Projeto de Pesquisa para Estudo da Trajetória e empregabilidade dos Egressos dos Cursos Técnicos da ETEC Paulino Botelho em São Carlos
Por Almir Onofre da Silva | 10/05/2011 | EducaçãoProposta de Projeto de Pesquisa para Estudo da Trajetória e empregabilidade dos Egressos dos Cursos Técnicos da ETEC Paulino Botelho em São Carlos
1. Introdução
De acordo com o último levantamento da Área de Avaliação Institucional (AAI) do Centro Paula Souza (CEETEPS) ? divulgado em dezembro de 2009 ? 73,7% dos técnicos formados pelas Etecs consegue emprego um ano após a conclusão do curso. As estatísticas mostram, ainda, que 87,7% têm vinculo formal de trabalho e ganham, em média, 2,2 salários mínimos ? o que representou um aumento de 22,2% em relação ao balanço do período anterior .
O setor da indústria, segundo o estudo, é o que mais emprega (24,7%), seguido por serviços (18,8%), comércio (13,9%), saúde (10%), informática (7,8%), educação (5,9%), construção civil (5%) e agropecuária (3,8%). Os 10% restantes estão empregados em outras áreas. As empresas que mais contratam são as grandes corporações, com 30,2% da força de trabalho, seguidas pelas médias empresas, com 20,5% .
Conforme pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, uma pessoa com curso técnico no currículo tem 10% a mais de chances de conseguir um emprego e chega a ganhar 17% a mais de salário, que em média, é de R$ 1,4 mil. Nos últimos três anos a procura por cursos técnicos cresceu 28% no Brasil, segundo o último senso escolar. Esse aumento tem explicação: a oferta de emprego. Cada vez mais se sabe que a educação profissional é mesmo um dos caminhos mais curtos para se chegar ao mercado de trabalho .
Mas segundo (NERI, 2010), a educação profissional tem sido muitas vezes considerada uma alternativa de segunda classe em prol de um ensino médio genérico que tenta fazer muito com pouca qualidade e foco, com dificuldade de atração de jovens.
A Escola Técnica "Paulino Botelho" pertencente ao CEETEPS e instalada na cidade São Carlos oferece cursos técnicos nas áreas de Mecânica, Mecatrônica, Eletrônica, Eletrotécnica, Enfermagem, Informática, Administração, Informática para Internet, alem de outros cursos que usam as instalações de outras escolas como, comércio, Técnico Jurídico e Contabilidade. Todos os semestres são formados pela escola cerca de x técnicos.
Os dados não mentem e comprovam que cada vez mais o governo tem investido na implantação de novos cursos e de novas escolas de formação profissional. Contudo a maioria das vagas de técnicos oferecidas estão concentradas em grandes centros como São Paulo e região de Campinas. A cidade de São Carlos conhecida como a capital da tecnologia e nela estarem instaladas grandes empresas como Volkswagen, TAM, Tecumseh, Eletrolux e outras pequenas e médias e empresas, além de comércio e hospitais, a oferta de vagas oferecidas esta aquém da demanda de técnicos formados todos os anos pela ETEC "Paulino Botelho". Também são poucas empresas da região que oferecem o programa de estagio dando oportunidade para os alunos ingressarem em seu primeiro emprego.
Alem da falta de vagas no mercado outros fatores levam os egressos dos cursos técnicos a migrarem para outras áreas ou a permanecerem em seus antigos postos de trabalho sem perspectiva nenhuma de evolução.
Segundo (TREVISAN e VELOSO, 2007), o ensino profissional não acompanha a evolução das áreas de tecnologia das grandes empresas.
Para (MALSCHITZKY, 2010), a viabilidade de o indivíduo encontrar uma colocação que lhe traga maior satisfação profissional e remuneração mais adequada está no direcionamento dos objetivos que ele pretende atingir ao longo de sua carreira.
Mas o que fazer diante de um quadro em que cada vez mais as escolas despejam técnicos no mercado de trabalho sem os mesmos estarem preparados para este desafio?
A questão a ser respondida neste trabalho é: quais as alterações ocorridas na carreira profissional dos egressos dos cursos técnicos da ETEC "Paulino Botelho" após a conclusão do curso? Quem são e onde estão estes ex-alunos?
Como acompanhar a trajetória e empregabilidade destes egressos?
Conforme (PENA, 2000), O acompanhamento de egressos constitui uma forma de avaliar os resultados de uma instituição, e a partir disso, introduzir modificações na entrada de alunos em uma escola ao longo de toda a sua permanência nela e inserir melhorias contínuas no processo de ensino.
2. Objetivos
2.1 Geral
Estudar o índice de empregabilidade no setor e as trajetórias profissionais dos egressos dos cursos técnicos de modo a aprimorar o ensino técnico da ETEC Paulino Botelho a partir das informações prestadas pelos seus ex-alunos.
2.2 Específicos
? Identificar o índice de satisfação dos técnicos formados pela Instituição, o grau de compatibilidade entre a sua formação e as demandas do mercado de trabalho em São Carlos e região.
? Apresentar evidências objetivas de alguns aspectos subjetivos associados a esta passagem da educação profissional ao mundo do trabalho;
? Avaliar o desempenho da escola, por meio do acompanhamento da situação profissional dos egressos;
? Manter atualizados os registros de alunos egressos;
? Divulgar a inserção dos alunos formados no mercado de trabalho;
? Promover encontros, cursos de extensão, e palestras direcionadas a profissionais formados pela ETEC Paulino Botelho;
? Identificar sucessos e fragilidades dos cursos oferecidos;
? Identificar novas competências exigidas pelo mercado de trabalho;
? Integrar escola x ex-alunos.
3. Justificativa
Neste projeto de pesquisa vamos caracterizar egressos como sendo os alunos que concluíram todas as disciplinas do currículo e que tenham colado grau nesta instituição.
Como docente há mais de 10 anos na ETEC ?Paulino Botelho" tenho acompanhado muito a trajetória destes egressos que saem desta instituição. Muitos me procuram após o termino do curso solicitando ajuda para encontrar uma vaga no mercado de trabalho ou mesmo para encaminhar um currículo na empresa que trabalho. Diversos encontram o caminho esperado e outros nem tanto. Estes que não encontram o objetivo tão esperado seguem outros rumos distante do conhecimento adquirido na formação profissional.
Alguns se encontram trabalhando no comercio e em outras áreas e outros ainda permanecem em suas antigas funções na empresa antes da formação técnica e aguardam uma oportunidade de melhores funções e salários. Outros direcionam seus objetivos para a formação universitária onde os conhecimentos adquiridos na formação profissional podem ser aproveitados ou não, e dependendo da área escolhida ajudam no desenvolvimento da carreira.
Outro fator observado é que os salários oferecidos aos egressos da escola no primeiro emprego não é compatível com a necessidade financeira dos alunos de maior idade.
Enfim não sabemos quem são estes ex-alunos, onde trabalham ou qual a direção tomada em suas vidas profissionais.
Verifica-se que estes ex-alunos são abandonados e esquecidos pela escola, depois da sua diplomação, visto que a instituição não mantém dialogo com estes egressos.
Segundo (Pena, 2000), no Sistema de Ensino Brasileiro, o acompanhamento de egressos pelas escolas, até o presente momento, é ainda inexpressivo. O que existe, na maioria das vezes, são ações direcionadas para a formação de associações de ex-alunos e organização de reuniões de congraçamento. Há, no entanto, casos isolados de escolas que já exploram esse tema, possuindo um acervo estatístico referente à identidade profissional de seus egressos.
A identificação destes ex-alunos e sua inserção no mercado de trabalho podem permitir a escola constatar os aspectos que podem ser aprimorados e visa se constituir em uma ferramenta e fonte de dados para auto-avaliação da ETEC Paulino Botelho.
4. Metodologia
A metodologia consiste em identificar, quantificar, descrever e analisar os dados referentes à trajetória e empregabilidade dos egressos dos cursos técnicos profissionalizantes nos últimos 5 anos.
Os instrumentos metodológicos a serem utilizados serão: questionário, entrevistas, consulta as empresas, documentos, e observações.
Na primeira fase será elaborado um questionário que terá como finalidade mapear os egressos dos cursos técnicos, identificarem as funções desempenhadas por eles no local de trabalho e estabelecer uma relação entre a formação obtida e a pratica profissional. Com a ajuda da escola no fornecimento de endereços serão enviados questionários a todos ex-alunos via email ou por carta.
Caso não haja retorno do questionário respondido por parte do Egresso, a escola entrará em contato por meio de cartas e telefone.
Se houverem dificuldades para a localização e mobilização dos egressos para o preenchimento dos questionários será necessário a seleção de novos egressos para responder aos questionários.
Itens a verificar: renda do trabalho, taxa de ocupação, atributos para trabalhar e motivos para não trabalhar, conteúdo teórico é adequado para o trabalho, oportunidades de trabalho melhores em outras áreas, falta de vagas na área, o curso não preparou para o trabalho, exigência de experiência, diploma não aceito pelo empregador, áreas com maiores ofertas de empregos, estagio na área, área de atuação, etc.
Assim utilizar-se-á esse tipo de questionário para que os alunos relatem suas impressões.
A segunda fase de caráter qualitativo acontecerá com a consulta às empresas, órgãos de classe e prefeitura da região.
Nesta fase vamos verificar se as empresas têm em seu quadro de pessoal técnicos formados pela escola e o que esperam destes técnicos, as competências e habilidades requeridas e analisar como as empresas costumam recrutar estes técnicos e/ou divulgam estas vagas.
A terceira fase consistirá de entrevistas com os docentes da escola de maneira a identificarmos as competências e habilidades x novas competências exigidas pelo mercado de trabalho.
A quarta fase consistirá de desenvolver banco de dados dos egressos.
A quinta fase consistirá de disponibilizar os dados da pesquisa no site da escola e implantar um canal de comunicação entre os ex-alunos e a escola, onde os mesmos poderão acessar o site e inserir seus dados e descrever suas experiências adquiridas e dificuldades encontradas após a formação técnica. Tomar conhecimentos de novos cursos, palestras, seminários e encontros promovidos pela escola e se atualizar em relação ao que acontece na instituição de ensino.
Assim será disponibilizado um formulário online a ser preenchido por todo e qualquer ex-aluno que visite o site da escola.
5. Cronograma
Atividades Ago/10 Set/10 Out/10 Nov/10 Dez/10 Jan/10 Fev/10 Mar/10
Elaboração de questionários
Envio de questionários aos egressos
Consulta as empresas
Entrevista com docentes
Desenvolvimento do banco de dados
Disponibilizar dados no site da escola
Criar canal de comunicação no site da escola
Elaboração da escrita do projeto
Conclusões finais
6. Referências Bibliográficas
MALSCHITZKY, Nancy. A Importância da Orientação de Carreira na Empregabilidade. Disponível em http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/organizacoes/organiacoes_ 16.pdf >. Acesso em: 23/08/2010.
NERI, Marcelo, 2010. Educação Profissional e Você no Mercado de Trabalho. FGV/CPS. Rio de Janeiro, 140p.
PENA, Mônica Diniz C. Acompanhamento de Egressos no Âmbito Educacional Brasileiro: análise da situação profissional de diplomados nos cursos de engenharia industrial - Engenharia - Elétrica e Mecânica ? do CEFET/MG, no período de 1988 a 1994. 200. 157p. Dissertação (Mestrado) ? Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. Belo Horizonte, Minas Gerais, 2000.
TREVISAN, Leonardo; VELOSO, Elza. Gestão de Competitividade e Políticas Públicas de Formação de Mão de Obra: o caso Centro Paula Souza, Rev. Adm. Pública [online]. 2007, vol.41, n.5, pp. 887-908.