PRECONCEITO RELIGIOSO NAS ESCOLAS E BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR

Por ILZENY BARBOSA RODRIGUES | 08/11/2017 | Educação

                      PRECONCEITO RELIGIOSO NAS ESCOLAS E BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR

 

                                                                   ILZENY BARBOSA RODRIGUES¹

                                                                   EZONÉIA ZAIONS FERRARI²

                                                                   MARIA DE LOURDES DE S. LACERDA³

 

Resumo

O ensino religioso tem nos levado a repensar sobre a diversidade religiosa presentes nas escolas pois o preconceito religioso tem prejudicado emocionalmente muito as pessoas. O ambiente escolar mostrou ser um lugar onde se propagou o preconceito religioso de forma dolorosa. Na maioria das vezes dos professores e equipe diretiva contra seus colegas de trabalho e alunos, causando constrangimento, baixo estima, desmotivação, déficit de aprendizagem e em muitos casos levando a exclusão escolar.

Palavras-chave: Preconceito religioso, escola, diversidade, desrespeito e prejuízo.

 

1 Introdução

 

            Este trabalho pretende mostrar que apesar dos avanços tecnológicos e modernidades implantadas para melhorar a educação, ainda acontece o preconceito religioso que está arraigado nos grupos hegemônicos que ditam as regras através dos currículos escolares e ações particulares de professores e equipe diretiva, despreocupados com o respeito às diversidades.

             As mudanças e a modernidade não conseguiram afastar da escola resquícios da forma tradicional e homogênea que continua reproduzindo seu modo de vida aumentando a exclusão das diversidades.

A escola delimita espaços. Servindo-se de símbolos e códigos, ela afirma o que cada um pode (ou não pode) fazer, ela separa e institui. Informa o ‘lugar’ dos pequenos e dos grandes, dos meninos e das meninas. Através de seus quadros, crucifixos, santos ou esculturas, apontam aqueles/as que deverão ser modelados e permite, também, que os sujeitos se reconheçam (ou não) nesses modelos (LOURO, 2004, p. 58. In CECCHETTI, A Questão do Outro Na Diversidade: Reflexões sobre o diferente e as diferenças na cultura da escola, p. 4).

 

Objetivos:

 

    *Geral

 

            Descrever a realidade da existência do preconceito religioso vivenciado na escola, e, que esse preconceito parte na maioria das vezes de professores e equipe diretiva contra colegas de trabalho e alunos, causando constrangimento exclusão, baixo estima, desmotivação e acarretando em perdas significativas na aprendizagem.    

 

  *Específicos

 

  • Identificar o preconceito na escola;
  • Demonstrar que o preconceito parte dos professores e equipe diretiva contra colegas e alunos;
  • Conscientizar que o preconceito causa prejuízo no desempenho e aprendizagem das atividades;
  • Contribuir para uma mudança de atitude;
  • Facilitar o convívio com as diversidades através de atividades colaborativas;
  • Divulgar as leis que asseguram direitos iguais a todos;
  • Identificar no currículo escolar a perpetuação das religiões hegemônicas.

 

    Justificativa

 

             Este trabalho pretende mostrar que existe o preconceito religioso na escola, e, que na maioria das vezes parte de professores e equipe diretiva contra colegas e alunos.

             Resolvi estudar sobre o assunto e me embasar em leis para poder entender melhor essa diversidade religiosa onde cada vez mais colegas de trabalho sofre preconceito sem saber que tem direito de reivindicar e exercer sua profissão sem sofrer atos preconceituosos, e sem violar sua  consciência ou a consciência dos alunos que não fossem participantes das religiões hegemônicas, que “detém o poder” e que acham, que por ser a maioria de corpos presentes dentro do ambiente escolar, podem exigir que todos façam aquilo que eles querem, desrespeitando assim o direito às diversidades.

       Muitos professores propõem atividades das suas religiões sem a preocupação de agir com preconceito ou excluir e até mesmo constranger colegas e alunos.

            Buscar junto à comunidade escolar, atividades que possam diminuir os efeitos emocionais negativos que o preconceito causa.

 

Amparo legal

 

                         Ao ler artigos do professor e autor Élcio Cecchetti, que trabalha muito bem os problemas relacionados com preconceito religioso nas escolas. Por exemplo, no artigo Diversidade Religiosa E Currículo Escolar: Presenças, Ausências e Desafios, publicado no evento IX ANPED SUL 2012 ( Seminário De Pesquisa Em Educação Da Região Sul), onde Cecchetti mostra que nas escolas públicas podemos “ identificar as presenças e ausências” nos currículos sobre as questões da valorização das diversidades religiosas, onde “ determinadas culturas e tradições religiosas são reconhecidas e valorizadas”, e que no entanto “ outras são exotizadas, silenciadas ou negadas” ( CECCHETTI, apud Sacristán 1995).

 Para Sacristán (1995), a ideologia burguesa moderna e capitalista continua se     projetando na escola pública, por um lado, pela configuração de currículos oficiais cada vez mais ligados às atividades econômicas e profissionais, desvalorizando as humanidades e os conhecimentos necessários ao desenvolvimento integral das pessoas; por outro, nos argumentos utilizados para legitimar o pensamento pedagógico e os processos educativos, no tipo de conhecimento e linguagem exigidos e nas formas de avaliação padronizadas dos mesmos.

No que se refere à diversidade religiosa, a escola, em primeiro momento, tornou-se instrumento fundamental do catolicismo no projeto civilizatório-colonizador, difundindo os preceitos tidos como únicos e universais. Este intento, o currículo e a organização do cotidiano escolar, visam tão somente catequizar os sujeitos, enfocando uma verdade padronizadora que negava quaisquer outras formas de religiosidades/tradições religiosas. Deste modo, a escola pública acabou sendo um elemento desagregador, visto que, ao afirmar uma religião como única e verdadeira segregavam todas as demais manifestações religiosas (CECCHETTI, 2012, p.7).

           

 Quem de nós já não presenciou nas escolas os conteúdos curriculares relacionados a cultura religioso do catolicismo em todas as matérias, através de histórias, gravuras, músicas e datas comemorativas.

             Sabemos muito bem que a riqueza de detalhes está nas diversidades, mas para aproveitar essas diversidades, temos que valorizar e conceder espaços com direitos iguais de expressão, que são garantidos na Constituição Federal do Brasil.

             Concordo plenamente com (CECCHETTI, apud Langon ,2003, p.79) que retrata a diversidade como “riqueza” e essas riquezas devem ser valorizadas, compartilhadas, entendidas e respeitadas.

O desaparecimento dessa diversidade significa o desaparecimento da capacidade humana de dar respostas variadas ao novo; seria a ruptura de uma das condições possibilidades de reprodução da vida humana. O desaparecimento de uma dessas identidades culturais representa o empobrecimento da humanidade enquanto fecha um dos caminhos abertos, enquanto faz perder umas das possibilidades. A riqueza humana depende da preservação da diversidade de suas identidades culturais e de cada identidade cultural (grifo do autor).

 

             Por não valorizar a diversidade, acontece o cometimento de inúmeras injustiças que causam danos psicológicos e emocionais como vemos diariamente em relatos na mídia, revistas e jornais. É lamentável que em pleno século XXI, temos que conviver com tanta falta de respeito e consideração aos direitos dos outros.

             Professores na sua ingenuidade colocam crenças nas teorias evolutivas como acabadas e verdades absolutas, desrespeitando o ponto de vista de alunos que creem na criação e que esses tem sua convicção provada e confirmada nas profecias bíblicas que já se cumpriram, e estão registradas na Bíblia Sagrada. Ao passo que a evolução, nem os próprios evolucionistas concordam entre si. O professor de biologia da Universidade McMaster, Canadá, Rama Singh, diz: “A oposição à evolução não vem apenas dos fundamentalistas religiosos, mas também de um grande número de pessoas instruídas das diversas áreas acadêmicas”. (Revista Despertai, janeiro de 2015, p.3).

             Tendo uma ampla variedade de informações por que os professores ainda discriminam os alunos que tem sua convicção na vida criada por Deus? 

            Numa pesquisa liderada pela professora e antropóloga Débora Diniz, da Universidade de Brasília (UnB), realizado em março à julho de 2009, mostra que existe “ligação entre as editoras responsáveis pelas publicações e a doutrinação religiosa.” Aproveitando o relato da Débora, os professores além de usar publicações que são praticamente “imposta”, ainda se utilizam do fator crença pessoal para aplicar conteúdos, alegando que não conhecem as doutrinas das outras religiões. Queridos professores não precisamos conhecer todas as religiões, é só deixar cada aluno se expressar que eles nos dão uma aula maravilhosa e nada enfadonha com a riqueza de diversidades que existe. Nosso compromisso é valorar e respeitar essa riqueza inestimável de contrastes.

 “De acordo com a Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), o Ensino Religioso é facultativo. É conteúdo integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas do Ensino Fundamental, assegurado o respeito a diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer forma de proselitismo.” ( www.12.senado.gov.br  Intolerância religiosa é crime de ódio. In Ensino Religioso perpetua o preconceito, 13 de abril de 2013).

       

              Na Constituição Federal Brasileira, está bem definido o direito de livre expressão, porém o que presenciamos nas escolas é algo bem diferente, percebo que as leis não passam de discursos muito distantes das práticas. O preconceito além de muitas vezes ser direto, ainda vem em forma de “discursos atravessados”, como nos mostra a professora e doutora Adriana, na sua aula realizada no Pólo de Sorriso, no dia 21 de novembro de 2014 e expresso no texto base desta mesma aula (Programa de Pós Graduação Em Gênero e Diversidade na Escola- UFMT- Campus Rondonópolis).

              Outra situação constrangedora, é ver professores chegar à sala dos professores e dizer: “Que ódio daqueles crentinhos, são inteligentes, mas não querem participar das apresentações das datas comemorativas. Vou baixar a nota deles”.  Esses Professores não entendem ou não querem entender que para conhecer e respeitar a cultura das outras pessoas não precisa praticá-las e sim reconhecer a sua importância para a riqueza do conhecimento da diversidade.

             O comentário do secretário da ONU, Ban Ki-noon, em 21 de março de 2012 nos diz: “Há muitos tratados e dispositivos, bem como programa global, para impedir e erradicar o racismo, a discriminação racial, a xenofobia e a intolerância. Mas o racismo continua a causar sofrimento a milhões de pessoas em todo mundo”. (Revista Sentinela, 1º de junho de 2013, p. 5).

             A mesma revista comenta que “alguns acreditam que na melhor das hipóteses, o que se conseguiu foi apenas diminuir a discriminação, mas não eliminar o preconceito”. Também nos explica o porquê acontece. Segundo seus autores:

 A discriminação é um ato que pode ser visto e punido por lei, ao passo que o preconceito não, pois tem a ver com as emoções e pensamentos profundos. Portanto qualquer tentativa de eliminar o preconceito não deve apenas impedir atos de discriminação. Deve ser capaz de mudar os pensamentos e sentimentos de alguém em relação às pessoas do outro grupo.

 

Considerações finais

             Precisamos nos conscientizar para que as pessoas reflitam sobre os benefícios de se respeitar as diversidades e analisar os malefícios causados pelo preconceito.

Bibliografia 

ABRUNHOSA, M. A. & LEITÃO, M. Introdução à Psicologia. Vol 2, Porto, Edições ASA,

Referências bibliográficas

CECCHETTI, Élcio. Diversidade Cultural Religiosa na Cultura da Escola. Florianópolis, 2008 ( Mestrado Em Educação). Programa de Pós Graduação em Educação. Universidade Federal de Santa Catarina.

Site:  Jw.org

 www.12.senado.gov.br

http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf

LANGON, Maurício. Diversidade Cultural e Pobreza. In: SIDEKUM, Antônio (org.). Alteridade e multiculturalismo. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003, p. 73-90.