Profissional estilo cartão postal.

Por Lino Garzón Sandoval | 14/11/2010 | Crescimento

Autores: Lino Garzón Sandoval
linogs@hotmail.com, www.linogs.blogspot.com, @linogs

Maria de los Angeles López Rivas
mariaangeles.lopez@hotmail.com, @maria_angeles11

Você não conhece este tipo de profissional? É a primeira vez que ouve falar sobre este assunto? Saiba que infelizmente é o mais procurado no mercado hoje.

Quando falamos de mercado, geralmente vem a cabeça um mundo irreal, de aço e cristal, de gravata, salto alto e almoços em ambientes "clean", de pessoas preocupadas com carros, happy hour, clínicas de estética e academias, assim como modalidades de esportes e hobbies diferenciados, mas o mercado, o mundo e a vida são muito mais do que isso, é bom que fique bem claro.

A falta do bom profissional atinge esta procura, na sua mais vasta extensão. Está tão difícil achar um excelente pedreiro, quanto um estelar mestre de obra, tanto mais um arquiteto extremamente competente.

Pergunta: Qual o profissional tipo cartão postal?

Resposta: Aquele que é gerado e criado nas principais e até secundárias faculdades de administração e em outros cursos de nível superior e pós-graduações, clamando dos seus formandos, por uma presença bem impactante, que nem uma foto "retouchada" sobre paisagens turísticas, com uma inscrição em inglês apurado.

Ou seja, traduzindo para o mundo humano-animal, é a pessoa acima de qualquer indício que a torne alvo de preconceitos e que, sobretudo, fale um inglês bem fluente.

O espécime pode não saber nada de nada, mas boa aparência e conhecimentos avançados da língua inglesa, já lhe garantem um lugar de destaque, uma posição gerencial ou no descanso da escadaria para alcançar degraus superiores, só precisa ser enfeitado com algumas técnicas de posicionamento e extrema frivolidade, para encarar com aguçado cinismo e sem a menor ética, a aqueles que indiscutivelmente têm a competência e os valores dos quais ele carece, sem esquecermos que ele também é treinado, ou como é "chic" dizer, é submetido a um processo de coaching, com excelentes professores, de origem parecida com a deste sujeito e que se dariam a tarefa, de transmitir os seus sucessos, esquecendo que o que mais transmitem são suas frustrações e misérias, sob a máscara do êxito.

A competência está abalada, está sofrendo uma dura degradação, assim não chegaremos longe, no horizonte nos aguarda um imenso buraco criado pelo excesso de incompetência e para continuarmos nossa marcha, teremos, ou melhor, terão que se empregar a fundo as futuras gerações, para enchê-lo com solvência, conhecimentos e boas práticas.

Se este procurado sujeito tiver experiências internacionais e outros atributos que o assemelhem, a aqueles que decidem nos processos seletivos: pronto!, é só aguardar o chamado.

Pessoas que mal conseguem se auto-avaliar, dificilmente conseguiriam apreciar de maneira certa aos outros.

A interessante idéia de projetarmos um planeta melhor, para se viver e aproveitar os seus recursos esbarra numa contradição, numa evidente discrepância, a de não estarmos criando melhores seres humanos, capazes de preservarem o conquistado.

Contamos com mais confortos, elementos que facilitam e enriquecem nossas vidas ao tempo que exaltamos menos a ética e os valores. Matérias com esta ótica (ética e valores) deveriam fazer parte do currículo, da grade de todas as especialidades.

Cadê os bons profissionais? Cada vez existem menos, estão em extinção.

Aquele que trabalha, se esmera, conhece, em fim produz, é o modelo que está mais ausente do umbral e das aspirações da sociedade moderna. Ele só serve para ser mais um, para sustentar aproveitadores e vagabundos cheios de regalias e o que se valoriza, considera e remunera é aparecer, acontecer e outros termos desvirtuados pelo uso indiscriminado e indevido, em outras palavras, aparentar.

Todos almejam gerenciar e trabalhar com equipes ideais, multidisciplinares, integrais e toda uma gama de adjetivos que seria interminável, mas o quê estamos fazendo para consolidar a formação dos indivíduos que integrarão estas equipes, quanto mais, o quê estamos fazendo para colocar à frente deste grupo o gerente que eles merecem, que agregue, que os atenda e entenda, os respeite, os valorize moral e economicamente e os trate como verdadeiras individualidades?

Certamente perfis tipo cartão postal, não atenderiam estas necessidades.