PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE XV: “GUINIVERE E AS BOAS NOVAS?” (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 13/03/2018 | HistóriaGuinivere:
Dia 18.09:98, por volta das nove horas da manhã desci até o telefone vermelho na sala do Escrivão Osnelito (Gerente de Fiscalização de Jogos e Diversões da Polícia Civil). Logo que entrei pela sala do lado já observei de costas próximo a máquina copiadora aquela policial “loira” com ares de Guinevere que estava revolucionando o andar térreo. Deixei meu computador em cima da mesa (Osnelito estava quase sempre ausente...) e antes de operar a linha vermelha resolvi ir até o café ao lado (lembrei que Walter da portaria do prédio – como “Oficial Falador-Geral” tinha dito no dia anterior à tarde:
- Soubesse da última, essa guria que está aí advertiu uma funcionária antiga daqui para que cuidasse com as ligações telefônicas que estava fazendo, mas aí se ela fizesse isso comigo...
Ao manusear a garrafa para me servir de café acabamos ficando frente à frente e pude olhar nos seus olhos e captar um sorriso doce e bem contido que foi retribuído à altura e com respeito (muitas dúvidas, outros tantos esclarecimentos, e lembrei que tinha que telefonar):
- É o Mário César Martins?
- Sim!
- É o presidente da ADPESC?
- Fala Felipe Genovez.
- E daí como vão as coisas?
- Estão indo, escuta vais o encontro de domingo à noite? Agora tem essas coisas, um monte de compromissos, essas reuniões.
- Não, eu vou numa pescaria neste final de semana?
- Bicho bom, tu és disso é?
- Ah, sim! Mas na verdade eu estou telefonando para tratar daquele assunto do meu livro, ele está pronto e queria ver contigo uma forma da gente editar, distribuindo para todos os Delegados um exemplar, vou mandar reproduzir uns cinco volumes em capa dura, vai sair caro porque vai ser um pedido especial, vai custar cada exemplar uns oitenta reais, os cinco vão custar uns quatrocentos reais, é muito dinheiro, mas aí eu mando um exemplar de amostra para você.
- Olha Felipe eu vou fazer o seguinte, na próxima reunião de diretoria tu vens e explica para o pessoal, assim eles vão poder fazer uma avaliação do teu trabalho.
- Tudo bem, eu estava pensando mandar imprimir lá na Palotti, fiz um orçamento e o Estatuto, edição de 1998, já está pronto e vai ter umas mil páginas, uma tiragem de uns três mil exemplares vão custar cerca de dezoito mil reais, quantos sócios nós temos na ADPESC?
- Uns trezentos e oitenta sócios.
- Então, descontando cinquenta reais de cada um parcelado em duas ou três vezes como está sendo feito com os honorários do Luiz Darci não vai pesar, eu conversei com aquele advogado D’Urso de São Paulo no dia da palestra, fui levar ele até o aeroporto e coincidentemente naquele dia eu tinha um exemplar no carro da edição 1998, manuseando o material no trajeto ele parece que gostou e disse que tinha que ser publicado com circulação nacional, disse que tinha contatos com a Editora Saraiva e que se eu estivesse interessado..., mas, naquele momento não quis me aproveitar, achei melhor ser ético, de qualquer forma ele deixou um telefone para contato.
- É uma boa, poderia ter circulação nacional.
- É, mas eu acho que no momento é melhor consolidar o trabalho em nível estadual. atualmente a Magistratura, Procuradoria estão utilizando, pensei em divulgá-lo também na OAB, quem sabe depois.
- Sim, mas tu vens na reunião da diretoria?
- Quem é o pessoal da diretoria?
- É o Moacir, Toigo...
- Certo.
- Felipe tu vais no encontro dos Delegados neste final de semana, né?
- Rapaz, eu nem sei ainda.
- Como tu não sabes, fizesse essa agitação toda, estais na cabeça, tens que aparecer.
- Isso depende da plataforma, da perspectiva.
- Sim eu sei, mas tu tens que aparecer perante o pessoal, tens que circular para o pessoal te ver, porque senão tu vais dar margem para que um outro comece a tomar o teu lugar.
- Olha Mário, o negócio é que eu sou meio “misantropo”.
- Mas nessas horas tu tens que te fazer presente. Tu vais participar pelo menos do jantar dançante?
- Prometo que vou pensar.
- E da brincadeira da pescaria tu vais participar?
- O quê, como? Ah, sim! Mas a gente se fala, até domingo à noite. E sobre a reunião de diretoria depois nós conversamos.
Quais são as novas?
No dia 21.09.98 Braga apareceu na “sala da galeria” e perguntou quais eram as novas, sem obter resposta afirmou:
- Pois é, não fui ao encontro dos Delegados e também não deu para ir ao encontro do partido no domingo, estava chovendo e enquanto o T. estiver mandando na ADPESC eu não apareço lá, jurei, tu sabes, eu ia sempre lá.
- Eu também não fui. (Felipe)
(...)
- Nós não podemos perseguir ninguém, tem o meu nome, o teu, o do Wilmar, o do Moreto, eu não saio anunciando por aí que vou ocupar determinado cargo, nem você, nenhum de nós faz isso.
- Concordo. Não vamos conseguir construir uma Polícia forte com perseguições.
- Temos é que trabalhar.
- Incentivar, estimular, orientar.
- O Moreto tem um bom coração, mas todo mundo sabe que a administração dele foi lamentável. (Braga)
- É mesmo?
- Tu vê, o Trilha disse para mim: “então tu vais para distrito”. Respondi que até poderia ir, mas não queria ser o primeiro, todos iriam rir de mim. (Braga)
- O quê? Isso aconteceu, mas esse é o tratamento que deveria ser dispensado a um Delegado Especial?
Lembrei que no ano passado – logo que o Trilha tinha assumido a Delegacia-Geral e ele (Braga) havia sido exonerado do cargo de Diretor de Polícia do Litoral – pretendia ir para a Corregedoria-Geral, no final das contas não deixaram que fosse e o Lima teria dito que precisava de alguém que trabalhasse. Braga ficou possesso e comentou: “logo o Lima me dizer uma coisas dessas”. E continuamos:
- Eu estou preocupado com o Wanderley, ele é autoritário, a gente diz uma coisa e ele já diz que não vai ser assim, parece que é ele que vai mandar em tudo, e a hierarquia como é que fica? (Braga)
- Olha Braga eu não sei, existe o projeto e o Wanderley apoia o Júlio que junto conosco é autor do “Plano”.
- O Valkir também está apoiando o Júlio, considerando que ele é o único que possui um projeto que resgata a hierarquia, segundo ele o Heitor não apresentou nada nesse sentido. (Braga)
- Que bom que o Valkir está apoiando o projeto da Procuradoria-Geral de Polícia.
- Bom, não sei se é isso, mas ele está apoiando a proposta de hierarquia dos cargos. Como é que fica o projeto da Procuradoria se o Júlio se eleger. Ele não é final de carreira, será que ele vai ser o Procurador-Geral? (Braga)
- Pode ser, pois o projeto da Procuradoria será implementado em partes, num primeiro momento ele pode assumir e depois com a implementação de outras alterações, ele deixaria o cargo, dando lugar a um Especial, mas também não sei. Escuta, tu sabes quem são os Delegados que estão apoiando o Júlio?
- Todo mundo aí diz que tem dois grupos, o do Wanderley que tem o Lipinski, Rachadel, Ester e o teu. Eu não sei por que existe essa briga entre o Heitor Sché e o Júlio, tu sabes? (Braga)
- Olha Braga, parece que primeiramente é porque o Sché saiu candidato à estadual na mesma base do Júlio.. tu sabes de quem era a preferência, depois, ambos são Delegados. O Sché deveria ter saído Federal, bem que nós precisamos, e a informação que corre é de que ele diz também que será o Secretário de Segurança Pública.
- Não. O Heitor não diz que vai ser o Secretário, ele diz que quer ser, não sei por que essa animosidade. (Braga)
- Eu estou torcendo pelos dois, e se você fosse convidado para um cargo na Polícia Civil, qual escolheria?
- Não sei, neste governo aceitei o cargo de Diretor de Polícia do Litoral e me arrependi. (Braga)
- Mas existem cargos que você também não aceitaria, como Diretor de Polícia Técnica?
- Sim, esse eu não aceitaria mesmo, mas para Delegado-Geral tem outros nomes, eu não postulo, mas você tem chance pela tua situação partidária, o restante do pessoal já não tem ligação, o Moreto diz que eu tenho, você e o Wilmar também têm história. (Braga)
- E o Saul Treis, já é Delegado Especial?
- Sim. (Braga)
- Mas como é que deixaram um Delegado Especial em Blumenau?
- Não sei. (Braga)
- E o cargo de Corregedor-Geral, você aceitaria?
- Não, não sei. (Braga)
- Evidente que você tem chance de ser o Delegado-Geral, Secretário ou Procurador, não és Delegado Especial, se a Lúcia chegou, o Trilha, o Bado e se o Sché for eleito o teu nome passa a ser forte, e também tem o do Moreto. Será que ele tem interesse em voltar?
- Não sei. O Moreto está também apoiando o Heitor, e seria um bom nome para Corregedor-Geral. (Braga)
- Realmente, se bem que ele está quase com tempo para se aposentar.
- Também o Oscar e o Jorge foram Delegados-Gerais. Claro que temos condições. Mas acho que para Diretor do DEIC deveria ser colocado o Renatão, ninguém sabe se ele está apoiando o Júlio ou o Sché, mas está aí uma pessoa que ajudou a construir o nome da Polícia Civil, até mesmo para dar uma chance para ele e dar uma resposta para o Elói que sempre foi contra nós. (Braga)
- Está aí realmente um bom nome.
- As pessoas falam em desonestidade, mas, nada disso é verdade. (Braga)
(...)
- Aquela hora que tu desligaste era o Backes, ele acabou de me telefonar dizendo que às 16:00 horas tem a entrega do Plano de Governo do Amin no Hotel Castelmar, e é para nós estarmos lá. (Braga)