Principais causas da Dislexia.

Por cristiane nunes | 26/06/2011 | Educação

Dislexia no Contexto Escolar: Um Estudo de Caso

Cristiane Aparecida Nunes Santos
Resumo:
O presente artigo é um estudo de caso que tem a problemática de identificar as conseqüências da dislexia na aquisição da leitura no contexto escolar, como objetivo analisar as principais características da dislexia no processo de ensino e aprendizagem tendo como fonte de pesquisa um aluno de 08 anos, cujo pseudônimo é M D, cursando o 2º ano do Ensino Fundamental de determinada escola da rede Estadual de ensino em Montes Claros, que se caracteriza como universo desta pesquisa descritiva. A metodologia utilizada para este trabalho foi estudo bibliográfico e trabalho de campo de cunho exploratório. Diante dos resultados obtidos neste estudo de caso, percebe-se que a principal dificuldade do aluno disléxico é a codificação e decodificação das palavras. Foi constatado que o papel do educador é de fundamental importância no auxílio ao diagnóstico da dislexia, haja visto que o mesmo só é possível no âmbito escolar, quando a criança inicia o processo de ensino-aprendizagem. É importante que o professor esteja bem orientado para distinguir uma criança disléxica de uma outra normal, portando outro distúrbio de aprendizagem que não seja a dislexia. Sendo diagnosticada no período escolar, a dislexia pode ser amenizada através de tratamento e acompanhamento multidisciplinar, bem como metodologia e didática adequada as necessidades do aluno disléxico, daí a importância da escola, tanto no diagnóstico quanto nas demais ações, tendo em vista proporcionar ao aluno a superação das dificuldades pertinentes a distúrbio.

Palavras-chave: Dislexia. Contexto escolar. Dificuldade em leitura. Pedagogia. Montes Claros.
Abstract:
The present article is a case study that has as objective to identify the consequences of the dislexia in the acquisition of the reading in the pertaining to school context, having as research source a pupil of 08 years, whose pseudonym it is M D, attending a course 2º year of Basic Ensino of determined school of the State net of education in Clear Mounts, that if characterizes as universe of this descriptive research. The methodology used for this work was bibliographical study and work of field of exploratório matrix. Ahead of the results gotten in this study of case, one perceives that the main difficulty of the disléxico pupil is the codification and decoding of the words. It was evidenced that the paper of the educator is of basic importance in the aid to the diagnosis of the dislexia, has since the same alone it is possible in the pertaining to school scope, when the child initiates the teach-learning process. It is important that the professor well is guided to distinguish a disléxica child from one another normal one, carrying another riot of learning that is not the dislexia. Being diagnosised in the pertaining to school period, the dislexia can be brightened up through treatment and accompaniment to multidiscipline, as well as methodology and adequate didactics the necessities of the disléxico pupil, from there the importance of the school, as much in the diagnosis how much in the too much actions, in view of providing to the pupil the overcoming of the pertinent difficulties the riot.


key -Word: Dislexia. Pertaining to school context. Difficulty in reading. Pedagogia. Clear Mounts.

1.Introdução

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, 8% da população mundial é disléxica. O número sobe para 15% em pesquisas realizadas pela Associação Brasileira de Dislexia. Pode-se considerar ainda que a dislexia ocorra aproximadamente entre 3% a 17,5% da população, variando a sua incidência de acordo com a idade e língua mãe do sujeito, sendo várias as teorias sobre as causas da dislexia. Sendo assim a incidência de crianças disléxicas no cotidiano escolar pode apresentar-se elevada, de forma que há a necessidade de se criar estratégias de intervenção a fim de amenizar os sintomas deste transtorno.
O presente trabalho é um estudo de caso cujo objetivo é identificar as conseqüências da dislexia no contexto escolar. Em busca de respostas ao problema levantado a metodologia utilizada foi estudo bibliográfico, onde foram pesquisados autores como Olivier (2007), Shaywitz (2006), Teberosky (2003), caracterizando a pesquisa como bibliográfica, e trabalho de campo de cunho exploratório com base em relatórios fornecidos pela escola e equipe multidisciplinar, bem como fichas de observação caracterizando o estudo de caso. Quanto ao problema, esta pesquisa se mostra qualitativa e descritiva.
Através deste estudo de caso será possível um melhor aprofundamento na compreensão acerca das dificuldades de aprendizagem e aquisição do código escrito enfrentadas pelos alunos disléxicos em sala de aula, uma vez que poderá contribuir com esclarecimentos e orientações a todos que, de certa maneira, encontram-se envolvidos com a problemática da dislexia, quer sejam pais, educadores entre outros.
O indivíduo em estudo tem acompanhamento de equipe pedagógica da escola que aplica uma didática diferenciada ao mesmo, visando estimular sua aprendizagem, criando atividades diversificadas para que haja um comprometimento durante sua aprendizagem. Também é de suma importância o trabalho da família junto à escola, tanto no tratamento quanto da socialização. O tratamento não promove cura, mas, ameniza as conseqüências da dislexia proporcionando ao aluno assistido uma vida escolar mais tranqüila.
O presente estudo tem o intuito de contribuir com os profissionais da educação, principalmente professores no processo de ensino-aprendizagem do aluno disléxico, podendo assim, promover uma aprendizagem satisfatória.

1. Dislexia: O Sucesso Inesperado

Uma etapa muito importante na vida escolar de uma criança é a aquisição do código escrito, entretanto, algumas crianças não conseguem apropriar-se desse código e passam a ver a linguagem escrita como algo impossível de ser apreendido. Inserida nesse contexto de dificuldades na apropriação do código escrito está à dislexia. Uma vez que o aluno disléxico é portador de Necessidades Educacionais Especiais (NEE) os mesmos estão amparados pela Lei nº. 9394/96 que, no Artigo 5º garante ao aluno o acesso à rede regular de ensino e condições de permanência na mesma, sendo também amparados pela ECA (Estatuto da Criança e Adolescente ? Lei nº. 8069 de 13 de julgo de 1990), que também assegura ao aluno o direito de exigir uma avaliação adequada a suas necessidades.
Identificada pela primeira vez em Berlan em 1881, o termo dislexia foi usado em 1887 por Rudolf Berlin, um oftalmologista alemão que usou este termo para se referir a um jovem que apresentava grande dificuldade no aprendizado da leitura e escrita e ao mesmo tempo apresentava habilidades intelectuais normais em todos os outros aspectos. O termo dislexia refere-se a um conjunto de alterações que têm em comum uma perturbação ou atraso na aquisição, aprendizagem ou processamento da leitura, na ausência de qualquer outra limitação ou alteração das capacidades intelectuais.
Segundo Furtado (2008), a dislexia pode ser adquirida ? quando surge na seqüência de traumatismo ou lesão cerebral, ou de desenvolvimento - perturbação ou atraso na aquisição da leitura. No entanto, a dislexia adquirida surge quando o indivíduo sofre algum tipo de lesão cerebral. A dislexia pode ser adquirida , quando o individuo passa por algum tipo de trauma o chamado Avc ( acidente vascular cerebral), podendo o indivíduo ter dificuldade em leituras, porém, na dislexia adquirida tem cura e indivíduo pode levar uma vida normal sem uso de medicamentos ou fazer acompanhamentos multidiciplinares.
Para Fichot (1995), a Dislexia é caracterizada pela dificuldade na aprendizagem e decodificação das palavras na leitura precisa e fluente e na fala. Pessoas disléxicas apresentam dificuldades na associação do som com a letra, também não conseguem identificar algumas letras e até mesmo escrevem-nas na ordem inversa. Sendo a dislexia decorrente de uma defasagem no lado esquerdo do cérebro ela leva ao desenvolvimento de habilidades associadas ao hemisfério direito do cérebro, apesar de não haver um consenso dos cientistas sobre as causas da dislexia, pesquisas recentes apontam fortes evidencias neurológicas para a dislexia, outro fator que vem sendo estudado é a exposição do feto a doses exageradas de testosterona (hormônio masculino) durante sua formação. A dislexia pode se explicada por causas físicas, químicas, genéticas ou hormonais.
De acordo com Furtado (2008), as teorias que defendem as deficiências no sistema visual como causa da dislexia são muito populares, no entanto, para além de confundirem os aspectos visuais e verbais da leitura, não apresentam suporte empírico, já que a maioria dos estudos realizados controlando a influência das variáveis verbais leva à conclusão de que o sujeito disléxico quer os sujeitos ditos normais, possuem capacidades visuais semelhantes. Essa abordagem da dislexia é uma condição que se manifesta por toda a vida não havendo cura, em alguns casos remédios e estratégias de compensação que auxiliam os disléxicos a conviver melhor e criar alternativas para superar suas dificuldades.


2. Tipos de Dislexia e Suas Conseqüências.


Os primeiros relatos de que se tem noticia acerca de crianças com dificuldade na aquisição da leitura datam do final do século XIX, quando médicos da localização rural de Leaford Inglaterra, e da parte central da Escócia, escreveram artigos que falavam de crianças brilhantes, mas que embora dotadas de tamanha inteligência não conseguissem aprender a ler Shawitz (2006) captou os elementos básicos, característicos do que hoje chamamos de Dislexia do desenvolvimento.
Nesse período, a hoje chamada dislexia era conhecida como cegueira verbal caracterizada pela disfunção de desenvolvimento que ocorre em crianças saudáveis. À medida que o tempo passava iam se desenvolvendo casos de crianças e adultos que liam normalmente, mas que após sofrerem derrames, tumores ou lesões traumáticas, perderam a capacidade de ler, o que poderia caracterizar hoje a dislexia adquirida. Existem vários tipo de dislexia, algumas ainda nem estudadas.
Olivier (2007) afirma que existem no mínimo, três tipos de dislexia classificando-as segundo a psicopedagogia pela visão da Neuropsicologia. São elas:
1-Dislexia Congênita ou Inata: È aquela que o indivíduo já nasce com ela, sendo como algo hereditário podendo ter vários tipos de variações e características próprias como, por exemplo, uma comprovada alteração hemisférica, onde os hemisféricos encontram-se invertidos ou em igualdade ou até por uma alteração de alguns cromossomos. A luz das idéias de Shaywitz (2006), diz que as conseqüência desta alteração o individuo disléxico tem pouca ou nenhuma habilidade para a aquisição de leitura e de escrita e geralmente, não chega a ser alfabetizado, e, quando conseguem ser alfabetizados tem dificuldade e até mesmo não conseguem escrever palavras ou ler por muito tempo e, quando termina de ler e escrever já não se lembra de nada; esse tipo de dislexia é de certa forma, irreversível, mas pode ser controlada e direcionada se for tratada por uma junta de profissionais, o que é chamado de tratamento Multidisciplinar, envolvendo sempre psicopedagogos, Neurologistas, fonoaudiólogos e Psiquiatras quando neste caso o grau da dislexia for maior.
2- Dislexia Adquirida: È a que vem por meio de um acidente qualquer, como por exemplo, Anoxia Perinatal. Anoxia é a diminuição ou ausência de oxigenação no cérebro ou também conhecido como Acidente vascular Cerebral (Derrame - AVC).
Segundo Olivier (2007), no caso da anoxia perinatal, a criança poderá apresentar dificuldades significativas no aprendizado em vários níveis e, conseqüentemente, apresentar a dislexia ao ser alfabetizada, para isto, deverá haver um tratamento multidisciplinar que deverá iniciar-se por um psicopedagogo que avaliará o caso e indicará ao profissional para tratamento.
Entretanto, em caso de anoxia por afogamento, AVC ou outros acidentes que possam deixar seqüelas o indivíduo que possuía habilidade na leitura e escrevia normalmente passa a apresentar dislexia, tento colapsos de memória e muita dificuldade em ler e escrever, seu tratamento deverá começar somente após analisar todo histórico de vida do paciente e do acidente e se possui alguma seqüela, em caso do acidente afetar a lateralidade, fala ou audição será necessário um fonoaudiólogo e otorrinolaringologista, no caso da dislexia adquirida enquanto o indivíduo estiver disléxico ele pode se adaptar a sua rotina diária normal, seguindo seu tratamento correto poderá obter cura ou boa melhora já que a dislexia não envolve alterações hemisféricas nem dos cromossomos.
3-Dislexia Ocasional: È causada por fatores externos que aparecem ocasionalmente causada por esgotamento do Sistema Nervoso, o chamado estresse, atividade em excesso, TPM ou Hipertensão sendo casos raros, se for diagnosticada esse tipo de dislexia não haverá tratamento basta o indivíduo fazer apenas repouso ou tirar férias mudando sua rotina diária, cita-se também a dislexia causada pelo despreparo do professor, de acordo com Condemarin (1987), a atuação do docente não qualificado para o ensino da língua materna ou sem formação pedagógica, que desconheça a fonologia aplicada à alfabetização ou conhecimentos lingüísticos e metalingüísticos aplicados aos processos de leitura e escrita pode acarretar no aluno a dislexia.
Ellis (1995) usou o termo dislexia para se referir ao que considerava uma forma especial de cegueira verbal em adultos que perderam tal capacidade de ler após sofrerem determinada lesão cerebral, caso a lesão fosse total, seguir-se-ia uma incapacidade absoluta de leitura, a alexia adquirida.
Shaywitz (2006), depois de examinar um número significativo de crianças constatou que esse distúrbio era muito mais comum do que se pensava, chegando a conclusão de que muitas vezes a raridade de casos devia-se ao fato de que quando ocorriam nem ao menos eram registrados.
Após muitos estudos a dislexia passou a ser cada vez mais percebida e relatada por médicos da Grã-bretanha, Holanda, Alemanha e França, logo, a consciência do distúrbio cruzou o Atlântico, chegando até a América do Sul, Buenos Aires e depois aos Estados Unidos. "São abundantes e constantes os casos de dificuldades inesperadas de leituras, presentes em crianças e adultos, médicos e especialistas de diversas áreas." (SHAYWITS, 2006, p. 45).
A dislexia é um transtorno que é causado por um distúrbio do lado esquerdo do cérebro, esta não tem cura e sim tratamento. Ela não é um problema de inteligência e nem deficiência auditiva ou visual, muito menos de linguagem que apresenta na fala e escrita, ela é identificada nos momentos iniciais de aprendizagem da leitura e escrita, sendo uma dificuldade específica nos processamentos da linguagem para reconhecer é reproduzir, identificar, associar e ordenar os sons e as formas das letras. Para Olivier (2008) é preciso para definitivamente de imaginar que a dislexia faz trocar letras.

O que acontece com o disléxico é que na maioria dos casos, ele não identifica sinais gráficos, letras ou qualquer código que caracterize um texto. Portanto, ele não troca as letras, porque seu cérebro sequer identifica o que seja uma letra. Se invertem letras é simplesmente porque nem sabem o que são letras e silabas e não porque "troca letras,"como se insiste em divulgar.(OLIVIER,2007 p.56)

Ser disléxico não é culpa de ninguém, deve-se citar a dislexia como uma dificuldade de decodificação e codificação da linguagem que necessita de tratamento por profissionais especializados.
Segundo Shaywitz (2006), pode se compreender que um bom desempenho na leitura provém do equilíbrio entre o desenvolvimento das operações da leitura, decodificação e compreensão, interagindo com o desenvolvimento do pensamento e da linguagem, associar letras e sons correspondentes, organizar, seqüênciar e encadear esta corrente são o caminho percorrido para se aprender a palavra escrita, quanto mais a leitura e escrita são necessárias na vida escolar, mais a dislexia se revela sendo confundida muitas vezes, como problemas gerais de aprendizagem.
De acordo com Fichot (1978)

"Confusões resultantes de dificuldades de discriminação (...); confusões na diferenciação auditiva dos sons (...); dificuldades de orientação no espaço e de sucessão temporal (...); leitura sem ligação, silabada, precipitada; os cortes são inadequados, as palavras mal agrupadas (...); aprendizagem da escrita é igualmente difícil (...). O grafismo é geralmente defeituoso: os caracteres são desiguais, o traçado irregular as letras mal dispostas" (FICHOT, 1978, p.21-23).

Os portadores de dislexia passam por grandes dificuldades e discriminações durante o processo de alfabetização, onde muitas vezes não conseguem ver ou ouvir com clareza as solicitações que são feitas pelos professores, tendo uma grafia feia e sem ordem.
A orientação cognitivista defendia que primeiro era necessário fazer a aprendizagem de habilidades de codificação, até se conseguir a automatização do código, e que, depois, se faria a compreensão, separando o processo de aprendizagem entre ?? aprender a ler??e ??entender o que se lê??(TEBEROSKY, COLOMBER, 2003, p.64).
Geralmente as pessoas que apresentam dislexia têm dificuldades de aprendizagem por que tem problemas específicos de linguagem, não por questões emocionais, lógico-operatorias ou sócio-culturais. A dificuldade específica no processamento lingüístico, que tem a leitura e a escrita com suas ferramentas principais, o valor da intervenção precoce no caso de suspeitas de fatores disléxicos, fala por si mesma.
Para Teberosky (2003), só pode se considerar que alguém seja disléxico após dois anos de vivência, antes desse período podemos detectar dificuldades ou transtornos de leitura tendo vários sinais visíveis no comportamento e nos caderno das crianças, os pais e educadores podem auxiliar a identificar precocemente alguns dos sinais preceptivos da dislexia. Daí o papel da escola no diagnóstico do aluno disléxico, pois, é no ambiente escolar que se identifica esse problema. A intervenção dos professores é de fundamental importância para se identificar a dislexia e não confundi-la com outros distúrbios.
Olivier (2007) afirma que a dislexia pode ser associada a quadros de déficit de atenção o (DDA), mas nem todo déficit de atenção é acompanhado de dislexia. Pode-se citar algumas dificuldades:
? Demoram nas aquisições e desenvolvimento da linguagem oral, dificuldades de expressão e compreensão, alterações persistentes na fala;
? Copia e escreve números e letras inadequadamente;
? Dificuldades para organizar-se no tempo, reconhecer as horas, dias da semana e meses do ano;
? Dificuldades para organizar seqüências espaciais e temporais, ordenar as letras do alfabeto, silabas em palavras longas seqüência de fatos;
? Pouco tempo de atenção nas atividades, ainda que sejam muitos interessantes;
? Dificuldades em memorização de fatos recentes números de telefones e recados;
? Severas dificuldades para organizar a agenda escolar ou da rotina diária;
? Dificuldades em participar de brincadeiras coletivas;
? Pouco interessado em escuta de historias.
Segundo Shaywitz (2006) é preciso ter uma atenção especial à crianças que gostam de conversar, são curiosas entendem e falam bem, mas que aparentam desinteresse em ler e escrever, uma criança que aparenta não saber resolver um problema matemático por escrito poderá ter um desempenho surpreendente quando o mesmo problema lhe é apresentado oralmente; esta situação exemplifica como podemos confundir os sinais da dificuldade na aprendizagem. Deve-se ter uma atenção especial na observação dos primeiros sintomas da dislexia, e logo que se suspeitar, encaminhar a criança para tratamento.


A maior parte dos pais e dos professores atrasa a avaliação de uma criança com dificuldade de leitura porque acreditam que os problemas são apenas temporários e serão superados. Isso, absolutamente não é verdade. Os problemas de leitura não são superados, pois são persistentes. Como os participantes do Connecticut Longitudinal Study demonstraram, pelo menos três de cada quatro crianças que lêem com dificuldade na 3º série terão problemas no ensino médio e depois dele. O que pode parecer tolerável e ignorável em um aluno de terceira série certamente não será um aluno do ensino médio. Sem identificação e a intervenção devida, todas as crianças que cedo tem dificuldades de leitura certamente terão de lutar para ler no futuro (SHAYWITZ, 2006, p. 101-102).


É possível compreender a dislexia como um problema complexo que tem suas raízes nos mesmos sistemas cerebrais que permitem ao homem entender e expressar-se pela linguagem. È um distúrbio que afeta o lado esquerdo do cérebro, sendo assim, pessoas dislexias apresentam um funcionamento peculiar do cérebro para processar dados lingüísticos relacionados à leitura.
Shaywitz (2006) aponta que os primeiros sinais estão em maioria relacionados à fala, sendo o primeiro sinal de um problema de linguagem e de leitura o fato de uma criança demorar a falar.

O primeiro sinal indicativo da dislexia pode ser um atraso na fala. Como regra geral às crianças dizem suas primeiras palavras por volta de 1ano e as primeiras frases por volta de 1ano e 6 meses a 2anos. As crianças vulneráveis à dislexia talvez não comecem a pronunciar as primeiras palavras antes cerca de um ano e 3 meses de vida e talvez não pronunciem frases antes de completar 2 anos. O atraso é modesto, e os pais em geral o atribuem a um histórico familiar de começar a falar mais tardiamente. (SHAWITZ, 2006 p. 84).

Os pais devem prestar atenção na criança deste a primeira fase onde começar-se a desenvolver a fala,levando sempre em consideração os erros nas palavras, é nunca achar que a criança está falando bonito porque está errado.









4. Como Trabalhar com aluno disléxico.



O professor precisa conhecer o que é a dislexia e saber como trabalhar. É comum o professorado ter um conceito errado em relação ao problema apresentado pelo aluno, considerando-o desatento, relapso, sem vontade de aprender e em muitos casos denominado preguiçoso, sendo assim, o aluno se sente incapaz, sem motivação e apresenta casos de rebeldia e agressividade, chegando a ter depressão. Segundo Furtado (2008), as escolas podem acolher estes alunos disléxicos sem precisar mudar seu projeto pedagógico curricular, é necessário apenas que alguns procedimentos didáticos sejam adequados de forma a possibilitar ao aluno o desenvolvimento de todas as suas aptidões, que são múltiplas, sendo desnecessário mudar o sistema educacional para adaptá-los.
Segundo Olivier (2007), quando a criança tem indícios de dislexia, apresenta nos anos do pré-escolar alguns problemas, tais como: dificuldades na aprendizagem de rimas infantis comuns, má pronúncia de palavras simples e persistência da chamada linguagem de bebê.
Constata ainda que a criança disléxica faça confusão de letras ou fonemas semelhantes. Além de discriminar mal sons pode também confundir os sinais gráficos . Esta confusão de símbolos torna a leitura incompreensível, é possível perceber ainda dificuldades na construção das palavras, no momento de construção de redações. O texto geralmente é breve, o pensamento limitado, a ordenação das palavras é falha e a pontuação é anormal. O distúrbio faz com que a criança perca a vontade de estudar, ficando marginalizada na turma, e se tornando agressiva. Ela se sente capaz, no entanto, sem obter os mesmo resultados. "Uma criança disléxica precisa de atendimento multidisciplinar neuropsiquiátrico, psicomotor e fonoaudiológico, portanto, é fundamental as condutas preventivas" (HABIB, 2000, p.47).
Tendo perante a LDB lei que protege qualquer cidadão que possua algum tipo de distúrbio é dever do professor tratar estes alunos disléxicos com naturalidade como qualquer outro aluno dito normal, usar um linguajar objetivo e claro, falar sempre olhando nos olhos deste aluno para que ele se sinta acolhido e protegido por este educador, verificando sempre discretamente se o aluno esta conseguindo te acompanhar durante as atividades propostas, buscar compreender sua exposição durante as aulas,não colocado perante a turma em constrangimento,observar se ele esta conseguindo copiar da lousa antes de dar seqüência nas atividades. Pais e professores devem trabalhar em conjunto para que o aluno possa valorizar o que ele mesmo conseguiu fazer porque dessa forma ele sentira motivação e restaurará a sua autoconfiança. Nunca esquecendo que seu processo de alfabetização será mais lento que os demais, assim o professor deverá ter paciência com sua alfabetização.

Os professores monitoram o progresso do aluno ao longo do ano letivo, geralmente por meio de observações em sala de aula. Essas observações são úteis, mas, por si só não podem apontar com exatidão o nível que uma criança está no desenvolvimento da leitura. Por outro lado, considerados em conjunto (...), as observações da sala de aula do professor e as amostras de trabalho das crianças são uma avaliação poderosa de seu progresso e de suas necessidades (...) a criança precisa de intervenção adequada. (SHAYWITZ, 2006, p.153).


Sua avaliação deverá ter mais tempo do que quaisquer outros alunos ditos normais na hora das provas as quais aconselham-se que sejam orais. Dentro da sala de aula o educador necessita da utilização de estratégias diferenciadas, como a utilização de recursos estimulantes para que ele possa ver, sentir, ouvir e manusear como jogos, cartazes, cds, usar a oralidade desse aluno para que ele possa obter assim melhor resultado nas avaliações.
Segundo Olivier (2007), o tratamento da dislexia consiste na modificação dos métodos de ensino no ambiente educacional de forma a atender às necessidades especificas do aluno disléxico. O professor tem papel fundamental nesse processo de tratamento, eles devem ter a consciência de que é na escola que o aluno desenvolve seu aprendizado e grande parte de suas experiências de vida.
Compreender e saber quais as limitações de uma criança disléxicas é essencial para que os educadores ressaltem seus pontos fortes, como a oralidade, e trabalhem os pontos fracos. Outra boa recomendação: fazer alguma atividade física, de preferência de escolha da criança. Isso pode ajudar na reconquista da sua auto-estima, mostrando para a criança que todos têm suas dificuldades e qualidades. "De acordo com a Constituição Federal, o disléxico tem direito de receber ajuda nas leituras e de não fazer nada por escrito. As escolas e universidades são autorizadas legalmente a avaliar esses alunos apenas oralmente". (RODRIGUES, 2009, p.36).
Cabe a escola se adequar as necessidades apresentadas por estes alunos e fazerem as devidas adequações ao currículo escolar e as metodologias utilizadas.

5. Diagnóstico

Segundo Shaywitz (2006) o diagnóstico de dislexia não é simples de ser realizado, exige competência, dedicação, estudo e paciência. É necessária a participação de uma equipe multidisciplinar, na qual profissionais especializados farão avaliações minuciosas para excluir patologias psicológicas, deformidades congênitas ou adquiridas e problemas emocionais. A equipe deve ser formada por um neuropsicólogo ou psicólogo, um psicopedagogo e um fonoaudiólogo. Em alguns casos há a necessidade de consultar um psiquiatra ou um neurologista. São pedidos exames oftalmológicos específicos e audiométricos. Quando necessário, exames neurológicos também se integram à avaliação. É importante averiguar por meio de questionários o nível social em que está inserido o examinando. Um profissional apenas não deve fechar o diagnóstico de dislexia. Um erro na avaliação poderá levar a tratamentos medicamentosos desnecessários, causando sérias conseqüências.
Após definições e esclarecimentos quanto à dislexia, segue-se estudo de caso para posterior conclusão.


6. Estudo de caso

Esta pesquisa se caracteriza por um estudo de caso, que é uma investigação que se assume como particularística, debruçando-se sobre uma situação específica, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico.
Para o desenvolvimento desta pesquisa, será utilizada a técnica de observação participante com a intenção de descrever e analisar os procedimentos realizados por um aluno com dislexia durante atividades realizadas no ambiente escolar. Foram realizadas dez sessões de observação com duração de noventa minutos cada uma onde as 5 primeiras foi onde pode-se observar as dificuldades que o aluno apresentadava em seguida as outras 5 seçoes foi acesso as fichas individual do aluno e todo seu relatório de exames que MD já havia feio, através destas observações pode-se perceber as principais características é uma intervenção rápida na qual foram enfrentadas pelo aluno na construção de conceitos de leitura, tempo e espaço.
O aluno em questão é denominado aqui, de modo fictício como M D. Tem 08 anos de idade, vive com os pais e 02 irmãs em casa bem estruturada e bem localizada. O convívio familiar é harmonioso. As irmãs de M D não apresentam dificuldades de leitura e escrita. Segundo a família, M D demorou a falar.
M D é matriculado e freqüente em escola da rede pública estadual de Montes Claros. Freqüenta a escola desde o Ensino Infantil, onde segundo dados fornecidos pela escola, apresentava desempenho abaixo do esperado para uma criança dita normal. Seu rendimento não era compatível com seus esforços, uma vez que, segundo informações da escola, ele era bastante participativo e interessado nas aulas.
Às vezes queixava-se de dores de cabeça e, após consulta com oftalmologista passou a usar óculos, porém as dores de cabeça e as dificuldades persistiram também nos anos seguintes.
O rendimento escolar continuou decaindo e M D começou a apresentar dificuldades de socialização e perda de interesse nos assuntos relativos a escola. Após avaliação psicopedagógica, M D foi encaminhado a profissionais de uma equipe multidisciplinar e diagnosticado como disléxico.
Hoje tem acompanhamento de equipe multidisciplinar, metodologia adequada as suas necessidades e apresentou melhoras significativas no seu rendimento escolar.
O acesso aos arquivos de M D propiciou um melhor entendimento de sua situação educacional ao longo do período escolar vivenciado por ele. De acordo com as queixas apresentadas pela escola, M D demonstrava muita dificuldade em ler, formar sílabas, nenhum domínio de leitura ou escrita, letras invertidas e dificuldades de se situar nos dias da semana. Também começou a ficar disperso nas aulas, perdendo o interesse nas atividades, principalmente escritas, além de apresentar, em alguns momentos, dificuldades de relacionamento, ficando isolado durante algumas atividades como roda de leitura, sendo estas as principais queixas da escola.
As observações realizadas em sala de aula por esta pesquisadora serviram de subsídios e parâmetros nas análises realizadas. De acordo com os dados fornecidos pela equipe multidisciplinar que acompanha M D, foi possível perceber avanços significativos tanto na conduta do aluno M D quanto ao seu rendimento. M D é novamente participativo e comunicativo. Embora ainda apresente dificuldades ele apresentou melhoras tanto na escrita quanto leitura.
A metodologia diferenciada faz com que M D avance em sua aprendizagem. Ele é avaliado de forma oral e detêm maior atenção nas atividades de escrita. Questionado sobre suas dificuldades escolares, M D diz que não gosta muito de ler e escrever por que as letras são confusas, mas, gosta quando a professora lê em voz alta e conta histórias. M D relata que às vezes ficava com vergonha dos colegas por ainda não saber ler e escrever como eles, mas agora que melhorou nos estudos ele está deixando de ficar envergonhado. Consegue ler com auxílio de régua para leitura (material de apoio desenvolvido pela ABD ? Associação Brasileira de Dislexia), que também auxilia nas aulas de matemática.
A família de M D é presente na vida escolar do filho e acompanha de perto o seu desenvolvimento. Segundo a professora e representante da equipe multidisciplinar, o bom desempenho atual de M D se dá graças ao diagnóstico rápido e preciso da dislexia e as intervenções, tanto médicas quanto pedagógicas na vida do aluno.



7. Considerações Finais


A escolha do tema para o desenvolvimento deste estudo deu-se em função de como profissional da educação, oportunizar vivências das mais diversas situações na sala de aula onde há uma gama de subjetividades envolvidas.
Este estudo proporciona análise, entendimento e aprofundamento em torno da dislexia, buscando conscientizar a sociedade educacional a famílias da importância do tema, oportunizando a aplicação do mesmo, tanto no âmbito profissional quanto familiar.
Pode se perceber o papel fundamental do apoio da família ao aluno em questão, contribuindo para a melhoria do quadro de dislexia. Os resultados no tratamento são satisfatórios haja visto que a escola agiu rápido e prontamente na busca por descobrir o motivo de atraso educacional do aluno.
Foi constatado que o papel do educador é de fundamental importância no auxílio ao diagnóstico da dislexia, uma vez que o diagnóstico só é possível no âmbito escolar, quando a criança inicia o processo de ensino-aprendizagem. É importante que o professor esteja bem orientado para distinguir uma criança disléxica de uma outra normal, portando outro distúrbio de aprendizagem que não seja a dislexia. Pode-se ainda observar que o professor do aluno em questão tem conhecimento superficial sobre a dislexia. Durante as observações realizadas em sala de aula da escola freqüentada pelo aluno MD, juntamente com os relatórios fornecidos pela professora e equipe multidisciplinar foi possível verificar que o aluno teve melhoras significativas no quadro de aprendizagem, conseguindo superar as dificuldades inerentes a dislexia, graças ao rápido diagnóstico do quadro de dislexia bem como a metodologia de alfabetização diversificada e adequada ao aluno atendendo suas necessidades específicas, daí a importância de um diagnóstico rápido uma vez que a demora ou a falta de encaminhamento a um tratamento adequado pode prejudicar o aluno de maneira profunda.
Enfim, espera-se que este artigo possa auxiliar docentes e familiares na compreensão do aluno disléxico e na busca por melhores condições de aprendizagem para os mesmos.



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