Profissionais e S.O.

Por Lino Garzón Sandoval | 26/11/2010 | Crescimento

Autor: Lino Garzón Sandoval
linogs@hotmail.com , www.linogs.blogspot.com, @linogs

Autor: Vladimir Avelar Macedo
jackal@terra.com.br , @4FQSA


S.O. não tem relação alguma com as conhecidas siglas S.O.S que sinalizam para socorro e pedido de auxílio. No nosso caso serviriam só para socorrer aos profissionais estilo Sistema Operacional (S.O.), que é uma categoria que abarrota o mercado e cujo comportamento tem muitas semelhanças com especificamente o sistema Windows, se exaltarmos o que de pior tem para nos oferecer.

Mas antes de adentrarmos no assunto, queremos submeter à consideração dos leitores, alguns questionamentos sobre este universo moderno dos profissionais e os diferentes procedimentos de escolha e seleção.

O termo profissional é mais um dos vocábulos que tem sofrido um tratamento abusivo e exagerado na atualidade e sua interpretação varia com o gênero, por exemplo, homem profissional = profissional de gabarito, mulher profissional = prostituta.

A procura das organizações deveria não só se reduzir a este elemento. É mais aconselhável, no lugar de procurar por bons profissionais, captar pessoas devidamente tituladas, mas que acima de tudo sejam boas pessoas e com um bom desempenho nas funções que exercem.

Boas pessoas agregam e estimulam as boas práticas e a coesão, por outro lado pessoas boas(zinhas) para os outros, menos para a empresa acabam com o lucro da corporação.

Para um ávido entrevistador, bastariam alguns minutos, algumas respostas e observar certos comportamentos para discernir a essência do interlocutor, a não ser que estejamos na presença de um ser em extremo bipolar e dissimulado.

Algumas práticas em entrevistas são extremamente úteis para detectar um profissional de "mão cheia", por exemplo, faça uma pergunta de assunto incabível e verifique em que domínio a resposta vai cair. Uma resposta prudente seria: "não sei, preciso estudar o assunto". A maioria dos candidatos do perfil S.O. irá aflorar seus aspectos de criatividade ou mentira ou até mesmo falta de política e indignação com o teste, ficando inadmissível a falta de "provável conhecimento".

Os testes também poderiam conter, no lugar de "pegadinhas sem graça", - aliás, isto é pleonasmo-, perguntas que não conduzem a nada, sem propósito algum, para evitar que "expertos" candidatos tentem descobrir a tônica e seqüência lógica dos objetivos perseguidos na contratação.

Outro bom teste em dinâmica de grupo é colocar fogo na lixeira do escritório. Aquele participante que tentar apagá-lo seria presumivelmente um bom profissional, o resto sairia correndo e gritando.

Com certeza, a melhor forma de se conhecer uma pessoa é numa situação de crise, em circunstâncias extremas ou pelo menos, fora da normalidade.

Tome muito cuidado com o perfil de apresentação do profissional, pois em ocasiões, fatalmente, ele irá se tornar a visão que o mercado tem de sua corporação.

Não podemos desvincular o profissional do indivíduo com seus defeitos e virtudes, com seus problemas, que num determinado momento poderão influenciar na execução das funções laborais, pese a todo um mecanismo complicado de controle e de auto-policiamento.

Deixar os seus problemas de lado, não significa engavetá-los por um período determinado num escaninho e fazer de conta que nada está acontecendo. Isso não funciona. Uma boa gestão de pessoas, que valorize o capital humano e o potencial dos colaboradores, seria a via idônea para podermos gerir a nossa rotina e obtermos os melhores dividendos.

Qual a confiança e segurança que nos passaria uma excelente psicóloga, se na escola dos seus filhos é constantemente chamada pelo mau comportamento destes, com evidências de deficiências na estrutura familiar?

Pessoas virtuosas imprimem virtude ao que fazem. Mas, pessoas com problemas da alma, transferem inevitavelmente para suas atividades profissionais, negatividade. Somos humanos com limitações, vulnerabilidades e com capacidade de estragar um ambiente, da mesma forma que uma maçã podre afeta todas as outras, ao seu redor.

Más pessoas não têm por que ser afastadas e discriminadas, senão tratadas e corrigidas. Se o diagnóstico não for precoce, eles acabam com sua organização. A pressão do coletivo, a cultura da organização, a não aceitação da impunidade farão com que o indivíduo aprenda a se conduzir, assimilará que tem desvios e que precisa trabalhar em cima deles.

Com um diagnóstico precoce o resultado é razoável, porém não isento de efeitos colaterais. O tratamento é semelhante ao do câncer por quimioterapia, ou seja, envenena-se a corporação, na esperança de que as más pessoas sejam eliminadas, levando junto outras boas pessoas (fato não desejado e incontrolável). Em muitos casos as más pessoas são resistentes ao veneno e a corporação inteira pode padecer. Dependendo da importância do órgão afetado, que se não for vital, deve ser extirpado por inteiro da organização, "terceirizado" ou finalmente extinto.

Esta é a razão pela que muitas vezes as pessoas recusam-se ou têm receios de trabalhar em certas empresas, porque a cultura da mesma, imposta pelo comportamento e práticas dos seus integrantes, está por cima de missões, visões e tudo aquilo que aparece espalhado em tudo quanto é propaganda e panfleto nos corredores e na mídia também. Os vícios, a falta de ética, a falsidade, etc., são flagelos a descobrir mais tarde, quando já se faz parte do "bolo" e prestes a se converter provavelmente numa maçã podre.

Somos seres sociais. Pessoas que não sabem se relacionar, com dificuldades de interagir, de ouvirem críticas, sugestões e que não conseguem lidar com situações extremas ou de desconforto, por exemplo, profissionalmente podem até ser uma solução, dependendo dos fins perseguidos, mas com certeza, socialmente constituem um grande problema.

As organizações exigem e precisam de interações, harmonia, transparência e bons ambientes para progredirem. Está demonstrado o efeito positivo destes detalhes, no avanço e sustentabilidade das empresas.

Por enquanto, poucas habilidades humanas não podem ser automatizadas como, por exemplo, a sociabilidade e a criatividade. O primeiro passo é fazer com que todos os atendentes respondam da mesma forma e se pegar, troca-se por computadores. Os clientes de algumas prestadoras de serviço, que o digam: "Olá, eu sou sua atendente virtual, fale o motivo de sua reclamação"...

Entrando no tema do profissional estilo W(Ru)indows, esboçaremos algumas situações que nos levaram a catalogar a certos indivíduos como membros desta "elite":

- Ele pode ser "maravilhoso" na aparência o que nos faz inclinarmos na hora da escolha, mas este mesmo visual que nos cativou, muda freqüentemente e nem sempre é do nosso agrado;

- Inevitavelmente a sua aplicabilidade é limitada e fica obsoleto, no máximo, em dois anos. Não pode ser realocado para outra sala porque fica incompatível, não aceita outras tarefas já que precisa de upgrade;

- Quando pára de trabalhar tem que "desligar" e no caso destes sujeitos, desligam tanto que saem da empresa;

- Você pede uma coisa, você espera dele uma reação acorde com o pedido, mas com freqüência, ele acha que você quer outra coisa e o executa de maneira errada;

- Tem que atualizar todos os dias, ou seja, levado ao mundo destes personagens, todos os dias tem que chamar a atenção por algum motivo, atualizá-los para que consigam desempenhar de forma aceitável suas funções;

- Existe em diversas versões, a versão Starter é o estagiário que finalmente não faz nada, (refiro-me a alguns, a muitos, geralmente), a versão Home é barata, mas só serve para trabalhar em casa e a versão Professional é muito cara e não tem ética;

- Adora entrar em modo SLEEP, é só virar as costas, que ... É preguiçoso por natureza;

- Você manda executar uma tarefa, ele leva um tempão, para depois relatar que encontrou um problema e não pode continuar. Aí, você manda um relatório para o chefe do funcionário e não adianta nada, é todo um derradeiro de justificativas sem explicações e concordâncias, que acabam por elevar o nível do teu xingômetro;

- Tudo que você pede para fazer ele quer confirmação "tem certeza?", até para as ações mais óbvias e triviais;

- É cheio de recursos, porém você só usa as ofertas dos outros: "Vem com o IEXPLORER, mas funciona melhor com o FIREFOX", ou seja, tudo aquilo que ele prometeu, toda aquela bagagem, serviu só como anúncio, sem utilidade prática alguma;

- Diversas vezes para ele fica todo azul, tudo em paz, azul da cor do mar e não faz mais nada, colocando a culpa em um monte de interrupções que não estava esperando, e ninguém descobre quê interrupções são essas.

- É cheio de vulnerabilidades, freqüentemente libera todas as informações para todos de dentro e fora da empresa, vira um fofoqueiro de primeira, de comportamento inconseqüente e incoerente;

- Se passar mais de uma tarefa fica extremamente lento;

- Tem a capacidade de sem mais nem menos, acabar com todo o teu trabalho e o dos outros;

- Tem que inspecionar todo dia, senão ele pega um vírus e fica doente e depois é só pagar pela negligência;

- É o motivo número um da falta de atendimento: "Senhor infelizmente o meu sistema está fora do ar";

- Não trabalha sem ajuda, se pára de trabalhar a culpa é do servidor...;

- Adora "DELL´s"

Como será o futuro que está nos umbrais, como bem diria o Rey? O quê nos espera amanhã?

Homens trabalhando como máquinas, ou máquinas tentando trabalhar melhor do que homens?

Apesar de nossa tentativa em mostrar quão parecidas com humanos ou cheias de erros as máquinas podem ser, elas se tornam "sociáveis" ao conseguirem conversar com centenas de outras ao mesmo tempo, ao passo em que nós, meros seres humanos e criadores destas, só conseguimos proceder ao tratamento de uma comunicação de cada vez.

Nossa grande vantagem é que, por enquanto, as máquinas por mais que conversem entre si são incapazes de processar as críticas, mas a Inteligência Artificial as ajudará a inferir conhecimento, ainda que seja difícil imaginar um programa tentando aprender a partir de "SPAMS de críticas e ensinamentos".

Para nossa felicidade, a maioria de nós temos uma rotina com opções de questionamentos, que nos permitem verificar se estamos no melhor caminho, com condições de alterá-lo de forma certa ou errada, o que é muito relativo, pois não devemos considerar como saudáveis aos indivíduos perfeitamente adaptados a uma sociedade insana.

Por fortuna, na maioria das organizações podemos contar com uma proporção mais positiva de bons colaboradores e que se tiverem alguma semelhança com o comportamento de Sistemas Operacionais, com certeza seria com aqueles que têm melhor desempenho ou até com os ruins, nos seus melhores momentos, com suas melhores características.

Nada é absoluto. Sistemas operacionais e profissionais imperfeitos têm seus aspectos positivos também.