PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE XXVII: “SONHOS, RUNAS E TRUNFOS” (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 19/03/2018 | HistóriaData: 25.09.98, 06:00 horas, “runasmins”:
No meio da madrugada acordei dentro de um sonho em que o personagem Esperidião Amin estava deixando a sede do Comando-Geral da Polícia Militar, na frente da Praça Getúlio Vargas, em cuja miragem estava trajando terno preto impecável, porém, mais magro, ereto, rosto sisudo, com aquele seu olhar incidental, sem perder a classe, com entretanto, estava mais para um ser extraterreno pronto para enfrentar uma cruzada no território barriga verde. De repente se transformou num misto de duende e coringa, e começou a palestrar invocando uma visão de Polícia Científica, com um discurso métrico e econômico nos dizeres, invocou a importância de se investir no preparo técnico e científico de cada policial e sua formação para atuar na defesa das pessoas sob uma ótica espiritual. Amim discursava com desenvoltura e convicção sobre a necessidade de se por um basta a ingerências políticas e a importância do fim das perseguições políticas, também, frisou a necessidade “e uma sociedade semeando a paz com liberdade e procurando o caminho da felicidade. Amim deu relevo sobre a importância de se superar a exclusão social e a defesa dos fracos e oprimidos. De repente Amin apareceu com sua imagem distorcida, sendo que se conseguia mais ver seu rosto que mudava de cor rapidamente, assumindo várias faces várias faces como se estivesse sob efeito de um temporizador (lembrei quando olhava seu rosto por meio do espelho da coluna no Hotel Castelmar, dentro do auditório principal, quando apresentava seu “Plano de Governo”, depois as suas aparições no vídeo, sua fotografia estampada nos jornais... Também, veio sua imagem na sede do PPB comendo algo que parecia iogurte com granola ou uma pasta vitaminada não sei do quê e que segundo pude observar por seus gestos parecia ser muito palatável, mas que ninguém se atreveu a intervir como se estivesse no meio de um ritual cabalístico...), uma capacidade sobrenatural de transmutação, metamorfose, mimetismo, verdadeiramente um ser superdotado com uma missão que se aproximava cada vez mais. De qualquer maneira, enfim, pareciam presságios de que o seu arrojo despontou e as tratativas acerca de nosso “Plano” de unificação das Polícias não seria mais um sonho ou uma ficção, pois no sonho estava ali “um cavaleiro da esperança” abrindo portas e estendendo as mãos para o novo milênio.
Horário: 13:50 horas, “salve Jorge – I”:
- Alô, Felipe?
- Fala Jorge...
- A carne que o Wanderley ficou de mandar lá ainda não chegou.
- É, tem que ver isso.
- Tem que falar com o Wanderley, inclusive tem que ser visto aquele problema da vala lá.
- É mesmo.
- Mas deixa que eu falo com agora com o Redondo.
- Sim, então tá, tu falas com o Redondo que eu falo com o Krieger, de manhã estive lá na Polícia Técnica falando como pessoal.
- Pois é, tem a carreata, seria bom falar com o Cesinha para ele ir também.
- Sim, ele vai, já mobilizei vários parentes, arranjei uns quinze, vinte carros para a carreata, vai dar tudo certo, muita gente vai aderir, aqueles que não quiserem se expor ficam de fora, o Valério está conosco, falei com ele também, só que ele é um dos que não pode se expor.
- Bicho bom.
- Mas eu estou preocupado com o Wanderley.
- O que foi?
- Não sei qual o tamanho da força do Wanderley, isso me preocupa, temos que arranjar gente para ajudar lá, estou esperando dar quatorze horas, vou falar com a Tereza lá no Gabinete do Júlio para ver o material de propaganda, inclusive vai ter serviço de som, eu acho que tu tens que falar.
- Se for necessário eu falo.
- É, o Wanderley vai querer falar, e tu tens que falar.
- Olha Jorge, eu acho que somente o Júlio e você falam, agora se o Wanderley quiser falar eu também falo, mas acho bom que isso não aconteça, é melhor a gente não se expor tanto e o destaque tem que ser o candidato, não é?
- Sim, mas tenho certeza de que ele vai querer falar.
- Isso é simples, mas ontem conversei com o Garcez, até foi por isso que quis ficar um pouco mais com ele após a reunião...
Relatei sobre a proposta do Delegado Quilante e que Garcez tinha sido leal a nós em não aceitar ser cooptado por ele para passar para o grupo do Wanderley, não que eu quisesse quebrar a boa impressão a respeito do Quilante e que segundo Jorge tinha achado nosso ‘Plano’ espetacular e por isso deveria ser um dos canais de aproximação. Nossa conversa continuou:
- Agora Jorge eu não entendi que ‘trunfo’ é esse que o Quilante diz que o Wanderley tem com o Júlio, nós estamos nisso por um ‘projeto’ e eu conheço o nosso candidato há muitos anos, não tenho a menor ideia, disse a Garcez que provavelmente isso se devia ao bom relacionamento com Amin, participação no diretório do PPB, prestação de serviços de informação que é a especialidade dele.
- Será que não é sujeira?
- Jorge, isso eu não sei. Acho que somente depois das eleições é que talvez possamos saber se é que existe mesmo esse “trunfo”, mas o Garcez diz que depois que rejeitou a proposta do Quilante de entrar para o grupo deles, o Wanderley que antes brincava e falava com ele passou a ter um comportamento frio, como ontem na reunião, não sei.
- É, isso realmente me preocupa, falei com o Wilmar ontem também e ele se prontificou a ajudar com a parte dele, só que sábado ele tem um compromisso, não sabe ainda se poderá ir, parece que é uma viagem.
- Jorge, nessa hora tem que mandar isso para os ares, o nosso projeto é mais importante, a colaboração financeira é o básico, temos que nos fazer presentes.
- Realmente, eu estive calculando, vai dar mais uns trinta reais para cada um.
- Tudo bem, a causa é boa, vale a pena.
- Mas eu vou ver o negócio lá com a Tereza depois falo com o Krieger e tu falas com o Wanderley, certo?
- Certo!