PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DOS COMANDOS DAS POLÍCIAS - CRIAÇÃO DA PROCURADORIA-GERAL DE POLÍCIA NO ESTADO DE SANTA CATARINA – GOVERNO ESPERIDIÃO AMIM – 1998/2002 - PARTE CX: “O PACOTE DA POLÍCIA  E A 'PIRULITAGEM'” (Felipe Genovez)

Por Felipe Genovez | 03/04/2018 | História

Data: 10.11.98, horário: 15:00 horas:

Estava na minha clausura da “sala de reuniões” da Delegacia-Geral da Polícia Civil e fui abrir uma correspondência do Presidente da Adepsc que tinha recebido no dia anterior:

Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina

(ADPESC)

Circular 008/98                                         Florianópolis, 04 de novembro de 1998

Colega Delegado,

Retificando correspondência de n°  002 – EDITAL DE CONVOCAÇÃO, solicitamos vosso imprescindível comparecimento no dia 20 de novembro próximo, no horário das 19:00 horas, nas dependências do Auditório do IPESC, sito à Rua Visconde de Ouro Preto, 291, centro – Fpolis, onde serão tratados assuntos de maior relevância para a classe dos Delegados de Polícia.

Atenciosamente,

Mário Martins

Presidente

Sede Própria: Rua João Pinto, n° 30 – Ed. Joana de Gusmão – conj. 402 – Fone/Fax: (048) 224-1836 – Cx. Postal 768 – CEP: 88010-420 – Fpolis/SC

CGC. 83.283507/0001-27 – Reconhecida de Utilidade Pública – Lei 5.126 de 30/06/75

e-mail: adpesc@matrix.com.br

“Enquanto isso: O Pacote da Polícia Bandeirante”:

Mudanças na polícia começam este mês

A política de segurança pública do Estado deve sofrer as primeiras mudanças ainda este mês. A informação foi dada ontem pelo governador Mário Covas (PSDB), que reassumiu o cargo, do qual estava licenciado desde julho passado para concorrer  às eleições.

As mudanças visam baixar os índices de criminalidade no Estado em 50%, uma das propostas de campanha do governador reeleito.

O carro-chefe do ‘pacote da polícia’ é o remapeamento das áreas de segurança do Estado. O objetivo é fazer com que, na menor esfera de demarcação, coincidam as regiões de atuação das companhias da Polícia Militar e dos distritos policiais da Polícia Civil. 

Hoje, na capital, por exemplo, existem 93 DPs e 59 companhias. A diferença faz com que os órgãos não respondam pelas mesmas áreas (há diversas intersecções) e inviabiliza o controle  estatístico da criminalidade nas regiões.

Depois do remapeamento, cada região será atendida por um DP e uma companhia, que, em tese, terão limites territoriais idênticos.

A partir daí, serão criados GPIs (Grupos de Planejamento Integrado), compostos por três delegados e três oficiais da área. A esse grupo caberá gerenciar as informações e estatísticas criminais, definir as prioridades do policiamento e planejar ações conjuntas.

‘Com esse controle, saberemos rapidamente que tipo de crimes está subindo em cada região e poderemos, então, agir com mais eficiência e atingir as metas que serão fixadas, diz o comandante-geral da PM, coronel Carlos Alberto de Camargo.

(...)

Pulverização

Para a Polícia Militar, o remapeamento vai exigir também uma reformulação interna. O projeto, em finalização no Estado Maior da PM, deve ser enviado ao governador até o final do mês.

As companhias deverão ser ‘pulverizadas’, ou seja, aumentarão de número e terão diminuídas as áreas de atuação para ficarem fisicamente com os mesmos limites das delegacias.

A PM pretende ainda torná-las o mais autônomas possível, para que possam responder rapidamente ao comando pela criminalidade em suas regiões.

Especializadas serão regionais

Na remodelação da estrutura da Polícia Militar, cada batalhão de policiamento terá a seu serviço homens dos comandos especializados da corporação – Polícia Florestal, PM Feminina, Comando de Policiamento de Trânsito e Polícia Rodoviária. O Corpo de Bombeiros e a tropa de choque não devem sofrer alterações.

(...)

Governo quer sobra do Exército

Aproveitar o excesso de contingente do Exército é mais uma das medidas previstas no ‘pacote da polícia. Segundo o governador Mário Covas, os homens dispensados pelo serviço militar seriam convidados a fazer um estágio de um ano em funções administrativas da Polícia Militar.

(...)

(Folha de São Paulo, 10.11.98 – Cotidiano 3-3)

E , pensei: “Sim, o nosso amigo Presidente da Adpesc estaria neste ou noutro mundo? Ao que tudo indica, não se  envolve com nada, não quer discutir planos e projetos de governo neste momento, só se for pelos bastidores? E os Delegados simplesmente não existem? O que estariam sabendo, al? Talvez não queiram nem saber de coisa alguma, apenas do que lhes é permitido e servido, sempre foi assim: “classe calada e pirulitos de graça”.