Prestação de contas

Por Romano Dazzi | 04/06/2009 | Crônicas

Prestação de contas

 

A gente não quer ir embora sem fazer uma prestação de contas.

É uma questão de respeito para  com aqueles que confiaram em nós.

Mas não é simples.

Com o  balanço de uma empresa, é fácil. Só existe uma moeda; avalia-se o comportamento, confrontam-se  lucros  e  perdas,  previsões e  resultados, usando um  único símbolo - um cifrão - ao qual tudo é reportado e reduzido.

 

Com o ser humano é diferente.

Existem tantas maneiras – tantas moedas - para julgar-nos, que é impossível obter a unanimidade.  .

Nossas idéias  evoluem, ajustando-se ao aprendizado diário.

Nossas ações colocam em prática a evolução das idéias.

O que é correto  hoje, era péssimo ontem; e talvez seja  ótimo amanhã.

Adeus coerência, padrões, bandeiras. 

Temos que recorrer a uma  ética toda nossa, interna; mais segura, apesar de falha.

Com o mesmo ato, somos bons para uns e péssimos para outros

Certos de  realizarmos uma boa ação, podemos cometer uma maldade imperdoável.

Podemos prejudicar alguém  sem perceber e apesar de nossas boas intenções;

Seremos então julgados pelas intenções, ou pelos resultados?

Creio   que minhas intenções me levariam ao paraíso; os resultados,  ao inferno

Então, este é o primeiro item do meu balanço:

Contra um capital  de boas intenções, um patrimônio líquido de resultados negativos

 

E o arrependimento? O arrependimento sincero,  profundo, difícil; aquele que vem da alma e queima todos os falsos lucros do meu orgulho, da minha vaidade.

Este é o segundo item do balanço:

Foi-se todo o disponível - soma de muitos erros e poucos acertos – para obter  uma ligeira, modesta redução do exigível.  Nunca poderei compensar meus parentes, filhos, amigos pelo que me emprestaram, de coração aberto, a curto ou a longo prazo. Quanto mais tempo passa, mais se acumulam os encargos de minha inércia, da minha indiferença, da minha incapacidade.

 

E o disponível?  O que me sobra na alma, em bons sentimentos, em boa vontade, em disposição  ingênua de ajudar, de participar, de arregaçar mangas para construir alguma coisa boa, numa cidade, numa comunidade,  ou até mesmo num único ser?

Uma aplicação deste tipo, em lugar de desperdiçada em investimentos improdutivos, multiplicaria os meus recursos e os meus estoques.

Este é então o terceiro item do meu balanço:

Uma disponibilidade de  caixa que reflita e compense a  boa qualidade do meu produto, a sua distribuição, a sua aceitação pelos meus amigos-clientes; um “giro” intenso e proveitoso para todos.

 

Poderia continuar assim, mas seria perda de tempo.

Você entendeu o que eu quis dizer.

Pode começar a fazer seu próprio balanço. Não dá para eu lhe ajudar. Estou ocupadíssimo : decidi agir logo, mudar um monte de coisas, para não acabar entrando em uma..... “Recuperação Judicial... “

Deus me livre !!