PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS NO ESTADO DE SANTA CATARINA (1998 – 2002) - PARTE CXCVI - “DELEGADO-GERAL EVALDO MORETO INTEGRAL E UM CONVITE?”.
Por Felipe Genovez | 23/04/2018 | HistóriaData: 27.05.99, horário: 09:00 horas – “Evaldo Moreto”:
Estava na “sala de reuniões” da Delegacia-Geral e tocou o celular, era Fátima, secretária de Moreto:
- Alô!
- Alo!
- É o doutor Felipe?
- Sim.
- Doutor Felipe o doutor Moreto pede para que o senhor dê uma chegadinha aqui no gabinete.
- Certo. Já subo.
Horário: 09:05 horas
Ao chegar no gabinete de Moreto fiquei aguardando um pouco na antesala, pois ele estava despachando com o Delegado Moacir Bernardino, Chefe de Gabinete.
Logo em seguida, depois que Moreto ficou sozinho fui convidado a entrar:
- ... Agora que o doutor Braga foi para o Setor de Armas e Munições não queres assumir a “Assistência Jurídica”?
Pensei em dizer que “Assistência Jurídica” não existia, assim como não existiam CPP(s), Delegacias Especializadas, era um faz de conta e agora estava sendo convidado a assumir um setor que não existia, parecia piada, o que existia era o cargo em comissão de “Assistente Jurídico”, mas assim sempre foi a Polícia Civil, era uma improvisação, um jeitinho, um faz de conta...
Já estava prevendo esse convite, além do fato de Braga ter saído do ‘Setor’ que estava sem um responsável.Lembrei que no dia anterior Jô Guedes já havia dito que tinha conversado com o doutor Moacir e solicitou uma posição, não queria assinar documentos, responder pelo cargo de “Assistente Jurídico”, não queria responsabilidades, se submeter a cobranças, afinal de manhã tinha Faculdade e essa era sua prioridade, nas quintas à tarde também tinha compromisso e ficava sozinha nas tardes de segunda, terça, quarta e sexta-feiras, e mesmo assim fazia um excelente trabalho, pelo que tinha visto, aliás, ela foi uma espécie de minha secretária na Penitenciária de Florianópolis e conhecia muito bem o seu potencial.
Estava ali na frente de Moreto e não queria deixar transparecer certo ar de pedantismo, aliás, isso não tinha nada ver comigo, mas o fato é que estava em maus lençóis, a impressão naquele momento é que havia um gosto de enxofre no ar. Moreto nesse momento tinha em mãos um pedido de revisão da pena de demissão do ex-Delegado de Polícia Brasiliano e me perguntou como proceder? Procurei dar a minha opinião sobre o caso., até um pouco surpreso, lembrando do nosso último encontro, quanto já havia instruído como ele deveria proceder. E em seguida, entramos no prato principal:
(...)
- Eu não vejo problema algum em assumir a “Assistência Jurídica”, só que eu não gostaria que ficasse no ar qualquer dúvida sobre minha pessoa, afinal de contas, como tu sabes trabalhei num projeto para o Governador Amin. e nós propúnhamos criar a Procuradoria-Geral de Polícia, unificar os comandos das duas polícias, transformar os cargos de Delegados Especiais em Procuradores e acima do posto de Coronel criar também um novo patamar. Não gostaria que alguém fizesse comentários de que trabalhei num projeto só pensando na minha situação, nunca pedi cargo a político algum prá ninguém durante minha trajetória profissional e você sabe disso, alguma vez alguém telefonou para ti nesse sentido?
- Não! Eu também nunca pedi cargo prá ninguém. Nunca procurei político algum também o Amin com esse negócio de enxugamento de cargos comissionados mandou cortar vinte por cento dos cargos...
- Tudo bem então, mas nas mesmas condições do Braga, sem cargo comissionado...
- Tranquilo...
(...)
Moreto foi interrompido por sua secretária e enquanto isso fiquei pensando no que ele havia acabado de me dizer, sim, era possível que ele nunca tenha realmente pedido cargo comissionado para si...:
- Pois é Moreto, mas o ideal seria que se nomeasse alguém comissionado para o cargo de “Assistente Jurídico”, um Delegado novo que se dedicasse integralmente, inclusive, tendo como incentivo participar da administração, fazer carreira.
- É, mas...
- Bom, Moreto eu fui muito criticado por causa daquelas leis, tu sabes disso, tanto a cinquenta e cinco, como a noventa e oito, era o Trilha, o Bahia, a Lúcia, o Lourival, o Oscar... muitos me criticavam e tu sabes disso!
- Olha Felipe, aí até eu me incluo. No início até eu, mas depois, foi como tu falasses na reunião do Conselho, tem que ver o momento em que as leis ocorreram, foi um momento difícil, mas eu vejo hoje como foi importante a administração do Jorge, nisso daí eu não falo só do Jorge, mas também de ti, porque ele deu encaminhamento aos projetos que tu fizesses. e tu sabes como é importante esse conjunto, não é?
- Sim, é verdade, o Jorge chancelava tudo que fazia, todos os meus projetos sempre tiveram o apoio incondicional dele, não posso reclamar porque ele via a importância, e não tinha tempo para pensar.
- Pois é, e aquele momento foi muito difícil, eu me lembro que naquela época nós estávamos viajando e fazendo reuniões em todas as regionais e na metade da viagem estourou a primeira greve na história da Polícia Civil, os Delegados entraram em greve, já tinha havido outros movimentos anteriormente, mas não com a dimensão daquele, então tivemos que interromper a viagem e retornar.
- Sim, mas ainda com relação às críticas àquelas leis eu na época em que foi publicada a lei de promoções em dezessete de novembro de noventa e três, procurei o Oscar que era o Delegado-Geral e me coloquei a sua inteira disposição para orientar o pessoal, procurei sem sucesso mostrar a ele a urgência das medidas a serem adotadas, mas parece que ele conversou com o Ademar que teria dito que não era necessário nada daquilo, sei lá, talvez desconheciam as mudanças no sistema, acharam que era tudo ainda como antes e quando chegou no início de janeiro de 1994 a coisa pegou. e o Oscar ficou preocupado. Bom, aí saiu aquela resolução, mas eu até compreendo, pois a legislação especial teve uma tramitação quase que reservada, do contrário não seria aprovada, ela foi aprovada sem alarde e pegou todos de surpresa, não havia clima para debates e também se a legislação não saísse naquela época, é quase certo que não sairia nunca mais e acabaríamos na vala comum, sendo regidos pelo sistema de promoções previsto na lei complementar oitenta, aquela que instituiu o sistema de referências para todo o servidor público estadual, dá licença!
- Sim, é verdade, acabaríamos na vala comum.
- Pois é, e foi isso mesmo que foi feito, mas as críticas vieram e eu me lembro que gravei uma entrevista na Rádio CBN, o jornalista Fernandes (Marcelo) entrevistava o ex-Comandante da Polícia Militar – Valmir Lemos e a Lúcia Stefanovich. Numa certa altura o repórter perguntou ao Coronel qual o nível de escolaridade mínima exigido para ingresso na PM e o Valmir respondeu prontamente que era o segundo gGrau. Em seguida formulou a mesma pergunta para a Lúcia e ela, sem hesitar um segundo sequer, respondeu que desde de 1993 era exigido o segundo grau. Olha, Moreto, quando ouvi ela dar aquela resposta de boa cheia fiquei de alma lavada, veja bem Moreto justamente ela que era uma crítica ferrenha ao meu projeto, juntamente com o seu grupo que reclamavam: “Onde é que já se viu exigir que um comissário tenha nível superior, isso é um absurdo, coisa do...?’” era o que diziam por aí e chegava aos meus ouvidos. Chegavam a dizer que era “‘uma mão de obra barata” o pessoal de primeiro e segundo grau, então prá que mudar, “como é que podem querer exigir de um Investigador o sSegundo grau?” Enfim, realmente fiquei de alma lavada, justamente a Lúcia agora se valendo da lei que tanto criticaram para fazer média na rádio, dá licença.
- Mas agora o pessoal vê que foi fundamental, e tem outra Felipe só quem faz é que recebe críticas, quem não faz passa a vida toda na obscuridade, num balanço final, o que fez? Passou na instituição em brancas nuvens, não deixou nada!
- Eu sei, é verdade, árvore que dá frutos é que recebe as pedradas.
- Exatamente!
- Até entendo que talvez essas inovações talvez foram adiantadas de mais para aquele momento, causaram um impacto, o pessoal não estava preparado, estavam acostumados com o que já existia e não queriam mudanças.
- Mas é assim mesmo Felipe, como eu já te disse, até eu e todos nós tínhamos medo de mudar, é uma coisa normal, as pessoas têm medo do desconhecido e é por isso que resistem tanto às mudanças.
- Bom, retomando, eu não gostaria que a minha ida para a “Assistência Jurídica” tivesse qualquer conotação de vinculação com o governo. E queria te pedir apoio, no próximo semestre quero ver se lanço meu livro, a nova edição do Estatuto da Polícia Civil 1999, já tenho o dinheiro para custear o lançamento, e tu sabes não tive apoio para lançar as edições anteriores.
- Mas hoje se tu quiseres lançar a situação é diferente, anteriormente havia resistências lá no gabinete e agora não tem mais, claro que existem problemas financeiros por parte do Estado neste momento.
- É Moreto, mas eu já tenho dinheiro guardado para isso, vai custar uns vinte e cinco mil reais, mas preciso tirar o investimento e ter algum caixa porque tenho outros livros quase prontos para serem lançados e é justamente o Estatuto que quero que seja o carro chefe para alavancar recursos.
- Entendo.
- Tenho vários livros já em condições de serem editados, inclusive, um que é a reedição histórica da obra de Lara Ribas, ‘O Punhal Nazista no Coração do Brasil’...
- Não conheço.
- Sim, o Coronel Lara Ribas escreveu esse livro quando era Delegado do DOPS no ano de 1943, juntamente com um Comissário de Polícia, e o livro é nosso, é da Polícia Civil, já estava na segunda edição.
- Ah é? Eu não conhecia esse livro.
- Ele trata do nazismo, das doutrinas extremistas no Estado, e eu estou propondo uma reedição com comentários, inserindo um terceiro capítulo meu, fazendo uma ponte de como o eles viam os movimentos extremistas naquela década e de como está hoje o germanismo no Estado, inclusive, numa abordagem ás festividades germânicas...
- Esse Lara Ribas também já escreveu de tudo, ele é famoso, ele escreveu um monte de coisas, lá na maçonaria ele teve muita influência, era um dos que mandavam em tudo.
- É verdade? Não sabia disso, e você que lida com isso também deve ter algum conhecimento, eu cheguei a fazer uma homenagem para ele, cheguei a conhecê-lo pessoalmente, acho que foi um ano antes da sua morte.
- Foi no ano de 1994.
- Acho que sim, fiz uma homenagem para ele no ano de 1992, só lamento não ter podido entrevistá-lo, mas uma parte da história da segurança que se foi, logo em seguida ele se foi e antes de morrer me escreveu uma carta emocionada agradecendo a minha homenagem. Tenho até hoje guardado o documento. Nesses meus documentários entrevistei ex-governadores, foram entrevistas filmadas, o Ivo Silveira falou da década de sessenta quando frequentava a nossa Escola de Polícia com o General Rosinha. Eu não sei se tu sabias, mas ele visitava com certa frequência a Academia e foi no período de governo dele que foi instalada lá no Bairro Estreito. Também fiz um documentário com o Governador Konder Reis, foi no seu governo que tivemos nosso primeiro Estatuto da Polícia Civil. Mas parece que nosso pessoal não dá muita importância a nossa história e eu que sei. Fiz várias entrevistas, inclusive, com alguns daqueles delegados da década de cinquenta, os “antigões”, como Longo, Tupy Barreto...
- O Fogaça!.
- Não. O Fogaça é de uma geração mais recente, ele é da metade de sessenta, entrou bem depois, por volta de mil novecentos e sessenta e três. Num de meus livros eu trato sobre a redemocratização na Polícia Civil. Também, escrevo sobre os avanços que tivemos a partir dos governos Nereu e Celso Ramos, da administração Jade Magalhães e faço uma retrospectiva já a partir do final da década de cinquenta. O Fogaça era mais novo que o meu pai que ingressou o início daquela década de sessenta, no ano de sessenta e um.
- 1961?
- Sim.
- Mas ele não era ainda Delegado bacharel em Direito, era?
- Sim. Já era. Foi nomeado Delegado Regional pelo governador Celso Ramos e ficou oito anos na cidade de Tubarão. Ele foi da turma dos desembargadores Nauro Colaço, Ernani Ribeiro...
- Ah é?
- Bom Moretto existe aquele dito sobre a mulher de Cesar, conhece?
- Sim, não tem só que ser séria, tem que parecer séria!
- É isso! Se bem que eu não concordo muito com essa afirmação, mas a maioria das pessoas se preocupa com a estética, com as aparências e na é muito bem isso que eu penso.
- Eu também.
- Mas tudo bem Moreto, desculpe eu ter me demorado tanto, é que eu espero o teu apoio e compreensão para esse meu trabalho de história.
- Mas é bom, é bom também a gente conversar.
(...)”
A seguir, fui saindo de mansinho, já que ouvia vozes na antesala, sinal de que havia pessoas aguardando para serem atendidas. Ainda na saída ouvi Moreto conversar com Moacir sobre aquele pedido de revisão do ex-Delegado Brasiliano, outra vítima da omissão da instituição:
- Nos casos de revisão mandaremos para a “Assistência Jurídica” para as manifestações, não mais para análise e parecer.
Sim, foi isso que tínhamos conversado e Moreto parece que captou a minha mensagem. Também tinha argumentado que em casos de revisão com processo-crime sem trânsito em julgado se deveria indeferir liminarmente o pedido, até que a Justiça se pronunciasse, já que o fato apurado na esfera administrativa e que resultou na demissão era o mesmo que corria na Justiça comum.
Horário: 11:00 horas, “O visitante”:
Na medida em que fui descendo os degraus da escada, rumo ao andar térreo, quase como uma figura fantasmagórica, eis que visualizei o Secretário Carvalho chegando de gravata e com uma jaqueta de lã, parecia ficção encontrá-lo naquelas condições e cheguei a dar meia volta, mas ele sapateava de um lado para outro, como se quisesse chegar até o hall que dá acesso às salas existentes naquele local, seu andar era ereto, com as mãos no bolso da calça, seus braços colados ao corpo e em linha reta acompanhando o corpo. Pude ainda perceber um certo ar de curiosidade e ao mesmo tempo de desligamento. Na medida em que chegava aos últimos degraus notei que ele já estava consciente da minha presença e como retornou para o elevador, já que havia se equivocado com o andar, logo que me reconheceu:
- Oi!.
- Tudo bem Secretário?
- Tudo, e como é que está?
- Estamos indo, a portaria foi publicada, muitas reclamações?
- É, alguns estão reclamando, mas é assim mesmo..
- Sim, isso é natural, era previsível!.
- É verdade!.
- Mas tem um detalhe se alguém quiser discutir a edição da portaria na Justiça corre o risco de procrastinar todo o processo e retardar mais ainda as promoções.
- Sim...!
E o elevador chegou, mas acabou fechando a porta e subindo sem que ele tivesse tempo de entrar. Nisso Carvalho apertou novamente o botão parecendo tenso com a situação, aproveitamos para continuar nossa conversa:
- Depois tem outra, ficaram esse tempo todo sem se manifestar.
- É verdade, mas temos que agilizar o processo.
- Sim, mas isso é com as comissões.
- E como é que está?
- Não sei, é com as comissões Secretário!.
E naquele instante chegou definitivamente o elevador e Carvalho acessou o seu interior para subir mais um andar, quando poderia ter ido pela escada que estava ali bem ao seu lado. Logo percebi o efeito “neosaldina”, ele sofria de cefaleia nervosa, muito embora procurasse deixar transparecer essa sua vulnerabilidade:
- O Moretto é no quarto andar, né?
- Sim. É no quarto, mais um andar Secretário!
Horário: 11:05, “O sim e o não”:
Em seguida fui até o local onde Wilmar Domingues se encontrava (a sala que era de Osnelito):
“(...)
- Eu vim aqui te consultar, lembras daquele meu compromisso com o nosso grupo? Eu condicionei que somente aceitaria cargo comissionado se o pessoal não criasse objeção e isso se deve ao fato de ter lançado aquele nosso “Plano” de governo.
- Sim, doutor, claro que eu sei..
- Pois é, o Moreto me chamou lá em cima, renovou aquele convite para eu assumir o lugar do Braga na “Assistência Jurídica”, antes eu disse não porque o Braga estava lá e não queria melindrar um Delegado Especial, mas agora é diferente, o Braga foi para a Armas e Munições.
- Doutor, eu não vejo nenhum problema, até é normal isso, esse seria o procedimento correto, o amigo tem competência e conhece bem o serviço, além disso é um estudioso.
- Sim, mas o pessoal pode achar que eu estou sendo beneficiado, pelo contrário, preferiria ficar lá no “salão” escrevendo e também prestando assessoramento ao Delegado-Geral.
- Mas é natural a sua ida para lá, e assim eu posso ocupar o seu lugar lá no “salão”, vou para lá!
- Bom, quem sabe não vais para a “Assistência Jurídica” e aí eu vou te ajudar.
- Não, eu não tenho condições.
- Mas eu vou conversar com o Braga, com o Jorge, Garcez, Krieger, Cláudio... até para ouvir a opinião deles.
- Olha doutor eu acho que não deveria perguntar nada para ninguém, esse é um assunto seu, de mais a mais nós temos que ter uma função, e o amigo não vai ocupar cargo comissionado, eu particularmente não aceito qualquer cargo neste governo, podem me oferecer qualquer um, sem antes restabelecerem a hierarquia eu não aceito nada.
- Sim, mas essa sempre foi a minha postura também.
E nisso chegou Braga:
- Doutor Felipe! (Braga)
- Tá aí o homem! (Wilmar)
- Braga eu estava justamente falando para o Wilmar que iria te procurar agora, estava dizendo que o Moreto renovou o convite para eu assumir a “Assistência Jurídica”, como já te disse ele tinha me convidado antes. (Felipe)
- Que pena, deverias ter aceito, assim eu teria saído mais cedo de lá, estava pedindo para sair. (Braga)
- Sim, mas eu te falei que não aceitei porque estavas lá, tinha esse argumento, mas agora não estais mais e apesar de ficar na mesma situação que tu estavas, sem cargo comissionado, pode dar a impressão que tinha pedido para ir para lá, o que não é verdade. (Felipe)
- Eu sei... (Braga)
- E como eu havia me comprometido com o nosso grupo, estou perguntando para o pessoal mais chegado se há algum óbice de eu ir para lá? (Felipe)
- Não, da minha parte não, acho até que tu não tens que dar satisfação para ninguém, você é um estudioso, eu enquanto estive lá consegui trocar as mesas, computador, só não consegui livros, mas fiz bastante coisas e sei que tu tens condições de prestar bons serviços para a instituição. Olha só, no governo do PMDB a Lúcia não mandou um projeto de lei que favorecesse a Polícia Civil, nenhum! Sabe lá uma coisa dessas? (Braga)
- Olha Braga eu já fui mais vibrante com isso, acho que o tempo me ensinou, não que eu tenha perdido o entusiasmo, prova disso é o projeto que articulei de unificação de comandos das polícias, mas hoje estou mais com os pés no chão. (Felipe)
- Mas Felipe eu te desejo boa sorte. (Braga)
- Não é uma questão de boa sorte, só estou mudando de lugar, vou assumir a posição que tu estavas antes. (Felipe)
- Eu sei, mas sei que tu podes fazer um bom trabalho lá. (Braga)
- Sim, mas lembra que eu já estive lá duas vezes. (Felipe)
- Sei, mas não vejo nenhum problema de tu ires para lá novamente. (Braga)
- Então tá! (Felipe)
Pelo sim e pelo não achei que fiz a coisa certa, mesmo em não se tratando de cargo comissionado, estava se tratando de um convite para auxiliar uma pessoa amiga, além disso Braga não aguentava mais e pediu para ir para a Gerência de Armas e Munições, diferente de mim que não pedi nada.
Horário: 14:35 horas, “‘Garcezando”:
- Alo!
- É da residência do doutor Garcez?
- Sim.
- É a Zaira?
- Não. É a Laila.
- Sim. Laila já sabes quem está falando, não?
- Sim. Sei, claro!
- Chama o teu pai.
- Um momento.
Logo em seguida...:
- Alô!
- Tudo bem Garcez?
- Fala Felipe, eu estava querendo falar contigo, iria te procurar, na semana passada tinha planejado ir até a Delegacia-Geral, tu estais lá ainda?
- Sim, no mesmo lugar ainda, na “sala de reuniões” com os quadros dos ex-Chefes de Polícia lá... , mas to dando uma assistência ao Delegado-Geral.
- Eu sei, todo mundo sabe, naquele dia eu estive aí contigo e em dois momentos te procuraram, é até normal que seja assim.
- Pois é Garcez, justamente sobre isso que eu estou te telefonando, o Moreto renovou o convite para eu assumir a “Assistência Jurídica”, sem cargo comissionado, sabes que não aceito trabalhar para este governo, mas é no lugar do Braga. Como eu havia me comprometido com o pessoal do grupo que não aceitaria nada sem consultar o pessoal, mesmo não se tratando de cargo comissionado, mas em se tratando de um convite para trabalhar num setor como aquele e fazendo aquele tipo de serviço achei que seria justo mesmo assim consultar os amigos.
- Que é isso Felipe, eu acho que tu não tens que consultar ninguém, é uma decisão tua.
- Olha Garcez não é bem assim, eu trabalhei num projeto, como tu sabes e não quero jamais dar a impressão de que o fiz para me beneficiar.
- Eu sei, não vejo nenhum problema.
- Alem do mais como Delegado Especial eu teria que trabalhar em algum lugar da Delegacia-Geral, é por isso que se vocês concordarem eu estou disposto a aceitar.
- Sim, não vejo problemas não, o Krieger também tentou pegar um cargo e não conseguiu.
- Garcez, a situação do Krieger é bem diferente da minha, ele não é Delegado Especial, ele buscou um cargo comissionado, mas não tinha compromissos com o grupo, não assinou nada, é bem diferente. Eu gostaria de ouvir a tua opinião sincera, pois se fosses tu que estivesse na minha situação certamente que eu te diria o que penso.
- Olha Felipe é uma questão de foro íntimo, cada um sabe de si, se tu achas que deves “colaborar” com este governo então...
- Garcez, eu como Delegado Especial tenho que ter uma atividade na Delegacia-Geral, lá é a minha lotação. Não é uma questão de colaborar, não vou ficar lá sem ter uma atividade. O Moreto está propondo tão somente para eu ir trabalhar noutro setor, sem cargo em comissão, então , ao invés de eu estar no “salão” vou para o lugar do Braga que tá saindo de lá, certo!.
- Sim, entendo, é verdade, olha eu não vejo nenhum problema, só de vez em quando vou te procurar para me inteirar das novidades, das leis, como aquela que fez a equiparação da carreira de Delegados com a Magistratura, no dia que eu estive aí contigo tu me passastes, eu não estava sabendo, certas coisas me passam desapercebidas.
- Sei, estais falando da lei complementar cento e cinquenta e quatro.
- Isso, vou precisar de ti, até é bom para nós que tu estejas lá.
- Sim, de mais a mais eu tenho que ajudar a nossa instituição de alguma maneira, estando em algum lugar lá na Delegacia-Geral.
- Sim, mas Felipe eu não sei se tu recebestes a circular da Adpesc, dando o prazo até o dia trinta agora para apresentar emendas ao estatuto?
- Sim, agora lembro da circular, recebi sim.
- Pois é a gente poderia se reunir e apresentar emendas, podemos fazer a quatro mãos, acho que tudo começa por aí.
- Sim, mas o prazo está quase encima.
- Sim.
- Que dia que cai o dia trinta?
- Deixa eu ver, cai no sábado.
- Pois é.
- Poderíamos nos reunir no sábado e falar com o Mário e entregar na segunda-feira, o que tu achas?
- Sim, por mim tudo bem. Bom se tu quiseres estou à disposição, me telefona, olha Garcez eu tenho que pegar o ônibus no terminal, vou ter que sair correndo, mas se tu quiseres se reunir comigo me telefona. Certo?
- Certo!. Então tá!
- Garcez não fala mais, vou ter que ir, se não vou perder o meu ônibus.
- Certo. Depois a gente conversa.
- Certo!.
E fui para o terminal pensando naqueles encontros do grupo, no manifesto, tudo ficou para trás, certamente esse encontro para tratar do estatuto da Adpesc também ficará..., não por falta de boa vontade, aliás, de bem intencionados....
E lembrei que ainda tinha que conversar com o Jorge, Kriguer... aliás, por pensar neles, onde será que andavam.?