PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE LXXXVIII: “'MINISTÉRIO PÚBLICO: O FATOR "JCK & JKB'" (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 29/03/2018 | História

Data: 27.10.98, horário: 09:30 horas, “”:

Estava na Delegacia-Geral da Polícia Civil e depois de uma conversa com o Escrivão Osnelito aproveitei para descer na sua companhia até o andar térreo para tomar um cafezinho. No momento que estava me servindo percebi a presença de Guinivere (lembrei que seu ex-marido era do Ministério...) e ela veio me cumprimentar, só que sempre daquele seu jeito, sempre comedida, discreta e com muita coisa para fazer, deixando-se absorver por coisas a fazer... (pensei: “o mergulho no trabalho seria um ponto de fuga? Não saaberia responder, mas ela tava sempre atenta e procurando não perder o foco). E logo que Walter percebeu minha presença veio atrás:

  • E aí Genovez alguma novidade?
  • Não sei de nada.
  • Eu já disse aí, tu que vai comandar isso tudo aqui e eu já disse que tu és a única pessoa com capacidade para tocar isso aqui.
  • Olha Walter eu agradeço o reconhecimento.
  • É mesmo, eu digo para todo mundo, tu sabes.
  • Quem é que falou  que eu estaria credenciado?
  • Ah, eu sei, “viche",  to bem informado.
  • Olha Walter eu já disse que não tenho ambições e isso aumenta ainda mais a minha responsabilidade e humildade.
  • Eu sei, também sempre digo que não tenho ambições e eu também sou humilde, gosto disso.
  • É, mas tudo isso são cogitações, não tem nada certo e é aquilo que eu já te disse, ainda vai passar muita água por debaixo da ponte.

E nisso se aproximou Osnelito que fez o seguinte comentário:

  • Walter conta para o Felipe a história do curso do pessoal na Inglaterra.
  • Eles estiveram reunidos até às vinte duas horas tratando desse curso aí. (Walter)
  • Eles quem? (Felipe)
  • Delegados Regionais. (Walter)

E não quis ouvir mais nada, fui deixando os dois para trás e um frase sola no ar:

  • Taí um bom lugar, “Inglaterra”, bem distante, muito interessante para uma viagem de final de ano.

Horário; 12:45 horas:

Ouvi o comentarista político Vânio Bosle em seu programa na Record fazer novo comentário acerca do concurso da Polícia Civil:

“... E sobre o último concurso da Polícia Civil para cargos de Delegado, Peritos, Inspetores, Comissários..., esses servidores estão em situação irregular, de acordo com o art. 13, do Estatuto da Polícia Civil, eles antes de serem nomeados, teriam que se submeter a curso de formação que é obrigatório, o que não ocorreu. Já liguei quatro vezes para tentar conversar com o Delegado-Geral da Polícia Civil – Jaceguay Marques Trilha sobre o assunto e não obtive êxito...”.

Horário: 15:00 horas:

“Assembleia homenageia Kleinubing”;

“...Kleinubing deixa uma lacuna difícil de ser preenchida” (Deputado Francisco Kuster)

“...Deixa um legado de exemplos de seriedade, e dignidade no trato da coisa pública” (Deputado Francisco Kuster)

“...Foi digno de todas as missões que recebeu” (João Henrique Basi)

 (O Estado de 27.10.98, pág. 03)

“Assembleia faz homenagem a Vilson Kleinubing”.

“Ele angariou o respeito e a admiração de seus adversários políticos” (Ideli Salvati)

(Diário Catarinense, 27.10.98, pág. 12)

Kleinubing

Quando SC soube da morte do senador Vilson Kleinubing ficou sem reação, não entendia  como aquele câncer podia ser tão devastador.

Não perdemos apenas um político. Perdemos sim um apaixonado por Santa Catarina e um grande administrador de finanças, onde ele sempre trabalhou com muita transparência e idoneidade.

Desde Blumenau ao governo estadual foi assim. Mesmo com todas as crises, Kleinubing parecia apartidário, ou talvez não: ele tinha um partido sim e esse era Santa Catarina.

Buscou, com muita garra, fazer o melhor por nosso Estado, conseguiu reviver a coligação que o elegeu em 1990 e teve uma vitória esmagadora em 1998. Lutou contra a deterioração econômica estadual através da CPI dos Precatórios, por sinal CPI que só não foi mais longe porque o barraram.

Quando vi Kleinubing pela primeira vez, vi que ali havia mais que um político: havia alguém que nos respeitava e que faria ‘Muito Mais por Santa Catarina.

Rodrigo Goetten de Lima

16 anos – estudante

Jaraguá do Sul

(Diário Catarinense, Terça-feira, 27 de outubro de 1998, pág. 46)

Assembléia instala hoje comissão especial

Deputados estaduais começar a analisar dois pedidos de afastamento do governador

‘(...) Os pedidos de impeachment foram formulados  separadamente  pela Ordem dos Advogados do Brasil secção Santa Catarina (OAB/SC) e pela Federação dos Policiais Civil (FECAPOC). A OAB quer a inelegibilidade de Paulo Afonso por oito anos, por conta da dívida de cerca de R$ 5 milhões que o governo acumulou com a entidade, ao deixar de pagar os trabalhos de defensoria dativa.

A Fecapoc pediu o afastamento do governador do cargo, pelo não pagamento do 13° salário dos policiais, referentes a 1997. Essa dívida, que também sustenta um pedido de intervenção no Estado patrocinada pela mesma entidade, foi quitada semana passada e, por isso, este processo deve ser arquivado (...)”

(Diário Catarinense, 27.10.98, pág. 8)

Depois de ler essas notas não tive como não lembrar que "VK" foi declarado "persona non grata" pela Associação dos Delegados em razão do episódio da revogação da isonomia salarial com os membros do Ministério Público do Estado. Mas o fato é que nosso ex-governador deve ter entrado de gaiato nessa história, obviamente que teve a sua parcela de culpa (poderia ter obstado esse processo). O fundamental que resultou nessa decisão foi a orquestração de "águias" ocultas que souberam negociar nos bastidores, isso bem lá atrás (desaguou na LC 36 de 1991 que revogou a Lei 7.720 de 1989), uma verdadeira obra de mestre do ex-Procurador-Geral do Ministério Público "JCK" com seu padrinho "JKB", em cuja época pegou os Delegados dormitando com as calças nas mãos (imagina contar isso no MP que prazer, satisfação..., sem contar os "egos", e eu só tinha que lamentar a execração do "santo" ex-Procurador-Geral Hipólito Piazza...). Acompanhei os esforços do "VK" e  do Promotor Luiz Carlos Schmidt de Carvalho (Secretário de Administração do Estado  - 1991 - a 1994) na tentativa de restaurar aquele direito, entretanto, pesou um outro fator: "PM-SC". Os Coronéis capitaneados pelo Titular da Pasta (Sidney Pacheco) exigiram o mesmo direito (e o rombo nas finanças do Estado seria insuportável... o que inviabilizou todo o trabalho articulado pelas lideranças - formal e classita - dos Delegados que morreram na praia...).

Fui um dos que participei ativa e decisivamente na conquista da isonomia salarial dos Delegados com Promotores de Justiça (na época era Presidente da Fecapoc), juntamente com Alberto Freitas (Presidente da Associação dos Delegados). Nas minhas andanças pelo Estado sempre apregoava que com essa "conquista", dentre os desafios para o futuro estaria que os Delegados teriam que trabalhar redobradamente para manter e justificar essa mudança de paradigma salarial, inclusive, deveriam se engajar à luta dos membros do Ministério Público para que todos os meses o governo estadual repusesse os índices de inflação que eram extratosféricos. O que se viu? O Procurador-Geral de Justiça, Procuradores, Promotores suavam a camisa para conseguirem melhorias salarias para eles e, por via conexa, tamém para os Delegados que ficavam assistindo de camarote essas peleias (uma situação similar que chegou a ocorrer entre Delegados e Oficiais da PM...).  Bom, podemos criticar o MP? E a visão de "JCK" sob a ótica de defender e liderar os interesses do MP estaria errada? E os Delegados fizeram o  coisa certa para garantir essa conquista ? Naquela época comecei a perceber que tudo continuava como antes no meio dos Delegados, nada tinha mudado, nem a postura ética e profissional, muito pelo contrário, muitas vezes os policiais civis no interior me procuravam questionando na condição de líder classista relatando que seu "chefe" ficava mostrando seu contracheque e conçando a barriga no sentido de se vangloriar que: "agora nós temos a nossa isonomia...!". E, justamente eu que havia empenhado minha palavra para os policiais no sentido que depois da isonomia lutaríamos pelo escalonamento vertical  com o apoio dos Delegados, me via abandonado, isolado... Deu no que deu e o jeito foi virar mais essa página triste na nossa história!