Psicologia da Educação

Por Pedro José Ferreira Aragão | 22/08/2016 | Filosofia

PEDRO JOSÉ FERREIRA ARAGÃO

INTRODUÇÂO

A Psicologia da Educação tem por objetivo geral introduzir os principais conceitos e as diferentes teorias psicológicas acerca do desenvolvimento e da aprendizagem do ser humano, além de assinalar a sua importância e aplicabilidade no contexto educacional, bem como sensibilizar e capacitar o homem para uma prática pedagógica orientada pela relação interdisciplinar entre a Psicologia e a Educação.

 Partindo de um estudo introdutório da Psicologia, apresentada em seus vários aspectos, em direção a um estudo reflexivo da prática pedagógica no seio das contribuições que a Psicologia, enquanto Ciência do Comportamento, tem efetivamente dado para o desenvolvimento e melhoria das condições de vida e das produções do homem moderno.         Portanto, percebemos ao logo do tempo que essa disciplina tem dado uma grande contribuição na educação, tanto paro os alunos quando bem aplicado, quanto para os professores.

            Dentre as descobertas da Psicologia e aplicações, destacam-se os "métodos
educacionais" a fim de melhorar, e auxiliar, no rendimento escolar. É público e notório que a psicologia é uma ciência, e que o ensino consiste em uma arte, porém, a arte requer conhecimento e prática para ser alcançada. Um bom professor ou pedagogo deve se apropriar e conhecer a ciência da qual se baseia a arte do ensino para desenvolver suas atividades de modo a evitar possíveis erros, propiciando desta forma uma boa educação.

            O cognitivismo é uma das três principais correntes em psicologia da aprendizagem, distinguindo-se do empirismo que postula que o conhecimento se dá a partir de estímulos do meio ambiente, e do humanismo em que o conhecimento se dá como atualização daquilo que o homem traz dentro de si.

            O modelo cognitivista ocupa-se dos processos centrais internos que se dão em relação ao conhecimento, levando em conta, portanto, o sujeito, o interno, bem como a interação com o meio ambiente. Considera a ação do indivíduo dirigida a um fim, isto é, leva em conta a intencionalidade do sujeito. É a consciência que atribui significado aos objetos e situações.

            Interessa ao modelo cognitivista os processos de pensamento como, por exemplo, as formas de que as pessoas se utilizam para selecionar, arquivar, relacionar, organizar, processar, transferir e aplicar informações, estilos de aprendizagem e processos de tomada de decisão entre outros. O modelo cognitivista considera que o sujeito organiza estas informações em estruturas conceituais, que se relacionam uma com as outras, em constante transformação, levando em conta as emoções.

             Entre os principais cognitivistas encontramos Jerome Bruner, David Ausubel e Jean Piaget:

  • Jerome Bruner (1915 -) criou o Centro de Estudos Cognitivos em 1960 na Universidade de Harvard sendo conhecido como defensor do método de aprendizagem pela descoberta e da teoria da instrução a qual prescreve como determinado assunto deve ser ensinado. A teoria da instrução foi elaborada a partir de seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo do ser humano. Bruner a instrução é um estado provisório, sendo que o objetivo do ensino é tornar o aluno auto-suficiente, sendo que o próprio aluno assume uma função auto-corretiva. Bruner divulgou o método de aprendizagem por descoberta após observar muitos educadores trabalhando. Concluiu que a aula expositiva, em que o professor traz tudo pronto não é tão eficaz como aquela em que o professor lança problemas ou questões para o aluno resolver, discutindo com ele as alternativas apresentadas. Para o professor esta abordagem exige conhecimento profundo de sua matéria, além de competência, flexibilidade para caminhar com seus alunos.
  • Ausubel (1918- 2008) a cognição é o processo através do qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação; os significados são pontos de partida para a atribuição de outros significados. Tem origem, então, a estrutura cognitiva (os primeiros significados), constituindo-se nos “pontos básicos de ancoragem” dos quais derivam outros significados. Ausubel encara a aprendizagem como “um processo de armazenamento da informação, condensação em classes mais genéricas de conhecimentos, que são incorporados a uma estrutura no cérebro do indivíduo, de modo que esta possa ser manipulada e utilizada no futuro”. É a habilidade de organizar informações que deve ser desenvolvida. Aprendizagem significa organização e integração do material na estrutura cognitiva e será significativa quando o material novo interage com conceitos relevantes e inclusivos, claros e disponíveis na estrutura cognitiva, sendo por eles assimilados, contribuindo para a sua diferenciação, elaboração e estabilidade. A essa estrutura que o sujeito já tem, Ausubel chamou de conceitos subsunçores. Estes vão funcionar como pontos de ancoragem para as novas idéias e conceitos que assim poderão ser aprendidas e retidas. Por sua vez estas novas idéias poderão modificar atributos importantes da estrutura cognitiva. Ausubel vê o armazenamento de informações no cérebro como sendo altamente organizado, formando uma hierarquia conceitual na qual elementos mais específicos de conhecimento são ligados a conceitos gerais mais inclusivos. Assim, Ausubel propõe a aprendizagem receptiva, o que não quer dizer passiva; o aluno atualmente sobre o novo material estabelecendo relações. Ao ensinar, o professor deve trabalhar com as estruturas conceituais de sua disciplina, a que ele chama de hierarquias conceituais, como um processamento de informações que deve ser ensinado ao aluno, seja cognitivo, seja afetivo ou psicomotor.
  • Piaget, a educação é um todo indissociável, considerando-se dois elementos fundamentais: o intelectual e o moral. Não se pode formar personalidades autônomas no domínio moral se por outro lado o indivíduo é submetido a um constrangimento intelectual de tal ordem que tenha de se limitar a aprender por imposição sem descobrir por si mesmo a verdade: se é passivo intelectualmente, não conseguiria ser livre moralmente. Reciprocamente, porém, se a sua moral consiste exclusivamente em uma submissão à autoridade adulta, e se os únicos relacionamentos sociais que constituem a vida da classe são os que ligam cada aluno individualmente a um mestre que detém todos os poderes, ele também não conseguiria ser ativo intelectualmente. O pleno desenvolvimento da personalidade, sob seus aspectos mais intelectuais, é inseparável do conjunto de relacionamentos afetivos, sociais e morais que constituem a vida da escola.

            Para Piagget o objetivo da educação, portanto, não consistirá na transmissão de verdades, informações, demonstrações, modelos etc., e sim em que o aluno aprenda, por si próprio, a conquistar essas verdades, mesmo que tenha de realizar todos os rateios pressupostos por qualquer atividade real.. A educação pode ser considerada igualmente como um processo de socialização (que implica equilíbrio nas relações interindividuais e ausência de regulador externo, ordens externas), ou seja, um processo de "democratização das relações". Socializar, nesse sentido, implica criar-se condições de cooperação. A aquisição individual das operações pressupõe necessariamente a cooperação, colaboração, trocas e intercâmbio entre as pessoas. Considerando o fato de que a lógica não é inata, mas que se constrói, a primeira tarefada educação deveria consistir em formar o raciocínio. Piaget declara que todo ser humano tem o direito de ser colocado, durante a sua formação, em um meio escolar de tal ordem que lhe seja possível chegar ao ponto de elaboração, até à conclusão, dos instrumentos indispensáveis de adaptação que são as operações da logica.      

                Sendo assim, a atuação da psicologia que se direciona à educação, destina-se à realização de pesquisas diagnosticas e intervenções psicopedagógicas tanto em grupos quanto individuais, tomando por consideração programas de aprendizagem e também as diferenças individuais. É essencial desenvolver a integração da psicologia com a educação, estabelecendo uma relação comunicativa, afetiva entre escola, aluno, professor e família.

CONCLUSÃO

A educação, portanto, é condição formadora necessária ao desenvolvimento natural do ser humano. Este, por sua vez, não iria adquirir suas estruturas mentais mais essenciais sema intervenção do exterior. Sem esse tipo de contribuição o indivíduo não chegará à autonomia intelectual e moral.

            O conjunto de relações de reciprocidade e de cooperação ao mesmo tempo moral e racional raramente é assegurado pela autoridade do professor ou pelas lições, informações, modelos que ele possa sugerir ou apresentar, mas pela vida social entre os próprios alunos e pelo autogoverno.

            O respeito mútuo irá substituir a heteronomia característica de um respeito unilateral, por uma autonomia, considerando-se a reciprocidade como coordenação dos pontos de vista e ações entre os membros do grupo. Uma educação assim concebida é a que procurará provocar nos alunos, constantemente, busca de novas soluções, criar situações que exijam o máximo de exploração por parte de lese estimular as novas estratégias de compreensão da realidade.

REFERÊNCIAS BIBIOGRAFICAS

AEBLI, H. Didática psicológica: aplicação à didática da psicologia de Jean Piaget. Trad. João Teodoro d’Olim Marote. São Paulo: Nacional, EDUSP, 1971. 192p. (Atualidades Pedagógicas, 103).

BARROS, R. S. M. Ensaios sobre educação. São Paulo: Grijalbo, EDUSP, 1971. 305p.

BARCELHOS, D. F. Piaget: psicologia infantil ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Ediouro, 1983. 85p.

BATTRO, A. M. O pensamento de Jean Piaget: psicologia e epistemologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1976.

CARRAHER, T. N. Aprender Pensando: Contribuições da Psicologia Cognitiva para a Educação. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1986. 127p.