Pré- Projeto de Cultura Indigena

Por Fernando Camillo Santos Cano | 09/05/2015 | Geografia

Título: A busca pelo “espaço”: Cultura Pankararu

 

Resumo

                        Ao longo deste projeto as considerações sobre o modo de vida e cultura Pankararu, de modo aprofundado e fazendo caracterizações acerca do quadro social e histórico vivenciado pelo povo indígena, a questão da busca pela metrópole, considerando tanto a população que permaneceu na aldeia no Estado de Pernambuco quanto os indígenas que se situam hoje na cidade de São Paulo. A abordagem das questões relacionadas a adaptação da comunidade indígena no meio urbano, assim exaltando as dificuldades para inserir seus padrões culturais na sociedade, identificando algumas modificações na sua cultura base. 

 

Palavras-chave

Pankararu . Condições de vida. Situação socioeconômica. Terra indígena. São Paulo. Crenças, Hábitos e Rituais.

 

Introdução

                        Ao longo do presente artigo, as considerações a respeito do quadro social vivenciado pelos indígenas da etnia Pankararu na atualidade. Para tanto faço o uso de bibliográficas, estudos e teses, assim como observações in loco e, sobretudo, em relatos de indígenas obtidos na Associação SOS Pankararu nas quais estiveram participando representantes de diferentes segmentos da comunidade Pankararu (de gêneros, idades e ocupações variados) que habitam as terras indígenas localizadas na favela "Royal Park", o Real Parque no Morumbi, cidade de São Paulo, no Estado de São Paulo. Segundo estimativas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) levantadas em 2005, a população Pankararu que residia nas aldeias era composta por aproximadamente seis mil indivíduos. Baines (2001), em artigo publicado no início desta década, afirmava que “Na cidade de São Paulo, estima-se que haja mais de 1.000 Pankararu, do estado de Pernambuco que vivem em favelas como a Real Parque e Paraisópolis, no bairro de Morumbi”. O povo Pankararu tem suas origens no sertão pernambucano, nas imediações da margem esquerda do rio São Francisco. Do território que esses índios originalmente ocupavam, só lhes restou uma exígua parcela de 15.927 hectares distribuídos entre duas terras indígenas: TI2 Pankararu, demarcada pelo SPI em 1940 e homologada pelo governo brasileiro em 1987, com área total de 8.377 hectares, e TI Entre Serras, com 7.550 hectares e homologada em 2006. As duas terras indígenas mencionadas ocupam uma área contínua em formato retangular, porém, como os processos de identificação das duas tramitaram em separado e em épocas distintas, o território de Entre Serras acabou sendo homologado como uma segunda terra indígena do Pankararu, e não como uma extensão da primeira.Tendo sido, há séculos, submetido ao contato intenso com os colonizadores, e, em decorrência disso, sofrido historicamente compulsões de toda ordem, como imposições culturais, discriminação e expropriação territorial, o povo Pankararu passou por drásticas transformações ao longo do tempo. Foi preciso se adaptar às novas condições para continuar resistindo e lutando por sua autonomia dentro das possibilidades. Em consequência do prolongado grau de contato com elementos da sociedade envolvente e do alto grau de intensidade das compulsões (culturais, econômicas, territoriais, ecológicas e bióticas) sofridas, os Pankararu atuais – assim como a maior parte das populações indígenas do Nordeste brasileiro – apresentam poucos traços diacríticos distintivos em relação à sociedade regional, especialmente se comparados à população rural sertaneja. Os Pankararu que vemos hoje em dia são bastante miscigenados; falam unicamente a língua portuguesa, têm acesso a veículos modernos de comunicação e informação, como o rádio, televisão e celular, e são influenciados pelas informações e ideologias propagadas por meio deles; são praticantes da fé cristã em sua maioria.

                        A sobrevivência deste povo indígena, de modo geral, está intimamente relacionada com a terra (pelo menos nas aldeias), uma vez que a principal atividade produtiva continua sendo a agricultura, seguida da criação de animais para consumo próprio, embora alternativas de geração de renda, principalmente no trabalho assalariado e inclusive nas grandes cidades, venham sendo buscadas há décadas por membros do grupo. Apesar de o território Pankararu estar localizado a poucos quilômetros do rio São Francisco, a pesca não ocupa um lugar entre as atividades econômicas mais importantes praticadas por este povo como um todo. São pouquíssimas as pessoas que sobrevivem exclusivamente da pesca. Na dieta dos Pankararu, como fontes de proteínas, predominam a carne vermelha (suínos, caprinos, ovinos, bovinos) e a carne de frango, animais estes que boa parte das famílias indígenas criam. Já entre os alimentos de origem vegetal, na produção agrícola dos Pankararu se destacam gêneros como a mandioca, o milho, o feijão, a batata-doce, além de frutas como umbu, manga, côco, melancia, pinha. Há também uma grande produção de Palma, uma espécie de cactácea utilizada como ração para animais. Com a migração deste povo a São Paulo, com a seca que atingira o Nordeste no ano de 1939 e a disputa acirrada por terras aos olhos dos grileiros, muitos desses índios que chegaram a capital buscaram a construção civil como meio de sobrevivência. Muito relato se possui acerca da construção do Estádio do Morumbi fora feita por uma grande parcela de índios Pankararu. Atualmente realizam distintas funções na cidade, onde grande parte trabalha de seguranças de lojas, comerciantes, vendedores, diaristas, garçons e até mesmo retomaram o hábito assalariado na construção civil, como ajudantes e pedreiros.

                        Na diversidade Pankararu, as crenças e hábitos religiosos são fundamentais a sua rotina e mantenedora de seus padrões culturais. De tal forma vários são os símbolos e cada membro da sociedade possui sua importância naquele rito. Assim descritos: O Toré, “brincadeira de  índio” ou  de  “caboclo”, como  os  próprios  indígenas  o  descrevem,  consiste  basicamente  numa dança  coletiva, de  um  número  relativamente  indefinido  de  participantes, que  se  apresentam  em parte  pintado de  branco, segundo  motivos  gráficos  muito  simples  e  em  parte  (nesse caso, só homens) vestidos  de  Praiá. O Praiá consiste  num  conjunto  de  duas  peças, máscara  e saia, tecido com fibras de croá (planta da família das bromélias) que encobre absoluta e necessariamente a identidade do dançarino, que então incorpora um Encantado. Estes, por sua vez, são os espíritos de índios que não morreram, mas abandonaram voluntariamente o mundo, por “encantamento” e passaram a compor o panteão virtualmente indeterminado de espíritos protetores de cada grupo. A ideia de incorporação nesse caso, deve ser distinguida da “incorporação” na umbanda ou em gêneros de culto aos mortos, que os Pankararu em geral recusam, atribuindo- lhes aos “negros”. A dança é regida por uma música fortemente compassada, o Toante, cantado por apenas um “cantador” ou “cantadora” e que encontra respostas periódicas nos gritos uníssonos e ritmados do grupo de bailarinos. É possível que o passou a ser conhecido por Toré, originalmente não constituísse um ritual autônomo, sendo apenas uma parte recorrente em outros rituais e, com certeza, ele não era idêntico em todos os grupos que o possuíam.   Outra pratica religiosa de extrema importância é menino do rancho, cerimônia que tem lugar previamente indicado para este fim, onde o menino, padrinhos e madrinhas pintados de branco, correm, dançam juntamente com os praias, numa disputa de dois grupos, um formado pelos protetores encantados (os Praias) e outro pelos padrinhos. Trava-se uma luta que termina com a vitória de um dos grupos e a destruição do rancho. No final com a dança do toré o menino é entregue aos seus pais, com muita alegria de todos. Dando continuidade aos seus ritos o flechamento do imbu é outra pratica modelo Pankararu, que juntamente a corrida do imbu realizada sempre no mês de Dezembro, e entre fevereiro e março quando aparecem os primeiros frutos dos imbuzeiros. Com isso os índios pintados de branco e os praias, armados de arco e flechas tentam um a um flechar o imbu maduro, aquele que conseguir flechar recebe um resistente cipó, e convida os outros índios Pankararu que se encontram no terreiro, para a prova da puxada do cipó. São formados dois grupos, um fica do lado da onde nasce o sol e o outro fica do lado da onde o sol se põe, e quem vencer define o ano se vai ser bom ou se vai ser ruim.

                        O modelo de organização social da cultura em Pernambuco é baseado em núcleos familiares que são pertencentes a batalhões e terreiros; áreas que se realizam os rituais, crenças e desse modo o poder político é atrelado ao religioso, permitindo assim apenas uma relativa autonomia do cacique e do pajé. Em São Paulo, ocorreu um  espelhamento desse padrão vivido no Nordeste brasileiro, no caso, a Associação SOS Pankararu e sua presidência, por terem o monopólio político, passaram a reivindicar também o simbólico, ou seja, o de representar oficialmente os Pankararu através da dança dos praiás em São Paulo. Desse modo, em 2003, existiam duas entidades em São Paulo que realizavam apresentações de dança tradicional com praiás, a Associação e a ONG Ação Cultural Indígena Pankararu, ambas sediadas no Real Parque.

               

Justificativa

                               A comunidade Pankararu na cidade de São Paulo surgiu a partir dos deslocamentos de trabalhadores de seu território tradicional, situado no Pernambuco a partir de 1940, que foram motivados pela seca que atingiu o Nordeste nos anos de 1932 a 1939 e pelas eventuais disputas de terra entre posseiros e os indígenas. A intensificação do fluxo de trabalhadores indígenas para São Paulo foi compreendida pela Companhia de Luz do Estado, que inicialmente era agenciado por “gatos”que iam buscá-los na própria aldeia, para entregá-los, em lotes, ao “empreiteiros” das obras. O trabalho consistia no desmatamento da cidade para empresa. A sucessiva elevação de um desses trabalhadores ao papel de “gato” e mais tarde de empreiteiro das obras de desmatamento da Cia de Luz, acabou acarretando um fluxo direto e constante entre o Brejo dos Padres e São Paulo nas décadas de 1950 e 1960. Em pouco tempo São Paulo tornou-se uma referência para todo o grupo. Inicialmente era um fluxo apenas de homens, que saíam da área indígena para trabalhar curtos períodos em São Paulo, como forma de reequilibrarem o orçamento doméstico em ano de seca ou em situações emergências. Sem se integrarem à cidade, voltavam sempre que as necessidades imediatas já tivessem sido cobertas ou quando se anunciasse um bom inverno. A partir da segunda geração de Pankararu trabalhadores em São Paulo, no entanto, que coincidiu aproximadamente com a idade adulta das primeiras gerações de crianças alfabetizadas pelo posto indígena, as mulheres intensificam sua viagens e aparentemente passaram a servir de base para permanências mais estáveis.            A cada núcleo familiar instalado lá, tornava-se mais fácil e provável que novos jovens percorressem o mesmo caminho, fazendo com que essas viagens assumiram um caráter sistemático e familiar.                                                                                                                                  De modo a permanecer em São Paulo escolhem a região do Morumbi, onde atualmente se localiza a favela do  Real Parque para permanecer e dar continuidade aos padrões da cultura, mas fora da aldeia. Fato que comprova é que, na favela Real Parque, os indígenas, embora esteja há milhares de quilômetros de distância de suas aldeias de origem – muitos inclusive nasceram ou vivem há décadas em São Paulo – praticam o Toré e outros rituais peculiares à etnia Pankararu, e volta e meia há aqueles índios que vão a Pernambuco visitar parentes e amigos que deixaram por lá.                                                                                            Atualmente a vinda para São Paulo e para outros meios urbanos tem sido cada vez mais frequente, o número de indígenas, principalmente os das gerações mais novas, que não se sentem estimulados a trabalhar nas áreas rurais e nos hábitos do seu povo no Pernambuco, por considerá-las um trabalho árduo cujo retorno é incerto, de tal forma que preferem então vender sua força de trabalho como assalariados em distintas formas no meio urbano como em propriedades particulares, em indústrias, no comércio, e nas chamadas casas de família. Oficialmente, o maior número de famílias Pankararu, cerca de 513 pessoas (Matta, 2007), concentra-se na região nobre do Morumbi, numa favela no bairro Real Parque. Eles residem em barracos ou pequenos cômodos de alvenaria, em condições precárias, e, em sua maior parte, não possuem carteira de trabalho assinada e sobrevivem de trabalhos temporários. Após negociações em busca de melhores condições de moradia, 24 famílias Pankararu do Real Parque conseguiram alojar-se em dois prédios do conjunto Cingapura. O fato de os Pankararu residirem em condições precárias despertou a atenção dos meios de comunicação e é um dos principais fatos pela minha busca por enfatizar e exaltar a cultura Pankararu por meio deste artigo.

 

 

 

 

 

 

 

Índios urbanos: a vida na metrópole e a busca pelos direitos da terra

 

                        A existência de índios nas capitais dos Estados é cada vez mais frequente. Oliveira (2001) estima que seja em torno de 100 mil indivíduos, ou seja, mais de um quarto da população indígena. Segundo este autor:

Tornam-se visíveis aldeias urbanas, onde povos indígenas específicos,

com enormes dificuldades econômicas, conseguem manter suas redes

de sociabilidade em meio a uma esmagadora maioria não indígena

(OLIVEIRA, 2001, pg. 13).

                        Na cidade de São Paulo reconhecem-se quatro aldeias indígenas, três delas são Guarani Mbya e a outra é da etnia Pankararu. Na zona urbana de São Paulo, segundo o registro do Conselho Indigenista Missionário (2005), existe uma TI que é a terra Guarani de Barragem, com situação jurídica regularizada, o que se confirma nos registros da FUNAI (2005). Entretanto, esta situação se refere apenas a Aldeia Krukutu. Há outra aldeia, a Tenodé Porã, que pouco se tem registro e que foi objeto de interesse da presente pesquisa, conforme detalhamentos seguir.                                                                                                                      Diferentemente da etnia Guarani, segundo levantamentos da Associação Pankararu, os Pankararus residentes em São Paulo totalizam 370 famílias. Esta comunidade indígena paulista, representa uma população de cerca de 900 pessoas, que solicitam uma área de 2000 ha em São Paulo para regulamentação e registro de TI junto à FUNAI, que seja de solo agricultável, para assim se reconstituírem como comunidade indígena para suas práticas etnoculturais, Ministério da Justiça (Brasil, 2010). Na atual situação em que se encontram especializados pela cidade, estão em condição de vulnerabilidade social, que muitas vezes se reflete na forma de preconceito, discriminação e violência, como indicam os autores a seguir:

[...] Estes índios também se queixam de tripla discriminação: como

imigrantes, nordestinos e índios. Têm, por vezes referido agressões

por parte da população branca, em relação a seus rituais realizados

no interior da favela ou dos apartamentos nos conjuntos “Cingapura”

e  tem buscado reconstituir suas raízes, seja voltando a morar no lugar

de origem, inclusive com a obtenção de uma porção de terras que

foram doadas a eles na região do Vale do Ribeira em São Paulo,

lutando atualmente pela sua demarcação junto à FUNASA.

(ADORNO;VARGA; VASCONCELLOS, 2004, pg. 8).

 

                        No inicio da jornada, o novo cenário fazia parte do cotidiano. A adaptação dos indígenas gradualmente era feita com a conquista de seu espaço na capital econômica São Paulo. As descobertas traziam a tona o passado de dificuldades sociais e econômicas, fazendo que todas as barreiras fossem superadas. Assim, perante os órgãos públicos envolvidos na Política Nacional Indígena do Brasil surgia mais um grupo reconhecido atualmente como índios urbanos.

 

Os índios urbanos

                        Em meio à população urbana da metrópole, há mais de doze mil indígenas, distribuídos nas comunidades de baixa renda e em quatro aldeias guarani. Nesse cenário, buscam reconhecimento a partir de características culturais próprias que os distinguem da sociedade nacional, afastando a imagem de que o índio pertence à mata e deve permanecer na aldeia, distante da sociedade não indígena, como desejo levantar com artigo através da manutenção da etnia Pankararu.

                        A adaptação dessa comunidade manteve-se pela organizada em torno de uma rede de solidariedade, que resultou em um grupo auxiliador de indígenas imigrantes, o SOS Índio Favelado, alojando e auxiliando na busca de emprego. A partir desses passos, a própria comunidade indígena Pankararu organizou-se para fundar a própria Associação, a chamada SOS Pankararu ou SOS Comunidade Indígena Pankararu, que recebe investimento Ministério Público, a FUNASA, Ministério Público Federal, os índios Guarani e todas as etnias dos indígenas locais.                                                                                               A SOS Pankararu é registrada legalmente, e tem um representante indígena na liderança, Manoel Alexandre Sobrinho, um dos fundadores do grupo escolhido como presidente. Essa Associação Indígena, é um local onde todos os índios Pankararu se encontram e relembram seus rituais em grande festa cultural, mas possui objetivo maior de reunir a comunidade para trabalhar em conjunto na melhoria, no respeito e no reconhecimento de sua etnia, a Pankararu.                                                                                                      Atualmente os índios estão equiparados do poder argumentativo por meio de organizações, como a citada a cima, que falam em nome de suas comunidades em defesa de seus direitos constitucionais. Mesmo assim, os índios Pankararu não estão assegurados da pose de suas terras, em que muitos reivindicam a demarcação dos atuais territórios no Pernambuco e o reconhecimento das terras no Estado de São Paulo através da Constituição o usufruto das terras tradicionalmente ocupadas, apesar das Leis da Unidade de Conservação serem incompatíveis com os direitos constitucionais dos índios.                                      A diversidade e riqueza presente em nossa cultura deve-se a grande miscigenação entre os povos aqui presentes, que como os indígenas, permaneceram nessa terra a cuidando e alimentando o sonho de modificar o futuro de seu semelhante. Cada grupo eleva um ensinamento, não podendo destruir o sonho de determinado por mero preconceito, ou apenas agir e pensar de forma distinta. Por isso gostaria de realizar esta monografia, idealizando mais um povo que tenta buscar esse espaço na sociedade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Objetivo geral

 

Houve quebra das tradições e dos padrões da vida indígenas que possuíam?   Como o grupo se adaptou a metrópole tendo em vista sua inserção no mercado de trabalho urbano.

                        A metrópole confere ao imigrante indígena uma qualificação especial em relação àqueles que se encontram na aldeia, possibilita vantagem políticas, materiais, algumas vezes, pessoais. Esse movimento econômico, de conhecimentos e valores produz transformações na aldeia e colabora com recursos para a realização dos rituais, seja na compra de matéria prima para a confecção de praias ou na aquisição dos alimentos servidos nos momentos rituais. Nesta movimentação continua a identidade Pankararu se perpetua, mas algumas atividades são modificadas e outras atualizadas conforme a disponibilidade na metrópole.                                                                                                             Estas constatações permitem sustentar que a migração não produz a quebra das tradições e dos padrões da vida indígena que possuíam ou até de desintegração dos Pankararu de Brejo dos Padres. Na aldeia a vida segue seu curso e adquire, também, uma nova frente de perspectiva em São Paulo, resultando no fortalecimento do grupo. Os benefícios adquiridos na metrópole podem até influenciar e suscitar vantagens na aldeia. Ser Pankararu em São Paulo produz distinções nos locais de moradia, de trabalho e estudo, o que pode ocasionar preconceitos ou benefícios. O envio de bens, idéias e costumes para a aldeia produzem mudanças constantes, proporcionando uma vitalidade e o acesso de novos conhecimentos, resultando na valorização dos que estão na aldeia.                                                            O continuo movimento de transformação e atualização está permanentemente revigorando o modo de vida Pankararu e, ao mesmo tempo, afirmando a expansão territorial do grupo. A migração como um todo colabora para confirmar a cultura do povo e conservar as crenças que sempre serão aprendidas aonde quer que esteja. Em outro sentido, inserem as novas conquistas e aquisições na própria aldeia. Uma relação altamente dinâmica que cria “mundos”.

A dimensão ritual é vivenciada na metrópole. Segundo Matta (2006) ela é um          elemento integrador da sociedade Pankararu, através do qual Pernambuco e                  São Paulo se unem. Albuquerque (2007) analisando o papel das máscaras (praiás)          dos Pankararu na mobilização étnica, destaca que os praiás são um elemento de visibilidade da indianidade do grupo em São Paulo. Assim, através de apresentações públicas eles revelam a condição indígena, atestando a sua legitimidade.

                        Considerando que a migração para a cidade não resultou na perda da pertinência étnica, adverte que as mudanças sócio-culturais não deveriam ser estudadas sob a perspectiva da destribalização, ou assim o índio “desaldeiado ”

                        Este intercâmbio entre cidade e aldeia verificado entre os Pankararu nos permite contemplar a capacidade de certos povos de criar novas formações; ou seja, os imigrantes são, assim, parte de uma sociedade trancultural dispersa, centrada na terra natal e unida por uma contínua circulação de pessoas, idéias, objetos e dinheiro. A existência Pankararu em São Paulo e Pernambuco, tudo leva a crer, constitui um único campo social caracterizado pelo deslocamento de seus membros.                                                                                   É importante ressaltar que a dificuldade em conceber a existência de uma população translocal muito se deve a prevalência do dualismo opositivo entre aldeia e cidade. Na cidade, acreditou-se que as relações entre as pessoas seriam caracterizadas pela impessoalidade, utilitarismo, secularização e individualismo.                                                             Deste modo, por intermédio deste estudo caracterizar o dualismo entre a aldeia e as cidades; e a influencia deste meio aos povos indígenas. Ilustrar para a sociedade o permeio que um povo em construção e constante atualização pode realizar, quebrando paradigmas em torno do preconceito e pensamento geral, em que expõe unicamente o povo indígena a aldeia.

 

 

 

 

Objetivos específicos

 

Identificar a relação que mantém com a área de origem.

                               O movimento migratório dos Pankararus para a cidade de São Paulo nunca deixou de correlacionar os povos que ainda vivem em Pernambuco. Os familiares e amigos deixados para trás fazem com que não haja dispersão da área de origem em Pernambuco com aqueles que tentaram uma vida melhor na metrópole.  Independente do local onde se encontrem o sentimento de pertença ao grupo, evidenciado como fazer parte de uma “ciência”.                                                                                                                                                         A família é o suporte da migração, colaborando para a união dos Pankararu, embora nascidos em Brejo dos Padres, alguns casais se conheceram, casaram e tiveram filhos em São Paulo. Dentre os que nasceram nesta cidade, alguns casaram e tiveram filhos também neste espaço. Estes descendentes são levados à aldeia para conhecer o local de origem dos pais. Foi identificada uma preferência por contrair casamentos dentro do próprio grupo, tanto em São Paulo como na aldeia.                                                                                                No fator habitação, muito dos indígenas que residem na favela do Real Parque possuem também sua casa e seu espaço na aldeia, no Nordeste do país. Estas, muitas vezes, estão fechadas ou emprestadas a parentes, que assumem o encargo de cuidar deste bem. O retorno à aldeia pode ser temporário ou definitivo, planejado ou inesperado. A Corrida do Imbu, pagamentos de promessas em terreiro, além das visitas a parentes e amigos são os motivos de algumas idas.                                                                                                    Entre ida e vindas, estabelece um sistema de trocas entre a cidade e a aldeia. Desta recebem, por exemplo, frutas da época, castanha de caju, ervas e artefatos utilizados nas curas, doces de frutas, feijão e farinha. Em contrapartida, da metrópole são enviadas roupas, bens de consumo, equipamentos eletrônicos, como a televisão. Estas trocas são mais recorrentes entre os membros da família e entre amigos muito próximos.                                       Uma ponte está estabelecida, uma complementaridade entre ambas. A aldeia abastece quem está em São Paulo de cultura, de proteção, de curas, de “força”, de recursos naturais e da certeza de possuir a terra, vista como um bem coletivo. Do outro lado, as idéias e o dinheiro que constrói, que proporciona bens materiais, que compra de terras na aldeia e que confere um status diferencial para os que retornam são adquiridos em São Paulo. A metrópole confere ao migrante uma qualificação especial em relação àqueles que se encontram na aldeia, possibilita vantagem políticas, materiais, algumas vezes, pessoais. Esse movimento econômico, de conhecimentos e valores produz transformações na aldeia e colabora com recursos para a realização dos rituais.                                                                          Estas constatações permitem Matta(2006) sustentar que a migração não produz a desintegração dos Pankararu. Na aldeia a vida segue seu curso e adquire, também, uma nova frente de perspectiva em São Paulo, resultando no fortalecimento do grupo. Os benefícios adquiridos na metrópole podem até influenciar e suscitar vantagens na aldeia. Ser Pankararu em São Paulo produz distinções nos locais de moradia, de trabalho e estudo, o que pode ocasionar preconceitos ou benefícios. O envio de bens, idéias e costumes para a aldeia produz mudanças constantes, proporcionando uma vitalidade e o acesso de novos conhecimentos, resultando na valorização dos que estão na aldeia.                                                          Há uma rede de comunicação e de trocas, estabelecendo uma dependência assimétrica fundamental para a constante vitalidade, tanto na aldeia como na cidade. Esse contínuo movimento de transformação e atualização está permanentemente revigorando o modo de vida pankararu e, ao mesmo tempo, afirmando a expansão territorial do grupo. Parece que a migração colabora para a perpetuação do povo pankararu enquanto tal, evitando que sejam expropriados completamente de seus valores e crenças. Em outro sentido, inserem as novas conquistas e aquisições na própria aldeia. Uma relação altamente dinâmica que cria “mundos” pankararu em ampla conexão, vinculados fortemente pelo “mundo dos encantados” (MATTA, 2006, 36). A dimensão ritual é vivenciada na metrópole. Segundo Matta (2006) ela é um elemento integrador da sociedade Pankararu, através do qual Pernambuco e São Paulo se unem.

 

 

 

 

Analisar quais fatores impedem a volta de índios Pankararu a sua terra-natal .

                        A discriminação pelo fato de carregar no sangue e nos traços a cultura indígena é um dos motivos que faz muitos Pankararu voltarem para sua terra natal. Mas alguns fatores impedem a volta desses índios, como:

 

Em São Paulo:

- Possuir emprego;

- Estabelecer uma qualidade de vida;

- Conseguir conservar a cultura indígena, com rituais, crenças e associações, mesmo fora de sua tribo;

- A amizade feita por todos esses anos.

 

Em Pernambuco:

- Constantes secas;

- Escassez de alimentos;

- Acumulo de pessoas na tribo e nas terras pertencentes à cultura;

- Escassez de empregos e oportunidades remuneradas;

- A distancia da metrópole;

- Constantes brigas por terras;

- A ocupação de parte das terras por trabalhadores rurais apoiados pela CUT.PE

                        Citado por Arruti caracteriza a situação de desemprego e falta de terras, as quais os indígenas enfrentam no Pernambuco. Mas a preferência pela volta à terra natal é mutua: “ os pancararus são, oficialmente, donos de uma reserva em Pernambuco com 8100 há. Mas cerca de dois terços de suas terras estão ocupadas por 400 familias de trabalhadores rurais. Os invasores tem apoio da central Única dos Trabalhadores (CUT.PE) . “ há mais de 200 anos as famílias moram lá, diz Januário Moreira da Silva, Presidente do sindicato de Petrolândia... A violência na cidade já matou mais Pancararus do que o conflito de terra. Cinco já morreram na cidade, segundo Fernando Monteiro dos Santos (...) cerca de 1500 pancararus moram na cidade.  Em 90, diz Santos, eram cerca de 150. A FUNAI (...) considera esses números exagerados, mas reconhece que uma comunidade de pancararus se instalou na cidade. Segundo a FUNAI, os Pancararus são os primeiros indígenas a migrarem em massa para São Paulo.”

 

Analisar as relações de trabalho nas quais os índios Pankararu estão inseridos na metrópole.

                                Mesmo no século XXI, muitos povos indígenas, são expropriados de suas terras, tem sua cultura invadida e por isso tem buscado outras formas de sobrevivência. Uma das formas é o trabalho assalariado, cujo sistema capitalista dita como correto, em que o homem é “livre” para vender a sua força de trabalho, uma vez expropriados dos seus meios de produção. A [...] “história de destruição e dominação, fez com que dos 5 milhões de índios existentes antes da colonização, restassem hoje pouco mais de 220 mil. [...] distribuídos por vários pontos do país, mas concentrados, de forma significativa, na Amazônia”. (OLIVEIRA, p. 56, 1997).                                                                                                        Assim relatado, os indígenas da etnia Pankararu buscaram o que dita o correto como meio de sobrevivência chegando a São Paulo passaram a trabalhar como ajudantes nas construções do Estádio do Morumbi e do Palácio dos Bandeirantes. Inicialmente, a integração dos homens ao mercado de trabalho esteve limitada a construção civil. Atualmente, eles se encaixam nas mais variadas atividades tais como vigilantes, faxineiros, porteiros e atividades comerciais. As mulheres, em sua maioria, atuaram como empregadas domésticas.

 

A região

                        A região do bairro do Real Parque em que a etnia Pankararu reside desde sua chegada ao Estado de São Paulo possui uma localização estratégica em vista de pontos econômicos e comerciais na capital metropolitana. O crescimento econômico da área está relacionado intimamente a anexação de bairros adjacentes e que ficam no entorno da região do Morumbi, como o Real Parque, a pertencerem como oferta imobiliária à região do Morumbi assim determinada por grandes construtoras, mas principalmente em vista do olhar paulistano.                                                                                                                                                 Assim justificada, a área está situada no bairro do Morumbi onde a especulação imobiliária está em ritmo frequente, possuindo uma combinação de ruas tranquilas, uma oferta de infraestrutura de comércio e serviços e a constante frequência de investimentos.  Segundo o diretor de desenvolvimento da Fernandez Mera, imobiliária com mais de 30 anos no mercado operando na capital metropolitana, Marcelo Moralles, o Morumbi é responsável por 80% dos negócios da imobiliária. “ O bairro lidera em volume de vendas e em lançamentos e continua crescendo”, diz.                                                                          Para o superintendente comercial da Brookfield Incorporações, Carlos Eduardo Fernandes, o valor do metro quadrado está estabilizado na região, que oferece muitas oportunidades e áreas com vistas privilegiada da cidade.“É um bairro referência na zona sul da cidade, atende bem a classe média e alta. E devido à oferta de terreno e com a chegado do metrô a região ainda deve se valorizar muito”, diz.Segundo Fernandes, o Morumbi tem espaço para crescer, é uma região com boa procura, além de ser estratégica para quem tem vida profissional na região da Berrini, por exemplo.                                                           A avenida Engenheiro Luis Carlos  Berrini, no bairro do Brooklin Novo se desenvolveu como a etnia do povo indigena caracterizada neste artigo em São Paulo, sua devida infleuncia na cidade de São Paulo se deu a partir dos anos 70, caracterizada pela estruturação de um novo pólo empresarial que abrigasse grandes empresas; assim como o povo Pankararu se estabelecia rigorosamente como indios urbanos no bairro do Morumbi. A Berrini de hoje, associada ao seu prolongamento (a avenida Chucri Zaidan), à jornalista Roberto Marinho e à Roque Petroni, abriga empresas reconhecidas, como os estúdios da Rede Globo de Televisão de São Paulo, a Microsoft, Nestlé, Editora Abril Curtume, BankBoston, Philips, além dos shoppings Morumbi, D&D e Market Place, vários hotéis projetados para executivos e o World Trade Center de São Paulo.

                        Com tantas características positivas, este ponto atinge outro estandarte do estudo, a região, o ponto central de desenvolvimento de uma sociedade e a busca incessante dos Pankararus, para adquirir o seu próprio. Segundo o doutor Maurício Soares Leite que atua pela Universidade Federal de Santa Catarina, condiz através de seus estudos in loco que “a  pretensão de explicar a ocupação humana da região acabaria por resultar também em um certo modo de compreender determinados traços socioculturais das sociedades indígenas contemporâneas”.

 

Conceito de Espaço

                        O filósofo Aristóteles concebe o espaço como lugar, ou seja, posição de um corpo em relação aos outros (ABBAGNANO, 2003), não sendo matéria ou forma, de modo que “o limite primeiro imóvel do continente, eis o que é o espaço” (ARISTÓTELES, 1931, IV, 211). Ou seja, trata-se da região ocupada pelo corpo, seu contorno externo e o contorno do corpo maior onde ele compreende-se.                                                                                                      Mais do que considerar delimitação de espaço a representação de um corpo em um determinado lugar, a intima ligação espaço - desenvolvimento atinge um povo. Os caminhos mais recentes da Geografia Humana também convergiram para considerar o espaço como “campo de forças”de uma etnia. É de um "espaço social" que Milton Santos propõe associar a noção de campo a uma Geografia Nova. Abordando a questão do ponto de vista do materialismo dialético, ele chama atenção para o fato de que o espaço humano é, em qualquer período histórico, resultado de uma produção. "O ato de produzir é igualmente o ato de produzir espaço". O homem, que devido à sua própria materialidade física é ele mesmo espaço preenchido com o próprio corpo, além de ser espaço também está no espaço e produz espaço.                                                                                                                              Mas poderíamos mais uma vez unir estas pontas e dizer que "o ato de produzir é igualmente o ato de produzir territórios". Cultivar a terra é dominar a terra, é impor-lhe novos sentidos, é apartá-la do espaço indeterminado inclusive frente a outros homens, é exercer um poder e obrigar-se a um controle, este que é ausente ou difuso na cultura Pankararu.

 

A luta constante pelo espaço                                               

                        A resistência dos povos indígenas tem se dado desde o processo de colonização do Brasil, quando os portugueses começaram a ocupar o território brasileiro. Esse processo se inicia, mais especificamente, a partir do momento em que a colônia brasileira se torna um grande trunfo de riquezas para a metrópole portuguesa, que passa então a extrair os recursos naturais economicamente valiosos existentes em nosso país. Nessa perspectiva, “o território capitalista brasileiro foi produto da conquista e destruição do território indígena. Espaço e tempo do universo cultural índio foram sendo moldados ao espaço e tempo do capital. [...]”. (OLIVEIRA, p.11, 1997).                                                                         Nesse processo de homogeneização da apropriação do território nacional pelo capital, surgem os movimentos de resistência no espaço agrário brasileiro, a fim de garantir o direito de acesso a terra. Esta é uma luta  “[...] das nações indígenas, dos posseiros, dos peões, dos camponeses subordinados, [...] dos ‘brasiguaios’, dos sem-terras, dos seringueiros, dos bóias-frias, [...]  [dos trabalhadores escravos] [...]”. (OLIVEIRA, p. 54, 1997). Estas lutas vêm sendo “[...] A marca contraditória do país que se desenhava [...] buscada na luta pelos espaços e tempos distintos e pelos territórios destruídos/construídos”. [...] (OLIVEIRA, p. 11, 1997).                                                                                                              Por isso, a luta dos povos indígenas nunca cessou no decorrer da história brasileira, onde a principal luta desses povos é pela demarcação das suas terras, o respeito a seus limites, direito esse que embora constado em lei, pois a partir de “[...] 1934 as constituições brasileiras passaram a reconhecer o direito dos índios ao território. No entanto o seu não cumprimento tem sido uma constante. [...]”. (OLIVEIRA, p. 58, 1997). Segundo a constituição de 1988, todas as terras indígenas deveriam ser demarcadas tendo a proteção do governo federal no prazo mínimo de cinco anos e até agora nada foi feito: “[...] fizeram uma nova constituição, fizeram uma revisão constitucional e deram mais um prazo [...] e novamente nada foi feito. Passou um governo todinho, de oito anos, do Fernando Henrique, e isso não aconteceu [...]” (MANDURUKU, p. 320, 2004).                                                                        E assim não foi diferente com a cultura Pankararu, a questão territorial tem sido um problema constante. Como parte do processo de urbanização da favela Real Parque, cerca de 80 famílias passaram a residir em apartamentos do Projeto Cingapura. A dificuldade de adaptação a esta forma de moradia tem se evidenciado como um problema, juntamente com a impossibilidade de arcar com as mensalidades e as contas de água e luz. Diante das inúmeras solicitações da constituição de um território Pankararu no estado de São Paulo, a FUNAI criou um Grupo de Trabalho (GT) compostos pelo técnico indigenista Moacir Santos, pela antropóloga Juracilda Veiga e pelo agrônomo Paulo Spyer. A finalidade do GT foi realizar estudos in loco sobre a situação e as expectativas do grupo, que possibilitassem a formulação de parâmetros e propostas para ação desta agência.                                  Nesta ocasião constatou-se, ainda, a disposição de algumas famílias retornarem à Terra Indígena Pankararu em Pernambuco, caso houvesse uma reestruturação fundiária, acompanhada de investimentos para a produção. No relatório produzido, o GT destacou que os índios que estão fora de terras tradicionais, constituem um grave e crescente problema que desafia o órgão indigenista oficial em todo o país. Referindo-se ao caso Pankararu, este problema se apresenta sob dois aspectos: os direitos à assistência especial e a reivindicação da terra em território paulista.                                                                           Através do artigo 231, que reconhece e garante aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, os membros do GT destacaram que o enfoque constitucional parece atrelar tais garantias a um modo de vida onde a ‘territorialidade’ seja imprescindível à natureza étnica diferenciada. “Os dispositivos posteriores à promulgação da atual Constituição Federal, que regulamentam a assistência às comunidades indígenas, traz inserida a condição de ‘territorialização’, a despeito da dinâmica do processo de socialização dessas comunidades” (SANTOS et al, 2000, 12).                          A condição de migrante e favelado evidenciou-se como um empecilho para o reconhecimento como grupo indígena. É provável que um número significativo de família retorne, porém, o fluxo constante de idas e vidas, ao que tudo indica, se manterá devido aos laços estabelecidos e as condições adquiridas em São Paulo.                                                        O índio é o filho da terra, terra que para estes é um solo sagrado emanado pela natureza a qual podem praticar e viver as suas tradições, costumes e hábitos; e embora estejam inseridos em um território, dentro de um sistema capitalista, continuam a pertencer a uma cultura indígena. A identidade Pankararu, apresenta a necessidade de atualização por meio dos olhares humanos, o desafio de sair do nível local (uma oca, padrão de casa evidenciado pelo homem aos indígenas) e aceitar a provocação de olhar em outras escalas que extrapolam este espaço, como no caso em destaque a comunidade do Real Parque. Com a pluralidade deste artigo evidenciar que a cultura e a riqueza de tradições de um povo permanecem constante aonde quer que eles estejam.