PROCESSO DE DESINDUSTRIALIZAÇÃO NO BRASIL NOS ANOS 2000: MITO OU REALIDADE
Por Diogo dos Reis Cordeiro | 09/02/2018 | EconomiaO crescimento econômico é assunto presente nas discussões acadêmicas, é observado a necessidade de desenvolver uma política industrial, dado o seu fraco desempenho nacional, e a ameaça de uma possível desindustrialização precoce na economia brasileira. A indústria representa de forma significativa o grau de maturação da economia e do desenvolvimento tecnológico do país. (FERNANDEZ 2015).
O crescimento do PIB entre 2004 e 2011 foi promovido pela apreciação do câmbio, que segurou a inflação, e uma crescente demanda interna propiciada pelo alto volume de exportações de commodities movidos pelo aumento nos preços. Com a redução dos preços das commodities a partir de 2011, “o influxo de capital externo reduziu-se em função do maior risco do cenário internacional. A disponibilidade de mão de obra diminuiu e o câmbio se depreciou”. (BACHA, 2013; p. 3). O PIB não resistiu a essas pressões, reduziu o ritmo de crescimento até apresentar recessão.
Segundo Silva (2014), o debate sobre a desindustrialização no Brasil, na última década, foi motivado pela percepção da redução da participação da indústria de transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O autor relata que, enquanto os economistas heterodoxos reconhecem a ocorrência do fenômeno, os economistas ortodoxos escolhem acreditar no aspecto natural por trás desse desenvolvimento, e que a razão da desaceleração se dá na implementação excessiva de políticas macroeconômicas voltadas para a demanda. Silva (2014), ao desenvolver o artigo munido de dados relativos à indústria, chama a atenção para a dificuldade de se identificar o perfil da desindustrialização como sendo precoce, em razão dos subsetores da indústria atuarem de forma diferente aos indicadores tradicionais da desindustrialização.
Para Bacha (2013), a solução para retomar o desenvolvimento está na ampliação das relações de comércio internacional, baseada na reforma tributária e fiscal, na integração através de acordos econômicos e no câmbio. Fernandez (2015), considera que a retomada do investimento em infraestrutura seria o impulso para a retomada dos investimentos privados na indústria e através dele o país daria um salto tecnológico pela redução dos custos totais. Já Silva (2014), defende que a modernização da indústria deve ser implementada por incentivos à inovação com apreciação cambial, políticas de créditos diferenciados a setores específicos, incentivos fiscais com reduções de impostos sobre importações, além de políticas econômicas de estímulos à demanda para diluir o risco inerente de cada atividade, ou aumentar as chances do resultado esperado ser efetivado.