POR UMA GRAMÁTICA NORMATIVA EM ENLACE COM A GRAMÁTICA DESCRITIVA

Por Francisca Tatiana Pereira Guilherme | 21/11/2016 | Educação

RESUMO

O presente trabalho objetiva o despertar dos professores de Língua Portuguesa, em especial, os de gramática para uma nova visão da faina diária do educador para com o educando. Partindo da práxis docente para o encantamento do aluno dentro de sua gramática universal, cotidiana. Já que, nos angustia vermos professores reproduzindo passivamente a gramática normativa, e, os alunos meros expectadores do aprender. Objetivamos responder a essas angústias dos profissionais envolvidos com o ensino de Língua Portuguesa, o que resulta em uma ligação de ideias fundamentadas por estudiosos em favor de uma gramática com significado e contextualizada dentro de suas vivências sociais. Conclui-se, que o ensino de gramática está na U. T. I. E se faz necessário intervenções urgentes, já que a língua sofre variações. E, com isso, a gramática não pode se estagnar no tempo, carecendo de ser estudada de forma contextualizada, pois hoje é praticamente amorfa.

1 INTRODUÇÃO

O tema abordado nesse trabalho versa a respeito do ensino da gramática normativa e da gramática descritiva numa relação dialógica. Visando a funcionalidade da língua, sendo a descritiva aquela que prioriza a língua oral em detrimento à culta. Enquanto que, a normativa é o “purgatório” dos alunos, a descritiva é o “paraíso”, posto que, é parte deles, é íntimo ao educando. Partindo dessa argumentação, pretendemos instigar o olhar do professor sobre a gramática, de forma crítica e produtiva. Como está sendo trabalhada em sala de aula e como os alunos estão receptando. Se a língua nos é subjetiva, então tentamos justificar o que causa tanta estranheza, tanto distanciamento da mesma quando chega à sala de aula. Visto que, estudar algo de nosso uso (língua), era para ser interessante e prazeroso. Eis a questão: A língua (gramática) estudada nas escolas é totalmente contraditória a que usamos rotineiramente. É, nesse ponto, que refletimos nessa pesquisa. Uma vez que, os alunos carregam consigo uma linguagem universal, formulada de pura gramática (embora não saibam). As nossas escolas estão se distanciando da língua brasileira, quando “engessam ” o português em normas, padrões da gramática normativa. Essa pesquisa é de grande valia, pois busca refletir sobre diversos dilemas com relação ao ensino da gramática nas escolas, os saberes de mundo que os docentes já têm quando chegam à instituição, a prática docente e o distanciamento da língua materna.

2 METODOLOGIA

Através de estudos bibliográficos e da pesquisa descritiva no campo da gramática contextualizada, com fundamentação teórica de estudiosos, autores ilustres como Antunes, Travaglia, Freire, entre outros, pretendemos fazer um entrelace entre a gramática normativa e a gramática descritiva. Refletimos sobre o ensino da Língua Portuguesa, em especial o ensino de gramática nas escolas, a prática docente nas aulas de gramática e o interesse do educando para com essa língua, que lhe parece estranha. Partindo do pressuposto de que a gramática nos é subjetiva, questionamos as maneiras de como a mesma é conduzida nas salas de aula. A língua deve ser trabalhada em consonância com as práticas vividas pelo aluno, e, a gramática, versar do uso informal para o uso formal das situações de comunicação

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante do desinteresse dos educandos para com a Língua Portuguesa, em especial nas aulas de gramática e, também, de alguns educadores em sua prática docente. Assim, percebemos a necessidade de trabalhar uma gramática contextualizada. Visto que, a gramática é tida como a “vilã” das aulas de Língua Portuguesa, sendo, segundo Irandé Antunes: Uma gramática inflexível, petrificada, de uma língua supostamente uniforme e inalterável, irremediavelmente “fixada” num conjunto de regras que, conforme consta nos manuais, devem manter-se a todo custo imutável, como se o processo de mudança das línguas fosse apenas um fato do passado, algo que já aconteceu e não acontece mais. (Antunes, 2003 ,p32) De acordo com a autora supracitada, é preocupante o ensino de gramática, pois nós falantes de língua materna é intrínseca a capacidade de gerar sentenças (GU)1 , já que, a gramática vem imbuída na sua linguagem verbal e oral. Assim, é a escola que está distanciando “as gramáticas”, fazendo uso de uma gramática descontextualiza. Por que não estudar a língua de nossa cultura? Estaríamos estudando uma língua que se afasta de nossa realidade? Estamos diante de um dilema (gramática normativa versus gramática descritiva), como afirma Cagliari em seu livro alfabetização e linguística: “Ao aluno não se ensina adequadamente como ele fala, qual o valor funcional dos segmentos fônicos de sua língua [...] faz centenas de redações e não sabe o que está realmente fazendo” (CAGLIARI,2009,p.25). A mudança tem que partir do próprio educador, pois é o docente o timoneiro do processo de autoaprendizagem do educando. Ele tem que ser crítico reflexivo da sua prática, ou seja, de seu fazer docente, como afirma Paulo Freire em pedagogia da autonomia: Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar a novidade. (FREIRE,2006,p.29) Ao se tornar um pesquisador em sua área, isso refletirá diretamente na aprendizagem do discente. E como trazer isso para as aulas de gramática? Esse questionamento é muito pertinente, pois o estudo do português brasileiro, dentro da leitura de mundo dos educandos, retrata a língua em suas práticas sociais cotidianamente, que em consequência, surgem os gêneros textuais orais e escritos. Por outro lado, percebemos que a escola está se distanciando disso, ao passo que prega uma gramática normativa, que paulatinamente vem causando uma apatia dos discentes para com as aulas de Língua Portuguesa e um desestímulo do 1 Gramática universal é uma teoria lingüística da escola transformacional e generativa que afirma que determinados princípios comuns subjazem a todas as línguas naturais. professor, culminado, assim, o insucesso escolar. Como podemos ler em preconceito linguístico de Marcos Bagno: [...] Em vez de incentivar o uso das habilidades linguísticas do indivíduo, deixando-o expressar-se livremente para somente depois corrigir sua fala, sua escrita, age exatamente ao contrário: interrompe o fluxo natural da expressão, da comunicação com atividade corretiva (muitas vezes punitiva), cuja consequência inevitável é a criação de um sentimento de incapacidade, de incompetência. (BAGNO,2007,p.98). Tudo isso pode ser revertido, através de uma nova visão do ensino, entendendo a gramática como ela realmente deveria ser trabalhada. Que não há nada de complicado. Por isso, o segredo é imbricar os fatos sociais do indivíduo às aulas de Língua Portuguesa. Visto que, os mesmos são falantes ativos dessa gramática. Como nos fala Irandé Antunes: Uma gramática que é da língua, que é das pessoas. Passa ater sentido o que é significativo para a experiência humana da interação verbal, interação que, se é linguística, é também gramatical. Isso, por se só, faz a gramática recobrar a importância. (Antunes, 2003, p. 99). Dessa maneira, é fácil constatar que a Língua é uma diversificação cultural, cada região com seu dialeto, isso é a língua brasileira. Quando o estudo desses dialetos for trazido para a ambiência escolar em função da prática social, a gramática ganhará sentido, fazendo os alunos e professores chegarem ao clímax do aprendizado, da empolgação. E isso culminará em futuros pesquisadores, críticos e erradicará o preconceito linguístico. Um ensino que prioriza e incentiva as habilidades linguísticas do educando, para desconstruir o conceito de gramática2 , pois segundo Irandé Antunes: “[...] o mesmo deve ser estimulante, desafiador, que ‘solte ’ a palavra, que seja funcional, relevante, contextualizada”. Olhando para a atuação docente, percebemos que alguns não conhecem a verdadeira importância de se trabalhar a língua materna. Visto que, muitos consideram que a gramática serve para o educando aprender a escrever e se pronunciar corretamente. Infelizmente, isso acontece muito em nossas escolas. Professores de Língua Portuguesa e em especial o ensino de gramática não podem perder-se no tempo, pois como se sabe a língua é viva e está em constante 2 Gramática é o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever. transformação. Assim, também, tem que ser o comportamento do professor, para que se adeque a essas mudanças. E, como tudo que é vivo, passa por metamorfose, requer um olhar expressivo e um cuidadoso acompanhamento (grifo meu).

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