Projeto viver bem na melhor idade

Por Elizabeth de Jesus Santana | 14/02/2012 | Saúde

1.   APRESENTAÇÃO

O homem tem cada vez mais procurado formas de se manter saudável e viver feliz. Isto está ocorrendo devido ao avanço tecnológico e científico em diversos campos do conhecimento humano, onde o homem está sempre em luta para preservar e melhorar sua qualidade de vida. Em consideração a este fato, percebe-se um aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo, e Ribeirão do Largo não é diferente, pois existe um número considerável de idosos que também ajudam a contribuir para a renda do município, uma vez que muitos, apesar de aposentados, continuam a exercer alguma atividade que vise renda e ainda continuam a sustentar seus filhos e netos.

Com esse aumento da expectativa de vida aqui e no mundo, veio também o aumento da população de idosos, indicando que no novo milênio o país será o sexto no mundo com mais pessoas nesta faixa etária. Essa experiência leva-nos à consciência de que a expectativa de vida vai além do estar vivo, é o viver com qualidade, isto é: querer viver, gostar de viver e poder viver com dignidade.

A partir destas informações é importante salientar que o Brasil é um país de desigualdades sociais, culturais, políticas, econômicas, onde a velhice é acompanhada pelo déficit na habitação, nutrição, saneamento, condições de educação e trabalho, o idoso brasileiro é em geral pobre, vivendo uma situação econômica e social de muita dificuldade. Assim sendo, o idoso é visto como um fardo, um improdutivo. Mas cabe ressaltar que o idoso, assim como o jovem necessita de assistência, amor, segurança, respeito, adquirir novos conhecimentos e experiências, ser útil, enfim, de valorização de si mesmo. E isso está em todo lugar, o envelhecimento da população mundial vem ocorrendo de forma inevitável, contribuindo assim para um novo perfil populacional. O número de idosos cresce a cada dia. Envelhecer com qualidade de vida é um dos grandes desafios nos dias de hoje, principalmente no que diz respeito aos hábitos de vida saudável, isso inclui uma boa alimentação, exercícios físico e mental e uma maior atenção na área da saúde. Mas, é possível compensar as mudanças naturais da idade e favorecer a boa forma e a saúde com projetos voltados à melhor idade. Quando envelhecemos com saúde, chamamos essa fase da vida de sanescência, se envelhecemos com vários problemas de saúde e limitações físicas, chamamos esse período de senilidade.

A escolha do tema para reflexão tem como força motivadora a convivência com pessoas na faixa etária entre 50-80 anos e que hoje em sua maioria ainda são também responsáveis por muitas famílias em Ribeirão do Largo na Bahia, e essa observação do crescente aumento da importância do cuidar bem de nossos idosos visa à busca de melhor qualidade de vida para esta população. A questão norteadora deste trabalho busca resposta para a indagação: Qual a contribuição da Assistência Social (CRAS – Centro de Referência de Assistência Social) para a cidade de Ribeirão do Largo?

O objetivo deste questionamento é compreender como o profissional de assistência social e seus colaboradores podem contribuir na consecução de propostas e atividades que promovam uma vida mais digna, humana e agradável para os idosos institucionalizados. O projeto dos idosos é chamado de “Bem Estar”, iniciou-se em 06 de março de 2009, atendido por 01 psicóloga, 01 assistente social e 01 coordenador do projeto, além dos oficineiros (não graduados e também não são capacitados). No início, eram feitos cadastros de casa em casa, através de uma ficha cadastral (identificação e saúde), depois, com a divulgação dos próprios idosos, muitos apareciam para fazer a matrícula. O trabalho é realizado pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), atendendo a 50 idosos (35 mulheres e 15 homens), em sua maioria analfabetos, na cidade de Ribeirão do Largo sempre às sextas-feiras, das 14h0min às 17h00min, as reuniões do projeto são rotineiras e sem muitas novidades e fogem um pouco do objetivo, no entanto, já houve passeios, viagens, danças, dinâmicas, peças teatrais, palestras, músicas, oficinas, filmes, ginástica, enfim, alguns eventos culturais e artísticos e outras atividades registradas com fotos e documentos, mas, o trabalho precisa ser revigorado, com novas dinâmicas e atividades multidisciplinares. O CRAS funciona em uma casa com 03 salas (dessas, 01 para atendimento psicossocial, 01 para reunião, 01 recepção), 01 garagem, 01 almoxarifado, 02 banheiros, 01 cozinha, 01 quintal, mas muitas atividades são também realizadas na FTC – E a D, incluindo o Projeto Bem Estar que atende aos idosos.

O CRAS é uma unidade pública estatal descentralizada da política de assistência social, responsável pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social dos municípios e DF. Dada sua capilaridade nos territórios, se caracteriza como a principal porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade que possibilita o acesso de um grande número de famílias à rede de proteção social de assistência social. Os projetos na instituição do CRAS podem contribuir para elevar o nível da qualidade de vida se procurar desenvolver atividades sócio-culturais que promovam interação entre a comunidade local e o projeto, uma vez que esta interação pode contribuir para o desenvolvimento psicossocial, cognitivo e biofísico do idoso.  Como a grande maioria das instituições que cuidam dos idosos carentes, tem limitações sérias de recursos (humanos, materiais e financeiros), motivo pelo qual acreditamos que a atuação da Assistência Social (CRAS) depende, fundamentalmente, de uma estratégia da parceria com a comunidade local e instituições de proteção aos direitos dos idosos para desenvolver ainda melhor.

Entretanto, com a negação destas necessidades o idoso se sente desrespeitado, inútil, improdutivo, o que contribui para uma queda na auto-estima e no prazer de viver. E ainda é bem evidente a desvalorização do idoso, pois o preconceito, tabus e mitos sobre o envelhecimento estão vivos na sociedade. Mas à medida que se propõe uma educação ou re-educação da sociedade este processo será invertido e então o idoso será valorizado. E esta re-educação, que é para todos, proporcionará uma melhor qualidade de vida aos mesmos.      

Pensando nessa perspectiva e com o intuito de revigorar e intensificar a rotina realizada pelo CRAS, é que propomos o Projeto “Viver Bem na Melhor Idade”, proposta pela IDHESP (Instituto de Desenvolvimento Educacional) como avaliação da Disciplina Psicopedagogia da Linguagem e Estágio Institucional do Curso de Especialização em Psicopedagogia Institucional com Ênfase em Recursos Humanos, nosso projeto tem com objetivo mostrar a importância de promover atividades que valorizem o idoso, buscando resgatar sua cultura, atividades, sentimentos, potencialidades e autoestima. Bem como informar que as atividades com o lúdico e psicopedagógico auxiliam no desenvolvimento das potencialidades e habilidades de todo ser humano, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e valorização do idoso.

  1. 2.   JUSTIFICATIVA

Durante muito tempo, o envelhecimento humano foi tratado somente por uma abordagem biológica. Preocupou-se muito com técnicas que viessem a retardar a velhice e que propiciassem às pessoas um envelhecimento com saúde. Esta visão da velhice, na qual muito colaborou a postura da medicina, escondia a tentativa de se negar a morte e associava a fase de envelhecimento a um final de vida. A partir disto, muitos preconceitos e estereótipos foram criados como “velho é improdutivo”, “velhice é doença”, “os velhos são ranzinzas”, etc. (VERAS, 1995, p. 67)

No começo do século XX, iniciou-se pesquisas mais amplas em torno da velhice, abordando fatores psicológicos e sociais. Atribui-se a Stanley Hall o pioneirismo na abordagem psicológica dos estudos sobre a velhice. Ele revolucionou ao afirmar que, ao contrário do que se pregava, a velhice seria o simples reverso da adolescência, destacando a existência de muitas peculiaridades nos modos de sentir, querer e pensar de jovens e idosos.

Desde então, o envelhecimento e a velhice vêm sendo estudados a partir das dimensões individuais e sociais onde estão inseridos os sujeitos. Os primeiros fatores abordados dentro desta visão mais ampla, foram a necessidade e a importância das sucessivas adaptações que as pessoas se viam obrigadas a fazer no decorrer do seu ciclo de vida, a fim de se ajustarem. Esta concepção era comandada por três tipos de influência: a genética ou biológica; a ambiental ou social e as relacionadas com as escolhas e adaptações individuais ou psicológicas.

Contudo, esta postura veio a ser refutada pelos autores de linha progressista, que entendiam que se a velhice é uma crise, deve ser enfrentada e não aceitá-la é adaptar-se a ela. Eles acreditam que somente enfrentando o real as pessoas poderão dar continuidade a esta realidade.

O fato é que, independente da abordagem do assunto, o processo de envelhecimento de cada indivíduo dependerá da maneira como a pessoa age ou está condicionada a agir, enfrentando ou adaptando-se à realidade. A cada nova situação o indivíduo tem que encontrar uma maneira nova de agir para responder ao que está acontecendo. Diante desta visão, e dos termos postos por Meireles (1989, p. 90), considera-se uma das funções do Serviço Social garantir os direitos do homem, além de desencadear um processo de promoção, capacitação e valorização do homem, com vistas a sua plena integração e participação na sociedade...

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