PORQUE VOTAR EM DILMA ROUSSEFF NO 2º TURNO

Por Antônio Márcio Melo | 07/10/2010 | Política

PORQUE VOTAR EM DILMA ROUSSEFF NO 2º TURNO
OU: PARA O BRASIL CONTINUAR MUDANDO!

"A esperança tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las".
(Santo Agostinho, filósofo/teólogo)

"Nem toda feiticeira é corcunda e nem toda brasileira é só bunda".
(Rita Lee, compositora e cantora de rock)

Escrevemos dois textos no início do ano. O primeiro "PORQUE NÃO VOTAR EM JOSÉ SERRA" e o segundo "DILMA OU MARINA? EIS A QUESTÃO!" Os dois foram publicados no site www.webartigosos.com (Antônio Márcio Melo). Segundo os operadores do site, o primeiro texto foi lido 13843 vezes até 06/10, com 85 comentários, devidamente lidos e respondidos por este que vos escreve. Já o segundo texto foi lido 889 vezes e apenas 3 comentários, também lidos e respondidos.

Há vários motivos que nos levam a votar em Dilma Rousseff nesse segundo turno. Vamos a eles. O primeiro de todos, claro, é o fato dela ser mulher. Achamos, como cidadãos e formadores de opinião, que as lutas das mulheres a favor das causas humanitárias e por uma sociedade mais justa são e serão sempre as mais éticas e transparentes. Segundo, porque elas são mais educadas e gentis do que nós, os machos. Achamos também que devemos ajudá-las na continuação das lutas em defesa de bandeiras importantes como: o resgate da educação pública de qualidade para todos, os direitos delas pelo uso do seu corpo, da vida e da preservação ambiental, que são direitos humanos. As mulheres, durante séculos, foram vistas e entendidas sob quatro prismas: a burra, a bruxa, a puta e a santa. Foram podadas do mundo do trabalho, do saber, da cultura, dos direitos civis e até do direito de gozar. A mulher era a própria serpente! Mas a visão do mundo pós-moderno desenvolvido em relação à mulher mudou bastante da segunda metade do século XX até essa primeira década do nosso século. No entanto, sabemos que estamos falando de Brasil, e Brasil ainda não é mundo desenvolvido. A participação da mulher por essas bandas ainda se caracteriza, em muitas regiões, pela desigualdade entre os sexos. Por aqui, segundo relatório da ONU de 1999, elas só ocupam 5,9% das vagas parlamentares e 17,3% dos cargos de gerência, mesmo sendo a maioria da população. Será que mudou alguma coisa nesses onze anos?

Vivemos num mundo, numa sociedade ainda muito desigual. As mulheres gastam dois terços de seu tempo de trabalho em atividades não-remuneradas. Na média mundial, a renda per capita das mulheres equivale a pouco mais de metade da dos homens. Vamos nos colocar no papel das mulheres, pelo menos num exercício de reflexão. Nós legislamos sobre os direitos delas e sobre as suas escolhas de como lidar com o seu sistema reprodutivo. Elas ganham 40% a menos que nosotros, então têm menos para a aposentadoria. Não é de espantar que três de cada dez idosos pobres sejam mulheres! Só o câncer de mama tira mais vidas que a Aids, mas o dinheiro para as pesquisas de Aids é o dobro! As mulheres são responsáveis por 90% dos cuidados infantis, e os homens são responsáveis por 90% dos crimes sexuais. Você sabia que mais de 2 milhões de mulheres brasileiras são espancadas por ano no País? E que apenas 40% denunciam, você sabia? Pois é...

O que muda a sociedade é a política. A verba que chega para a educação e a saúde públicas, por exemplo, são os políticos que determinam. Mas para que isso seja feito com transparência e ética, é preciso que as pessoas sejam éticas, humanas. Por aqui, a grande política ainda não dialoga com os diversos segmentos representativos da sociedade, porque a maioria dos nossos políticos ainda não aprendeu a transcender interesses particulares. Mas acreditamos que a verdadeira política deve ser feita para pessoas, com pessoas e pelas pessoas. É assim que deve ser a verdadeira democracia! E acreditamos, como a Rita Lee, que são as mulheres que têm o poder de mudar esse País, de humanizá-lo. Precisamos dar o poder para as mulheres, como já fizeram o Chile e a Argentina, para ver se essa sociedade muda. Dilma na presidência não será mais do mesmo! Ela dará continuidade sim à maioria dos programas deste governo que estão dando certo. E os que não, com certeza ela fará os ajustes necessários.

Sonhamos com o milagre da alma coletiva. Não, não somos comunistas, ainda. Apenas queremos expressar a vida de outra maneira. Queremos pensar um outro mundo possível. Como disse o Fidel, em texto na revista Caros Amigos de abril: "Nos últimos anos, sob a direção do Lula, o Brasil superou obstáculos, incrementou o seu desenvolvimento tecnológico e potencalizou o peso da economia brasileira". Então, aprendemos que em time que está ganhando não se deve mexer. Publicamos agora alguns argumentos favoráveis ao atual governo, extraídos de um dos comentários do primeiro texto publicado no site, citado lá no início deste. As palavras são de Danilo Albuquerque, nosso ex-aluno no Colégio Estadual Jubilino Cunegundes, em Morro do Chapéu, Bahia: "Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de miseráveis e pobres à condição de consumidores; Lula, que não entende de economia, pagou as contas de FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos ricos; Lula, o ?analfabeto?, que não entende de educação, criou mais escolas e universidades que seus antecessores juntos, e ainda criou o PROUNI, que leva o filho do pobre à universidade; Lula, que não entende de finanças nem de contas públicas, elevou o salário mínimo de 64 para mais de 200 dólares; Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada, reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o País à liderança mundial de combustíveis renováveis; Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser respeitado e enterrou o G-8; Lula, que não entende de política externa nem de conciliação, pois foi sindicalista brucutu, mandou às favas a ALCA (Área de Livre Comércio da América), olhou para os parceiros do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce liderança absoluta sem ser imperialista; Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro no Supremo Tribunal Federal (STF), uma mulher no cargo de primeira ministra e vai fazê-la sua sucessora; Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha e afrontou nossa fidalguia branca de lentes azuis; Lula, que não entende de desenvolvimento, e nunca ouviu falar de Keynes, criou o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que era hora de o Estado investir, para amortecer a crise; Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem fluência entre os líderes mundiais, é respeitado e citado entre as pessoas mais poderosas e influentes no mundo atual; Lula, que não entende de respeito a seus pares, pois é um brucutu, já tinha empatia e uma boa relação direta com Bush ? notada até pela imprensa norte-americana ? agora tem a mesma empatia com o Obama; Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa, é ator da mudança geopolítica das Américas; Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois nunca estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se torna interlocutor universal; Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de bravatas, faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e fora do Brasil; Lula, que não entende nada de nada, é melhor que todos os outros juntos. Temos que compreender o quanto é difícil para a elite ?engolir? um operário e sindicalista pernambucano representar o que Lula representa hoje nacional e internacionalmente. Não é questão de ser ou não inteligente, a questão é que contra fatos não há argumentos."

Se a Dilma, eleita, dar continuidade à metade do que o Lula fez, já estará bom. No primeiro turno, foi mais difícil escolher, por isso que a terceira via, representada pela Marina (PV) obteve quase 20% dos votos. Mas agora no segundo turno, está tudo muito claro. Quem não consegue ver as diferenças entre os dois candidatos, está perdendo a capacidade de identificar onde está a direita ? o inimigo principal do povo, do campo popular. Vivemos num País, numa sociedade complicada. O mesmo povo que elege um palhaço como o Tiririca, semi-analfabeto, para deputado, dá 20% dos votos para Marina... Mas o economista Marcio Pochmann, em entrevista recente à revista Caros Amigos nos definiu bem: "A combinação do novo com o atrasado é uma especificidade da história brasileira. Somos especialistas neste aspecto". No entanto, acreditamos que os votos dados para a Marina irão migrar para a Dilma, pois os eleitores da Marina são exigentes, são mais conscientes daquilo que deve ser feito.

Nós somos obrigados a ser livres! Um dia, todos irão ter que parar para pensar no que estão fazendo. E daí todas as calúnias, tudo de negativo que estão dizendo sobre a Dilma? O que importa é que ela já é uma vencedora, e será presidente do Brasil. O passado já passou, importa-nos agora é o presente. E falando em passado, lembremos aqui de duas músicas de 1977. A primeira, do Sérgio Ricardo, que em plena ditadura militar (que Dilma lutou muito contra. Foi até presa e torturada por isso!), cantou: "Por mais que o sol se esconda e cruzes se cravem no raiar do dia". E a segunda, do Chico Buarque, um dos grandes intelectuais deste País, compositor, cantor e profundo conhecedor da alma brasileira - que também está com a Dilma! -, cantou na peça musical "Os Saltimbancos": "Todos juntos somos fortes/ Somos flecha e somos arco/ Todos nós no mesmo barco/ Não há nada pra temer".

Vamos lá! Não há nada pra temer! O Brasil precisa continuar mudando! O Brasil pode mais mesmo, com Dilma! Viva as mulheres!

REFERÊNCIAS

Revista Caros Amigos.
Site www.webartigosos.com
LUCENA, Mário. Raul Seixas: Metamorfose Ambulante (Vida, alguma coisa acontece; morte, alguma coisa pode acontecer). ? 1ª ed. ? São Paulo: B&A, 2009.

(Antônio Márcio Melo, é professor, cidadão jacobinense, baiano, nordestino, brasileiro... Se me deixam falar...)