Porque a fama dá crédito ao famoso?
Por Joacir Soares d'Abadia | 07/08/2009 | FilosofiaPorque a fama dá crédito ao famoso?
Joacir Soares d’Abadia
Pergunto por que a fama dá crédito ao famoso, pois os dois filósofos — Francisco das Chagas Freire e Pe, Rodrigo Dalarosa (ambos são presbíteros) —, que entraram em contato com minha pequena obra filosófica: “Opúsculo do conhecer”, falaram a mesma coisa a respeito dela.
Francisco das Chagas Freire escreveu na capa do esboço de minha obra as seguintes criticas: “A linguagem usada é a da prosa ou poesia1 O discurso filosófico exige linguagem direta e densidade conceitual mais que figuras e conduções’ lingüísticas”. Porém, ele ameniza a crítica ao dizer: ‘Gostei! Você parece ter talento para escrever!” No entanto, em outra parte (dentro da obra) ele disse: “isso é poesia! É ‘prosa! Em filosofia isso é DIVAGAÇÃO”. Para Chagas Freire, aquilo que eu tinha escrito nesta obra em pauta não passava de um “tatear sobre a filosofia”. Depois de ter lido nalguma outra passagem, ele fala em tom irônico: “Enfim um pouco de filosofia!”.
Já Rodrigo Dalarosa, por sua vez, não foi menos piedoso com suas críticas. Ele disse que a filosofia estuda os conceitos puros e por isto os argumentos devem ser bem fundados com princípios filosóficos. Também ressaltou que tanto a filosofia quanto a teologia, tem, cada qual, sua linguagem própria e isto impedira o recurso poético, o qual dizia conter no meu texto. Disse como Chagas Freire, que, o texto não passava de tateio sobre uma coisa tão bem fundada que é a filosofia,
Nesta mesclagem de opiniões dos “filósofos” Chagas Freire e Dalarosa, ficam evidentes que o que eles olham não é o conteúdo de uma obra filosófica, mas sim quem a escreveu. Ou seja, eles se preocupam por saber se a obra a qual irão ler ou estão lendo é de um filósofo do qual quase todos os textos de sua época versam. Com isso, pensam que a única e verdadeira filosofia é aquela proposta por Kant, Hume, Leibniz e outros (dos livros de história da filosofia), por exemplo, e que nenhuma outra pessoa pode ser filósofa.
Será que a filosofia deve ficar estagnada porque Wittgenstein declarou seu fim’? Quando Wittgenstein declarou o fim da filosofia, ele, por acaso, não o faz filosofando? A filosofia jamais se estaciona, visto que se ela nalgum dia deixar de progredir, então deixaria de existir. Entretanto, na tese oitava da “Síntese Filosófica de
Nem todos os filósofos se vêem com a última palavra para as verdades filosóficas. Isto é notório nas palavras de João Paulo dos Santos Silva (um colega meu e grande apreciador de S. Tomás de Aquino), ao dizer: “se me permite pequena observação: o que dizer, se não tosse possível filosofia em prosa e poesia, dos grandes e milenares escritos poéticos de Homero? O que dizer dos mitos platônicos? Poderia elencar inúmeras outras formas de filosofar usando diversos estilos linguísticos. Cabe aqui a acentuada fala do espanhol Ortega y Gasset, que diz que a filosofia não tem uma linguagem que lhe seja própria, pois em cada época, filósofos diferentes usaram estilos diversos para manifestar a mesma verdade. Termino dizendo que o estilo que é dito importa menos que a verdade que é alta. Certamente fica mais agradável chegar à verdade com sabor de uma boa prosa ou métrica poética. O chegar à verdade é possível por várias vias. O seu expressar igualmente, que não descarta de modo algum o dito poético.” E em outra ocasião o meu ilustre amigo falava-me, ao ver minha pequena obra: Queria tanto ser filósofo, mas não tenho tempo”.
Deste modo, fica claro perceber que só um artista vai olhar para um quadro e ver ali uma obra de arte.