POR QUE O LEGADO DA REFLEXÃO FILOSÓFICA DEVE IR ÀS EMPRESAS? (PROJETO)
Por BESSANI, Dinaldo | 08/02/2013 | AdmPROJETO- FILOSOSFIA
POR QUE O LEGADO DA REFLEXÃO FILOSÓFICA DEVE IR ÀS EMPRESAS?
Docente: BESSANI, Dinaldo
O presente projeto tem por finalidade trazer ao núcleo das empresas a reflexão filosófica para o dia a dia dos funcionários. Exercendo assim, o pensar problemas do cotidiano que todos tendem supor dominar por excelência. A questão, é que nem mesmo as Empresas sabem o que realmente é Filosofia e, menos ainda o que um profissional da área pode contribuir para a relação; empregado e empregador. As indagações no decorrer do trabalho terão como foco proposital não serem especificamente respondidas.
Ano
2008
“Conseguiste várias coisas que quiseste: viagens,
cursos, mulheres; boa intelectualidade,
inúmeros lugares conhecidos;
muitas experiências. E
depois? E daí?”
I- PROJETO
1- Título do projeto:
Por que o Legado da reflexão Filosófica deve ir às Empresas?
2- OBJETIVOS
Objetivo Geral:
O projeto tem como principal finalidade trazer a reflexão de cunho filosófico para o núcleo das empresas.
Objetivo específico:
Trabalhar com os respectivos funcionários, conceitos filosóficos que abrangem o dia a dia de todos nós, como por exemplo, questões referentes ao Juízo de Gosto, Ética, a Mentira, a Traição, Bioética e a necessidade do Diálogo em nossas ações nos diversos ambientes em que estamos a nos apresentar. Entre outros assuntos possíveis.
3- Palavras- chave
Filosofia
Conceito
Reflexão
Crítica
Autocrítica
4- Justificativa
Com a abertura do leque estendido a Filosofia[1] nos últimos anos, temos a possibilidade de dar mais atenção ao vasto e ‘sábio’ conhecimento filosófico.
Embora poucas empresas brasilianas[2] de olhar mais amplo tenham conhecimento dos profissionais desta área, muitos são contratados para recrutamento e seleção de executivos nos Estados Unidos e boa parte da Europa por ser um curso amplo.
Em hospitais de Nova York, por exemplo, tem empregado filósofos para aconselhar médicos em decisões de vida e morte. “A assembleia legislativa de Nova Hampshire, as autoridades penitenciárias de Connecticut e mesmo o congresso americano contrataram filósofos. Uma empresa de Massachussetts, especializada em inteligência artificial, emprega vários filósofos”. (Conf. SÁTIRO, Angélica e WUENSCH, A. M. Pensando melhor. P.353)
Portanto, as atividades dos filósofos não ficam apenas nos meios acadêmicos como o senso comum poderá supor. Já não tem sido raro (embora se tenha várias dificuldades ainda) encontrarmos profissionais com habilitação na área que possa trabalhar conceitos filosóficos de forma simples para que todos tenham a possibilidade de ter acesso aos pensamentos que mais influenciaram o mundo humano.
No dia a dia da maioria dos cidadãos, o que se tem visto é a ‘correria’ para o suposto dinheiro que irá ajudá-lo a sobreviver [3]. E, se ele conseguisse parar para refletir sobre suas ações? A violência prevaleceria? Seu rendimento profissional com ‘amigos’ de trabalho ou, com familiares estariam fadados ao fracasso? Acreditamos que não.
A questão é que grande parte dos indivíduos supõe dominarem as coisas triviais e não usam seu tempo de forma a organizar e especializar seus pensamentos e atos. O trabalho filosófico é pensar estas conjeturas de forma a analisar problemas.
O filósofo Sócrates (470-399 a.C) já relatava a suposta ignorância humana em pensar saber tudo. Outro pensador de alto gabarito do século XVI contemporâneo de Nicolau Maquiavel, o Inglês Thomas Hobbes, também expunha em suas reflexões as ‘concepções vaidosas da sabedoria humana’ a qual é comum e natural todo homem pensar saber mais que outro.
Quando se dialoga com um indivíduo que supõe saber tudo, isto não é um diálogo, mas sim, monólogo. É notável que nas sociedades de hoje grande parte das crianças, dos jovens e dos adultos têm se ‘especializado em querer ser o artista principal do palco, enquanto, na verdade não passam de meros coadjuvantes’. A filosofia tende a colaborar quando o indivíduo está disposto a aprender a complexa tarefa de exercitar a leitura de si mesmo e das obras de grande valor que outros homens deixaram para melhorar a convivência humana. A difícil ocupação de pensar um mundo onde não existe apenas ‘um umbigo, mas vários’. Nos alerta que é inteligente suspender o juízo desse tal ‘artista principal’ e cair na real, ou seja, somos todos coadjuvantes, quando somos.
Não é por trabalhar numa grande empresa e não ter, ou ter um ‘nível superior’, que devemos nos limitar a questões do dia a dia da empresa sem nos perguntarmos o que realmente estamos a fazer. O senso crítico existe em potência em todos os indivíduos saudáveis, porém, sem estímulos ele jamais virá a ser ato. Eis, a dificuldade que as empresas têm em achar grandes líderes para determinados setores.
Se não acham, não é porque não tem, mas por não ter projetos que os descubram e os forme sem cabresto. Pois, na ânsia de colocarem um funcionário do jeito que a empresa quer, acaba por ter em mãos apenas um sujeito que precisa trabalhar e comer, um sujeito ‘manso e mecânico’, fazedor de obrigações triviais, seja no patamar menor ou maior da empresa.
Os departamentos pessoais, infelizmente, têm olhado mais para a roupa e o corte de cabelo dos entrevistados, enquanto deveriam aprender a dar ênfase às habilidades que podem não estar em sua aparência ou no suposto currículo que o pretendente ao cargo possa apresentar. Com isso, perdem muito em suas pré-seleções e também nas mudanças de cargos que possam ser necessárias com o passar dos anos.
Um empresário com grande poder aquisitivo ou um burocrata de uma grande empresa onde ambos não sabem dar ênfase as ciências humanas, estão fadados a erros grotescos no mundo empresarial contemporâneo. Sem o necessário realce ao Humano, as empresas não estarão a contribuir para elas mesmas e, para o bem social. Com isso, a boa produtividade ou a philophania[4] entre os funcionários estarão comprometidas ao insucesso.
As instituições de ensino as quais chamo de Empresas, por exemplo, as Empresas Faculdades Particulares, (a maioria delas, não todas) carregam a finalidade do financeiro (embora não digam) como fator primordial e esquecem-se do conjunto da obra! (conhecimento/pesquisa), as Empresas Faculdades Públicas, dão ênfase as bem vindas pesquisas e, ao ‘prazer estatal’ de fazer o possível para desprestigiar seus docentes com um salário extremamente baixo para quem dedicou sua vida ao aprofundamento dos estudos em sua área. As Particulares estão tão perdidas que quase não existe tanta diferença entre a educação e os conhecimentos que são lecionados por lá e, nas escolas do Estado. Estas são motivos de piada! É o melhor lugar para não dar aulas, para jogar futebol sem bola, para ofender professores, funcionários e diretores.
Os primeiros (professores), não são mais docentes, são domadores de alunos’, os segundos (funcionários), aprecia demasiadamente uma licença saúde, já os terceiros (diretores), grande parte deles confundem-se entre, ser mãe e dirigir uma grande empresa.
O que todos têm em comum? Mal preparo para trabalhar nos devidos cargos, ganham pouco pela responsabilidade da função, não há uma política nas empresas voltada para o reconhecimento de sua philophania profissional. O ditado popular irá abster-me de falar dos discentes: “Educação começa em casa”. Faço minhas as palavras de Sir, William Shakespeare, “não importa aonde já chegamos, mas sim, para onde estamos indo”. Eis, a astúcia que uma Empresa deve ter.
Entremos de forma mais direta nos itens dos objetivos específicos mencionados brevemente. Não teremos como principal intuito apresentar tudo que poderemos falar em ‘sala de aula’ (exposições), seria inviável (apenas um projeto com possibilidades). Iremos nos pautar de forma a aludir os conceitos de conteúdo reflexivo que são ditos como supostamente triviais e entendidos por todos. A nosso ver são de suma importância para o bem do convívio social entre os homens.
É comum ouvirmos dizer que ‘Gosto não se discute’, não obstante estamos a todo o momento discutindo que não gosta disso, mas gosta daquilo; e, aquilo outro, ora: se não se discute, por que estamos sempre atribuindo ao outro o que gostamos e o que não gostamos?
O filósofo escocês David Hume fez vários comentários sobre esta questão em sua obra, Do Padrão do Gosto, onde àquele irá frisar o Gosto ligando-o as experiências. Portanto, nós não nascemos sabendo, mas sim, adquirimos o saber com nossas Experiências; HÁBITOS. Hume estaria correto em conjeturar dessa maneira sobre o Gosto?
Se o Gosto em linhas gerais depende de nossos hábitos, então, por que muitas vezes não gostamos de jiló ou quiabo sendo que algumas semanas há estes dois alimentos a comer e, comemos? Quando se consome o que não ‘gosta’, é questão de gosto? Nem mesmo a experiência conseguiu nos habituar a gostar do que não gostávamos?
A experiência habitual pode ser falível? Será verdade que existe um padrão do gosto alimentício, artístico, de cores, de corpos, de moral? Só o que nos causa prazer e nos agrada deve ser considerado gostoso? Trabalhar é gostoso? Por que fazer o que não se gosta?
Costumam-se dizer que valores também não se discutem, no entanto, estamos a quase todo instante julgando as pessoas sem conhecimento prévio. É ético de nossa parte agir assim?
Como falar a um indivíduo sobre ações Éticas e, não Éticas sendo que nem mesmo nós não fazemos à mínima ideia do que seja isso? Nem parece que a Ética surgiu a mais de 20 séculos com os gregos. Tudo indica que a humanidade pouco apreendeu com o filósofo de todo e sempre Aristóteles, o qual nos diz que toda ação Ética tem que visar certo bem para o fim último da polis, a Felicidade (eudaimonia). Platão, Epicuro, Baruch Espinoza e Immanuel Kant também contribuíram com diferentes ideias no que fere esse assunto.
No entanto, nunca faça uma pergunta ‘tola de criança’ a um político: que é Ética? Que é Política? Que é Justiça? Não que ele vá enrolar para te responder, a verdade é que poucos cidadãos conseguiriam conceituar tais ideias se utilizando da própria praxis.
O que acontece com a maioria de nossos políticos é também o que acontece em várias empresas, ou seja, às vezes quem governa sabe menos do que seus governados. Esse é o caminho mais fácil para o não sucesso de um suposto líder, encarregado, chefe ou diretor.
Se a Ética está voltada para uma conduta que terá como intuito visar certo bem, seria ético contratar ‘funcionários’ apenas por serem nossos ‘amigos’ (raro), irmãos ou qualquer outro familiar? Uma empresa que tem este tipo de conduta é uma empresa séria? Existem parâmetros sérios para a contratação? É perigoso demais confundir camaradagem com profissionalismo.
Se tiver dois filhos, um com boa índole, educado e não dá trabalho algum para ministrá-lo socialmente. O outro é o oposto do primeiro. É correto ministrar a educação de ambos de forma igual? Devo tratar todos os funcionários da mesma forma?
O que é ético sempre tem que ser justo? Vejamos uma situação curiosa no filme, A Escolha de Sofia (1982) de Alan Pakula onde é retratada uma das escolhas éticas mais difíceis em termos humanos.
Sofia, (Maryl Streep) está com dois filhos numa fila do campo de concentração nazista. A preferência para ser liberado daquele inferno, é para quem não seja judeu. Sofia é polonesa.
Um soldado nazista passa por ela e a acha bonita faz elogios eróticos à pobre moça, ela retruca, dizendo não ser judia e sim, polonesa. O cadete fica furioso e diz que por ela ser realmente uma polonesa terá o poder de escolha: “muito bem, já que você é polonesa; veja que o trem está chegando, faça sua escolha, irão apenas duas pessoas; portanto, escolha qual filho irá para a câmara de gás, escolha logo!”.
Pergunto: qual filho, uma mãe escolhe para morrer primeiro? Qual escolha será a mais correta, a mais Ética? O bebê de colo, para assim pensar privá-lo das desgraças da vida, ou o deixo viver para experimentar se a vida é boa ou ruim? O mais velho? Ou, os deixo partirem sozinhos (no caso iria à mãe para a câmara de gás). Seria justo com eles? Porém, Sofia não tem mais ninguém na vida fora eles. Os soldados estão ‘armados até os dentes’.
Como Sofia deveria ter resolvido este problema em poucos segundos? Fugir, não dá! Viajar os três, também não! Sem dizer, que havia pouca piedade no milico. O que fazer? Qual a melhor saída? Existe? Empregados passam por algo parecido?
Pakula em seu filme vos apresenta a vida! Eu não vos apresentarei a resposta! Aliás, ela nem esteve em minhas indagações. E posso lhes garantir que não há nada igual! Se é que na vida realmente se escolhe alguma coisa…! “Para pessoas incomuns, são necessários remédios incomuns, e imagino que eles serão encontrados somente em lugares onde as pessoas comuns nem sequer pensariam em procurar”. (Bonger, 2004, p.93).
John Stuart Mill, nascido em Londres, foi um dos principais filósofos do século XIX. Mill, baseado em Jeremy Bentham, defende a versão da Ética Utilitarista, salientando a felicidade como fim último. Em linhas gerais, nossas ações para serem corretas têm que promover felicidade ao maior número de pessoas. E, estarão incorretas quando for o contrário.
Sua explicação clássica coloca a felicidade junto ao prazer e, a ausência de dor. Infelicidade liga-se a dor e ao desprazer. Seria esta teoria passível de universalização? Ou seja, se a maioria dos empregados está feliz na empresa; é sinal de que tudo está ok?
A empresa está no caminho certo? Ou, depende de quais são os funcionários que estão descontentes? E se os principais responsáveis da empresa estão descontentes? Por outro lado, é ético alguns poucos estarem felizes e satisfeitos sendo que a maioria está descontente?
Todo cuidado é pouco com a velha expressão dos contemporâneos de Sócrates e Platão, Os Sofistas; com a questão do útil: ‘O que é útil para mim é bom, o que não é útil para mim não é bom!’ É coerente agir assim no dia a dia de uma grande Empresa?
O detalhe é que no cotidiano nem percebemos que estamos a atuar quase sempre de forma sofista, individualista, seja lá o setor em que estamos a trabalhar. Porém, ao líder deve-se permitir errar pouco. E quando isso acontecer, tem que apreender rápido. Lição: é mentira que é errando que se aprende. Saber consertar quando se erra que se aprende!
E por falar em Mentira, o velho provérbio, que atire a primeira pedra aquele que nunca mentiu, deve valer por todas as gerações futuras. Ao que parece a Mentira e a Traição vivem sempre em sintonia uma com a outra.
Grandes líderes da humanidade tiveram que trair em algum momento a população, seus supostos amores, seus melhores amigos, etc. Alexandre Magno (O Grande) Cesar, Marco Antônio e, a senhorita Cleópatra a qual segundo relatos, sempre aparecia com uma máscara (persona) em público e, com isso nunca aparentava ser o que realmente era.
Tudo tinha que ser do seu jeito. Era extremamente inteligente, astuta, ao mesmo tempo, tinha uma falha enorme no que se refere a seu modo de liderar: “Uma conseqüência é que ela nunca recebia bons conselhos, pois ninguém ousava dizer-lhe nada que imaginasse que ela não gostaria de ouvir”. (Massie, 2005, p.124)
Ou seja, se alguém fizesse alguma crítica a ela certamente não seria acatada. Entre vários idiomas que sabia falar e várias outras coisas que tinha de atraente, como por exemplo, sua personalidade marcante, o curioso é que ela aprendeu a Mandar e não sabia nada sobre a arte de Ouvir.
Era uma ótima amante na cama. Demasiada dada aos prazeres da vida, como jogar, beber, etc. Deve ser este, um dos motivos o qual se afundou junto com Marco Antônio. Quantos líderes e funcionários estão neste patamar da ‘singela Cleópatra’? Enleiam o lado pessoal com o profissional.
A Mentira quando se está negociando tem sido muito utilizada em todos os ramos industriais e empresariais. Ela sempre aparece com uma retórica razoável e com promessas desastrosas e ao mesmo tempo, bastante satisfatórias aos nossos vaidosos olhos e ouvidos.
François Marie Arouet, mais conhecido como Voltaire, em sua obra O mundo como Está, na visão do personagem Babuc, traz tal perigo que a vaidade nos coloca. Serão invertidos os valores éticos de uma forma bem sutil, encarado por muitos como normal.
Num certo momento, Babuc percebe ter sido enganado por um vendedor ambulante ao comprar bugigangas quatro vezes acima do valor. O discurso do vendedor a Babuc é altamente célebre. Na verdade, diz o vendedor:
“(…) vendi-os por dez vezes mais. E tanto isso é verdade que, se daqui um mês o senhor quiser revendê-los, não obterá nem essa décima parte. Mas nada mais justo: é a fantasia dos homens que fixa o preço dessas coisas fúteis; é essa fantasia que sustenta cem operários que eu emprego, é ela que me dá uma bela casa, uma carruagem cômoda, cavalos; é ela que impulsiona a indústria, que mantém o gosto, a circulação da riqueza e a abundância. Às nações vizinhas eu vendo essas quinquilharias muito mais caro que ao senhor (…)”. (Voltaire, 2003, p. 91)
Mentira? A questão é que o mundo contemporâneo tem exigido das empresas Credibilidade Ética, caso contrário, a força de legitimação do que se está a comercializar para o mercado consumidor, estará fadada a perda de clientes e de autonomia de produtos. Embora vários empresários pensem ao contrário.
O trato ético com os funcionários também tem sido um bom negócio. Afinal, as leis trabalhistas estão cada vez mais a ‘favor dos trabalhadores’. E, se isto tem acontecido é simplesmente devido ao fato de inúmeros empregadores terem se esforçado muito no decorrer dos anos a trabalharem com as leis de forma altamente amadora e antiética.
Kant nos propõe uma questão curiosa no tocante a Mentira. Ele abre pouco espaço ou, quase nada, a esta ação/atitude. Será que se condenássemos a absoluta condenação moral da Mentira nossa vida se tornaria impossível em termos sociais? Falar sempre a verdade tornaria nossa vida possível? Em Kant ser verídico é literalmente um dever.
Já Benjamin Constant vê diferente tal questão. Temos em algumas situações o direito de mentir. A proibição absoluta da Mentira poderia nos colocar em situação de limite intolerável.
Arthur Schopenhauer admite um direito a Mentira que estaria ligada a vontade de viver. Ele utiliza-se do direito natural hobbesiano (Thomas Hobbes), dando-se direito a Mentira em situações de injustiças em que o indivíduo poderia se apossar de outro astutamente de forma ‘ilegal’. Por outro lado, irá criticar o rigorismo kantiano dizendo: “Não existe um direito à verdade em sentido objetivo, posto que, assim, a verdade é apenas uma propriedade lógica dos juízos”. (Rey Puente, Fernando, 2002, p.16)
Jean-Jacques Rousseau, também dá sua contribuição para esta questão. Liga a mentira, a justiça e injustiça perante a intenção. Minto, somente quando tenho a intenção de enganar alguém. Se não tive a intenção, não menti. É? Embora admita ser muito raro que a mentira seja completamente inocente.
É um dever dizer a verdade? Existem Mentiras bem intencionadas? Cuidado! Por melhor que sejam nossas intenções devemos responder pelas consequências de nossas Mentiras e aí, tudo pode desabar. Conquanto, ainda exista pessoas que acreditam fazer sentido até mesmo mentir por amor! Por amor é viável? Será ‘verdade’, como salienta Friedrich Nietzsche, o que se faz por amor, se faz realmente além do bem e do mal? (grifo nosso).
Neste momento viabilizarei meus últimos comentários sobre as reflexões supostamente corriqueiras. Abro com isso um breve espaço as questões que dizem respeito à Ética Aplicada, neste caso a Bioética, também chamada de ética da vida. Como nas outras questões que foram tratadas no texto, não irei aprofundar-me.
Esta disciplina filosófica surgiu a mais de 30 anos. O primeiro a utilizar tal termo foi o oncologista norte-americano Van Rensselaer Potter em 1970. Potter, trás à tona a necessidade das ciências biológicas fazerem perguntas éticas quanto a seus procedimentos que estão voltados a humanidade. Tal questionamento nos leva ao início (nascimento), ao viver (existência) e, ao final da vida (morte).
Temas como: eutanásia, distanásia, mistanásia, ortanásia, (células-tronco, genoma humano, transgênicos, terapia genética, entre outros assuntos), faz parte das indagações humanística desta área. A bioética surge no cenário da vida do homem devido às novas tecnologias e a necessidade de questioná-las. A tradição anglo-saxã baseia-se em três critérios fundamentais: beneficência, autonomia e justiça. Todos devem ser aplicados nas ações atinentes ao homem e seu bem estar na Terra.
Com os avanços das pesquisas em biologia, a medicina e os procedimentos científicos tem sido o foco da bioética. O termo eutanásia, (do grego, boa morte ou; morte ‘tranquila’) levanta questões complexas, a saber, quando realmente esse procedimento deve ocorrer. Qual o momento exato de proceder? Deve-se respeitar a vontade do paciente? Da família? Das crenças religiosas? Os médicos sempre sabem como agir nesse momento?
Quanto a esta última observação, nem sempre os médicos estão preparados para tal labor. E infelizmente, cada vez mais não se encontram profissionais desta área que são capazes e responsáveis no que estão a fazer. É sabido que toda área há falhas humana. Muitas eutanásias foram na verdade ‘assassinatos’ ditos como eutanásia. Pois, em si, todo e qualquer procedimento deve ter como prioridade a integridade da pessoa e, a não dor física. O que nem sempre acontece.
Quem disse que o médico é quem deve resolver se vivo ou morro? O ponto é que inúmeros doutores acabam procedendo como ‘deuses’, quando na verdade tem apenas aprendido a profilaxia do Diclofenaco (genérico do cataflan). Um dos remédios mais receitados em postos de saúde.
A disciplina Bioética critica tais atitudes irresponsáveis nas áreas médicas as quais, ainda acontecem diversas crueldades. É comum encontrarmos pessoas pela rua e ouvirmos depoimentos como:
‘Ele NEM OLHOU direito minha torção no joelho e foi logo dizendo que eu tinha que fazer uma CIRURGIA o mais rápido possível… ’ isto é ético?
‘Meu pai precisou amputar a PERNA ESQUERDA, mas AMPUTARAM A DIREITA! Agora ele está sem as duas… ’ profissionalismo?
‘Aquele médico do ‘coração’ é muito MAL EDUCADO!’ humanismo?
‘O tabibu juha DEMORA mais de duas horas para chegar, mas quando chega, ele ATENDE uma fila de 30 pessoas em meia hora’. Todos foram bem atendidos?
‘Fui a ‘santa casa’ medir a pressão. Quando a enfermeira averiguou, indicou-me imediatamente para ser diagnosticada pelo médico. Entrei na sala e o celular do doutor, tocou. Ele ficou horas papeando!’ Compromissado?
‘Na empresa onde trabalho, o doutor parece que faz questão de NÃO FAZER O DIAGNÓSTICO CORRETO! …quando nos demitem então! FAZ A CONSULTA NAS COXAS! … Só para ‘despachar’ a gente sem doença!’
O ser humano não deve na visão Bioética ser tratado como objeto, mas sim como sujeito que merece as devidas atenções como tal. É bem da verdade que existem vários médicos altamente diferenciados, porém, é mais para menos que para mais.
Todas estas observações foram feitas ao longo dos anos por estudos bioéticos[5]. Mas não desanimem, as coisas têm mudado. É admirável a dedicação dos médicos veterinários para com os animais ditos como irracionais. Pena eles não serem das áreas dos supostos racionais!
A distanásia, por exemplo, que é um artifício oposto a eutanásia; portanto, prega o prolongamento da vida a todo custo. Mesmo que a cura não seja uma possibilidade e o sofrimento seja precoce. Se um indivíduo está na UTI a dois ou três meses vegetando, ainda sim não se deve ‘desligar os aparelhos’; a família não quer; o médico não pode ou, a religião não permite. Os motivos precisam ser respeitados. Seriam tais procedimentos inúteis? Tudo deve ser muito bem analisado antes de agirmos e escolhermos qual ação possa ser adequada.
A ocorrência é muito mais séria, pois, existem casos de pessoas que passam oito meses um ano ou até mais e, depois acordam dizendo ter visto inúmeras coisas e acabam por viver por muitos anos! Devemos levar em consideração a não maleficência e procurarmos pensar todos os problemas em bases éticas e não apenas científicas. O homem é um fim e não apenas um meio. O Humano é prioridade.
No mais, até mesmo o tema da transfusão de sangue[6] deve ser avaliado com cautela visto que é possível estimular sangue sem transvazar, dizem alguns médicos (por meio da alimentação, por exemplo).
Toda troca de sangue não é como trocar um copo de água por outro, é complexa. Corre-se o risco do organismo do indivíduo não aceitar. Por outro lado, parece-nos estranho um indivíduo estar precisando de certo ‘tipo’ de sangue, alguém se oferece para tal doação; e a religião do necessitado não permite. Entretanto, pelos princípios bioéticos; antes de darmos algum veredicto, deve-se avaliar com precaução as prováveis dificuldades de ambos os lados. A crença seja lá quais forem merecem consideração e bom senso.
Já os problemas da mistanásia (morte social), estão ligados às injustiças sociais, a violência, a falta de Educação, as necessidades básicas, moradia, alimentação, saúde, emprego. Ora, pode um ser humano viver as margens da sociedade sem estrutura Educacional? No Brasil pode. Nos Estados Unidos também pode. Contudo, enquanto nós brasilianos, nos preocupamos ao menos um pouco os americanos raramente se incomodam. Na verdade nem gostam de discutir sobre isso. Estes problemas persistentes são ditos como não problema do Estado.
A morte social faz do cidadão um ser inexpressivo, fracassado. Tornando-se assim seres violentos, causadores de crueldades inimagináveis como já têm acontecido. É saudável ver algumas empresas se preocupando com isso dentro e fora das corporações. A Petrobrás é um bom exemplo, devido aos seus diversos incentivos à cultura e a educação do povo brasiliano. Se bem que é o mínimo que se faz ao adquirir grande acúmulo financeiro.
O termo Ortanásia (ortotanásia) que é colocado pelos médicos como ‘morte natural’, ao morrer o paciente não terá interferência da ciência. Deixa-se o percurso da doença seguir naturalmente, evitando métodos extraordinários que possam prejudicar o adoentado. É o nível de desintegração do homem de uma forma mais justa, sem sofrimento, mais digna, onde o indivíduo vê sua hora chegar muitas vezes no aconchego familiar, próximo de quem o ama. Já que não dá para ficar vivo por muito tempo, que ao menos morra com dignidade; naturalmente.
Essas e outras questões que a Filosofia nos faz refletir são essenciais para as Empresas conscientizar seus funcionários para tal pensar. Um sujeito bem preparado será um melhor cidadão. Aprenderá a lidar melhor com os infortúnios da vida. Mais versátil quando está a desempenhar suas ações. Rende mais produtivamente e ‘visita’ menos a enfermaria por motivos tolos de desatenção. Toda companhia ganha com sua postura elevada.
Todos correm riscos de sofrer os problemas citados. Somos homens mortais e falíveis, isto não quer dizer que não saibamos reparar nossos erros e deslizes que são completamente possíveis em nossas ações.
Quando se está em contato direto com o ser humano as coisas não são previsíveis. É só observarmos a nova alienação em empresas como os supermercados, onde os encarregados ou donos pensam estar a privilegiar o ‘funcionário do mês’ expondo-o em cartazes como um robô. Ora, estaria ele contente com tal atitude? Ou aceitou para não ser despedido?
Nem todas as pessoas gostam de ficar expostas ao público e isto deve ser necessariamente respeitado. Existem outras formas mais interessantes de dizer ao empregado que ele tem correspondido. Basta sabermos ousar com criatividade.
Nossas críticas foram apenas sugestões pautadas no cotidiano de humanos e empresas. A legitimidade da razão está em acatar ou não às dicas argumentativas voltadas para a melhoria da convivência social dos homens.
Sabemos muito bem que não existem e nem deve existir pessoas insubstituíveis, (por mais que um indivíduo saiba muito; ainda sim, outros podem aprender o que ele sabe e aprimorar. Ninguém é para sempre. Podem aparecer pessoas ainda melhores). ‘Reinar’ bem, não é ficar sentado no trono esperando que as pessoas façam tudo do jeito que você quer, sem ao menos ter-lhes avisado como é o jeito; a maneira a qual você acha ser melhor.
Saber administrar é entre outras coisas deliberar bem, ouvir, questionar por que tudo está indo bem ou mal. Aparentemente é fácil e visível para quem está lá dentro. Difícil é compreender que muitas mil pessoas podem estar sendo dirigidas por um cego que vive a dar voltas em si mesmo.
Encerrarei tais reflexões de maneira suave e shakespeariana, porém, racional. A interpretação da citação é de simples acesso mental.
“Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão ou acorrentar uma alma… aprende ainda que ou você controla seus atos ou eles o controlarão. E que ser flexível não significa ser fraco. Ou não ter personalidade. Pois, não importa quão delicada seja uma situação, sempre existem dois lados (…)” (Reflexões).
Completa-se o pequeno projeto sem grandes expectativas. Sem o intuito de que possa ser abrangido por todos e convenha para todas as empresas. Longe de ser o suprassumo do ideal. A ideia, como já foi frisada é apenas trazer mais conhecimento e conscientização a funcionários/empregados de diversos níveis. A aplicação ou não deste é, e deve ser plausível a questionamentos. Defendemos o debate de ideias filosóficas entre os trabalhadores para propiciar o bem estar e, com isso o lucro-duplo e; o respeito entre ambas às partes como seres existentes no mundo. Em meio a tanta artificialidade, Pensar ainda pode ser razoável.
5- Metodologia
a) Aulas expositivas com debates
b) Lousa, giz ou pincel, DVD, Power Pont, etc.
c) Quantidade de pessoas: 20/30
d) Admissível de adaptações. Dependerá da Empresa
II – OUTROS POSSÍVEIS TEMAS A SEREM ABORDADOS
*O que é Justiça? Existe?
*O que é Filosofia Política?
*Até que ponto é verdade dizer que existe Liberdade? Somos livres?
*É possível ser Feliz na Terra de ninguém? Felicidade? Existe?
*O que é Amor?
*Qual o Sentido da Vida? Faria ela sentido?
*Existe Natureza Humana?
*O que é Mal? O que é Bem? Depende da Moral?
*O que é Assédio Moral?
*O que é Deliberação? Por que devemos saber fazer Escolhas?
*Seria possível a definição de Arte?
*Como debater Filosoficamente? Diálogo?
*O que é o Homem? Teríamos uma explicação?
*Existe o Perdão? Quando? Será?
*Fazemos o nosso Destino ou ele já vem pronto? O que é melhor?
III PROFISSÕES DO AUTOR EXERCIDAS ANTES DE LECIONAR
- Vendedor (diversos)
- Ajudante de pedreiro
- Auxiliar de cozinha
- Operador de mercado
- Auxiliar de consertos de eletrodoméstico
- Ajudante geral em fábrica de calçados
- Auxiliar geral de usina
- Metalúrgico da linha de produção de compressores herméticos
- Líder da linha de produção de compressores herméticos
- Fez pesquisa antropológica na área de ciências sociais
- Pesquisa de campo para uso de linha de telefone celular
- Pesquisa de site para Universia Brasil
- Estágio na prefeitura de Londrina/PR na área de planejamento habitacional
IV - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGOSTINHO, Santo. O Livre-Arbítrio. Trad. Nair de Assis Oliveira. Editora: Paulus, São Paulo, SP, 1995.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução: Pictro Nassetti, Martin Claret. Coleção: Obras-Primas de cada autor. São Paulo, 2002.
ARISTÓTELES. Política. Trad. Torrieri Guimarães. Editora: Martin Claret, Coleção: Obra-prima de cada autor. São Paulo, SP, 2001.
BESSANI, Dinaldo. As Circunstâncias do estado de natureza em Thomas Hobbes. Universidade Federal de Ouro Preto, MG, 2008.
BENTHAM, Jeremy. Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação. Trad. Luiz J. Baraúna. Editora: Nova Cultural, São Paulo, SP, 1989.
BONGER, Johanna van Gogh. Biografia de Vincent Van Gogh. Trad. Willian Lagos Coleção L&PM Pocket. Porto alegre, RS, 2004.
DOSTOIÉVSK, F. M. Crime e Castigo. Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo, SP, 2002 (Suzano).
FURTADO, José Luiz. Amor. Editora: Globo S.A. Coleção Filosofia Frente & Verso, São Paulo, SP, 2008.
GOETHE. Fausto. Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo, SP, 2003 (Suzano).
GOETHE. Werther. Editora Nova Cultural Ltda. São Paulo, SP, 2003 (Suzano).
HOBBES, THOMAS. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Trad. Alex Marins, Editora: Martin Clarent. Coleção: Obra-prima de cada autor. São Paulo, SP, 2004.
HUME, David. Do Padrão do Gosto. Trad. Anoar Aiex Editora: Nova cultural. Coleção Os Pensadores. São Paulo, SP, 1999.
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[1] O que é Filosofia? Muitos profissionais sentem dificuldade em estabelecer um conceito último a esta pergunta devido à extensão da profundidade de tal conhecimento. Muitos indivíduos estudam algumas disciplinas filosóficas em um semestre ou dois, em alguma faculdade (seja lá o curso que for), porém, não conseguem compreender a amplitude de tal pergunta e acaba por darem respostas simplistas e de senso comum dando a entender que tudo e, qualquer coisa é Filosofia. Portanto, deve-se entender Filosofia como reflexão crítica e sistematizada sobre problemas incontestáveis e inevitáveis a ação e existência humana. É a capacidade de criar conceitos. É a organização especializada e qualificada de nossos pensamentos. Pois, pensar, todos pensam. Ouvimos muitas afirmações sem propósito algum no que se refere à filosofia, como por exemplo, o programa da TV Globo intitulado, Fantástico, este cometeu entre outros, um destes. O ator utilizando-se do ‘papel’ de funcionário de um restaurante começa a questionar o dia que terá em seu trabalho, logo, ele diz: “Vamos! Vamos… pois, ou se filosófa ou, se trabalha”. Ora, muitos animais ditos como não racionais (cachorro, gato, cavalo, entre outros), dariam conta de concluir as duas ações (‘filosofar’ ou trabalhar) com sucesso. Pois, o texto da emissora coloca a filosofia como exercício do não trabalho, não esforço, do qualquer outra coisa, enfim, tudo o que ela não é. Digo, é possível sim, trabalhar e filosofar no sentido nato pelo qual me expressei logo acima e, é até necessário tal labor. As pessoas que trabalham sem ‘pensar’ de forma não organizada, são literalmente as que mais se encontram no mercado de trabalho.
[2] Segundo pesquisas o correto é dizermos, brasiliana. Apesar de usarmos mais a palavra, brasileira. Ou brasileiro. Neste caso, brasiliano. Os dois termos têm praticamente a mesma acepção válida como norma culta.
[3] Salientamos a palavra sobreviver por entender que as ações humanas nos últimos tempos têm sido sinônimas literalmente do não Viver. As obrigações em exagero têm feito dos homens escravos da ‘sobrevivência’, do não pensar. “Se você me perguntar como é a gente daqui, serei forçado a responder: “A mesma de toda parte”. Como a espécie humana é uniforme! A maioria sofre durante quase todo o seu tempo, apenas para poder viver, e os poucos lazeres que lhe restam são tão cheios de preocupações que ela procura todos os meios de aliviá-las. Oh, destino do homem!”. (Goethe, 2003, p. 225)
[4] Palavra vinda do grego que significa amor ao esforço. O esforço produtivo. Oposto de malakía (grego) ou malacia do latim, debilidade, preguiça.
[5] Na Bioética estão presentes profissionais de inúmeras áreas: biologia, medicina, enfermagem, física, filosofia, psicologia, sociologia, teologia, direito, cientistas, etc.
[6] Alguns religiosos se pautam em afirmações que se dizem como um recado de Deus a não transfusão de sangue. Tais afirmações são encontradas nos livros bíblicos: Gênesis cap.9: 4. Atos cap. 15: 19, 20,29. Levítico cap. 3: 17; 17: 10,11, 14. Deuteronômio cap. 12: 16, 23.