PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE L: "SINAIS DE VIDA: 2002 OU O RESERVADO?” (Felipe Genovez)
Por Felipe Genovez | 21/03/2018 | História
DATA: 07.10.98, horário: 09:15 horas:
No escritório do advogado Edson Konel Cabral, advogado da FECAPOC, ao passar uma olhada na coluna do Moacir Pereira..., vem a minha mente Osnelito ao ler a seguinte vinheta:
“Concurso ?
A realização do concurso para ingresso na Polícia Civil está marcada por irregularidades, segundo denúncias feitas pelo médico Cícero Stahnke. Entre os ‘aprovados’ estão Abrão Colzani, marido de Eugênia Colzani, da Fundação Vida; Rosalba Peressoni, cunhada da primeira dama e Marcelo Hildebrand Lima. O advogado Sebastião Porto ingressou com mandados de segurança em nome de candidatos prejudicados’.
(O Estado de 6.10.98, pág. 02)
“(...)
- Mas que pena o Júlio não foi. (Édson)
- É Edson, foi realmente uma pena!
Aproveitei para externar meu ponto de vista acerca dos motivos que resultaram na não eleição do nosso amigo. Edson sempre confirmou que o Escrivão João Batista da FECAPOC estava trabalhando direto nas eleições do Júlio Teixeira.
Horário: 11:30 horas, “Dois ‘EZ’”:
Deixei a Delegacia Geral, porém, antes passei para um cafezinho no andar térreo. Dei uma olhada básica no ambiente e percebi que como sempre nos últimos dias estava bastante vazio. De um lado a telefonista (às vezes Emília que só trabalhava de manhã e Walter que se revezava entre o balcão e a central telefônica). Aliás, Walter da portaria demonstrava uma “paixão” por atender as ligações na “central”, parecia que era o canal para saber das coisas. Na parte dos fundos, os setores de Armas, Munições e Jogos e Diversões também apresentavam um completo silêncio, era clima de final de governo. Na saída, Guinevere deixou o “tique-taque” da sua máquina ainda pelando e se aproximou para dar um sinal de vida já que sentiu que tinha gente no local, mas a impressão era que queria ser gentil e estabelecer uma aproximação.
- Mas como é mesmo o seu nome completo? (Guinivere)
- Felipe.
- Felipe Genovez?
- Isso!.
Então eu me aproximei da janela e observei que ela estava se esforçando para encontrar uma correspondência que deveria ser endereçada a minha pessoa.
- As correspondências do senhor vêm para este endereço?
- Olha, pode até ocorrer que mandem ainda para a Penitenciária, onde eu fui diretor até o ano passado, mas agora estou aqui.
E depois de vascular alguns instantes o arquivo de ferro, ela leu o nome que estava no rosto de num envelope saco e disse:
- Ah, não é, é Rubens Garcez.
- Então não é para mim, é para outra pessoa.
Horário: 12:05 horas, “Sinal de vida”:
Ligação de Tereza:
- Alô, Felipe é a Tereza.
- Oi Tereza.
- Olha eu consegui aquela listagem do TRE, está aqui comigo, só faltam alguns pequenos municípios, mas está tudo aqui.
- Está ótimo, eu passo aí no final da tarde Tereza.
- Está bom!
- E o Júlio como ele está?
- Está bem melhor, já está mais motivado, mais alegre.
- Tu conseguiste conversar com ele, ele já está aqui?
- Sim, eu falei com ele ontem de manhã por telefone, ele estava ainda em Rio do Sul.
(...)
Esse “sim” da Tereza foi um “sim” um pouco demorado, uma dúvida antes de responder e pude imaginar que não estivesse falando bem a verdade, era provável que Júlio já estivesse em Florianópolis e com sua família, se preparando para fazer contatos e até quem sabe para comparecer as sessões na Assembleia. Mesmo sem sentir muita firmeza em suas palavras compreendi que ela agiu assim mais conduzida por um instinto protetor.
- Tudo bem, depois a gente conversa com ele, mas então está, eu passo aí à tarde para apanhar o material contigo, certo?
- Certo!
Horário: 13:15 horas, “Jorge No Ar...”:
Jorge telefona e repete a dose dos últimos dias, telefona nesse horário porque sabe que eu estou em casa:
- Alô, Felipe é o Jorge.
- Oi. E daí?
- Conseguiste falar com o Júlio?
- Não. Eu tentei, tentei, mas o celular...
- Escuta, pois eu acabei de falar com ele, o celular já está no ar, tu ligas agora para ele e depois a gente conversa, parece que tem boas novidades.
- Certo!
Horário: 13:20 horas, “Um a Um”:
Enfim, um contato com Júlio:
- Alô, Júlio?
- Sim.
- Júlio, é o Felipe.
- Fala Felipe!
- E daí como é que tu estais?
- Estou melhor já, está tudo bem, já fiz alguns contatos, as coisas vão ficar bem.
- Assim espero, que bom que tu já estais melhor, não adianta, o negócio é procurar acertar as coisas.
- É isso que eu estou fazendo, conversei ontem com o Amin, tive com ele uma conversa bem produtiva.
- Eu conversei com o Jorge. (Xavier)
- Ah, sim. Ele me disse que acabou de falar contigo, mas Júlio, eu não sei se a Tereza falou contigo, realmente foi foi muita traição... eu falei para a Tereza da informação que recebi de Braga, só não disse a ela que foi por meio dele porque pode não ser verdade, mas conversando com ele ontem de manhã lá na Delegacia Geral me disse que o Pacheco telefonou na última hora para o Heitor acertando que descarregaria seus votos nele... garanto para você que isso é verdade e mesmo porque eu não teria razão para inventar...
- É mesmo que o Heitor disse isso...
- Não, quem me disse foi o Braga que é ligado ao grupo do Heitor, ao Pedrão, Sell, ele disse que ouviu lá no “comitê” que o Pacheco havia acertado isso.
- Ah, sim. O Braga é que disse, filha da p..., mas foi bom eu saber disso pois o Pacheco quer se encontrar comigo para acertar algumas coisas amanhã.
- Olha Júlio, eu não sei o quanto isso é verdade, você sabe que tudo tem que ser filtrado, mas o fato é que o Braga não sabia do teu acerto com o Pacheco, ele não iria mentir, não teria nenhum motivo, mas eu pensei que a Tereza tinha te passado essa informação.
- Olha Felipe, o Amin deve me chamar a qualquer momento, estou esperando para amanhã, também o Jorge Bornhausen e o Kleinubing, acho que tudo vai acabar bem.
- Depois Júlio você foi visado pelo esquema do PMDB, investiram forte, eu não sei se tu viste a coluna do Paulo Alceu de hoje? Ele fala sobre os algozes no caso das letras e aqueles que negociaram.
- Ah, sim. Realmente me disseram, foi muito bom isso.
- Repercutiu bem, porque é a verdade. Muito bom foi que o João Rosa também se elegeu.
- Sim Felipe. Ficou tudo um a um, foi muito bom!
- Sim. Acho que começa por ter se assegurado dois Delegados dentro da Assembleia.
- Ficou tudo um a um!
- Certo. Também há o equilíbrio de forças... ninguém vai querer mandar sozinho...
- Exatamente!
- Eu trabalhei com o João Rosa e conheço bem ele, certamente vai querer ocupar espaços no governo, também tem méritos para isso, assim como o Heitor tem e você tem, na verdade a gente sabe que a coisa ficou difícil para uma composição.
- Felipe, foi a melhor coisa que aconteceu.
- Mas eu queria acertar contigo para a gente ver uma data para fazermos uma janta e um balanço a respeito de tudo. Onde é que tu achas que tu perdeste a eleição?
- Foi lá em cima.
- Tu falas lá em Rio do Sul?.
- Sim. Foi um excesso de candidatos, todo mundo se esbarrando.
- Eu falei com a Tereza para me arranjar o espelho de votos do TRE.
- Isso, isso. É muito bom!
- Pois é, quero ver os teus votos por região. E a FECAPOC, houve realmente um retorno do Batista?
- Não. Não foi bem.
- É, eu te falei, lembra? Estava preocupado com as informações que estavam vindo, eu até cheguei a dizer que se tu precisasses que a gente viajasse pelo interior, nós poderíamos ter formado um grupo. Eu, você, Jorge, Arno, Marquinhos e teríamos feito reuniões pelo interior do Estado.
- Pois é Felipe, mas eu não tinha tempo para isso, eu iria me arrombar mais ainda na região.
- Sim, mas eu falo que isso poderia ter sido feito há uns dois meses atrás, só para teres uma ideia eu conversei com alguém da diretoria da Associação lá de São Miguel do Oeste e eles pediram para que nós fôssemos para lá e fizéssemos uma reunião com todos os policiais, que discutíssemos o nosso “Plano” e assumíssemos um compromisso com eles.
- É?
- Mas eu estava te falando do jantar, acho importante isso, temos que pensar já em 2002, e a luta começa agora, isso tem que ser pensado desde já!
- Sim. Já começamos a trabalhar para dois mil e dois.
- É isso aí, vamos à luta e vamos acertar esse jantar para que o Gilmar possa ver como pode te ajudar nisso.
- Por isso que é importante a presença do Gilmar.
- Sim. Tu sabes que a gente tem uma boa amizade com ele, o Jorge (Xavier) tem um canal muito bom e que tu conheces. Quando é que tu achas que isso vai ser possível?
- Olha, Felipe, essa semana está difícil, amanhã o Amin deve me chamar. Eu devo conversar com o Jorge e o Kleinubing, mas a semana que vem, acertem com o Gilmar.
- Podes ficar tranquilo, vamos acertar isso, deixa que a semana que vem a gente faz contato contigo, ficamos assim, está certo?
- Está certo Felipe.
- Um abraço.
- Olha Felipe, muito obrigado por tudo. Obrigado mesmo.
- Tudo bem.
Depois dessa conversa fiquei pensando se Julio Teixeira iria levar a sério a nossa preocupação com 2002, e que teríamos que retardar nosso “Plano” para mais quatro anos, a não ser que o novo Governador Amim desse sinais de vida para nós... Aliás, por falar nisso, foi bom conversar com nosso candidato e ver como se reinventou depois da derrota, como está otimista, o que será que iria negociar com Esperidião Amin, Jorge Bornhausem e Vilson Kleinubing numa conversa bem reservada?