Procuram-se culpados!
Por Isabel Lima | 11/04/2012 | BíbliaDiante dos sonhos que falharam, diante dos desapontamentos, diante dos objetivos não alcançados, diante dos planejamentos não concretizados, diante do casamento destruído, do filho viciado, do emprego perdido, etc, a tendência é sempre procurarmos culpados.
A inclinação humana é sempre achar culpados, ante as mudanças e variações das coisas: seja Deus, esposo(a), filhos, pais, amigos, vizinhos, irmãos da igreja, o Pastor, chefe, colegas, etc. Jesus preveniu-nos: “No mundo tereis aflições” (Jó 16.33), mas em nenhum momento Ele disse que diante das aflições deveriamos buscar culpados, porém, ordenou-nos sabiamente que houvesse “bom animo diante das tais aflições”.
Isso ocorreu com nossos primeiros pais Adão e Eva e ocorre até hoje, Há uma disposição para isentar-nos de culpas e acharmos culpados quando as coisas não dão certo. Adão ao desobedecer a Deus e comer do fruto proibido e ser descoberto e interrogado por Deus, não assumiu a sua culpa e apontou o dedo para Eva, sua ajudadora: “A mulher que tu me deste, ela me deu da árvore, e comi” (Gn 3.12). Não diferente de Adão agiu Eva, quando Deus a interrogou, fugindo de suas responsabilidades e culpando a serpente: “A serpente me enganou, e eu comi” (Gn 3.13). Realmente, a serpente a havia influenciado, mas ela esqueceu-se que Deus a havia dotado de “livre arbítrio" ou direito de fazer escolhas: de obedecer, de desobedecer, de comer, de não comer, de dizer sim, dizer não. Ela poderia ter rejeitado o fruto, assim como Adão, mas optaram por comê-lo conscientes de que desobedeciam a Deus.
Jesus, quando tentado no deserto fez uso de seu livre arbítrio para rejeitar todas as ofertas propostas por Satanás. (Mt 4.1-11). Aqui aprendemos uma lição: o diabo nem sempre tem culpa de tudo que acontece em nossas vidas. O ser humano é dotado de liberdade como era Adão, como era Eva e como era Jesus, liberdade para escolher o seu caminho. Adão e Eva, como seres livres, ouvem a voz da serpente e escolhem o caminho da desobediência, Jesus, como um ser livre, rejeita as propostas de Satanás e escolhe o caminho da obediência.
Dores, angústias, tristezas, provações, etc, fazem parte do caminhar peregrino aqui nesta terra. Em oração, devemos pedir a Deus, que o seu Santo Espírito venha ajudar-nos diante das nossas fraquezas, pois Ele "intercede por nós com gemidos inexprimíveis" (Rm 8.26).
Diz a Palavra de Deus, “A sabedoria é Suprema” (Pv 4.7). Se algum de vós tem falta...peça-a a Deus" (Tg 1.5). A sabedoria leva a um crescer contínuo, “a vereda do justo, é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18). Como cidadãos e cristãos, em pleno desenvolvimento humano e espiritual, devemos pedir a Deus muita sabedoria, sempre, para assumirmos falhas, erros e parcelas de culpas diante dos acontecimentos da vida.
Repito, a tendência do ser humano quando algo sai errado em sua vida, quando algo foge de seu controle, é achar culpados, principalmente os que estão mais próximos. Nunca esquecer que, muitas vezes, a parcela de culpa do que acusa é igual ou ainda maior daqueles que estão sendo acusados, daqueles que são considerado como os maiores causadores das grandes dores e dos grandes males alheios.
Alguns tentam enganar o próprio Deus, ao isentar-se de toda e qualquer culpa, e o pior, tenta enganar-se si mesmo, já que Deus não se deixa enganar. Fazem-se vitimas do destino, reclamam da vida: “ó céus, ó dor! Nada dá certo para mim”, mas nunca pararam para se autoavaliar, ter um olhar introspectivo, não mentir para si próprio. É muito difícil o ser humano olhar para dentro de si, dói na alma assumir mazelas interiores.
Enquanto nesta vida, pessoas não assumirem diante de Deus, e muitas vezes diante daqueles nas quais elas apontam o dedo como “culpados”, e principalmente diante delas próprias, que também têm defeitos e muitas vezes não são tão inocentes como pensam, sendo também causadores de males e decepção a outros que estão à sua volta, Deus não poderá e não terá como trabalhar em suas vidas.
Jesus foi traído por um amigo, negado por outro, abandonado por todos, e em nenhum momento disse que estava na cruz por causa de A ou B. Que cada cristão possa ter o caráter de Cristo e não viver a apontar o dedo para outros, pois enquanto apontarmos o dedo para o nosso próximo, ainda existem três dedos apontados em nossa direção e um dedo apontado para Deus.
Que o Senhor Jesus nos ajude a seguirmos avante, libertos da escravidão do passado, libertos da procura de culpados para as coisas que não aconteceram e não saíram como era sonhado ou idealizado em nossas vidas.
“Esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para alvo, pelo premio da soberana vocação em Cristo Jesus” (Fp 3.13)