Porque realizar relatório descritivo na primeira infância?
Por DÉBORA APARECIDA SANTOS FRANÇA | 17/07/2017 | EducaçãoA Educação Infantil deve se constituir em um currículo rico e mediador de descobertas no desenvolvimento integral das crianças, é importante também oferecer um ambiente alegre, desafiador, espontâneo e estimulador, no sentido de favorecer o protagonismo infantil, no qual, ela possa escolher brinquedos ou parceiros num ritmo próprio, mesmo que diferente de outras, sem pressões ou expectativas dos adultos a serem cumpridas.
O professor deve ter a compreensão que uma educação infantil de qualidade faz a diferença na vida de uma criança, além também como seu papel de professor é fator decisivo neste contexto, afinal as práticas de uma professora deixam marcas por uma trajetória inteira, de que uma instituição influencia na vida de uma criança e de sua família, afinal a criança nunca é só, ela é parte constituinte de um tipo de cultura, religião, crença, constituição de família, informações sociais, enfim, cada uma traz consigo aprendizados e vivencias dos lugares onde passou e das pessoas que conviveu ou convive, mesmo os bebês. Neste sentido, se pensarmos na avaliação neste processo, ela se apresenta como um olhar aos aspectos relevantes do desenvolvimento das crianças, respeitando todo um contexto em que ela está inserida.
E dessa maneira ao pensarmos na avaliação na primeira etapa da educação básica, é importante termos as seguintes reflexões, porque te- la presente na educação infantil se o eixo norteador do trabalho realizado são as interações e brincadeiras? Porque avaliar se não é obrigatório alfabetizar? Porque ter um olhar avaliativo com crianças tão pequenas? Enfim são inúmeros os questionamentos que são feitos neste processo.
Neste sentido, julgo que para defender a avaliação descritiva como não somente importante, mas necessária, é imprescindível colocar que brincadeira é coisa séria, além de ser um direito das crianças é um momento de construção, de descoberta, de hipóteses, de expectativas, de socialização, de humanização, de doação, de receber, de trocas, de inclusão, de DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DESSA CRIANÇA. Dessa maneira, quando se fala em avaliação com crianças da primeira infância fala se em “olhar além do que os olhos podem ver”, é acompanhar as singularidades de cada criança, conhece-la e perceber a maneira como se relaciona, brinca, constrói e se desenvolve.
O relatório descritivo (a avaliação) não tem caráter condenatório, o processo de construção deste documento, é muito mais rico do que a sua consumação, pois a caminhada tem mais significado do que o próprio resultado, e por isso alguns fatores tornam – se imprescindíveis: ter o olhar sensível e reflexivo no dia a dia das crianças, ouvi-las e saber relacionar-se com elas, criar vínculo em que sua presença não seja um incomodo durante suas descobertas, é ter a sensibilidade de perceber que a criança nunca é um ser pronto e acabado ou rotula-la nisso ou naquilo, entendendo o papel social que a educação infantil tem para além do trabalho realizado na instituição, pois as crianças quando germinadas com boas sementes florescem no campo das descobertas, perceber também o caderno de campo como um amigo que o professor precisa contar algo que lhe deixa feliz ou lhe traz alerta, compreendendo que criança feliz aprende com e por prazer, que o objetivo do professor não é relatar descritivamente quem está apta ou não, e sim acompanhar e ser um facilitador na primeira infância.
Descobertas sobrevivem de estímulos e mediações e o processo avaliativo traz a reflexão de quais aspectos necessitam ser mais incentivados, traz também os resultados positivos que estes estímulos têm na vida das crianças, é importante ressaltar que este processo não é para coletar dados, mas sim ter um olhar atento às conquistas realizadas e as que necessidades a serem ampliadas, observando o desenvolvimento integral das crianças, pois é para isso que a educação infantil se dedica. Fazer a diferença na vida das crianças.
Professora, perceba sua importância como mediadora nas brincadeiras, mostre aos pais neste relatório descritivo, que sua presença é indispensável no desenvolvimento de seus filhos, neste documento a professora tem a possibilidade de mostrar o currículo da educação infantil, suas práticas e as potencialidades que as crianças desenvolveram durante cada semestre, mostrando ainda aos pais a indissociabilidade na relação entre cuidar, educar e brincar e sua intencionalidade pedagógica, assim as crianças ao entrarem no ensino fundamental estarão ambientadas a ter curiosidade, a querer conhecer o novo e ampliar os conhecimentos que já possuem, a entenderem conceitos que lhe foram apresentados, bem como o mundo da LEITURA E ESCRITA QUE FAZEM PARTE DA EDUCAÇÃO INFANTIL SIM, afinal, tão importante quanto conhecer o funcionamento do sistema de escrita é poder se engajar em práticas sociais letradas. Enquanto a alfabetização se ocupa da aquisição da escrita, o letramento se preocupa com a função social do ler e do escrever.
Não menosprezemos a bonita caminhada da educação infantil, superando os “XIS” como verdade absoluta no “comportamento” e no “aprendizado” das crianças, conheça sua criança e a deixe conhece-la! Faça parte de suas conquistas e fique na memoria das crianças como um incentivador a ir além, a superar os limites, a acreditar em si mesmo, a acreditar no ser humano, independente da idade que você trabalhe, professora seja a diferença na vida de sua criança, afinal para brincar não precisa de um profissional, mas para perceber intencionalidade pedagógica, o letramento, a apresentação de conceitos de maneira lúdica e prazerosa, as interações sociais, os objetivos, tem que ser PROFESSORA com todas as letras.
Débora França