POR QUE PENSAMOS DA FORMA COMO PENSAMOS? A QUESTÃO DOS PARADIGMAS
Por Idanir Ecco | 24/08/2015 | EducaçãoPOR QUE PENSAMOS DA FORMA COMO PENSAMOS?
A QUESTÃO DOS PARADIGMAS
Idanir Ecco[1]
Quando todo mundo é corcunda o porte vertical torna-se a monstruosidade.
(Honoré de Balzac).
Etimologicamente o termo paradigma origina-se do grego (paradeigma), que significa padrão, modelo e serve de referência para orientar ações e pensamentos nas mais diversas situações do cotidiano. Constitui-se num conjunto de teorias, de pressupostos conceituais, metodológicos e metafísicos, conforme teorizou o norte-americano Thomas Samuel Kuhn (1922-1996), físico e filósofo da ciência, na obra A Estrutura das Revoluções Científicas.
Por que pensamos da maneira como pensamos sobre determinadas realidades, fatos...? O que fundamenta, orienta nossas ações? Como entender que explicações e/ou compreensões referentes a um mesmo fenômeno diferem de indivíduos para indivíduos?
As indagações pontuadas no parágrafo anterior coloca-nos diante do que denominamos de paradigma. O ser humano utiliza-se de modelos para “olhar o mundo” (contextos sociopolíticos-econômicos e culturais, conhecimento, trabalho, profissão...) e por meio deles constrói teorias, emite juízos de valor, bem como estabelece princípios que se firmam como parâmetros para sua conduta, pois atuam tal como lentes que têm o poder, além de condicionar os elementos que são mirados, limitar o campo de visão.
Considerando a descrição acima, à título de elucidação, transcrevo literalmente uma pequena história criada por Dulce Guimarães, transcrita em sua obra O Foco Define a Sorte (p. 13-14), sobre um homem preso em uma caixa de tijolos.
Acompanhemos, portanto, a narração da ilustração:
Tudo o que ele via era a partir de uns tijolinhos tirados de sua frente. Ele via um pedacinho de céu, um pedacinho de montanha e um pássaro que passava de vez em quando. Quando lhe perguntavam como era o mundo, ele o descrevia desta forma. À medida que ia conseguindo tirar mais tijolos de sua frente e via mais coisas, sua descrição do mundo também mudava. Até que um dia, um grande terremoto abalou toda a região onde ele morava e os tijolos foram todos ao chão. O homem olhou ao redor e viu muita coisa que nunca tinha visto antes: lagos, animais, pessoas, povoados, plantas, flores, uma infinidade de coisas. Então, ele exclamou espantado: como o mundo mudou!
Absolutamente, o modelo (paradigma) que utilizamos para olhar o mundo, faz o mundo que olhamos. Para desencadear processos de transformação, urge mudar. Modificar o quê? Cambiar a forma de pensar, de ver o mundo. Alterar a forma de construir estratégias... em suma, mudar a forma.
Atenção: é a forma que condiciona nossas ideias e aprisiona limitadamente nossas ações. E para compreender por que pensamos do modo como pensamos, há que se rever crenças que professamos, identificar preconceitos subjacentes às nossas construções intelectuais, raciocínios e, mais que examinar nossa prática, reconhecer os princípios balizadores que se constituem em fundamentos para nosso agir, independente do espaço em que implementarmos iniciativas.
Inquestionavelmente, as teorias, as crenças, os pensamentos movem-nos e têm o poder fenomenal de definir o que somos.