Porque só agora?
Por Ricardo Valim | 23/10/2010 | FilosofiaDurante o período eleitoral as pessoas frequentemente se perguntam nas ruas ? com relação às promessas dos candidatos ? "Porque só agora"? "Poxa", alguns se exaltam, "O candidato X teve quatro anos para ?fazer e acontecer? em seu mandato, porém, não o fez, então porque só agora"? A resposta para tal indagação é simples, é ano eleitoral, período das estratégias de Marketing mais mirabolantes que se possam imaginar. Ou seja, é tempo de renovar as promessas e preparar a face novamente para um "sorriso maquiado".
Historicamente falando, o "voto de cabresto" que alimentava o ego dos coronéis, foi abolido. Porém o que se observa é a implantação sorrateira de uma ? digamos assim ? nova "metodologia" do voto de cabresto. Desta vez o candidato X não traz mais consigo o seu "pupilo" com rédeas curtas para o "curral eleitoral". Agora as rédeas foram definitivamente trocadas pelas promessas mais sedutoras possíveis, que atraem os eleitores como que cães famintos para uma "suculenta" refeição. É essa a nova tática "não preciso ir mais até o meu alvo, basta que o deixe perecer e a "fome" o trará até mim". Pois bem é assim que se dá a nova metodologia do voto de cabresto moderno. Candidatos eleitos que deixam seus eleitores à "mingua" durante quatro ou mais anos e depois fazem uma ou duas obras para "camuflarem" a sua falta de interesse pela realidade. E o mais interessante é que no futuro tais obras ainda serão utilizadas como "coringa" na campanha. Serão os novos "slogans" de propaganda, até parece que fizeram mais do que a obrigação. A impressão que se cria é a de que os candidatos são os donos das obras, como se tivessem as feito com o dinheiro do próprio bolso. Enquanto isso as pessoas perecem condicionadas a estes "feitos maravilhosos e espetaculares" e se dirigem lentamente para as urnas para eleger, ou no pior dos casos, reeleger estes bravos homens e mulheres que "deram a vida pelo seu povo".
Para resumir, historicamente os governos, sejam eles de esquerda, direita, de centro, de cima ou de baixo sempre nos deixam a mercê, carentes de atenção, e como somos carentes! Aí então aparecem pessoas como que "celestiais" em altdorrs graças aos milagres operados pelo fotoshop. Engraçado é que sempre tem um sorriso automático com mira a raios laser que disparam para todos os lados. Abraçam trabalhadores sujos do laboro cotidiano, lêem a palavra de Deus, entram em Igrejas e ainda tem a cara de pau de dizer que são responsáveis pela liberdade religiosa em nosso país. Como se a liberdade de culto dependesse do Estado. Só para citar um exemplo, o Cardeal da Igreja Católica Apostólica Romana François-Xavier Nguyên Van Thuân, passou treze anos de sua vida em uma prisão no Vietnã na década de setenta, o que não o impediu de celebrar a eucaristia (missa) escondido todos os dias em sua cela.
A liberdade religiosa está prescrita no Artigo XVIII da Declaração dos Direitos Humanos da ONU. Portanto, se utilizar de um direito natural do ser humano como estratégia de campanha é muito injusto.
Hoje em nosso país caminhamos para o segundo turno. Acreditamos que temos uma oportunidade de eleger um presidenciável que melhor atenda as necessidades coletivas em nosso Brasil. Necessidades estas como as prescritas na Carta dos Direitos Humanos, como o direito a liberdade de ir e vir, direito a vida e tantos outros. Mas será que tais candidatos realmente defenderão a vida? E porque somente agora é que se tornou tão importante discutir sobre a dignidade humana?
Durante o ministério de José Gomes Temporão, mais precisamente em 2007, a questão do aborto, agora tão discutido, foi tratada como questão de saúde publica. Um absurdo tão grande que até a própria mãe do ministro não gostou e nem muito menos a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
A problemática que gira em torno do aborto é muito mais ampla e delicada. Trata-se antes de tudo de um problema ético e moral sobre o valor intrínseco da vida humana que há de vir. E não de um problema de saúde como uma gripe, um câncer e tantas outras calamidades da vida humana que podem ser tratadas em hospitais. O hospital tem a finalidade de salvar vidas e não de exterminá-las em "genocídios embrionários".
Tal tema agora é "disputado a tapas nos palanques" e porque será? Ah deixe-me ver! "Meu Deus! A maioria esmagadora dos brasileiros são cristãos e o Brasil é conhecido como o país mais Católico Apostólico Romano do Mundo!", devem ter pensado.
Agora a campanha política toma novos rumos e consequentemente se toma uma posição "oportunista" em relação a estas temáticas, como aborto, homossexualidade, liberdade religiosa e entre outras. Com o mero intuito de arrecadar mais votos.
Abra os olhos eleitor! Observe a mudança repentina de postura de nossos candidatos. Todos eles agora dizem que falam a verdade e que não tem nada a esconder. Mas será? E porque só agora é importante dizer a verdade, defender a vida, ir a Igreja?
Estude, leia, reflita e busque conhecer mais e mais sempre, porque é somente por via do conhecimento que poderemos dar respostas adequadas a estas perguntas. E tais respostas são depositadas nas urnas de todo o nosso Brasil no dia trinta e um. E por conseqüência determinará o futuro da vida humana em nosso Brasil por mais quatro anos.
Afinal discutir sobre a realidade é fazer filosofia e fazer filosofia e defender a verdade até o fim.
Observação:
No site do Youtube é possível encontrar um vídeo muito interessante e que ajudará o prezado leitor há refletir um pouco mais antes de votar. Tal vídeo se encontra disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=_UJELZCYVKk