PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO - Escola Municipal Indígena Infantil A’egacü Decatücü
Por João Juvito Campos | 07/01/2020 | EducaçãoAPRESENTAÇÃO
Este trabalho foi elaborado partindo do pensamento étnico sobre o significado do PPP, como representante da visão política educacional a partir das diretrizes que norteiam o processo educacional no espaço escolar indígena.
Sendo assim, levando-se em consideração o contexto histórico, as lutas das lideranças sobre a demarcação das terras indígenas, pelo direito e da saúde e, principalmente a educação. Com isso a Escola Municipal Indígena Infantil A’egacü Decatücü teve iniciado a organização do trabalho pedagógico institucional, juntamente com a participação das lideranças como cacique, dos professores, das parteiras, representantes religiosas e representante da Associação da Comunidade. Os profissionais da saúde assim como toda a comunidade, inclusive os pais e responsáveis dos alunos.
Todas as questões que envolvem o fazer pedagógico e as suas relações com o currículo, conhecimento e com a função social da escola, obriga a um pensar e a uma reflexão contínua de todos os envolvidos neste processo. Que Escola que queremos construir esteja de acordo com a nossa realidade que respeite os conhecimentos e saberes indígenas pelas crenças, costumes, tradições e línguas. E por fim, mantém a Arte, Cultura e Mitologia sempre viva, além dos aspectos mitológicos e simbólicos das relações que mantém com as demais esferas da vida cultural, social e econômica.
Que conhecimentos serão necessários aos nossos alunos, para de fato exercer a sua cidadania, nesta sociedade tão cheia de conflitos? Conflitos estes que estão presentes no espaço escolar, nas relações familiares, nas relações pessoais, no confronto das idéias, e também do surgimento de novas concepções, das dúvidas e da necessidade do diálogo entre os atores sociais ( professores, pais, alunos...).
Tais situações serão apresentadas no decorrer deste documento, nas linhas e nas entrelinhas de cada parágrafo, resgatando o aspecto histórico de como cada momento foi sendo produzido e construído. Pois este documento é o resultado de um esforço conjunto dos profissionais da educação desta unidade escolar com o objetivo de respaldar as ações administrativas e pedagógicas no âmbito desta escola. Há consciência, por parte dos que o produziram, de que representa apenas um germe de projeto político pedagógico e se encontra aberto a todo e qualquer tipo de sugestão e encaminhamento. Sabemos que nenhum projeto político pedagógico pode ser dado como pronto e acabado sob pena de se cristalizar e deixar de acompanhar os movimentos da história. Portanto, nossa reflexão continua baseada principalmente na prática pedagógica cotidiana e na discussão dos referenciais teóricos que nos encaminhem para uma “práxis” responsável e compromissada com uma escola pública de qualidade que até agora não está se enquadrando neste trabalho.
1 - DADOS DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR
NOME DA ESCOLA: Escola Municipal Indígena Infantil Aegacü Decatücü
POVO INDÍGENA (etnia): Tikuna
LÍNGUA INDÍGENA: Língua Materna (Tikuna)
2 - LOCALIZAÇÃO DA ESCOLA:
A Escola Municipal Indígena Infantil Ãegacü Decatücü, está localizada na Rua São Pedro S/N, com perímetro de área 40,20m x 100m, com prédio nº 37m, no centro da comunidade indígena de Umariaçú II, município de Tabatinga, Estado do Amazonas, fazendo fronteira com três países vizinhos: Brasil, Colômbia e Peru.
3 - TERRA INDÍGENA OU ALDEIA:
A escola está situada na área Indígena Tikuna UMARIAÇÚ - II, pertencente ao município de Tabatinga na margem esquerda do rio Solimões, há (6 km), seis quilômetros da sede do município na terra demarcada pela FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e pela portaria do ministério da justiça (MJ) nº1. 119 em 12 de novembro 1997, a extensão da área é de 4.900 Km², sendo uma das maiores áreas de extensão entre as 25 áreas indígenas Tikuna na margem esquerda do Rio Solimões e seus afluentes.
4 - SITUAÇÃO ATUAL DA COMUNIDADE:
Atualmente 5.681 habitantes moram na comunidade Umariaçu, desde que a escola começou a funcionar houve um aumento de demanda dos alunos matriculados, mas também tem alunos matriculados na escola estadual, apesar disso que nos últimos 02 (dois) anos aumenta a demanda dos alunos. Na comunidade moram pessoas que vieram de países vizinhos, como: Colômbia e Peru. Então, por causa disto, a escola torna-se umas das escolas que tem alunos com faixa etária de quatro a seis anos ( 4 à 6 ).Como se vê que na comunidade as pessoas trabalham no artesanato, na pesca, no extrativismo ou alguns trabalham de subsistências, ou seja, trabalham na agricultura para o seu próprio consumo ou para a venda de produtos na cidade mais próxima, em vez disso para comprar os materiais didáticos dos seus filhos. As maiorias dos alunos são das famílias de pessoas baixa renda, às vezes, falta de materiais escolares e da farda escolar. Na comunidade também existem pessoas que tem trabalhos secundários, ou seja, trabalham na cidade em diversos pontos, como na secretaria de obras, de educação, Casai FUNAI e entre outros. A comunidade escolar contribuiu muito para o desenvolvimento e progresso da educação na sociedade indígena, ajudando em compartilhar experiências vivenciadas dentro dela na questão de sensibilizar as suas clientelas à alcançarem seus objetivos e metas propostos no plano.
Os pais ou responsáveis dos alunos sempre visitam a escola para saber das informações ou situações no processo evolutivo de ensino-aprendizagem dos seus filhos; se têm resultados satisfatórios ou não, pois os recursos e metodologias utilizadas pelos professores atuantes na sala de aula às vezes são eficazes, mas precisa melhorar e reajustar anualmente as metas, ou seja, planejamento anual escolar administrativa e pedagógica para que a escola pudesse alcançar o que desejamos na educação escolar indígena.
Atualmente na comunidade existem 4 escolas: Escola Estadual Almirante Tamandaré que atende alunos com faixa etária de 7 a 14 anos, desde do 1º ao 5º ano das séries iniciais e 6º ao 9º ano séries finais do ensino fundamental, inclusive o ensino médio e ensino mediado tecnológico – EAD no turno noturno. Também a Escola Estadual Indígena Elécia Campos Manduca que funciona ano letivo de 2017 para atender alunos de faixa etária de 7 a 14 anos, nas séries de 1º ao 5º ano do I e II Ciclo das séries iniciais e finais do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Como também a escola Municipal Indígena João Ayres da Cruz que atende crianças da faixa etária de 7 a 14 anos, nas modalidades de 1º ao 5º ano do I e II Ciclo séries iniciais e 6º ao 9º ano das séries finais do ensino fundamental e Educação de Jovens e Adultos – EJA de 1º e 2º Segmento. E ainda funcionar no prédio escolar o ensino mediado tecnológico – EAD da SEDUC. E por sua vez, a escola Municipal Indígena Infantil A’egacü Decatücü que atende crianças da Educação Infantil das faixas etárias de 4 a 5 anos e atualmente oferece o 1º ano das séries iniciais do Ciclo I do Ensino Fundamental da faixa etária de 6 à 7 anos a completar no ato da matricula. Desde 2013, a escola tem a parceria com o Posto de Saúde para dar assistência às crianças que nela estudam, assim atendendo na parte da saúde bucal pelos técnicos odontológicos e assistentes, isto sempre acontece uma vez por semana dentro da escola.