Por todas as vítimas
Por Fellipe Knopp | 10/10/2017 | Poesias21-10-1999
Por que eu estou assim hoje?
Como jamais imaginei estar
e o que sinto ninguém mais sente
Ninguém sabe nem entende
Ninguém nota em meu rosto
o desgaste do meu íntimo
A redução de minha força
A queda de meu ritmo
Eu omito o sentimento
Desfarso o sofrimento
Eu forjo, eu minto,
Minha face não revela
o que na verdade eu sinto
Eu maqueio as emoções
Eu programo as sensações
Evidencio as entrelinhas
Transpareço as relações
Faço letras sem sentido
Comparada obrigatória
Faço coisas sem sequência
Em escala aleatória
Eu falo mas ninguém ouve
Palavras se perdem no ar
Entao eu vou até o telhado
Subo e me ponho a entoar
Mas tanto no interior da casa
Quanto os vizinhos, todos
Todos se negam a escutar
Sou ainda menino
Sentado num banco de praça
Olhando a desgraça dos homens
Contando os estragos das traças
E já estou me acostumando com isso
Aos poucos achando normal
A transgressão de nossas primícias
A busca do Mal
Breve saio do transe
Recobro a sobriedade
Iro-me contra a imundicia
Folgo-me da verdade
Sou apenas menino
Sentado no banco da praça
Tocando violão
Olhando o tempo que passa
O que houve? Toco lamento e nao chorais, toco alegria e nem regozijais
O que há de errado!
Quem errou? Vocês ou eu?
Na verdade todos nós erramos
Reservamos nosso amor para si mesmo
E agora não se sabe onde o deixamos...
Somos todos vitimas de nossa própria avareza de modo que já não tenho certeza
Se estou lúcido o bastante para lutar contra isso tudo...
Certa vez me surpreendi chorando
Virei prum lado, pro outro, percebi que estavas me olhando
Eu não queria que visses
O que a tristeza e saudade fizeram comigo
Mas você é sempre bem-vindo
Preciso mesmo de um amigo
Sabe amigo, preciso dizer algo a um alguém, conheces tudo e a todos e meu alguém conheces bem
Sei que sempre estarás aqui
Mas por favor feche a porta ao sair
É que eu fico com a impressao
De que estão sempre me olhando
E eu não quero que ninguém
Ninguém me veja chorando
Gostaria que de alguma forma
Minhas palavras chegassem ao destino
Tocassem o alguém
Chegassem aos ouvidos
Vida!
Então poderei dizer:
Gostaria de algo mais simples
Não pretendia que fosse assim
Mas quem sabe desse jeito
O futuro me diga sim?!
FELLIPE KNOPP