Prosa Nordestina
Por José Wilson de Oliveira Cruz | 11/10/2012 | ContosEm algum lugar do nordeste...
- Diz aí, Mané Vito! Como é que tú vai meu primo! E a tia Genoveva?
- Tá um pouco aduençada, apareceu umas perebas nas costas dela que tá que num pódi nem deitá direito, tá passando banha de tijuaçú. Num tarda e ela fica bôa.
- Mas, me responda uma coisa primo, cadê a prima Amarigênia?
- Primo Joaquim! tú alembra como ele era grizmela? paricia um chassi de barbuleta? Pois é primo, ela tá toda apetrechada, um pitel! Visse?
- E os bruguelo primo?
- Tão bem. a caçula é que tá com febri, mas deve de ser por causa dos denti que tá nascendo. Os outros sete enquanto istiver fazendo estripulia, tão com saúdi graças a Deus. Mái vamu dexá de lorota e vamo lá pro suvaco da cobra tumá uma...
- Ainda existe aquele barzinho primo?
- Pois sim primo! O tira gôsto respêiti viu? Dô maió déis.
- Então vamos lá.
- Vamu de carro primo? quêde o carro?
- Não primo, vamos à pé mesmo, o meu carro está na oficina.
- Nada não, é pertim mermo. [...]
- Seu Arnado boti aí um burrinho de cana pra nóis, por abizeque. Apruveite e traga tamém aquêli sarapaté bem caprichado.
- Então Mané Vito, cadê aquele batoré amigo da gente?
- Tú tá falano do gasguito? Casou, mas num demorô muito não.
- Casou com quem criatura?
- Se alembra de margarida?
- Aquela que estava no caritó?
- Ela mermo. Dispois que ela si casô foi ficano arrumada e o gasguito com dô de cutuvêlo cumeçô a bicar a cagibrina todo dia, daí deu no deu, levaru a margarida e agora só víve capiongo pelos canto.
- Mas primo, avalie só!
- Mas primo Joaquim? A genti cunversô foi muito e eu isquecí de perguntar a que devo a honra da sua visita.
- Sabe como é que é, né primo? Época de eleiçao, sou daqui, nossa família é bem grande e coisa e tal... Tô pensando em me candidatar á vereador. O que é que você acha?
- Achu muito legal primo Joaquim... Comeci pagando a conta!
FIM