Porque Você Tem Medo De Falar Em Público?

Por Sandra Regina da Luz Inácio | 13/09/2008 | Adm

Falar em público inclui-se entre as situações que mais geram ansiedade, preocupação e sentimentos de impotência para gerenciar os próprios atos. O medo aumenta desproporcionalmente a sensação de perigo; é a forma que o corpo e a mente encontram para se protegerem das ameaças. Trata-se de uma desnutrição emocional que pode ser tratada e curada. As pessoas mais tímidas tendem a supervalorizar os possíveis riscos; assim, o novo e a possibilidade de mudança tornam-se assustadores. Os hábitos cotidianos formam cadeados protetores, aliados convenientes para o comodismo e endurecimento de velhos padrões de comportamento. Dessa maneira, quando nos cabe a tarefa de nos apresentarmos em público, o pavor de enfrentar uma platéia pode castrar a possibilidade de sucesso.

 

Os motivos desse temor são:

 

  1. Perfeccionismo;

  2. Nervosismo;

  3. Auto-imagem negativa;

  4. Excesso de autocrítica;

  5. Barreiras verbais e não-verbais;

  6. Sensação de ridículo;

  7. Instabilidade emocional;

  8. Desmotivação para superar desafios;

  9. Cobranças internas e externas;

  10. Inexperiência na função;

  11. Apresentações anteriores frustrantes;

  12. Medo da responsabilidade proveniente do sucesso;

  13. Falta de treino, bem como de conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias à comunicação eficaz.

 

Ocorrem, então, os seguintes monólogos interno negativo:

 

  1. Será que sou capaz?

  2. Sou um desastre lá na frente.

  3. Vou ficar igual a um pimentão.

  4. E se rirem de mim?

  5. Detesto falar; só gosto de ouvir.

  6. Ficar quietinho é melhor; assim, não incomodo ninguém.

  7. Não gosto de minha imagem.

  8. Não tenho talento para isso.

  9. Mas eu vou falar o quê?

  10. Não quero parecer exibido; se eu aparecer muito, meu chefe vai me sabotar!

  11. Sempre fui tímido; não gosto dos refletores e não vou mudar.

  12. Não adianta falar; eles não vão mudar mesmo...

  13. Nasci para ser coadjuvante; prefiro ficar nos bastidores.

  14. Nunca falei em público; vou me atrapalhar, com certeza, e eles não vão prestar atenção em mim.

  15. Não tenho instrução suficiente.

  16. Para que falar? O salário vai ser o mesmo...

  17. Minha voz é horrível!

  18. Ainda se eu tivesse a voz do Cid Moreira ou o talento da Fernanda Montenegro...

  19. Falar em público é para artista.

  20. Discurso é bom para os políticos.

  21. Sou bom para falar com duas ou três pessoas, no máximo; muita gente me dá pavor.

  22. Quero fazer meu serviço e ir para casa, ver televisão.

  23. Só gosto de lidar com máquinas, pois as pessoas dão muito trabalho.

 

Espera-se, de um líder, competência técnica e comportamental; esta última implica em habilidade de comunicação. Aquele que expressa suas idéias de maneira lógica, fluente, persuasiva e segura é visto como porta-voz de seus colaboradores e legitima sua liderança.

 

“O poder das palavras é incontestável”.

 

Tocar a mente dos ouvintes exige perspicácia, disciplina, sensibilidade. Transformar, valorizar idéias, expressar-se corretamente e com criatividade fortalecem o marketing pessoal.

 

A excelência do processo comunicativo é condição imprescindível para um gerenciamento da qualidade. Portanto, nada mais inteligente e sensato do que planejar estratégias para sua atuação, que tornem o ato de falar para grupos um privilégio e não um castigo.

 

Como administrar os medos e inibições

 

Quando decidimos romper barreiras, temos sempre um processo complexo pela frente. Vamos então, traçar um plano de ação para rever os nossos comportamentos atuais que vão auxiliar nessa mudança:

 

1. Fortaleça a auto-estima: se a comunicação é a essência do comportamento humano e projeção da personalidade; se o quanto e como o indivíduo gosta de si mesmo regem esse comportamento, a auto-estima definirá a estrutura do "eu comunicador". O ideal é partir da premissa de que se merece respeito e crédito do público. Assim, quanto maior a auto-aceitação, mais condições haverá de ser ativo perante as barreiras. A forma como o orador atua é produto da auto-estima.

 

2. O que a pessoa pensa de si própria centraliza as chances de equilíbrio, ou não, perante as tensões. Falar em público significa expor-se a julgamentos. O tímido necessita de aplausos incondicionais; o desinibido de¬seja a aprovação, mas não transforma o olhar do outro em flagelo. Colocar nas mãos do outro o poder de julgar a inadequação, ou a pertinência, distancia-nos do eixo. Em conseqüência, é necessário um trabalho constante de valorização dos próprios pontos fortes. Respeitar-se, valorizar-se possibilita a fusão do "eu produtivo" e do "eu guerreiro" na busca da realização profissional.

 

3. Tome a decisão de vencer as dificuldades típicas de quem se apresenta em público. Você aceitou o convite, mas ainda enfrenta as barreiras erguidas por seus medos e inseguranças. Fique tranqüilo, mesmo as pessoas que já fazem isso há muito tempo sentem isso. Cada apresentação é sempre uma noite de estréia. 

 

4. Reconheça e identifique suas barreiras e bloqueios. Por exemplo, “quando preciso apresentar-me em público, sinto-me ameaçado, ansioso e inibido, mesmo sabendo que tenho condições para uma comunicação de qualidade”.

 

5. Procure enfrentar seus sentimentos corajosamente. Quem quer crescer precisa promover mudanças internas e externas que visem ampliar o círculo de atuação comunicativa e sair da zona de conforto, em busca de comunicações mais produtivas. Para facilitar esse processo, escreva: como você se vê e se sente, hoje, como comunicador? Que cenas você mais teme quando vai se apresentar? Quais os seus pontos fortes e fracos no contexto da apresentação? Que oportunidades você já desperdiçou por conta da ansiedade, das inibições ou de uma preparação inadequada?

 

6. Deixe a mente solta e registre todos os sentimentos que o ato de falar em público desperta em você: dor, excitação, constrangimento, inibição, sentimento de inferioridade, instabilidade emocional, desejo de fugir, vontade de transferir a responsabilidade.

 

7. Quando receber um convite encare-o como um desafio. Esqueça-se do medo e ouse. É a sua chance de crescer. Planeje, organize e treine. Só assim você vai melhorar a sua atuação como comunicador. Sentirá o prazer de conquistar e quebrar os próprios tabus internos. Sentirá que está aperfeiçoando suas habilidades e crescendo pessoal e profissionalmente. Aí começa mais uma vitória em sua vida. E com ela, a alegria de ser novamente convidado e saber de antemão como se preparar. É uma questão de escolha.

 

8. Análise: como pretende se enxergar daqui a um ano? Que progressos quer fazer? Que empecilhos suprimir? Quanto tempo está disposto a investir, que estratégias pretende criar? Que tipo de ajuda vai precisar? Essas informações servirão de base para você planejar, preparar e, por fim, avaliar a sua apresentação em público. Elas dirão que imagem você tem hoje, que imagem que ter no futuro e, entre uma e outra, qual é o sinal de coragem, de determinação, para vencer os desafios e ousar realizar as mudanças.

 

9. Crie objetivos tangíveis. Diga, por exemplo, “quero superar meus pontos frágeis para me tornar um comunicador de sucesso. Só tenho a ganhar com isso, porque ocuparei espaços que até agora deixei vazios, por comodismo ou por medo. Chegou a hora de me fazer presente, também por meio das comunicações integradoras. Pegarei meus medos e vou minimizá-los, graças à disposição que tenho para superar meus próprios limites! Serei mais ousado e assertivo em minhas ações”.

 

10. Marque um dia para iniciar o plano e determine um tempo para concretizá-lo de forma efetiva.

 

11. Defina e planeje estratégias facilitadoras. Por exemplo, ler em voz alta sobre assuntos variados, participar de cursos de liderança, de técnicas vocais e teatrais, de comunicação verbal e não verbal; decorar poesias; praticar a arte de ouvir e conversar socialmente; aprender técnicas de planejamento e apresentação em público; consultar um fonoaudiólogo para uma análise vocal; abastecer-se de pensamentos positivos; buscar o feedback de suas comunicações mesmo que negativos; inspirar-se em pessoas que você admira como comunicadoras; olhar-se mais no espelho, observando a postura, os olhares, as expressões faciais.

12. Crie um método para medir os resultados que evidenciem a conquista dos objetivos propostos. Por exemplo, ter o prazer de superar a si mesmo, apresentando-se com confiança, naturalidade e entusiasmo, e por isso receber novos convites: de administrar os medos racionalmente; de receber feedback externo positivo; de adotar gestos, atos e palavras mais harmoniosas; de alcançar uma interação visual mais efetiva.

 

13. Faça uma avaliação de todo o processo. Revise do plano de ação, verifique a necessidade de realizar mudanças ou correção de rotas; tenha persistência e determinação e não desista das metas e dos objetivos.

 

14. Não tenha medo sucesso!

 

Não boicote a si mesmo escondendo-se sob a máscara do medo. Não tenha tanto medo de errar em suas comunicações. Só quem faz, quem ousa, pode errar. O “não” você já tem, antes de tentar. Experimente o prazer de investir no excitante caminho dos riscos e ouvir o “sim”. Você pode administrar muito bem o seu sucesso. Você batalhou para isso. É só continuar. Vá em frente, abra caminhos, não desista. A comunicação é uma chance de você aparecer e mostrar a sua inteligência. As suas forças internas só vão torná-lo uma pessoa melhor. Ser admirado ser aceito pela própria competência, estabelecer relações interpessoais mais livres são desejos de qualquer cidadão.

 

Nós merecemos nos comunicar de forma afirmativa, vigorosa e entusiasmada. Merecemos elogios pelo nosso esforço pessoal de superar obstáculos. E merecemos fortalecer positivamente a auto-imagem e a auto-estima para enfrentar os medos e as sombras.