PR WELLINGTON WANDER SILVA - SERMÃO DA MONTANHA 3

Por Wellington Wander Silva | 17/03/2016 | Religião

Sobre o Sermão do Monte – Parte III

John Wesley

 

'Bem-aventurados os puros de coração: Porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus. Bem-aventurados os que sofrem perseguição, por causa da justiça, porque deles é reino dos céus, Bem-aventurados sóis vós, quando vos injuriarem, e perseguirem; e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa. Regozijem-se e alegrai-vos, porque é grande a vossa recompensa nos céus. Porque assim perseguiram os Profetas que vieram antes de vós'. (Mateus 5:8-12)

I

1. Quão excelentes coisas são faladas do amor de nosso próximo! Ele é 'o cumprimento da lei', 'a finalidade do mandamento'. Sem isto, tudo o que temos; tudo que fazemos; tudo que sofremos, não tem valor algum aos olhos de Deus. A não ser o amor ao nosso próximo, que brota do amor de Deus: Do contrário, ele mesmo de nada vale. Cabe a nós, portanto, examinarmos bem sobre que alicerce nosso amor ao próximo se sustenta; se ele é realmente construído em cima do amor de Deus; se nós 'o amamos, porque Ele primeiro nos amou'; se nós somos puros de coração: porque este é a fundação a qual nunca deverá ser movida. 'Abençoados, os puros de coração; porque eles verão a Deus!'.

2. 'Os puros de coração' são aqueles cujos corações Deus tem 'purificado, assim como Ele é puro'; que são purificados, através da fé, no sangue de Jesus, de toda afeição profana; que, sendo, 'limpos de toda imundícia da carne e espírito; santidade perfeita no temor' amoroso 'de Deus'. Eles são, pelo poder de sua graça, purificados do orgulho, através da mais profunda pobreza de espírito. Da ira, e de toda paixão indelicada ou turbulenta, através da humildade e gentileza. De todo desejo, a não ser o de agradar e alegrar a Deus, para conhecer e amá-lo, mais e mais, através daquela fome e sede de retidão, que agora ocupa toda a sua alma: De maneira que, agora, eles amam ao Senhor seu Deus com todo seu coração, com toda sua alma, mente e forças.

3. Mas quão pouco, essa pureza de coração tem sido cuidada, pelos falsos professores de todas as épocas! Eles têm ensinado os homens a absterem-se, mal e mal, de tais impurezas exteriores que Deus tem proibido, através da aparência; mas elas não tocam o coração; e, por não se guardarem contra, em feito, encorajaram as corrupções interiores.

           

            Um exemplo notável disto, nosso Senhor nos tem dado, nas seguintes palavras, em (Mateus 5:27) 'Ouvistes o que foi dito aos antigos: não cometerás adultério', e, em explicar isto, aqueles líderes cegos apenas insistiram que os homens se abstivessem dos pecados exteriores. 'Eu porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiça, já em seu coração, cometeu adultério contra ela'. (Mateus 5:28); já que Deus requer a verdade, daquilo que está, no interior do homem: Ele inspeciona o coração, e experimenta as afeições; e, se você está inclinado à iniqüidade com seu coração, o Senhor não irá ouvi-lo.

            4. E Deus não admite desculpa, para reter qualquer coisa que dê oportunidade para a impureza. Por conseguinte, 'se teu olho direito te escandalizar, arranca-o fora, e atira-o, para longe de ti. Pois é de maior proveito que se perca um dos teus membros, do que todo o teu corpo seja lançado no inferno'. (Mateus 5:29). Se pessoas queridas a ti, como teu olho direito, derem uma oportunidade de, assim, escandalizares a Deus, como estimulando desejos impuros em tua alma, sem demora, com toda veemência, afasta-te delas. 'E, se tua mão direita te escandalizar, corta-a, fora, e a atira para longe de ti; porque te é melhor que um dos seus membros se perca, que todo o teu corpo seja lançado no inferno'. (Mateus 5:30): Se alguém, que pareça ser tão necessário a ti, quanto a tua mão, for motivo do pecado, do desejo impuro; mesmo que ele nunca vá mais além do que teu coração; nunca se manifeste por palavra ou ação; constranja a ti mesmo a um rompimento inteiro e decisivo: tire-o fora de tua vida, num só golpe:  e o entregue aos cuidados de Deus. Qualquer perda, se de prazer, ou substância, ou amigos, é preferível a perder a tua alma.

            Dois passos apenas não serão impróprios tomar, antes de tal separação absoluta e decisiva:

1o. Experimente que o espírito impuro não possa ser expulso, através de jejum e oração; cuidadosamente, abstendo-se de toda ação, palavra, olhar, que você possa se certificar dê oportunidade ao mal;

2o. Se, por esses meios, você não for liberto, então, peça conselho a Ele que conhece a sua alma; ou, pelo menos, a alguém que tenha experiência, nos caminhos de Deus, no tocante ao tempo, e a maneira de proceder àquela separação; mas não outorgue à carne e ao sangue, a fim de que 'não venha a se entregar a uma forte ilusão, por acreditar numa mentira'.

5. Nem pode o próprio casamento, santo e honrado quanto ele seja, ser usado como pretexto, para  dar livre vazão aos nossos desejos. De fato, 'tem sido dito que, qualquer que repudie a sua esposa, que ele dê a ela carta de divórcio: E, então, tudo estará bem; embora ele não alegue causa, a não ser que ele não a ama, ou ama mais a uma outra. 'No entanto, eu digo que, quem quer que repudie sua mulher, exceto em caso de fornicação', (ou seja, adultério; a palavra 'porneia' significando 'falta de castidade', em geral; tanto sendo casado, como sendo solteiro) 'dará oportunidade a que ela cometa adultério', se ela se casar novamente: 'E qualquer que se casar com ela, que foi repudiada, cometerá adultério, também', conforme (Mateus 5:31-32) 

            Toda poligamia é claramente proibida nessas palavras, nas quais nosso Senhor declara expressamente que, qualquer mulher que tenha um marido vivo, se, se casar novamente, cometerá adultério. Por analogia, é adultério para qualquer homem que se casar novamente, por quanto tempo ele tenha uma esposa viva; sim, mesmo que ele seja divorciado; a menos que aquele divórcio tenha sido por causa de adultério: apenas neste caso, não existe escrita que o proíba de se casar novamente.

            6. Tal é a pureza de coração que Deus requer e opera naqueles que acreditam no Filho de seu amor. E 'abençoados sejam' os que são assim 'puros no coração; porque eles verão a Deus'. Ele 'manifestará a si mesmo, junto a eles', não apenas 'como ele faz, para com o mundo', mas como ele nem sempre faz aos seus próprios filhos. Ele os abençoará com as mais claras comunicações de seu Espírito; a mais íntima 'camaradagem com o Pai e com o Filho'. Ele fará com que sua presença esteja continuamente diante deles, e a luz de seu semblante brilhe sobre eles. Esta é a incessante oração de seus corações: 'Eu implore a ti que me mostre a tua glória'; e eles têm a petição que pediram dele. Eles agora vêm a Ele, através da fé, (o véu da carne estando agora transparente); mesmo nas suas obras menores, e em tudo que os circunda; em tudo que Deus tem criado e feito. Eles vêem Deus, nas alturas, e nas profundezas abaixo; eles vêem a Ele sendo tudo em tudo. Os puros de coração vêm todas as coisas completas de Deus. Eles vêem a Ele no firmamento dos céus; na lua; caminhando no esplendor; no sol, quando se regozija como um gigante que segue seu curso. Eles vêem a Ele 'fazendo das nuvens suas carruagens, e caminhando nas asas do vento'. Eles vêem a Deus 'preparando a chuva para a terra, e abençoando o crescimento dela; fornecendo grama para o gado; e vegetais para o uso do homem'. Eles vêem o Criador de tudo, sabiamente governando a todos, e 'mantendo todas as coisas, através da palavra de seu poder'.

 

'Ó, Senhor, nosso Governador, quão excelente é teu nome em todo o mundo'.

            7. Em todas as suas providências relacionadas a si mesmos, às suas almas ou corpos, os puros de coração vêem mais particularmente a Deus. Eles vêem Sua mão sobre eles, sempre para o bem; dando a eles todas as coisas, no peso e na medida, numerando os cabelos de suas cabeças, e fazendo uma cerca, em volta deles, e de tudo o que eles têm, e dispondo todas as circunstâncias de suas vidas, de acordo com a profundidade de sua sabedoria e misericórdia. 

            8. Mas de uma maneira mais especial, eles vêem Deus em suas ordenanças. Se eles aparecem em uma grande congregação, para 'retribuir a Ele uma honra devida a Seu nome, e adorá-lo na beleza da santidade'; ou 'entrar em seus aposentos',  e lá, derramarem seus corações diante de seu 'Pai que está em secreto'; se eles buscam os oráculos de Deus, e ouvem os embaixadores de Cristo proclamando as boas novas da salvação; ou, comendo daquele pão, e bebendo daquele cálice, 'anunciando sua morte, até que ele venha', nas nuvens dos céus; -- em todos esses seus caminhos apontados, eles encontram tal aproximação que não pode ser expressa. Eles vêem a Ele, como se fosse, face a face, e 'falam com ele, como um homem fala com seu amigo'; -- uma preparação adequada para aquelas mansões acima, onde eles poderão vê-lo como Ele é.

9. Mas quão longe de ver Deus, estão aqueles que têm ouvido 'o que foi dito aos antigos: não perjurarás; mas cumprirás teu juramento ao Senhor'. (Mateus 5:33), e o interpretado assim: Não perjurarás, quando tu jurares, através do Senhor Jeová.  Tu 'cumprirás, junto ao Senhor' esses teus 'juramentos'; mas, assim como para outros juramentos, Ele não tomará conhecimento deles.

Assim os Fariseus ensinaram. Eles não apenas permitiram toda as maneiras de juramento, em conversas comuns; mas consideraram mesmo como perjuro uma coisa pequena, de maneira que eles não tinham jurado, através do peculiar nome de Deus.

Mas nosso Senhor aqui proíbe absolutamente todo juramento comum, tanto quanto todo juramento falso; e mostra a atrocidade de ambos, através da mesma consideração terrível de que toda criatura está em Deus, e ele está presente em todo lugar, em tudo, e sobre tudo. 'Eu, porém,vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono de Deus' (Mateus 5:34); e, por conseguinte, isto é o mesmo que jurar, através Dele que se senta no trono dos céus: 'Nem jurarás pela terra; porque é o escabelo de seus pés' (Mateus 5:35); e ele está tão intimamente presente na terra, quanto no céu: 'Nem por Jerusalém; porque é a cidade do grande Rei'; e Deus é bem conhecido em seus palácios. 'Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto'  (Mateus 5:36); porque mesmo isto, é evidente, não te pertence, mas a Deus; o único que pode dispor de tudo que há nos céus e terra. 'Seja, porém, o vosso falar', (Mateus 5:37); sua conversa; seu discurso um com o outro 'ser: Sim, sim; Não, Não'; uma afirmação ou negação sim e séria; 'porque o que passar disso, será de procedência maligna'; procedera do diabo, e é a marca de seus filhos.

10. Que nosso Senhor não proíbe aqui o 'jurar em julgamento e verdade', quando nós somos requeridos a assim fazê-lo, através de um Magistrado, pode aparecer:

            1o.  Quando da ocasião dessa parte de seu discurso, -- o abuso que ele estava aqui reprovando, -- era o do falso juramento e do juramento comum; sendo o jurar diante de um Magistrado uma coisa totalmente fora de questão.

            2o. Das mesmas palavras onde ele forma a conclusão geral: 'Que sua comunicação',  ou discurso, 'seja:Sim, sim; Não, não'.

 

            3o. Do seu próprio exemplo; já que ele mesmo respondeu sob juramento, quando requerido pelo Magistrado. Quando o Alto Sacerdote disse junto a ele: 'Pelo Deus vivo, conjuro-te que nos digas, se tu és o Cristo, o Filho de Deus'; Jesus imediatamente respondeu na afirmativa: 'Tu o dissestes'; (ou seja, a verdade); 'não obstante', (ou, antes, além disso), 'digo-vos que, em breve, vereis o Filho do Homem assentado á direita do Todo-Poderoso, e vindo sobre as nuvens do céu'. (Mateus 26:63-64)

            4o. Do exemplo de Deus, mesmo o Pai, que 'Querendo mais abundantemente mostrar aos seus herdeiros da promessa a imutabilidade de seu conselho, confirmou-a com juramento'. (Hebreus 6:17).

            5o. Do exemplo de Paulo, que nós acreditamos, tinha o Espírito de Deus, e bem entendia o pensamento de seu Mestre, 'Deus é minha testemunha', diz ele, aos Romanos, 'que eu, sem cessar, fiz menção sempre de vocês em minhas orações': (Romanos 1:9). Aos Coríntios, 'Invoco, porém a Deus, por testemunha sobre a minha alma, que, para vos poupar, não tenho até agora ido a Corinto': (2 Cor. 1:23). E as Filipenses, 'Porque Deus me é testemunha das saudades que de todos vós tenho, em entranhável afeição a Jesus Cristo'. (Fil. 1:8). Disto, aparece, inegavelmente que, se o Apóstolo conhecia o significado das palavras do Senhor, ele não proibira jurar, em ocasiões importantes, mesmo um ao outro. Quanto menos, diante de um Magistrado!

E, por fim, da afirmação do grande Apóstolo, concernente ao juramento solene em geral: (o que é impossível que ele pudesse ter mencionado, sem algum toque de vergonha, se seu Senhor tivesse proibido totalmente isto): 'Porque os homens certamente juram, por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda contenda'.  (Hebreus 6:16).

11. Mas a grande lição que nosso abençoado Senhor repisa aqui, e que Ele ilustra, através desse exemplo, é que Deus está em todas as coisas, e que nós podemos ver o Criador no espelho de cada criatura; que nós podemos usar e olhar sobre nada, como estando separada de Deus; o que, de fato, seria uma espécie de ateísmo prático; mas, com a verdadeira magnificência do pensamento, inspecionar céus e terra, e tudo o que nela há, como contida em Deus, na concha de sua mão; quem, pela sua profunda presença os possui na existência; quem penetra e impulsiona a forma criada, e é, em um sentido verdadeiro, a alma do universo.

II

1. Assim sendo, nosso Senhor tem estado mais diretamente ocupado em ensinar a religião do coração. Ele tem mostrado o que os cristãos devem ser. Ele prossegue mostrando o que eles devem fazer também, -- como a santidade interior deve se inserir em nossa conversa exterior. 'Bem-aventurados', diz ele, 'são os pacificadores; porque eles serão chamados de filhos de Deus'.

            2. 'Os pacificadores': A palavra, nos escritos sagrados, implica toda maneira do bem; toda benção que se relaciona tanto com a alma, quanto com o corpo; com o tempo ou a eternidade. Desse modo, quando Paulo, nos documentos de suas Epístolas, deseja graça e paz aos Romanos ou aos Coríntios, é como se ele dissesse: 'Que vocês possam desfrutar de todas as bênçãos, espiritual e temporal; todas as boas coisas que Deus tem preparado para aqueles que o amam, como um fruto do voluntário e desmerecedor amor e favor de Deus'.

 

             3. Daqui, nós podemos facilmente aprender, em que sentido ampliado, o termo 'pacificadores' deve ser entendido. Em seu significado literal, ele implica aqueles amantes de Deus e homem, que detestam e abominam extremamente toda contenda e debate; toda  divergência e contenção; e, conseqüentemente, trabalham com todas as suas forças, tanto para impedir esse fogo do inferno de ser acesso, quanto, quando ele está acesso, de expandir-se, ou, quando expandido, de se espalhar para mais longe. Eles se esforçam para acalmar os espíritos tempestuosos dos homens; para aquietar suas paixões turbulentas; para  suavizar as mentes das partes opostas; e, se possível, reconciliá-las. Eles usam de todas as artimanhas inocentes, e empregam todas as suas forças, todos os talentos que Deus lhes tem dado, tanto para preservar a paz, onde ela se encontra, como para restaurá-la, onde ela não está. É a alegria de seus corações promoverem, confirmarem, aumentarem, a boa-vontade mútua entre os homens; mas, mais especialmente, entre os filhos de Deus; não obstante, distinto, através das coisas de menor importância; que, como eles têm todos 'um só Senhor, uma só fé'; como eles estão todos 'atraídos na única esperança de seus chamados',  de maneira que eles possam todos 'caminhar merecedores da vocação, por meio da qual, foram chamados; com toda a humildade e submissão; com longanimidade; pacientes uns com os outros em amor; esforçando-se para manterem a unidade do Espírito nos laços da paz'.

            4. Mas, na extensão completa da palavra, um 'pacificador' é alguém que, quando ele tem a oportunidade, 'faz o bem a todos os homens'; alguém que, estando preenchido com o amor a Deus e a toda humanidade, não pode confinaras manifestações desse amor, à sua própria família, ou amigos, ou conhecidos, ou partido, ou aqueles de suas próprias opiniões, -- não, nem àqueles que são parceiros de igual fé preciosa; mas ultrapassa todos esses limites estreitos, para que ele possa fazer o bem a todos os homens; para que ele possa, de um modo ou de outro, manifestar seu amor a seu próximo e estranhos; amigos e inimigos. Ele faz o bem a eles todos, como se tivesse oportunidade, ou seja, em todas as ocasiões possíveis; 'compensando o tempo', com o objetivo de, nisto, 'aproveitar toda a oportunidade; propiciando cada hora; não perdendo o momento em que ele possa ser proveitoso a outro'. Ele faz o bem; não de uma espécie particular, mas o bem em geral, de todas as formas possíveis; empregando nisto todo seu talento, de todos os tipos; todos os seus poderes e faculdades do corpo e alma; toda sua fortuna; seus interesses; sua reputação; desejando, apenas, que, quando seu Senhor vier, Ele possa dizer: 'Bravo! Meu bom e fiel servo!'.

            5. Ele pratica o bem, até a última gota de seu poder; igualmente, aos corpos de todos os homens. Ele se regozija em 'repartir seu pão com o faminto', e 'em cobrir o nu com uma peça de roupa'. Existe algum estranho? Ele o faz entrar, e o alivia, de acordo com suas necessidades. Alguém está doente ou na prisão? Ele o visita, e administra tais socorros, de acordo com o que mais precisa. E tudo isto ele faz, não, junto a homem; mas lembrando-se Dele que disse: 'Porquanto, o que você fizer ao mais simples destes meus irmãos, será a mim você estará fazendo'.

            6. O quanto ele se regozija, se ele pode fazer algum bem à alma de algum homem! Esse poder, de fato, pertence a Deus. É Ele apenas que muda o coração, sem o que, todas as outras mudanças seriam mais frívolas do que a vaidade. Não obstante, agrada a Ele, que opera tudo em todos, ajudar o homem; principalmente, através do homem; para tornarem conhecidos seu próprio poder, benção e amor, por meio deles. Portanto, embora seja certo que a 'a ajuda que é feita na terra, seja o próprio Deus quem a faz';ainda assim, nenhum homem precisa, por isso, permanecer inútil em seu vinhedo. O pacificador não pode: Ele está sempre se ocupando nele, e é como um instrumento, nas mãos de Deus, preparando o solo para seu Mestre usar, ou semeando as sementes do reino, ou regando o que já está semeado, se, por acaso, Deus pode fazê-lo progredir.

De acordo com a medida da graça que recebe, ele usa de toda diligência; tanto para reprovar o pecador grosseiro; para reclamar daqueles que se precipitam, para o caminho mais largo da destruição; quanto para 'fornecer luz àqueles que se sentam na escuridão', e estão prontos a 'perecer, por falta de conhecimento'; ou para 'auxiliar o fraco; erguer as mãos que estão abaixadas, e os joelhos débeis; ou para trazer de volta e curar aquele que estava incapacitado, ou estava fora do caminho. Nem ele é menos zeloso, ao confirmar aqueles que já estão se esforçando para entrar, pelo portão estreito; ao fortalecer aqueles que permanecem, a fim de que possam 'correr, perseverantes, a corrida que se coloca diante deles'; ao edificar, na fé mais santa deles, aqueles que sabem em quem eles têm acreditado, exortando-os a estimular o dom de Deus, que está neles, para que, crescendo na graça diariamente, 'uma permissão possa ser dada a eles, abundantemente, no reino eterno de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo'.

7. 'Bem-aventurados' são estes que estão assim continuamente empregados na obra da fé e trabalho do amor; 'porque eles serão chamados', ou seja, eles deverão ser (um Hebraísmo comum) 'os filhos de Deus'. Deus deve estender junto a eles o Espírito de adoção; sim, deverá derramá-lo mais abundantemente em seus corações. Ele deverá abençoá-los com todas as bênçãos de seus filhos. Ele deverá reconhecê-los, como filhos, diante de anjos e homens; 'e, uma vez filhos, seus herdeiros; herdeiros de Deus, e co-herdeiros com Cristo'.

III

 

1. Alguém poderia imaginar que tal pessoa, como a que tem sido acima descrita, tão cheia de humildade genuína; tão impassivelmente séria; tão equilibrada e gentil; tão livre de todo objetivo egoísta; tão devotado a Deus, e tal amante ativo dos homens, seria o preferido da humanidade. Mas nosso Senhor está mais familiarizado com a natureza humana, em seu estado presente. Ele, por conseguinte, conclui o caráter desse homem de Deus, mostrando a ele o tratamento que ele deve esperar do mundo: 'Bem-aventurados', diz ele, 'são os que são perseguidos por causa da justiça; porque deles é o reino dos céus'.  

            2. Com o objetivo de entender isto, totalmente, Primeiro, vamos inquirir, quem são eles que são os perseguidos? E isto pode ser facilmente aprendido de Paulo:

            (Gal. 4:29) 'Mas, como, então, aquele que era gerado, segundo a carne, perseguia o que o era, segundo o Espírito; assim, é também agora'.  

            (2 Tim. 3:12) 'Sim',  diz o Apóstolo, 'também, todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições'.

 

            (I João 3:13-14) O mesmo nós aprendemos, através de João: 'Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos aborrece. Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos; quem não ama a seu irmão permanece na morte'. Como se ele tivesse dito: os irmãos, os cristãos, não podem ser amados, a não ser por aqueles que passaram da morte para a vida. E, mais expressamente, através de nosso Senhor em:

            (João 15:18-20) 'Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, ele odeia a mim. Se vós fosseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes, eu vos escolhi do mundo, por isso, é que o mundo vos odeia. Lembrai-vos da palavra que vos disse: não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também perseguirão a vós'.

            Através de todas essas Escrituras, aparecem, manifestadamente, aqueles que são os perseguidos; ou seja, os justos: Aqueles 'que são nascidos do Espírito'; 'todos que viverão divinamente em Jesus Cristo'; aqueles que 'passaram da morte para a vida'; os que 'não são do mundo'; todos esses que são mansos e humildes de coração; que murmuram por Deus; que têm fome de sua semelhança; todos os que amam a Deus e seu próximo; e, que, por conseguinte, quando têm oportunidade, praticam o bem a todos os homens.

3. Em Segundo Lugar, se for inquirido, por que eles são perseguidos; a resposta é igualmente clara e óbvia: É 'por causa da justiça'; porque eles são justos; porque eles são nascidos do Espírito; porque eles 'irão viver divinamente em Cristo Jesus'; porque eles 'não são do mundo'. O que quer que possa ser pretendida, esta é a causa real: sejam suas enfermidades, mais ou menos; ainda assim, se não fosse por isto, eles iriam nascer do mundo, e o mundo iria amar o que lhe pertence. E eles são perseguidos:

Porque eles são pobres em espírito; ou seja, diz o mundo, 'serem pobres em espírito, significa, que suas almas são fracas, covardes; boas para coisa alguma; nada adequadas a viverem nele': --  

E, porque eles murmuram: 'Eles são tais criaturas estúpidas, grosseiras, indolentes, prontas para fundar o espírito de qualquer um que os procure! Eles são meras cabeças mortas. Eles matam a alegria inocente; e danificam as sociedades onde quer que eles cheguem'. –

Porque eles são humildes: 'Eles são subjugados, tolos passivos, adequados exatamente para serem maltratados': --  

Porque eles têm fome e sede de justiça: 'são uma parcela dos entusiastas histéricos; abrindo a boca atrás do que eles não sabem o que; não satisfeitos com a religião racional, mas enlouquecidos em busca de êxtase e sentimentos interiores:' –

 

Porque eles são misericordiosos e amam a todos; amam o mau e o ingrato: 'Eles estão encorajando todas as formas de maldade; mais ainda, tentando as pessoas a causarem dano, através da impunidade: e são homens que, devem ser temidos; têm as suas próprias religiões, ainda para buscarem; muito vagos, em seus princípios':

 

Porque eles são puros de coração': 'São criaturas sem caridade; que amaldiçoam todo o mundo; a não ser aqueles que são da sua própria estirpe! Patifes blasfemadores, que pretendem fazer de Deus um mentiroso, estando sem pecado!' –

 

 Acima de tudo, porque são pacificadores; porque eles aproveitam todas as oportunidades para praticarem o bem a todos os homens. Esta é a grande razão, porque eles são perseguidos, em todas as épocas; e assim será, até a restituição de todas as coisas. 'Se eles pudessem manter a religião deles, para si mesmos, isto seria tolerável: Mas é isto que está espalhando seus erros; infectando tanto outros; o que não poderá ser mais suportado. Eles causam tanto dano no mundo, que eles não deverão mais ser tolerados. É verdade que esses homens fazem algumas coisas bem feitas; eles aliviam alguns pobres; mas também isto é feito, apenas para ganhar mais adeptos; e, assim, de fato, causarem mais prejuízo!'.

Desta maneira, os homens do mundo sinceramente pensam e falam. E quanto mais o reino de Deus prevalece; mais os pacificadores são capacitados a propagar a mansidão, humildade, e todos os outros temperamentos divinos; mais dano é causado, por conta deles: Conseqüentemente, quanto mais eles ficam enraivecidos contra os autores disto, mais veementemente eles os perseguem.

4. Em Terceiro Lugar, vamos inquirir, quem são aqueles que os perseguem? Paulo responde: 'Aqueles que são nascidos, segundo a carne': Todos os que não são 'nascidos do Espírito', ou, pelo menos, não estão desejosos de assim o serem; todos os que não trabalham para 'viverem divinamente em Jesus Cristo'; todos os que 'não passaram da morte para a vida', e, conseqüentemente, não podem 'amar o irmão'; 'o mundo', ou seja, de acordo com o relato de nosso Salvador, aqueles que 'não conhecem a Ele que me enviou; que não conhecem a Deus; ou mesmo o amor e redenção de Deus, através do ensinamento de seu próprio Espírito'.

           

            A razão é simples: o espírito que está no mundo, está diretamente em oposição ao Espírito que está em Deus. E ele precisa estar, por conseguinte, para que aqueles que são do mundo estejam em oposição àqueles que são de Deus. Existe o mais extremo antagonismo entre eles; em todas as suas opiniões; seus desejos; objetivos; e temperamentos. E, até aqui, o leopardo e a criança não podem se deitar juntos em paz. O orgulhoso, porque ele é orgulhoso, não pode deixar de perseguir o humilde; o leviano e animado, aqueles que murmuram: E, assim, em todos os outros tipos; a dessemelhança de disposição (onde não existe outra) sendo um alicerce perpétuo da inimizade. Portanto, seja apenas por esse motivo, todos os servos do diabo irão perseguir os filhos de Deus.

            5. Em Quarto Lugar, se for inquirido, como eles irão persegui-los, poderá ser respondido, de uma maneira geral, exatamente naquela forma e medida que o sábio Disponente vê que será melhor para sua glória, -- irá inclinar mais ao crescimento de Seus filhos na graça, e o alargamento de seu próprio reino. Não existe uma ramificação do governo de Deus do mundo que seja mais admirável do que este. Seus ouvidos nunca estão cansados para as ameaças do perseguidor; ou o clamor dos perseguidos. Seus olhos estão sempre abertos, e sua mão, sempre estendida para dirigir cada uma das menores circunstâncias. Quando a tempestade deverá começar; quão alto ela deverá se erguer; que caminho ela apontar seu curso; quando e como ela deverá terminar, tudo é determinado, através de Sua sabedoria infalível. O descrente é apenas uma espada Dele; um instrumento que Ele usa a seu prazer, e que, ela mesma, quando o gracioso fim de sua providência é respondido, é lançada no fogo.

Em alguns momentos raros, como quando o Cristianismo foi primeiramente plantado, e enquanto ele foi criando raiz na terra; como também, quando a doutrina pura de Cristo começou a ser plantada novamente em nossa nação; Deus permitiu que a tempestade se erguesse alto, e seus filhos fossem chamados para resistir com sangue. Existiu uma razão peculiar, porque eles sofreram isto, com respeito aos Apóstolos: para que a sua evidência pudesse ser a mais inquestionável. Mas, dos anais da igreja, nós aprendemos uma outra; uma razão muito diferente, do porquê eles sofreram perseguições pesadas, que se ergueram, no segundo e terceiro séculos; ou seja, porque 'o mistério da iniqüidade operou' tão fortemente; por causa das corrupções monstruosas que, então, reinaram na igreja. Esses, Deus puniu, e ao mesmo tempo, esforçou-se para curar, através daquelas severas, mas necessárias visitações.

Talvez, a mesma observação possa ser feita, com respeito à grande perseguição em nossa própria terra. Deus tem tratado muito graciosamente nossa nação. Ele tem derramado várias bênçãos sobre nós: Ele nos tem dado paz, em casa, e além de nossas fronteiras; e um Rei sábio e bom, ao longo de seus anos: E, acima de tudo, ele tem feito com que a luz pura de seu evangelho se erguesse e brilhasse em meio de nós. Mas que retorno Ele tem encontrado? 'Ele procurou por retidão; mas encontrou um clamor! – um clamor de opressão e engano; de ambição e injustiça; de malícia, e fraude, e cobiça. Sim, o clamor daqueles que, mesmo então, morreram nas chamas, que entraram nos ouvidos do Senhor do Sábado. Foi, então, que Deus ergueu-se para manter sua própria causa, contra aqueles que asseguraram a verdade na injustiça. Assim, ele os entregou nas mãos de seus perseguidores; através de um julgamento misturado com misericórdia; uma aflição para punir; e, ainda assim, um remédio para curar, as graves apostasias de seu povo.

6. Mas raramente Deus consente que a tempestade se erga tão alta, como tortura, morte, cativeiros ou prisão. Considerando que seus filhos são freqüentemente chamados para suportar essas espécies mais leves de perseguição; eles freqüentemente sofrem a desavença da parentela, -- e a perda de amigos que eram como suas próprias almas. Eles se certificam da verdade das palavras de seu Senhor (no que concerne ao evento, embora não ao objetivo de sua vinda): (Lucas 12:51) 'Cuidei vós que vim trazer paz à terra? Eu vos digo, não; mas, antes, dissensão'. E, disso, segue-se naturalmente a perda de negócio ou empreendimento, e, conseqüentemente de bens materiais. Mas todas essas circunstâncias, igualmente, estão debaixo da sábia direção de Deus, que distribui proporcionalmente a todos o que é mais expediente para ele.  

 

7. Mas a perseguição que atende a todos os filhos de Deus é aquela que nosso Senhor descreve nas seguintes palavras: 'Bem-aventurados sóis vós, quando vos injuriarem, e perseguirem; e, mentindo, disserem todo o mal contra vós, por minha causa'. Isso não pode falhar; este é o mesmo emblema de nosso discipulado; é um dos selos de nosso chamado; é a porção certa requerida sobre todos os filhos de Deus: Se nós não tivermos isto, nós seremos bastardos e não filhos. Direto, através da boa ou má reputação, se estende o único caminho para o reino. O manso de coração, o sério, o humilde, os amantes zelosos de Deus e homem são os que têm boa reputação, em meio aos seus irmãos; mas os de má reputação para com o mundo, que os julga e os ameaça 'são como a sujeita e refugo de todas as coisas'.

8. De fato, alguns têm suposto que, diante da abundância dos gentios que devem vir, o escândalo da cruz irá cessar [Wesley se refere à perseguição que ele e seus ministros sofreram]; que Deus fará com que os cristãos sejam estimados e amados, mesmo por aqueles que estão ainda em seus pecados. Sim; e é certo que, mesmo agora, Ele, algumas vezes, interrompe temporariamente a contenda, tanto quanto a ferocidade dos homens; 'ele faz com que os inimigos dos homens estejam em paz consigo, por algum tempo, e dá a eles favor com seus mais amargos perseguidores'. Porém, colocando de lado esse caso singular, o escândalo da cruz, ainda, não está terminado; embora um homem ainda possa dizer, 'Se eu agradar a homens, eu não sou servo de Cristo. Que nenhum homem, portanto, leve em consideração aquela sugestão prazerosa (prazerosa, sem dúvida, para a carne e sangue), de que os homens maus apenas fingem odiar, e desprezar aqueles que são bons; em vez disto, os amam e estimam em seus corações'. Não é assim: Eles podem empregá-los, algumas vezes; mas é para o próprio proveito deles. Eles podem colocar confiança neles; já que eles sabem que seus métodos não são como de outros homens. Mas, ainda assim, eles não os amam; exceto, na medida em que o Espírito de Deus possa lutar com eles. As palavras de nosso Senhor são expressas:  'Se vocês fossem do mundo, o mundo amaria o que lhe pertence; mas, porque vocês não são do mundo, por conseguinte, o mundo odeia vocês'. Sim, (colocando de lado as exceções que possam ser feitas, através da graça preventiva ou providência peculiar de Deus), ele odeia a eles tão cordialmente e sinceramente, como sempre o fizeram para com seu Mestre. 

9. Resta apenas inquirir: Como os filhos de Deus devem se comportar com respeito à perseguição: Primeiro, eles não devem intencionalmente ou propositadamente trazê-la sobre si mesmos. Isto é contrário, tanto ao exemplo, quanto ao conselho de Nosso Senhor e todos seus Apóstolos, que nos ensinaram - a não apenas não a buscarmos, mas a evitarmo-la, tanto quanto nos seja possível, sem afligirmos nossa consciência; sem desistirmos de alguma parte daquela retidão, que nós devemos preferir diante da própria vida. Assim sendo, nosso Senhor expressamente diz: 'Quando eles o perseguirem nesta cidade, fuja para outra'; o que de fato, quando pode ser feito, é a mais irrepreensível maneira de evitar a perseguição.

            10. Ainda assim, não pense que você pode sempre evitá-la; tanto por esse meio, quanto por outros. Sempre que aquela imaginação desocupada roubar, dentro de seu coração, faça-a voar, através daquela precaução severa: 'Lembrem-se do que eu disse a vocês: o servo não é maior do que seu Senhor. Se eles perseguiram a mim, certamente, irão perseguir a vocês'.'Sejam sábios como serpentes, e inofensivos como pombas'. Mas isto irá abrigá-los da perseguição? Não; a menos que vocês sejam mais sábios do que seu Mestre, ou mais inocentes do que o Cordeiro de Deus.

 

            Nem desejem evitá-la; escaparem dela totalmente; porque, se vocês o fizerem, vocês não serão dele. Se vocês escapam da perseguição, vocês escapam da benção; da benção daqueles que são perseguidos, por causa da retidão. Se vocês não forem perseguidos por causa da retidão, vocês não poderão entrar no reino dos céus. 'Se nós sofremos com ele, nós devemos também reinar com ele. Mas, se nós os negamos, ele irá negar a nós'.

11. Mais do que isso, antes, 'regozijem-se e estejam excessivamente satisfeitos', quando os homens os perseguem por causa Dele; quando eles os perseguem, insultando a vocês, e dizendo 'todo o mal contra vocês, falsamente', o que eles não irão falhar em misturar com todo tipo de perseguição: Eles precisam difamar vocês, para desculparem a si mesmos: 'Porque assim perseguiram os Profetas que vieram antes de vocês!' – aqueles que eram mais eminentemente santos no coração e vida; sim, e todo o justo que alguma vez existiu, desde o começo do mundo. Regozijem-se, porque, por essa marca, vocês também serão conhecidos, junto àqueles a quem pertencem. E, 'porque grande é o seu galardão no céu',  -- a recompensa adquirida, através do sangue da aliança, e concedida livremente, na proporção de seus sofrimentos, tanto quanto da santidade do coração e vida de vocês. Estejam excessivamente satisfeitos; sabendo que 'essas aflições leves, que são apenas por algum momento, operam para vocês um peso muito maior e eterno na glória'.

 

12. Nesse meio tempo, não permita que a perseguição faça com que você saia do seu caminho de humildade e mansidão; de amor e beneficência. 'Ouvistes o que foi dito: olho por olho, dente por dente'.(Mateus 5:38), e seus miseráveis professores têm, desde então, permitido vingarem-se; retornarem o mal com o mal: 'Mas eu digo a vós, que não resistais ao mal': -- Não dessa forma; não o retornando dessa maneira. 'Mas, preferivelmente a isto, quando baterem em teu rosto, oferece-lhe a outra também. E, se algum homem quiser pleitear contigo, e tirar a tua vestimenta, larga-lhe também a capa. E, qualquer que vos obrigar a caminhar com ele uma milha, caminha com ele, duas'.

Permita que tua mansidão seja assim invencível. E teu amor seja adequado a isto. Dá a ele o que pediu a ti; e dele que obteve emprestado de ti, não pede de volta'.  Apenas não dá o que pertence a outro homem, e que não seja teu. Por conseguinte:

(1)          Cuida de não deveres coisa alguma a homem algum: porque o que tu deves não te pertence, mas a outro homem.

(2)          Supre aqueles de tua própria casa: Isto também Deus tem requerido de ti; e o que é necessário para sustentá-los na vida e religiosidade também não te pertence.

(3)          Então, dá ou faze empréstimo de tudo que restar, do dia a dia; de ano a ano. Apenas, primeiro, vendo que tu não podes dar ou emprestar a todos, contempla o lar com a fé.. 

13. A mansidão e amor que vocês devem sentir; a delicadeza que vocês devem mostrar a eles que os perseguem, por causa da retidão; nosso Senhor descreve, mais além, nos seguintes versos, em (Mateus 5:43), 'Vocês têm ouvido o que lhes disseram: Amem ao seu próximo; e odeiem ao seu inimigo'. Deus, de fato, havia dito apenas a primeira parte: 'Vocês devem amar ao seu próximo': mas, os filhos do diabo acrescentaram a segunda: 'e odeiem ao seu inimigo': 'Mas eu digo a vocês':

(1)          'Amem aos seus inimigos': Vejam que vocês testemunhem uma boa-vontade terna, para com aqueles que têm um espírito mais amargo contra vocês; aqueles que desejam a vocês toda a forma de mal.

(2)          'Abençoem aqueles que os praguejam'. Alguns dos amargos de espírito irrompem em palavras ásperas contra vocês? Eles estão continuamente praguejando e reprovando vocês, quando vocês estão presentes, e dizendo 'toda forma de maldade contra vocês', quando estão ausentes? Tanto mais, preferivelmente, vocês devem abençoá-los: nas conversas com eles, usem de todo equilíbrio e delicadeza de linguagem. Reprovem-nos, sendo bons exemplos, diante deles; mostrando a eles como eles deveriam ter falado. E, ao falarem deles, digam tudo de bom que vocês puderem, sem violarem as regras da verdade e justiça.

(3)          'Faça o bem aos que os odeiam'.  Que suas ações mostrem que vocês são tão verdadeiros no amor, quanto eles no ódio. Paguem o mal com o bem. 'Não sejam dominados pelo mas, mas dominem o mal, com o bem'.

(4)          Se vocês não puderem fazer mais coisa alguma, pelo menos, 'orem por eles que, acintosamente, usam vocês e os perseguem'. Vocês nunca deverão ser incapazes de fazerem isto; nem toda a malícia e violência deles poderão impedir vocês. Derramem suas almas a Deus; não apenas por aqueles que fizeram isto uma vez, mas agora se arrependeram: --

Está é uma pequena coisa: 'E, se pecar contra ti, sete vezes no dia, e, sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: arrependo-me, perdoa-lhe' (Lucas 17:4); ou seja, se, depois de tantos relapsos, ele der a ti motivo para acreditares que ele está realmente e totalmente mudado; então, tu deverás perdoá-lo; de maneira a confiares nele; a colocá-lo em teu seio, como se ele nunca tivesse pecado contra ti, afinal: --

Mas ora; luta com Deus, por aqueles que não se arrependeram; que agora maliciosamente usam a ti e te perseguem. E os perdoa; 'não até sete vezes; mas setenta vezes sete' (Mateus 18:22). Quer tenham se arrependido ou não; sim, embora eles parecem muito e muito distante disto; ainda assim, mostra a eles este exemplo de bondade: 'Para que possas ser filhos'; para que possas aprovar a ti mesmo, como filhos legítimos, 'do Pai que está nos céus', aquele que mostra Sua bondade, através de tais bênçãos, de que eles são capazes, mesmo aos seus mais intratáveis inimigos; 'aquele que faz o sol brilhar sobre o mal e o bom; e envia a chuva sobre o justo e o injusto'. 'Pois, se amares os que vos amam, que galardão tereis? Os publicanos não fazem também o mesmo? (Mateus 5:46) – os que não fingem ter alguma religião; os que vocês mesmos reconhecem que estão sem Deus no mundo. 'E, se vocês saudarem'; mostrarem delicadeza, na palavra ou ação, para com 'seus irmãos', seus amigos, ou parentela, 'apenas; o que farão de mais?' – àqueles que não têm religião, afinal? 'Os publicanos não fazem o mesmo?' (Mateus 5:47). Mais do que isto, sejam um modelo melhor do que eles. Na paciência, na longanimidade; na misericórdia, na beneficência de toda espécie, para com todos; mesmo aos seus mais intratáveis perseguidores; 'sejam'  cristãos, 'perfeitos', na maneira, embora não na proporção, 'como seu Pai, que está nos céus, é perfeito'. (Mateus 5:48).  

IV

Observem o Cristianismo em sua forma nativa, como entregue, através de seu grande Autor! Esta é a religião legítima de Jesus Cristo! Tal ele apresente àqueles cujos olhos estão abertos. Veja a imagem de Deus, tanto quanto ela pode ser imitável pelo homem! Uma imagem feita pelas próprias mãos de Deus: 'Observem, vocês, blasfemadores, e se admirem, e pereçam!' Ou, antes, maravilhem-se e adorem! Preferivelmente, clamem: 'Esta é a religião de Jesus de Nazaré? A religião que eu persegui! Que nunca mais eu seja achado em luta contra Deus. Senhor, o que queres que eu te faça?'. Que beleza aparece no todo! Que justa simetria! Que exata proporção em cada parte! Quão desejável é a felicidade aqui descrita! Quão venerável; quão amorosa é a santidade. Este é o espírito da religião; a quinta-essência dela. Esses são, de fato, os fundamentos do Cristianismo.

            Ó, que nós não sejamos apenas ouvintes dele! – 'como um homem, olhando seu próprio rosto no espelho; e que segue seu caminho, diretamente, esquecendo-se da espécie de homem que ele era'. Mais ainda; que nós, firmemente, 'busquemos, essa lei perfeita de liberdade, e continuemos nela'. Que não descansemos, até que toda sua linha seja transcrita em nossos corações. Que vigiemos, e oremos, e acreditemos, e amemos, e 'esforcemo-nos para a maestria', até que cada parte dela possa aparecer em nossa alma; gravada lá, pelos dedos de Deus; até que sejamos 'santos, como Ele, que nos tem chamado, é santo; perfeitos, como nosso Pai, que está nos céus, é perfeito'. 

Editado por Jennette Descalzo – correções de Ryan Danker e George Lyons - para a Wesley Center for Applied Theology.