Psicologia do Jornal
Por Tarique Layon Lima Vilhena | 27/08/2019 | PsicologiaEste artigo visa o comparativo entre uma linha tênue que é exposta no cronograma de telejornais que são exibidos em canais de televisão aberta no Brasil. O objetivo deste é apontar uma interseção na linha de exibição dos tais.
As emissoras de televisão de canal aberto, no Brasil, exibem, em sua grade, pelo menos um telejornal diário. Tais programas visam expor a informação, que foi colhida pela equipe de jornalismo da devida emissora, aos telespectadores da maneira mais clara, com as fontes mais confiáveis em abrangência global, filiadas nacionais das respectivas emissoras e expostas de modo mais imparcial possível.
Os jornais costumam ter em média uma hora de duração, possuem um casal na bancada e tendem a ser exibidos no horário noturno – horário em que as pessoas estão regressando do labor diário ao conforto de seus lares. Cabe ressaltar ainda que os jornalistas sempre tendem a estar impecavelmente trajados e possuem vocabulário culto, mas acessível à população no geral.
Logo, ao iniciar a transmissão, é relatado um breve resumo do conteúdo do que será exposto para que os telespectadores saibam o que será servido de informações aos mesmos. Porém, nota-se uma intrigante linha de exposição dos fatos: inicia-se por um teor resoluto de notícia e a gravidade das narrativas vai se aguçando conforme o jornal segue seu rumo. Caminha-se por cenário político, esportivo e social – além das tragédias e violência também.
Porém nos é notório que no suprassumo do jornal é exposta uma matéria de esperança e ou de fé na essência humana: por que essa exposição dos fatos se torna comum aos diversos jornais, assim sendo? Que teor psicológico há nisso?
Cotidianamente as pessoas recebem enxurradas de notícias que as fazem perder paulatinamente a fé nos demais e o jornal – ao expor fatos negativos e informativos – tendem a potencializar este lastro no âmago do ser dos indivíduos. Se o jornal apenas expusesse fatos negativos, a população tenderia a ser ainda mais ressabiada com seus semelhantes porque se habituaria à natureza humana ruim citada por Hobbes.
Contudo os telejornais usam desse artifício para acalentar os corações e após alimentar estas essências com mais joio, expõem situações onde “rélis mortais” agem de maneira heroica ou altruísta para mostrar que todos são capazes de fazerem boas escolhas quando expostos a situações de provação. Tais gestos aumentam a fé coletiva de que no amanhã reside um bom dia e cheio de esperanças por um mundo melhor. Temos como exemplo o “Jornal Nacional” da Rede Globo e também o “Fala Brasil” na Record.
Concluímos que tais programas, se observados por um espectro geral, possuem uma mesma lógica de exibição onde tudo o mais acaba sendo exposto da maneira mais fiel e embasado possível para que o público seja informado sobre ocorrências mundiais. Entretanto, no ápice da exibição informativa, notamos que há um apaziguador de conteúdo que faz os ânimos coletivos se reconfortar e após a enxurrada de negatividade a ser digerida, possa ser renovado com a lufada de resignação e perseverança na última matéria a ser exibida nos tais.
Assim sendo, o jornal mostra-se dotado de uma sequência de exibição de fatos que o torna apetecível para os diversos paladares, pois deixa uma dose farta de “sobremesa” por último ao exibir durante seu desenrolar as mais diversas notícias sobre um amplo espectro de ocorrências nacionais e mundiais como numerosos casos de violência, corrupção e atos torpes humanos. Mas em seu clímax mostra casos de superações, realizações de sonhos e luta frente aos obstáculos impostos pela vida.