“PROFESSORA SIM, TIA NÃO”: A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE ESCOLAR SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA PAULO FREIRIANA

Por VALDENI GALVÃO DA SILVA | 25/10/2018 | Educação

“PROFESSORA SIM, TIA NÃO”: A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE ESCOLAR SOBRE O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA PAULO FREIRIANA

Valdeni Galvão da SILVA

RESUMO

Este artigo busca apresentar reflexões acerca da influência das relações afetivas entre professores e alunos no decorrer do processo de ensino-aprendizagem, abrangendo o cenário dos anos iniciais do ensino fundamental. Objetiva-se atrelar a temática às teorias de estudiosos e educadores renomados da área acerca afetividade no processo de aprendizagem, tendo como referência uma das principais obras de Paulo Feire “Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar”. Para tanto, o presente estudo conta com a pesquisa bibliográfica, de forma a contrastá-la com as expressões de ensino vigentes no município de Guamaré/RN. É notório que a criança, ao longo do processo de aprendizagem, atribua ao profissional que a acompanha traços de afetividade determinantes ao seu aprendizado. Essa atribuição deve ser levando em conta, tendo em vista o caráter formador do aprendiz, sendo que, ao saber lidar e diferenciar estas emoções, a perspectiva de aquisição da aprendizagem será mais fluente, pois o aprendiz conseguirá discernir o professor de um familiar e não confundir tais papéis em sua vida. O professor se torna peça fundamental para a aprendizagem de seus alunos em fase inicial, atribuindo à afetividade um elemento a favor desse processo. Por meio desta pesquisa realizada em uma instituição de ensino público de Guamaré/RN, pode-se identificar que a afetividade é um fator que requer atenção e não pode ser subestimado, pois as expressões das crianças deixam claro que a afetividade possui espaço relevante em sua vida e, consequentemente, em sua aprendizagem, principalmente em ambiente escolar, seja através das brincadeiras com os colegas no recreio quanto através da aula do professor.

Palavras-chave: Processo de aprendizagem. Afetividade. Paulo Freire.

 

INTRODUÇÃO

Mesmo situados em tempos modernos, muitos educadores resistem ao reconhecimento do sentimentalismo sobre os processos de aprendizagem dos aprendizes. No entanto, faz-se necessário que aqueles que já compreendem essa nova visão de influenciar aqueles que ainda ignoram. É indispensável referenciar estudiosos renomados como VYGOTSKY, FREIRE, CHALITA, WALLON, ROSSINI que desenvolveram ao longo de anos de observação suas teorias sobre as práticas pedagógicas e vivência em sala de aula.

Os estudos comprovam o significativo potencial cognitivo que as emoções das crianças exercem sobre seus processos de aprendizagem. A criança, desde seu nascimento, recebe influencias afetivas e isto ocorre, em diferentes níveis, na escola. Para Xavier (2014) “Os vínculos emocionais que se formam desde o nascimento, influenciam no desenvolvimento da personalidade, do autoconceito e da autoestima do indivíduo, proporcionando-lhe ferramentas necessárias à aquisição da aprendizagem e sua conservação”.

Segundo o Wallon (s/d) educador e médico francês:

Quando uma mãe abre os braços para receber um bebê que dá seus primeiros passos, expressa com gestos a intenção de acolhê-lo e ele reage caminhando em sua direção. Com esse movimento, a criança amplia seu conhecimento e é estimulada a aprender a andar. Assim como ela, toda pessoa é afetada tanto por elementos externos - o olhar do outro, um objeto que chama a atenção, uma informação que recebe do meio - quanto por sensações internas - medo, alegria, fome - e responde a eles. Essa condição humana recebe o nome de afetividade e é crucial para o desenvolvimento. Diferentemente do que se pensa, o conceito não é sinônimo de carinho e amor (WALLON; s/d).

A questão da afetividade encontra-se em todos os momentos das relações humanas, seja em casa, na escola ou no trabalho. Assim, especialmente, na escola não é diferente. Este ambiente está repleto de relações afetivas entre amizades e respeito mútuo.

Cunha (2008) expõe que:

Em qualquer circunstância, o primeiro caminho para a conquista da atenção do aprendiz é o afeto. Ele é um meio facilitador para a educação. Irrompe em lugares que, muitas vezes estão fechadas as possibilidades acadêmicas. Considerando o nível de dispersão, familiares e pessoais e até os comportamentos agressivos na escola hoje em dia, seria difícil encontrar outro mecanismo de auxílio ao professor, mais eficaz (CUNHA; 2008, p.51).

Para tanto, o profissional da educação deve estar preparado para lidar com diferentes emoções expressas na escola pelos alunos, sejam elas alegria, raiva, tristeza, apreensão, timidez, revolta, dentre outros. Saber lidar com estas expressões emotivas também faz parte do processo de ensino aprendizagem, sendo que saber lidar com as mesmas fará com que aprendiz adquira confiança no professor.

Para a realização do estudo, utilizou-se a observação participante que, segundo Silveira (2003) “requer um certo tempo, um certo envolvimento e uma descrição maior dos fatos e atitudes mais flexíveis de coleta e de entendimento da realidade estudada, pois, esta não tem como pretensão a mudança desta realidade pesquisada.”

Desta forma, a elaboração deste estudo propôs-se observar o comportamento discente e o posicionamento do educador perante o alunado, especificamente, em uma turma de quinto ano de uma escola da rede municipal de Guamaré/RN. [...]

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