens, ou ausência, nas mulheres, do pênis. Essa fase se centra na região genital e está marcada pela relação com a mãe. Os meninos querem a mãe para si e se mostram, num primeiro momento, agressivos com o pai, mas depois se identificam com a figura paterna e passam a ter a mãe através do pai. Já as meninas se identificam com o pai e passam a culpar a mãe pela ausência do pênis, porém a mãe constitui ameaça menos séria para as meninas do que o pai para os meninos, no primeiro momento. Freud abarcou meninos e meninas no Complexo de Édipo, entretanto alguns autores enquadram as meninas no Complexo de Electra. Tais teorias definem a mãe na força da libido e da identificação com os pais.
O período de latência, que vai até à puberdade, apresenta a repressão e a secundarização dos impulsos sexuais, mostrando-se importante para a cognição, com o desenvolvimento do ego e do superego e a assimilação de várias normas socioculturais.
Na fase genital, última fase, a adolescência, a mudança corporal e a pulsão sexual despertam o desejo pelo sexo oposto, e a escolha de parceiros tem relação influenciada pelas outras fases. É na fase genital que se observam a estruturação do ego, a estabilidade de conflitos e os desafios da idade adulta.
No que diz respeito à compreensão da teoria psicanalítica dos transtornos mentais, aprende-se que as deficiências psicológicas de repercussão emocional e interpessoal revelam os distúrbios, os quais vão de formas neuróticas a loucuras. Evidencia tal estudo que a normalidade se apresenta em julgamentos realistas, repousos tranquilos, relacionamentos duradouros, práticas de lazer saudáveis e realização profissional. Contudo a deficiência em qualquer desses itens indicativos normalidade pode representar um tipo de distúrbio.
Há, conforme apregoam teorias, três grandes tipos de distúrbio. A neurose, conflito persistente, apresenta a categoria da ansiedade, caracterizada por angústia sem causa, e a fobia se mostra marcada por medo, desajuste comportamental e transtornos com associação a certos objetos, animais e situações. A psicose se manifesta na relação depressão/euforia, observada em alterações de comportamento, de juízos da realidade e de afirmações, bem como em alucinações e fantasias, vivenciadas em comportamentos esquizofrênicos: apatia e desinteresse por tudo; em ações maníaco-depressivas: energia e inatividade; em atitudes paranoicas: ilusão fixa, mania de perseguição e de grandeza, ressentimento; em psicoses alcoólicas: intranquilidade violenta seguida de alucinação; em arteriosclerose cerebral: lentidão na fala, zumbido e formigamento nos braços e nas pernas. Já as psicopatias exibem falhas na visão e no comportamento social, visto que, para os psicopatas, certo e errado e permitido e não permitido não fazem sentido, pois seus valores giram apenas em torno de interesses egoístas, por isso não aprendem com os próprios erros e não hesitam em simular, enganar e roubar se precisarem fazer isso para o benefício próprio.
O estudo das teorias psicanalíticas revela que as ações humanas estão marcadas pelas fases do desenvolvimento psicossexual dos indivíduos, haja vista que os primeiros anos de vida de um ser humano são determinantes na formação da personalidade dos sujeitos e na análise dos transtornos mentais apresentados pelas pessoas. Esses conhecimentos se fazem imprescindíveis também para o autoconhecimento e para o tratamento dos que necessitarem de intervenção profissional acerca de desvios de normalidade.
Por tudo isso, a teoria psicanalítica de Freud e de outros estudiosos da psicanálise merece ser estudada atentamente, uma vez que fornece conhecimento, sobre a ação humana, capaz de interferir positivamente na maneira como as pessoas se relacionam com o mundo, com os outros e consigo mesmas.
Dério José Faustino Junior
Jean Carlos Neris de Paula
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Reynaldo José Pretti