Prática clínica psicanalítica, o sujeito com autoestima baixa
Por Silmara Carvalho | 04/11/2019 | PsicologiaRESUMO
O presente trabalho objeta a importância de estimular a autoestima na Psicanálise, analisar como este aspecto, de grande importância na personalidade humana, influencia a nossas decisões na vida e no desenvolvimento humano. Com isto a questão que iremos desenvolver será: Como a Psicanálise clínica pode estimular a autoestima? As fontes de informação serão de ordem bibliográfica e documental, buscando nas obras de Freud, Lacam, neste curso com Dr. Rogério e outros autores, bases sólidas para o tema a ser desenvolvido, estando eles elencados na bibliografia deste mesmo trabalho.
O problema de uma autoestima baixa geralmente está vinculado a relações familiares logo na primeira infância. Mas também pode ser gerado por um ambiente hostil dentro das escolas. A Psicanálise oferece ferramentas que estimulam a elevação da autoestima impactando a vida do paciente. Com isto temos como objetivos explanar sobre autoestima trazendo alguns autores. E como a Psicanálise Clínica pode estimular a autoestima, explanar sobre AE e como estimula-la, resultando seres mais seguros de si e, consequentemente, mais propícios a se manifestarem com mais segurança perante seus desafios.
Palavras chave: Autoestima. Psicanálise clínica, Freud, Desenvolvimento humano.
“Na Psicanálise, Freud (1914/1969) descreve que "a autoestima expressa o tamanho do ego [...] Tudo o que o sujeito possui ou realiza [...] ajuda-o a aumentar sua autoestima" (p.115). Freud (1914/1969) reconhece que ela está diretamente relacionada com a libido narcisista, o que se deve ao fato de que o amor que envolve desejo e privação diminui a autoestima e, ao contrário, ser amado e ser correspondido no amor a aumenta.” (Macedo & Andrade, 2012) Nas fases do desenvolvimento psicossexual de Freud, ele aponta que, saindo a criança de cada fase, de forma saudável, com o apoio de seus pais, a criança se tornará um adulto saudável e confiante em si mesmo. Sendo elas: fase oral, anal, fálica, latente e genital. De acordo com Branden (1993), os dramas de nossas vidas são reflexos das visões mais íntimas que temos de nós mesmos. A autoestima tem dois componentes, o sentimento de ser amado e o sentimento de importância. A criança necessita sentir- -se amada e importante em seu contexto, autoconfiança e auto respeito formam a base para a formação sadia do ser humano. A autoestima influencia as resoluções do indivíduo, pois projeta para si como é e como interage com o meio, influenciando assim as suas possíveis consequências. Uma pessoa com autoestima saudável tem uma visão positiva de si, interage confiante e respeita seus pares escolhendo companhias compatíveis com sua personalidade positiva, o indivíduo com uma autoestima baixa tem uma visão negativa de si mesmo, tem dificuldades de relacionamento e interage com maior dificuldade com os desafios da vida, tendo sempre, na maioria das vezes, uma visão negativa de tudo e de todos. Campos (2003) escreve que a autoestima está vinculada ao autoconceito, que este último é construído através das relações da criança em seu meio e que, o autoconceito constrói assim a autoestima. As relações determinam como o indivíduo se vê e se sente. Se for bem tratado, constrói uma imagem positiva de si mesmo. Se for repudiado, constrói uma imagem negativa. Em idade escolar a capacidade de aprendizagem é uma das primeiras a ficar afetada sempre que haja uma perturbação emocional da criança. A mesma autora descreve ainda várias perturbações decorrentes de uma autoestima baixa provocada por críticas intensas e por dificuldades sociais atribuídas a circunstâncias tidas como adversas para a criança, como por exemplo, o nascimento de um irmão ou a separação dos pais. Desenvolver a autoestima no paciente, ajudará também a construir autonomia e facilitar a construção contínua do self, com a autoestima preservada interage em seu meio de forma a criar novas ações, que irão impactar suas relações interpessoais e intrapessoais com consequências positivas. Trazendo também novos conceitos para a família e suas relações profissionais. A autoestima é como a pessoa se vê e faz com que se sinta bem ou não com ela mesma, gerando a vontade de agir em direção aos seus objetivos e o caminho para que isso aconteça depende de novos paradigmas. Vivemos numa época de transformações culturais e sociais, incrivelmente abrangentes e rápidas. As fronteiras se ampliam e se modificam; antigos valores são questionados e práticas tradicionais parecem perder sua eficácia [...] ÁGUA DA ROCHA (LIMA e MACEDO, apud, p. 38) Criar um ambiente propício para a construção de relacionamentos saudáveis, oportunizar uma vida mais feliz e com mais satisfação. Para BRANDEM (1993, p.06) autoestima está intrinsecamente ligada às decisões tomadas no decorrer dos acontecimentos e situações que a vida apresenta, sendo que numa autoestima elevada as decisões e comportamentos são mais positivos, pois, o indivíduo tem a percepção de si mesmo como de uma pessoa confiante, que respeita a si mesmo e ao outro. O contrário, porém, sendo baixa, as decisões em situações de conflito ou dificuldade são capítulos de indecisão, constrangimento, inadequação e até rejeição, e conforme o autor relata sobre os casos em que atende em seu consultório, mostra-se o quanto seus pacientes se libertam ao tomar conta de suas vidas e recobrarem a autoestima, percebendo seu valor e resgatando a autoconfiança e auto respeito. ASSIS E AVANCI (2004) citam os recentes conhecimentos da neurociência afetiva onde a relação entre mãe e filho desenvolve sentimentos bondosos e amorosos, de empatia e a capacidade do cuidar, sendo que nesta relação é onde o indivíduo também desenvolve sua autoestima por espelho de como as pessoas se 8 relacionam. Se referem a ela salientando que também está associada à fé, à visão positiva da vida, ao cultivo da alegria, à flexibilidade e à força de enfrentar dificuldades e os reveses da vida. [...]