POTENCIALIDADES DO BRINCAR HEURÍSTICO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Por sonia aparecida amaral freitas | 14/11/2024 | EducaçãoPOTENCIALIDADES DO BRINCAR HEURÍSTICO PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O brincar é um artificio acessível para todas as crianças, coopera com o desenvolvimento de forma deslumbrada desabrochando experiências extraordinárias contribuindo com o processo social proporcionando a criança descobertas sobre si mesma e desenvolvendo o seu potencial de forma integra.
As brincadeiras e os jogos embarcam como método pedagógico na educação infantil como uma ferramenta importante para aprendizagem infantil, pois brincando a criança aprende e a aprendizagem é expressiva contribuindo com desenvolvimento físico, mental e cognitivo. “Onde o lúdico e o afetivo bem trabalhados levarão a uma sociedade mais integrada e solidária” (BUITONI, 2006, p. 30).
Portanto o brincar contribui com o desenvolvimento de competência integra nas aprendizagens motivando a criança a participar do seu desenvolvimento através dos momentos prazerosos onde são despertadas a criatividade, interação e integração, favorecendo a autoestima e amenizando possíveis entraves que possam existir, exemplo a timidez que limitam a criança a se relacionar com outros.
A educação tem princípios constituir cidadãos críticos e reflexivos, a educação infantil entendida como a primeira etapa da educação básica conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010), ofertadas como um direito para crianças de zero a seis anos em creches e pré-escolas conforme a Constituição Federal de 1988.
A criança e o alvo principal do planejamento na educação infantil e se desenvolve em meio as interações e metodologias planejadas sendo reforçado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) em seu Art. 2º diz que: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania. (BRASIL, 1996, p. 1).
O brincar embarca como método pedagógico na educação infantil como uma ferramenta importante para aprendizagem infantil, pois brincando a criança aprende e a aprendizagem é expressiva contribuindo com desenvolvimento físico, mental e cognitivo. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEIs) consideram a criança como sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas, constrói sua identidade pessoal e coletiva, sentidos sobre a natureza e a sociedade produzindo cultura (BRASIL, 2010, p.12). Portanto,
Conceber a criança como sujeito de direitos é reconhecê-la como artífice na construção de um mundo compartilhado no qual sua ação, sua palavra, sua cultura, sua história são respeitadas e ouvidas como síntese de uma experiência social, compartilhada, atravessada pela sua condição de classe, etnia, gênero etc. (ARAÚJO, 2005, p.69).
Por meio das brincadeiras a criança se desinibe e cria situações de pensar e agir, portanto a importancia de inserir jogos lúdicos na educação infantil para deixar a criança produzir frutos criando regras imaginárias que fortalecem os conhecimentos adquiridos e também a sua formação e personalidade para o lado positivo. As DCNEIs enaltecem as práticas pedagógicas nas instituições de educação infantil e os eixos norteadores são fortalecidos através das interações e brincadeiras com o objetivo de o “[...] garantir à criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens [...]” (BRASIL, 2010, p.18).
O desenvolvimento da inteligência tem referência ao aspecto cognitivo, o qual tem um elo com as atividades lúdicas ampliando conhecimentos através das interações que vivenciam através do outro, estes elevam o nível intelectual, estimulam a imaginação e a criatividade.
Os princípios fundamentados na BNCC para a fase da educação infantil são os eixos estruturantes que firmam os seis direitos de aprendizagem conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se. Essa organização “[...] acolhe as situações e as experiências concretas da vida cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural” (BRASIL, 2017, p.38).
Através das interações e o ato do brincar é despertadas na criança habilidades preciosas como a autonomia e a identidade. A brincadeira tem sua propriedade nestes aspectos, através dos comportamentos lúdicos se transmite cultura, ferramenta bastante importante para auxiliar no ensino e aprendizagem das crianças, pois consegue envolvê-las e transmitir conhecimentos.
Brincando a criança consegue se envolver de forma intensa em situações fantasiosas, ou realistas exercitados a imaginação, colocando sentimentos e emoções sem inibições. Através das brincadeiras a criança aprende a tomar decisões, por isso a importância de inserir atividades lúdicas na infância, pois as aprendizagens conquistadas nesta fase se estendem ao longo da vida.
O brincar livre ou conhecido como brincar heurístico é uma modalidade de grande importância para ser trabalhada na educação infantil, os estudos teóricos sobre esta modalidade são recentes, mas bem argumentados sobre o seu valor no cotidiano das crianças. O brincar heurístico foi desenvolvido por Elinor Goldschmied e Sonia Jackson em 1987 nos países europeus e atualmente difundida mundialmente. O objetivo dessa metodologia é proporcionar descobertas e criatividade entrelaçadas ao aprender e o brincar. Nesse sentido, Goldschmied e Jackson (2008) acreditam que:
No segundo ano de vida, as crianças sentem um grande impulso de explorar e descobrir por si mesmas a maneira como os objetos se comportam no espaço quando são manipulados por elas. Elas precisam de uma ampla gama de objetos para fazer esse tipo de experiência, objetos que sejam constantemente novos e interessantes, os quais certamente não podem ser comprados de um catalogo de brinquedos. (GOLDSCHMIED E JACKSON 2008, p.118).
O parecer do brincar heurístico está alinhada a BNCC, (2017) este garante as descobertas pela própria criança, aumentando a concentração e a aprendizagem, nesta ação não existe o certo ou o errado ao utilizar os objetos, pois inverter as utilidades dos objetos torna cada vez mais atrativas e o educador cabe o desafio momento do silêncio para que a criança, brinque, explore e esteja livre para aumentar o seu potencial criativo. Como pontuam Goldschmied e Jackson (2006, p. 121), “[...] eles já são bem capazes de iniciar sua aprendizagem e exploração por si e para si”.
O professor passa a ter um papel diferenciado no andamento da brincadeira heurística, a organização da sala é distinta uma vez que a criança organiza seu espaço de forma criativa e não impositiva devido à criança estar em um momento de exploração e experimentando o mundo de maneira saudável, neste sentido não deve ser interrompida. “[...] proporcionar estímulo e experiência aos cinco sentidos da criança: o descobrimento e o desenvolvimento do tato, do paladar, do olfato, da audição, da visão, e do sentido do movimento do corpo” (MAJEM; ÒDENA, 2010, p. 01). Esta proposta heurística é uma abordagem que depende da criatividade do mediador, pois não há receita ou orientação correta para promover este recurso, mas o mediador deve fluir suas ideias e procurar juntar objetos diversos para compor os materiais, para a criança explorar, manusear, levantar hipóteses instigar sua criatividade e ampliar seus saberes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
ao finalizarmos este estudo aguçamos ainda mais olhares relacionados ao brincar na educação infantil, entendendo que as crianças precisam ser respeitadas nas suas escolhas, ritmos e conquistas. É importante planejar e ofertar aos pequenos espaços e momentos de exploração, manipulação, convivência e o brincar é um recurso que se apropria e engrandece a criança, tornando ativa e contribuinte dos seus aprendizados fazendo com estas tomem decisões importantes e significativas.
Trabalhar o brincar heurístico na educação infantil implica ser um professor atento às novas maneiras de ensinar, pois exige romper os caminhos pré-definidos dizendo ou ensinando como a criança deve agir, pensar, desafiando a educação formatada e propondo uma dinâmica contemporânea que traz incertezas, mas importantes para que a criança participe da construção do seu aprendizado.
REFERENCIAS
BRASIL. http://basenacionalcomum.mec.gov.br/download-da-bncc. 2017 acessado em outubro 2022.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a educação infantil / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: MEC, SEB, 2010.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília:1996.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para educação infantil. Secretaria de Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, 2010.
BUITONI, Dulcilia Schroeder. De volta ao quintal mágico: A educação na Te-Arte. São Paulo: Ágora,2006. E-book. Disponível em < https://books.google.com.br/books?id=sBkSjSUC4tUC&printsec=copyright#v=onepage&q&f=fa lse> Acesso em: 23 de ago. 2024.
MAJEM, Tere; ÓDENA, Pepa. Descobrir Brincando. Campinas-SP: Autores Associados, 2010. 77 p. Tradução de Suely Amaral Mello e Maria Carmen Silva Barbosa.
FOCHI, P. (Org). O brincar heurístico na creche: percursos pedagógicos no observatório da cultura infantil - OBECI. Porto Alegre: Paulo Fochi Estudos Pedagógicos, 2018.
GOLDSCHMIED, E; JACKSON, S. O cesto de tesouros & O brincar heurístico com objetos In: Educação de 0 a 3 anos, o atendimento em creche. Porto Alegre: Artmed, 2006