PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE XLVII: "MIL RESPIROS DE LIBERDADES” (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 21/03/2018 | HistóriaDATA: 06.10.98, horário: 11:30 horas, “Por um respiro de liberdade”:
Retornei à “Assistência Jurídica” da Delegacia-Geral da Polícia Civil para dar uma atenção para a Inspetora Myrian Isabel Lisboa Muller, senti que não ficou muito à vontade quando cheguei para conversar com Braga e lembrei da nossa última conversa, mas certamente não iria ser indelicado e perguntar sobre o voto dela que era secreto, apenas troquei algumas palavras já que ela estava sozinha naquele momento:
“(...)
- Pois é Myrian, é aquilo que eu já tinha te dito, foi uma pena, o Júlio representava uma esperança para nós.
- Um grupo com ideias novas. (Myrian)
- É isso aí, já o Heitor representa mais o pessoal antigo. (Felipe)
- Mas doutor Felipe, pior do que esse pessoal que está aí? (Myrian)
- É. Nisso eu tenho que concordar, espero que não sejam piores, vai ser difícil. (Felipe)
- Depois a gente precisa respirar liberdade, só em pensar de poder respirar, meu Deus, eu lembro que na própria época do Pacheco, que apesar de ser um Coronel, a gente podia falar o que pensava, a gente não se sentia vigiada, oprimida, com essa administração aí qualquer coisa que se fale... (Myrian)
- É puro terrorismo.
- Ah sim, uma vigilância total.
(...)”.
“Uma Questão de pontos de vistas:”
- Mas Myrian tem um detalhe, talvez tu não és tão antiga como eu na Polícia Civil, não pegaste a época em que o Heitor foi Secretário de Segurança, mas eu peguei e posso dar meu testemunho, naquela época também havia muito terrorismo, perseguições, só quem vivenciou aquele período é que pode falar, se bem que para os contras. Mas eu fiz um documentário com o Heitor recentemente, daquela comissão histórica que presido, e pude notar um Heitor mais maduro, experiente, diferente, mais equilibrado, acho que isso pode ser uma esperança porque todos diziam que ele era vingativo, autoritário, acho que ele superou isso, para se tornar numa pessoa melhor. (Felipe)
- É mesmo? (Myrian)
- Sim. A diferença desse pessoal do Heitor, esses de antigamente, é que eram bem mais profissionais, sabiam fazer as coisas melhor, principalmente, quando tinham que colocar a máquina para funcionar, no sentido de defender seus interesses, já esses novos agregados, ao contrário, mostram-se perdidos, não sabem como fazer as coisas, ao final, deixam elas como estão. Mas temos que esperar para ver como é que vão ficar as coisas, acho importante isso que você falou de se respirar a liberdade, é fundamental, não podemos ficar vivendo em conflitos com inimigos internos, e por falar neles, outro dia eu estava com o Trilha lá na sala dele e ele desabafou que estava cercado de inimigos e eu procurei desconstruir isso, dizendo que se ele dissesse que nós temos pessoas noutras instituições que se antagonizam a nossos interesses eu até poderia concordar, mas dizer que nossos policiais são os nossos inimigos eu não poderia concordar e que isso demonstrava na verdade uma impotência para se combater nossos verdadeiros problemas externos, resistir àqueles que se opõem aos nossos interesses, políticos, Empresários, Desembargadores, para usar a caneta a fim de punir nossos pobres policiais que estão na linha de frente, aí fica fácil falar em inimigos, é mais ou menos aquilo que dizia Timóteo Bras Moreira – ex-Delegado do DOPS, na década de quarenta e mais tarde Juiz de Direito, que foi professor da Academia da Polícia Militar: “Nem muito fraco com o forte e nem muito forte com o fraco”.
- E daí o que ele disse?
- O Trilha só ficou me olhando, não disse nada.
(...)”.
Na verdade eu não cheguei a dizer tudo aquilo para o Trilha e, tampouco, havia mencionado os políticos, Empresários e Desembargadores.., acho que me empolguei com Myrian, mas era o que eu gostaria de ter dito na totalidade. Pensei, mas não falei, no mais disse tudo! Ocorre que pelo adiantado da hora, era perto de meio-dia, não pude retificar o que já tinha dito para a queridíssima, apesar de verificar que Myrian não tinha entendido ou eu talvez houvesse me expressado mal, isto é, até a primeira parte em que eu havia manifestado: “combater nossos verdadeiros inimigos” estava tudo certo, mas o restante só ficou em pensamento. Assim, aproveitei para retificar nesse momento e que certamente um dia dissesse por completo para Trilha, mesmo porque meu objetivo era apenas externar meu um ponto de vista.
Horário: 13:30 horas, “O fator Gilmar Knaesel”:
Jorge ao telefone:
- Oi Felipe, sou eu Jorge.
- Oi.
- Soubeste de mais alguma novidade? (Jorge)
- Não. O Júlio ficou na quarta suplência.
- Na terceira!
- Não, é na quarta?
- Não. É na terceira.
- Menos mal então. Eu achei que tinha mais um do PFL na frente dele.
- É, o Júlio Garcia e o Antonio Ceron.
- Melhorou então.
- Mas tu vê se consegues conversar com o Júlio. (Jorge)
- Certo.
- O Krieger me telefonou, aí eu expliquei a situação.
- Pois é, hoje à noite vai ter o jantar?
- Não. Eu não tenho clima para isso, vamos falar com o Júlio, vamos fazer um balanço, talvez daqui uns dois ou três dias, eu estou muito chateado.
- Tudo bem, é só para saber.
- Eu consegui falar ontem à noite com o Gilmar, depois daquela hora, fiz várias tentativas, até que consegui, naquele mesmo esquema que tu estavas tentando com o Júlio, ele estava feliz, parabenizei ele.
- Que bom que tu conseguiste.
- Sim, mas tu vê, eu achei bacana da parte dele que lá pelo meio da conversa ele se lembrou do Júlio e disse: “...que pena o Júlio”... achei muito bacana da parte dele essa preocupação.
- Realmente Jorge, o Gilmar é uma pessoa boa, vem cá, falaste do nosso “Plano”?
- Sim. Falei que era uma pena o nosso plano também.
- Uma pena, não falaste assim, ele assinou junto o “Plano”, é subscritor junto com o Júlio.
- Claro, claro.
- Então, temos é que fazer ver a ele isso, além do mais ele pode ajudar muito o Júlio nessa altura.
- Certo.
- É, o Júlio vai ter que ser aproveitado em alguma coisa, o Amin pode puxar ele como Secretário ou adjunto.
- É. Eu acho que tu sem querer querendo cantasse a pedra, no mínimo adjunto, na Segurança Pública, olha aí, vamos falar com o Júlio, nisso o nosso “Plano” pode ser implementado.
- É, é uma, mas vê se tu consegues falar com ele ou mesmo com o Gabinete, a tarde eu estou no escritório, qualquer novidade tu me ligas. (Jorge)
- Certo.